domingo, 6 de dezembro de 2015

Suae Quisque Fortuna Faber est. (O homem é o arquiteto do seu próprio destino).


Lendas Escoteiras.
Suae Quisque Fortuna Faber est.
(O homem é o arquiteto do seu próprio destino).

                  Nada como um dia após o outro. Jerônimo não estava cansado, devia estar. Amigos se afastaram. Sua mãe não sabia mais o que dizer. Jerônimo tinha uma ideia fixa, queria a todo custo ser o melhor corretor da Bolsa de Valores. Seu salário aumentava a cada dia, mas esta não era sua maior preocupação ele queria sim ser um dos diretores e se possivel ser o CEO de tudo. Sonho? Não. Jerônimo sabia que o homem era o arquiteto de seu próprio destino. Disto ele não abria mão. Dia e noite com os livros na mão. Formou-se aos 23 anos com distinção como Administrador de Empresas. Mais dois anos se formou em Economia na FGV – Fundação Getúlio Vargas. Fazia a noite na Escola Politécnica da USP MBA em capacitação, atualização e difusão em engenharia, pois isto era a porta de entrada para ter uma carreira bem-sucedida e estruturada em conhecimento sólido. Chegava em casa por volta da meia noite e sua mãe sempre a dizer que ele devia dar um tempo. Ele sabia que não. Levantava às cinco e meia fazia uma caminhada, banho e era um dos primeiros as chegar no trabalho. Seus colegas o admiravam pelo seu esforço pessoal.

                   - Infelizmente meus jovens escoteiros sou obrigado a pedir a sede. Peço que me compreendam como manter a Tropa sem um chefe? Todos vocês são jovens e mesmo dizendo que são responsáveis eu não posso mais autorizar o funcionamento do Grupo Escoteiro aqui no colégio. A diretoria me cobrou. Tem pais que exigem que o salão de vocês seja utilizado por outra associação! – Tudo porque o Chefe Nonato recebeu uma proposta melhor no Canadá e mesmo tentando achar um substituto o tempo passou e nada. Ele já havia partido. A Tropa se mantinha fiel as suas patrulhas. Os monitores se revezam com as reuniões, mas sabiam que sem chefia seria impossível continuar. Resolveram manter a Corte de Honra em reunião permanente enquanto o impasse existisse. Quantas foram? Inúmeras e todas sem uma solução. Tentaram de tudo. Procuraram o Diretor do Colégio para ajudar e este disse que ninguém queria aceitar.

                      Jerônimo só sabia pensar em seu trabalho. Nada mais. Agora com 26 anos tinha certeza que mais dois anos e ele seria reconhecido como um dos maiores economistas da atualidade no seu ramo. Naquela noite voltava para casa de ônibus. Desceu no ponto e ao caminhar para sua casa tropeçou em dois meninos que subiam a rua e sem perceber jogou um deles ao chão. Socorreu logo. Eles sorriram para Jerônimo. – Então é você? – Eu? Disse ele. – Você mesmo. Foi Tino quem disse que iriamos esbarrar no nosso futuro Chefe logo! – Jerônimo riu. – Não sou eu meus jovens. Desculpe e seguiu seu caminho. Os dois escoteiros foram atrás dele. Viram quando entrou em sua casa no final da rua. – Bem disse Milton, agora sabemos onde nosso Chefe mora. – Será? Perguntou Mario. – Afinal você sabe que sonhar é bom, mas a realidade é outra. – Não vamos deixar a oportunidade passar. – Os dois caminharam até a casa de Jerônimo. Bateram na porta e uma senhora idosa muito simpática os recebeu.

                     Jerônimo saiu do banho só pensando em jantar e dormir. Naquele sábado trabalhou até as sete e deu para si uma folga que dificilmente teria. Sua mãe veio lhe contar da visita. – Mãe! Agora? Estou cansado. Eles acham que vou ser o Chefe deles, pode? – E porque não? Mãe! A senhora sabe que não tenho tempo. Nenhum tempo. Eu já me programei para os próximos dez anos! – Programou filho? Isto é programa? Eu já disse a você que só existem dois objetivos em nossa vida. O primeiro de obter o que desejamos e você o faz muito bem e o segundo é de desfrutar a vida o que você nunca fez. Não sou eu quem disse isto, pois os sábios que inventaram esta frase viveram a vida intensamente em todas suas formas. – Jerônimo a contra gosto foi atender aos dois meninos escoteiros. – Eles narraram tudo que aconteceu com seu antigo Chefe e com o ultimato do Diretor do Colégio.

                      Falar o que para eles? Que não tinha tempo? Que vivia para o trabalho? Que nunca foi Escoteiro e não sabia como era? – Eles sorriram. Sabe Doutor! – Ops! Não me chamem de doutor. – Pois não Chefe! E riram a valer. Nosso antigo Chefe dizia que o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade que acontecem. Esta é a hora. Se o senhor fosse um desocupado não estaríamos aqui, precisamos de chefes como o senhor! – Jerônimo olhou para sua mãe. Ela sorria. Os meninos ficaram em pé e em posição de sentido deram um sempre Alerta bem alto. Ao sair disseram que o esperariam sábado que vem às duas da tarde. Jerônimo boquiaberto os viu ir sem olhar para trás. E agora? O que fazer? Decepcionar os escoteiros? Afinal ele não tinha obrigação nenhuma com eles. Foi dormir preocupado. Jerônimo teve um sonho, sonhou com um local gramado, belas árvores, uma cascata de águas límpidas, um vento gostoso a soprar de norte a sul, e ao lado os escoteiros rindo e dizendo: - Vamos lá Chefe. Á agua está boa para um banho!

                     Acordou descansado. Era domingo. Levantou sem correr. Nunca fez isto, não pensava no trabalho. Pensava no seu sonho que era gostoso demais. Porque não? Riu de si mesmo pensando como seria ele junto a meninos correndo pelas campinas com aquele chapelão esquisito. Pesquisou tudo o que viu. Pediu pela internet dois livros. Escotismo para Rapazes e o Guia do Chefe Escoteiro do fundador do movimento. Um general Inglês muito famoso em todo mundo. Os livros chegaram na quarta, e tempo para ler? Ele lembrou dos escoteiros que o tempo existe para a gente fazer e não deixá-lo fazer a gente. Leu os livros naquela quarta quinta e sexta até duas da manhã. Sua cabeça não para de pensar. Agora tinha de dar pelo menos um oi para eles no sábado. Sua mãe sempre que o via sorria. – Sempre Alerta Chefe! Ela dizia. Ele não dizia nada, mas a ideia formigava em sua mente.


                    A Tropa estava formada as duas em ponto. Mario foi o monitor encarregado para esperá-lo no portão. Ele chegou ressabiado. Assustou quando ouviu aquela escoteirada dizendo - “Sempre Alerta Chefe”! O tempo passou, Jerônimo foi promovido em sua empresa. Era outro, mais alegre mais humano e para surpresa de todos agora um Escoteiro. A Tropa orgulhosa do seu novo Chefe. O Diretor do Colégio Sorriu quando soube. Naquela noite em volta do fogo Jerônimo cantava com seus novos amigos. Estavam acampados no mesmo local do seu sonho. Jerônimo dizia para si – Quando estamos ou queremos estar bem, viver assim distrai. Para mim que aprendi isto recentemente agora sei o que é viver bem. Jerônimo nunca mais deixou o escotismo. Fez dele parte de sua vida e hoje nos seus 80 anos sempre recebe em sua casa seus novos amigos que fez. Gente boa, gente cuja amizade ele as manteve para sempre.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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