sábado, 4 de junho de 2016

A felicidade não se compra!


Lendas Escoteiras.
A felicidade não se compra!

                    - Antônio Marcus, não insista. Já disse que não. Olhe sua posição, veja você em que colégio estuda, olhe suas roupas e pense na sua família meu filho. Somos pertencentes a uma classe social diferente. Você é um Portilho legitimo de reis franceses. A Condensa Daiana pela terceira vez dizia não para o menino Antônio Marcus seu filho. Ela não entendia como ele agora ficava atormentando com um pedido tão sem coerência. Para ela o matricular em um Grupo Escoteiro próximo a sua mansão era impossível. Ora bolas! Pensava. Uma meninada de cor, um grupo em uma igreja de periferia, um padre comunista, dizem que o Chefe era ateu e eles não tinham nada e ainda achavam que iriam formar o caráter de seu filho? Nem pensar! Ele tinha professores ingleses, estudava piano com o Maestro Galliano, e quando completasse 17 anos iria matriculá-lo na Universidade de Oxford na Inglaterra. Nunca seria de bom alvitre ele se misturar com aquela gentalha. Se pelo menos fosse um Grupo Escoteiro de elite vá lá, mas aquele ali? Nunca!

                     Antônio Marcus tinha dez anos. Quase não tinha amigos, pois no Colégio Grand Torino onde estudava tudo era muito reservado. Eram oito horas diárias e ele recebia uma carga enorme de conhecimentos. Até que nos dias que faziam atividades recreativas ele se divertia. Nunca foi bom de bola, era péssimo no vôlei e mal corria cem metros. Sua complexão física não era boa. Vivia preso na Mansão dos Portilhos e lá não tinha amigos. Uma tarde chegou do colégio e viu o Senhor Aparício o jardineiro com um jovem da sua idade vestido de Escoteiro. Achou bonito e foi até eles perguntar o que eles faziam. O Senhor Aparício era o pai de Ronaldinho o Escoteiro. Falou para ele das aventuras que faziam dos acampamentos, das jangadas, das construções que chamavam pioneirías, das patrulhas que formavam verdadeiras equipes de fraternidade, das noites lindas em volta de um fogo, das canções, de dormir em uma barraca, de poder contar estrelas no céu.  

                       Antonio Marcus sentiu seus olhos brilharem. Que lindo era isto pensou! A noite sonhou que estava de uniforme a desbravar as florestas, a atravessar rios enormes em jangadas, em subir nas árvores enormes, descer por um nó Escoteiro em uma corda grossa, ah! Meu Deus! Seria bom demais. Quando falou com sua mãe foi um verdadeiro estouro. Não gritado é claro, pois a Condensa tinha toda a carisma de uma senhora educada na corte e que nunca levantava a voz. – De onde você tirou isto meu filho? Antonio Marcus pensou em contar, mas se absteve. Sabia que ela iria demitir na hora o Jardineiro Aparício. Mas não desistiu. Todos os dias à noite, após o jantar solene, onde ele deveria estar presente sempre de terno e gravata, onde havia um cerimonial para ser servido pelas dezenas de empregadas, só ele e a mãe naquela enorme mesa, pois seu pai sempre viajando ele pensava. – Já pensou? Eu lá na orla da floresta, fazendo meu jantar em um fogão de barro? Comendo a comida que eu fiz? Seria delicioso, mas era um sonho impossível de se realizar.

                     - Olhe Antonio Marcus se você quer mesmo ser um vamos fundar um grupo só para você. Vamos convidar seus amigos do colégio e do Clube, gente do mesmo naipe que nós. Falarei com meus amigos presidentes das multinacionais, falarei com o Comendador Joubert, claro incluirei Os Manfredos do Banco Mundial. Contrataremos chefes Escoteiros formados em grandes universidades do exterior, receberão os melhores salários e você vai fazer tudo que eles fazem supervisionados por professores e chefes preparados. Contrataremos bons chefs de cozinha para fazer suas refeições e claro, onde forem terão um enorme gerador para gerar a luz elétrica. Você quer assim? Antonio Marcus olhou para ela, seus olhos estavam húmidos em saber que nunca seria um Escoteiro como deveria ser. Muitas vezes escondido ficava conversando com Ronaldinho o Escoteiro. Ele contava todas as histórias que fazia brilhar as pupilas dele.

                        Não desistiu. Nunca iria desistir. Se ela achava que eles eram uns Portilhos que seja. Mas ele queria era ser mais um e não um que seria dono de tudo. Queria ser um Escoteiro de coração, de corpo e alma amigo e irmão de todos sem distinção. O Doutor Professor Edmundo se dirigiu a ele naquele dia e perguntou – O que está havendo Antonio Marcus? Você hoje não prestou atenção à aula? – Ele não disse nada. O Doutor Professor Edmundo não iria entender os seus sonhos. Foi um dia fatídico. Ao sair do colégio recebeu a noticia. Sua mãe fora sequestrada e baleada. Dois bandidos mataram dois seguranças super treinados em questão de segundos. Quando iam saindo com ela dois meninos pularam dentro da limusine e tentaram tomar a arma dos bandidos. Uma idiotice sem tamanho, mas que deu tempo do terceiro segurança matar os dois bandidos e o terceiro fugir. Um dos meninos levou um tiro de raspão. Ela no braço direito.

                         Os jornais e as TVs não perderam tempo. Histórias foram contadas de norte a sul. Os meninos exaltados como heróis. Em uma entrevista com um famoso apresentador os dois jovens contaram que eram Escoteiros. Aprenderam a não fugir das dificuldades. Sabiam viver sozinhos em uma floresta, enfrentavam cobras e jacarés. Será que ajudar uma senhora não fazia parte da boa ação que deveriam fazer todos os dias? Os dois meninos Escoteiros da noite para o dia ficaram famosos. A Condensa Daiana ao sair do hospital disse que nunca tinha visto tal heroísmo. Falou mais ainda dizendo que agora até ela iria ser Escoteira. Seu filho Antonio Marcus seria também um deles. Uma organização que ensina a fazer o bem, a formar caráter não poderia ficar de fora na formação do seu filho. Antonio Marcus não cabia em si de contente. Sonhava esperando o sábado feliz. Pedia a Deus para sua mãe não mudar de ideia. Disse para ela sobre o Aparício que era pai de Ronaldinho escoteiro.


                         O Chefe Pikard estranhou quando aquela Madame bem vestida cercada de seguranças adentrou no pátio da sede. Não era comum. Ele um Velho explorador europeu resolveu ajudar aquele Grupo Escoteiro humilde da Vila Pasqualé. Ele adorava aquela vida adorava aqueles meninos e quando soube que Piquitito e Joelhudo foram heróis ajudando em um assalto ele ficou com medo e ao mesmo tempo orgulhoso. Ensinou a todos que devem agir dentro das circunstâncias que a prudência ensina. A Condensa Daiana humildemente pediu uma vaga para seu filho. Ronaldinho da Patrulha Coruja veio correndo abraçá-lo. O Senhor Aparício que fazia limpeza na sede se sentiu importante quando ela o abraçou e o parabenizou pelo seu excelente filho. O Grupo ganhou mais um filho. A Grande Família Escoteira cresceu e o escotismo fizera as pazes com a realeza.

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