segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O misterioso chefe Jonny Hidalgo.


Vale a pena ler de novo.
O misterioso chefe Jonny Hidalgo.
(Uma adaptação do poema “quadrilha” de Carlos Drumond de Andrade).

Jonny amava  Silvana, que amava Danilo
que amava Gisele que amava Salviano que amava Dorita
que não amava ninguém.
Jonny foi para a cadeia, Silvana para o convento,
Danilo foi para o Suriname, Gisele é Escoteira da Pátria,
Salviano ficou maluco e Dorita se casou com Geninho que se tornou
Presidente do Brasil e
não tinha entrado na história.

                      Se eles eram unidos ninguém duvidava. Felizes também e todos tinham um grande amor entre sí. Diziam os pais que um dia eles iriam se casar e seriam as famílias mais felizes de Vale Encantado. Não eram muitos quem sabe um punhado de jovens que se diziam ser um batalhão. Duas patrulhas, seis moços sorridentes e cinco mocinhas sonhadoras e pelo menos duas vezes por semana se encontravam para conversar, comer um lanche, beber um refrigerante, jogar conversa fora. Afinal era uma cidade pequena, onde todos se conheciam e sabiam que muitos ali nasceram e ali iriam partir para alguma estrela quando chegasse o tempo e a hora certa. Sem contar as reuniões de sábado ou as atividades mateiras de um domingo ou feriado prolongado, a vida era preenchida para aquela galera Escoteira como uma história de faz de conta. O nome de todos não importa na história, ficarei com Jonny, Silvana, Danilo, Gisele, Salviano e Dorita. Se havia jovens seniores e guias que se orgulhavam do que eram, tira-se o chapéu para todos eles principalmente os personagens desta história.

                     Jonny chegou em um dia de céu azul a Vale do Encantado. Um amor de pessoa. Um visual alegre, um sorriso incrivelmente belo, um andar que mesmo com tudo que aconteceu foi copiado por muitos e muitos anos. Apareceu assim do nada na Tropa Senior naquele sábado de sol vermelho na reunião. Todos ficaram embasbacados. As moçoilas guias sentiram o coração batendo, os jovens seniores meio enciumados, mas a figura do Chefe era incrivelmente bela. Fez uma bela saudação Escoteira, sua voz entoou o mais lindo Sempre Alerta que a Tropa tinha ouvido. Seu porte era fenomenal. Ninguém tinha visto nada igual. Um uniforme perfeito. Um chapéu de abas largas sem nenhum defeito, um lenço bem dobrado, sua camisa e calça curta com vinco era demais. O meião bem colocado conforme mandavam as normas. Não tinha medalhas, nem estrelas para dizer quanto tempo, só seu distintivo de promessa que pela cor todos entenderam que tinha tempos de uso. Foi direto a Chefe Norma e a saudou brilhantemente. Norma esposa do Chefe Jamil não cabia em sí de contente. Quase se derreteu em frente aquele Chefe soberbo.

                    Apresentado a tropa pediu que todos ficassem a vontade. Perguntas mil começaram a se ouvir. De onde? A passeio? Qual Grupo? Quanto tempo? Ele respondeu a todas de maneira vaga. Entrou como lobo e nunca mais saiu. Silvana não se entusiasmou muito. Olhava para Danilo que não percebia seu olhar e olhava para Gisele. Mas ninguém sabia que naquele dia Silvana passou a morar no coração de Jonny. Foi convidado para o sarau que iriam realizar no salão nobre da escola naquela noite. Outras dezenas de moçoilas não Escoteiras acorreram para a festa. Souberam de Jonny e suspiros apaixonados eram jogados no ar. A vida depois da chegada de Jonny Hidalgo nunca mais foi à mesma em Vale Encantado. Ninguém perguntou quem era ele, sua família, qual cidade, pois suas respostas eram vagas e sem sentido. Uma semana, duas um mês e o tempo corria sem perguntar se podia parar.

                    Acampamentos, excursões belas toadas ao luar. Noites de lua cheia, de céu estrelado, de cometas riscando a plataforma do universo sabendo que nunca mais iriam voltar naquelas plagas do universo. Jonny Hidalgo era mais um sem ser de todos. Os amores vividos, os amores esquecidos para aqueles jovens Seniores e Guias sonhadoras continuavam como se ainda não houvesse vida depois da vida para sentir e viver. Só Gisele sonhava. Sem nada para fazer, o que restava a ela era lembrar de você que era apenas uma fagulha perdida entre mil. Chorar de saudades, recordar das lembranças e perguntar o porquê disso tudo. Ela queria amar e sentia que não amava, ela queria sonhar e seu sonho se perdia como as andorinhas que se escondiam no verão. Tudo era como os vagalumes brilhantes em volta da fogueira que riscavam o noturno da noite nos acampamentos inesquecíveis. O tempo sem perdoar enviou a primavera, passou pelo verão e o inverno chegou. Um vento frio soprava de norte a sul. Engastalhados em seu capotes os jovens seniores e guias não se assustavam com o amanhecer nas montanhas  de poucos graus acima de zero.

                       Chico Capeta apareceu do nada. Apenas um tiro, mas que se resvalou na fivela do cinto escoteiro de Jonny Hidalgo. Tudo foi mostrado ao vivo e a cores para o populacho de Vale Encantado. Jonny estava armado e ninguém sabia. Outro tiro e Chico Capeta foi dançar com seus irmãos no inferno. Que ouve? Por quê? Quem era Jonny Hidalgo? Ele não era o Don Juan Escoteiro que conquistou a cidade? Uma tropa inocente, meninas e meninos sonhadores, um lindo jovem intrépido que foi amado por muitos era um matador? Ninguém nunca soube. Naquela tarde um homem alto, com um bigode enorme, um chapéu Escoteiro torto e um uniforme amarrotado, um lenço mal enrolado chegou à cidade. Apeou do seu cavalo como o fazem os caubóis dos filmes famosos. Entrou na delegacia e saiu de lá com Jonny Hidalgo algemado. Amarrou as mãos de Jonny em uma corda, passou em volta da cela e montou no seu cavalo partindo sem dizer adeus. Jonny ergueu os olhos para a cidade, olhou seus amigos seniores e guias, não sorriu. O cavalo do homem alto o puxou para longe de Vale Encantado. Para onde foi ninguém sabe, ninguém viu!
                        

                    Jonny amava  Silvana, que amava Danilo que amava Gisele que amava Salviano que amava Dorita que não amava ninguém. Jonny foi para a cadeia, Silvana para o convento, Danilo foi para o Suriname, Gisele é Escoteira da Pátria,
Salviano ficou maluco e Dorita se casou com Geninho que se tornou Presidente do Brasil e que não tinha entrado na história.

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