sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Contos de Natal. Uma canção para o Canário Amarelo de Giacomo.


Contos de Natal.
Uma canção para o Canário Amarelo de Giacomo.

Imagine que não há paraíso. É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós, acima de nós apenas o céu.
Imagine todas as pessoas vivendo para o hoje .

         Era apenas um filhotinho de canário amarelo caído do alto de uma castanheira em flor. Ficava em pé com dificuldade e já sabia que não podia voar. Sentiu-se só e abandonado. Sua mãe saíra para buscar o almoço e não voltou. Estava ali há horas e a fome só aumentando. Tentou um lugar para esconder, pois sua mamãe canária lhe dissera para tomar cuidado com o Gavião Malvado. Ele podia morrer se fosse encontrado só. Mas o que ele poderia fazer agora? Não podia andar e nem voar. Era muito pequeno e ali perdido naquela grama alta seria descoberto logo. Poderia ser pelo Gavião Malvado, poderia ser por um animal da floresta e poderia ser também pelo filhote de homem. Eles gostavam de machucar os pássaros da natureza. Fechou os olhos e chorou. Dizem que canário não chora, mas ele chorava. Saudades de sua mamãe canária, saudades do sua Tia A coruja Buraqueira. Ela também o protegia, mas desapareceu como o vento na tempestade.

Imagine não existir países não é difícil de fazer,
Nada pelo que matar ou morrer e nenhuma religião também,
Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz.

              Ele ouviu passos. Pequenos passos de um menino pequeno. Ele o viu. O filhote de Canário Amarelo tremeu. Era sua hora de morrer. Meninos não gostam de pássaros assim disse sua mamãe canária. O menino vestia de azul com um lenço verde e amarelo no pescoço e um boné azul também na cabeça. Ele não sabia o que era isto. Mas viu que o menino sorria, não o maltratou. Tentou falar com ele, mas ele não o ouvia. O menino viu que ele não podia andar nem voar. Saiu correndo e algum tempo depois voltou. Colocou em sua frente semente de arroz cozida. Em uma latinha havia água de beber. Ele viu que o menino de azul tinha um bom coração. Sentiu-se revigorado após comer e beber. O menino ficou ali, não foi embora. Um sorriso simples como a dizer – “Não tenha medo eu tomarei conta de você”. Ele dormiu em paz acreditando na paz do menino de azul. Não sonhou. Canários não sonham. Acordou sozinho, pois o menino de azul se foi. De novo sozinho. De novo o medo. Agora tinha água e comida e mesmo assim ele não podia fugir dos seus predadores.

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas não sou o único, tenho a esperança de que um dia,
Você se juntará a nós e o mundo será como um só.

          A noite chegou. Ele não tinha medo da noite. Para ele o dia e a noite era igual. Gostava mais da noite, pois podia se esconder. Ganharia mais um dia na vida. Sabia que o menino de azul não ficaria ali por muito tempo. Viu ao longe um amarelo branco aparecendo. Era a alvorada. O dia estava chegando. Onde estaria o menino de azul que lhe deu água e comida? Onde ele foi? Não entendia porque ele sumiu. A comida não iria durar muitos dias. Ele era pequeno tinha de comer bastante. Sentiu seu corpo revigorar. Levantou as asas e ela bateu para cima e para baixo. Tomou distância em uma trilha correu e saltou para o espaço. Caiu feito uma abóbora madura. Ainda não estava na hora? Impossível, ele tinha de tentar e tentou muitas vezes. Qual foi sua surpresa que de tanto tentar levantou voo. Como era lindo voar. Rodopiou no ar varias vezes e quase foi engolido pelo Gavião Malvado que voava por trás. Ele não viu. Não sentiu o som de suas asas.

Imagine não existir posses me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome uma irmandade do Homem
Imagine todas as pessoas compartilhando todo o mundo.

      Ele viu ao longe uma onça parda olhando por um precipício e sabia que devia ser sua caça. Ele estava à espreita, mas não atacou. Vou baixo para ver e qual foi seu espanto quando viu o menino de azul caído no buraco fundo. Ele estava com os olhos fechados e parecia estar com dor, pois chorava e cantava baixinho – Meu Jesus me proteja, não deixe que nada aconteça comigo neste dia de natal. Meus pais irão chorar quando não me virem na ceia da meia noite. Senhor Jesus amado, não quero que eles chorem. O filhote de Canário Amarelo sabia que precisava fazer alguma coisa. O menino de azul o salvou e ele tinha de fazer o mesmo. Pousou em um galho de uma arvore e ficou pensando. Sentiu um esvoaçar nos céus. Milhares de Canários Amarelos o procuravam por todos os lugares. Sua mãe o viu, voou até ele e com bico o beijou varias vezes. Ele contou para sua mamãe sobre o menino de azul. Ela lhe disse para não se preocupar. Mandou-o ficar ali na espreita enquanto ela iria montar um plano para salvar o menino de azul.

Você pode dizer que sou um sonhador
Mas não sou o único tenho a esperança de que um dia
Você se juntará a nós e o mundo viverá como um só.

         Não demorou muito tempo. Milhares ou milhões de canários chegaram com uma enorme rede de cipó feita por Araras vermelhas, tico tico da floresta, pardais das campinas verdejantes e tantos pássaros que agora só havia um objetivo. Tirar o menino de azul do buraco. Quinhentas andorinhas voaram por cima da Onça Parda. Não deram sossego e quando ela se sentiu bicada pelas andorinhas saiu em desabalada carreira. Em pouco tempo os Canários Amarelos jogaram a rede em cima do menino de azul que assustado sentou no meio da rede e foi levado pelo ar até onde estava acantonada sua Alcateia. O deixaram ali e dezenas de lobinhos e lobinhas batiam palmas por tão belo espetáculo. O menino de azul foi salvo. Naquela noite de natal ele e sua família cantaram felizes por estarem juntos. Os pais não sabiam que ele salvou um Filhote de Canário Amarelo e eles o salvaram de morte certa. Ele nunca mais esqueceu este dia. Para ele o menino de azul foi o melhor natal de sua vida. Ele sabia que o que fizerdes de bem sempre terá em troca o dobro.

Noite feliz, Noite feliz,
O Senhor, Deus de amor,
pobrezinho nasceu em Belém.
Eis na lapa Jesus, nosso bem.
Dorme em paz, oh Jesus.
Dorme em paz, oh Jesus.

(A canção Imagine tanto a letra como a musica é de autoria de John Lennon).

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