quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Polinésio e os nós escoteiros.


Lendas Escoteiras.
Polinésio e os nós escoteiros.

                     Dois meses de Tropa. Na Patrulha Jaú. Disseram que ia acampar subir em árvores nadar, construir cabanas tantas coisas que ele ficou entusiasmado e só pensava na sua nova vida de Escoteiro. Dois meses e nada. Bem nada é maneira de dizer, pois foi a uma boa ação na praça e plantou quatro árvores. Não foi mole fazer o buraco e plantar. O Chefe Corega tirou muitas fotos junto a ele. Pensou se devia continuar. Policarpo insistiu. Aguarde, o acampamento vem aí você vai vibrar e nunca mais esquecer. Tem de tudo, mas o fogo de conselho é de abafar. Coisa para ninguém botar defeito. – Naquele sábado nem hastearam a bandeira e o Chefe Corega reuniu todo mundo. Vamos até a capitania, vamos aprender nós de marinheiro e seremos os maiores cabistas escoteiros da região. Polinésio era obediente e disciplinado. Lá foi ele em fila pela cidade até a sede naval próximo ao mar. Ele já tinha aprendido alguns nós, não muitos, mas dava para o gasto. Esperava o acampamento. Fazia com perfeição as amarras e treinou semanas uma costura de arremate. Mas agora ele ia aprender outros. Bem mandado não reclamou. Em fila chegaram à sede da capitania dos Portos.

                         Potiguar o Segundo-Tenente os recebeu. Peito inflado, mostrando sua postura marinheira disse: - Bem vindos escoteiros. Teremos uma aula de nós que vocês jamais esquecerão. Polinésio não esqueceu mesmo. Levados a uma sala de aula ele lembrou que na segunda teria prova de matemática. Balançou a cabeça e prestou atenção no Segundo-Tenente posto que ele gostava de ser chamado. – Com um vozeirão de comandante de navio de esquadra ele começou: - Os nós servem para unir dois cabos, dois chicotes do mesmo cabo ou prender um cabo a um objeto. Hoje vamos aprender vinte, mas são mais de cem! Basicamente existem três tipos de cabos. Os de fibra vegetais (linho) pita cairo, cânhamo, sisal, algodão e manila designando-se por exárcia branca ou alcatroada, os compostos por fios metálicos, arame zincado ou aço inoxidável, os de fibras sintéticas nylon, perlon, dacron, kevlara, spectron etc. estes os mais usados na marinha de recreio. Polinésio fechou os olhos. Ele era um dorminhoco e tais palestras eram cansativas e melhor dormir. Acordou com um estalo de mão na carteira que estava. – Acorda Escoteiro! Acorda! Dizia o Segundo-Tenente Potiguar.

                        - Deus meu, pensou Polinésio. Dai-me forças para aguentar. – O vozeirão do Segundo-Tenente se fazia no ar. – Vamos aprender um nó simples que serve para impedir que um cabo corra num olhal ou gorne. – Bendito seja Deus e os nós do tenente pensou Polinésio. – Antes de começar (Putz! Ainda não começou?) – é bom que saibam que o aparecimento de nós iguais em partes diferentes do globo leva-nos a concluir que alguns deles foram descobertos isoladamente. Julga-se que já eram usados na pré-história pelos homens das cavernas. O mais antigo nó que se conhece foi descoberto em 1923 numa turfeira na Finlândia e cientificamente datado de 7.200 Antes de Cristo. Também se sabe que os antigos Gregos, Egípcios e Romanos usavam nós com alguma complexidade nas construções de edifícios, pontes e fortificações, assim é bom saber que os marinheiros não são detentores desta arte. Sei que desde o século XVII a marinha começou a aprender e utilizar diversos nós que hoje são chamados de nós, voltas, falcaças, mãos, costuras, botões, pontos, pinha, gaxetas e coxins.

                       Polinésio dormia a sono solto. Não só ele, mas também os outros seis escoteiros que lá estavam. Era a Tropa. Não havia outros, pois muitos deram no pé quando não sentiram que não havia acampamentos e excursões por anos e anos. Ele abriu os olhos pesados e viu o Segundo-Tenente ensinando um nó simples, em oito, frade, direito, ladrão, escota, pescador e lais de guia. Logo entrou com as voltas tais como o Fiel, Anete, redonda, cunho etc. Não esqueceu a alça, falcaça e pinha. Polinésio não sabe quanto tempo dormiu. Não era a primeira vez. Aconteceu outras tantas com o Chefe Corega quando resolvia dar uma palestra. Interessante que ele se entusiasmava tanto que nem prestava atenção nos dorminhocos da Tropa, ou seja, seis escoteiros. Voltaram para a sede lá pelas cinco da tarde. Se ele aprendeu algum nó não lembrava. Se prestou atenção na exposição de nós e amarras do Segundo-Tenente nunca iria poder repetir, pois não se lembrava de nada.


                       De uma coisa eu sei. Polinésio nunca mais queria aprender nós em sua vida. Os que sabia dava tranquilamente para fazer uma mesa, um fogão, um ninho de águia ou mesmo uma ponte levadiça. Mas quando? No sábado seguinte apareceu só quatro escoteiros. Dois não foram. Polinésio era um deles. Pediu ao Policarpo o monitor dizer que não ia mais. Policarpo coçou a cabeça. - Não sei se posso disse. – Por quê? Perguntou Polinésio. – Porque acho que eu também não vou mais voltar. Mas quer saber? O Chefe Corega estava rindo a toa. Três meninos novatos queriam entrar para os escoteiros. – Eles em forma na patrulha de Policarpo a única existente disse: - Aqui quem é escoteiro tem fibra de herói. Anda com suas próprias pernas. Escoteiro que é Escoteiro não anda voa. De mole eu quero distância Escoteiro para mim tem de ser macho! – Um dos novatos perguntou: - E aquela menina Chefe? Como dizia a poetiza: - Quantas vezes você me perdeu olhando para o nada, pensando que tudo poderia ser diferente? 

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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