terça-feira, 25 de novembro de 2014

O Castelo Medieval e a famosa espada samurai.


Lendas Escoteiras.
O Castelo Medieval e a famosa espada samurai.

                 Eu conheci os cinco há alguns anos. Tinham a petulância de se chamarem os CINCO MAGNIFICOS. Ri quando me disseram isto. Eram cinco rapazes, bem uniformizados, sorridentes e me pareciam ótimos seniores. Convidaram-me a participara da reunião deles. Porque não? Estava naquela cidade a serviço e Escoteiro que sou não vou dizer não. Muito boa à reunião com três patrulhas bem formadas. No final após abraços e saudações já ia partir quando me convidaram para uma pizzaria de um Chefe do grupo. Porque não? Fomos para lá. Local agradável e ali ficamos horas conversando. Léo o Monitor era o mais velho, com dezessete preparava sua transferência para os pioneiros. Ned era o sub. E muito simpático. Junior com desesseis anos era o mais calado. Jan um negro simpático era um perfeito contador de histórias. Todos diziam que era o matemático e o pesquisador da patrulha. Por último o Max. Sorridente e falastrão. Ficamos até meia noite conversando. Perguntaram-me o que ia fazer no dia seguinte. – Nada eu disse. Embarco só segunda. – Porque não vamos visitar a Pedra Filosofal? – Não entendi, mas aceitei o convite. 

             Partimos cedo. Fomos todos no meu carro uma velha rural Willis que eu conservava e adorava. A pedra ficava em um monte, cercada por enormes Jequitibás e olhe juro que nunca vi igual. – Sentamos na pedra e foi Jan, o filósofo da patrulha que começou a contar a história mais fantástica que já ouvi. Como gosto de escrever e escrevo muita ficção prestei muita atenção o que ele dizia. Ned usou da palavra e me pediu discrição na história. Eu não deveria contar para ninguém. A patrulha poderia ser desacreditada. – Continuou Jan com sua história – Chefe no ano passado descobri em um site de Óvnis, que no dia doze de setembro, às quinze horas em ponto, uma atividade temporal iria acontecer. Uma conjunção de oito planetas, todos em sintonia com o XB14A (nome dado pela NASA em um hipotético planeta que se aproximava da terra), se estivéssemos no paralelo doze, uma força centrifuga nos levaria ao passado sem data determinada. Estudei bem e vi que seu raio seria aqui na Pedra Filosofal e proximo a nossa cidade.

             Todos da patrulha se interessaram. Afinal não somos seniores aventureiros? Não deu outra, no dia doze de setembro chegamos cedo aqui. Como era perto nem mochilas levamos, só estávamos de uniforme. Sentados na pedra não sabíamos se o horário seria obedecido. Às quinze horas em ponto pensando que o horário se fora começados a dar belas gargalhadas, mas não perderíamos tempo. Perto ficava o riacho Prateado e porque não dar uns mergulhos? O impossível aconteceu. Passado dois minutos do horário, já íamos levantar quando uma nuvem envolta em um redemoinho imenso nos alcançou. Girando como um peão gigantesco, nada vimos ou sentimos. Em questão de segundos estávamos todos os cincos deitados em uma grama verde, próximo a uma imensa árvore frondosa. O dia era sem sol, cinzento e fazia frio sem chegar ao extremo.

                Ficamos em pé e surpresos vimos um jovem de uns 17 anos descer rápido da árvore e ligeiro se pôs a correr morro abaixo. Max foi até o pé da arvore e olhando para cima avistou o que seria uma grande espada. Linda mesmo. Ele mesmo aboletou árvore acima e desamarrou-a com dificuldade, pois as cordas eram feitas de couro trançado e difíceis de manuseio. Devagar a deixou cair até o chão. Uma bela espada de um metro e setenta, com cabo de osso branco de leopardo, tendo encravado em algumas partes pedras preciosas que não soubemos deduzir e desconhecíamos tal arte. Leo tentou levantar a espada e viu que seu peso era enorme. Neste ínterim, Junior chamou a atenção de todos, pois tinha avistado no vale abaixo, um enorme castelo. Em volta um rio largo, que serpenteava entre vales e algumas pequenas florestas em sua volta. Aturdidos com tudo aquilo não faziam à mínima idéia onde estávamos.  Foi Jan o mais estudioso que sugeriu ser um Castelo Francês. Disse que tinha visto uma foto de um castelo que chamavam de Chambord, que ficava em Loir-et-Cher na França. Estilo Renascentista tinha formas medievais e ficava as margens do rio Loire.

                Tudo levava a crer que poderia ser real e pela falta de estradas e movimento aéreo, deviam estar de volta aos anos de 1519 data da construção ou então próximo ao século XVII onde foi freqüentemente usado pelo Imperador Carlos V. Chegamos à conclusão que tínhamos voltado no tempo. Pelo sim ou pelo não, o melhor era ir até Lá. Leo levava a espada às costas, tipo carregar machados grandes tão habilmente transportados pelos escoteiros. Foi uma boa descida. Entramos em uma pequena estrada forrada de pedras, que mal dava passagem a uma carruagem ou dois cavalos. Chegamos próximo ao Castelo. Várias casas de adobe e cobertas de capim seco. Crianças e aldeões espantados com nossa chegada. Tentamos conversar e vi que eles não falavam nossa língua. Uns cavaleiros se aproximaram e brutalmente tomaram a espada de Leo. Amarraram-nos e nos levaram ao interior do castelo. Dentro Chefe era espetacular. Enorme escadaria em dupla-hélice, muitas fachadas nas alturas, colunas esculpidas e um telhado decorado. O castelo depois ficamos sabendo que comportava mais de dois mil hospedes.

                 Logo que nos aproximamos da enorme escadaria, um homem bem vestido, que identificamos ser natural do Japão se aproximou correndo e logo se apoderou da espada. Em seguida nos levaram a presença do que julgamos ser o Senhor do Castelo. Nunca ficamos sabendo seu nome. Sempre falando em francês parecia ser compreensivo e mais educado, pois se tratavam de cinco rapazes com uniformes estranhos e precisavam saber quem éramos. Como não obtinha respostas e só falávamos em português e claro gaguejando, ele nada entendia. Ned metido usou um pouco do inglês que sabia. A história foi contada. Queriam saber por que tínhamos roubado a espada samurai do Senhor Feudal Kajimoto natural do Japão, convidado especial do Imperador Carlos V. Disseram que estávamos infringindo leis severas contra roubos e principalmente com um convidado tão ilustre. O furto de sua espada nunca seria perdoado e de acordo com a lei francesa, seria punida com a morte na guilhotina. Agora é que estavam embananados. Muitos de nós levamos as mãos até o pescoço.

                Ned tentou explicar, mas eles nem aí. Seria um disparate roubar a espada e voltar ao castelo. O Senhor do Castelo sorriu com a explicação e com a resposta. Mas logo o tal do Kajimoto, que parecia muito influente falou uma torrente de palavras, totalmente inteligíveis, mas pela sua expressão entendíamos que queria punição sem piedade. Amaldiçoado Japona. Queria ver a todo custo que arrancassem nosso couro cabeludo. Ou melhor, nossas cabeças do corpo. Levaram-nos para cima do castelo, onde havia uma enorme masmorra, toda feita de pedra, com uma pequena janelinha e nos empurraram nos jogando ao chão. Alguns minutos depois vimos com surpresa o jovem que pulou da árvore, o provável ladrão da espada samurai e atrás uma mocinha de seus quinze anos, com uma beleza que deixou a todos abestalhados. Era linda demais. Se naquela época existem beleza assim, era melhor ficarem por ali e não voltarem mais ao presente. Com os dedos nos lábios pediram silêncio. Abriu a porta e pediu que a seguíssemos. Assim foi feito. Passamos por escadas íngremes, portas abrindo à leve toque, tuneis intermináveis, até que chegamos fora do castelo, distantes uns quinhentos metros.

                Eles pouco falaram conosco. Só sabiam francês. Para nós não importava e só queríamos distância do castelo. Andamos alguns quilômetros e eles nos disseram adeus e partiram. Ficamos empacados, sem saber o que fazer. Um pequeno Conselho de Patrulha e nenhuma idéia ou sugestão. Para onde ir? Ir aonde? Não tinham a mínima idéia onde estavam, e pelos seus cálculos se passariam pelo menos quatro horas antes do retorno, isto é claro se fosse verdade o tal site. Seguimos para norte. Duas horas depois vimos o que seria uma estalagem, na porta uma taboa de madeira pendurada em um poste onde se lia “Le Figarô”. Com fome e sede nos aproximamos. Como pagar? Se juntássemos tudo teríamos menos de sessenta reais. Aceitariam? Nem pensar. A porta da estalagem abriu e um homem de uns 80 anos, cabelos brancos apareceu. Chefe podíamos jurar que se ele estivesse de uniforme seria Baden-Powell sem tirar e nem por. Igualzinho! Sorriu para nós e em um belo e limpo português, nos convidou a entrar. Piscou com os olhos para todos e subiu conosco ao segundo andar, onde havia uma mesa, seis cadeiras e duas camas. Mandou aguardar e logo veio um jovem com uma excelente galinha caipira, tostada e em sua volta tomates cortados e um terrina de arroz ainda saindo fumaça.
           

                      Comemos apressadamente, pois o Ned dizia que faltava menos de dez minutos para o nosso retorno ao presente. Aguardamos ali ansiosos. Deu a hora, nada, 5 minutos nada, 10 minutos nada. O desespero apareceu. Ficar ali para sempre! Rezamos pedindo a Deus que não deixasse acontecer. Um redemoinho gigante apareceu. Entramos em parafuso. Acordamos na Pedra Filosofal dando urros de alegria. Já estava escuro. Na volta pensamos no jovem e na jovem que nos salvaram. Pensamos também no tal Senhor Feudal do Japão. Para um samurai ele parecia mais um coisa ruim. Que ele se lasque, pensamos. Uma semana depois ficamos sempre matutando tudo que aconteceu. Baden-Powell nos salvou? – Olhei para todos eles e juro que estavam sérios como se tudo que contaram foi verdade. Voltamos à tardinha não sem antes um mergulho no Riacho  Prateado. Despedi deles e no dia seguinte voltei para minha terra. No caminho pensava no velhinho que os salvou. Sem perceber vi um Velho sorridente na beira da estrada. Parei para dar uma carona. Que susto! Poderia jurar que era o sósia de Baden Powell. Deus do Céu! Até eu? Até eu?

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