domingo, 6 de novembro de 2016

A fabulosa odisseia da Matilha cinzenta.


Lendas escoteiras
A fabulosa odisseia da Matilha cinzenta.

                       - Tiquinha, quando vai terminar as férias? – demora ainda Patropi. Mister Mosca era o único que estava plugado na Internet. Neka e Grilo jogavam paciência e o Professor era o único que estava a escrever em um caderno. – Todas as terça eles se reuniam em casa de um dos participantes da Matilha Cinzenta. A alcateia estava em férias. Sempre fora assim nos meses de férias escolares. – Precisamos mudar isto, não dá sem reuniões só porque alguns chefes vão viajar, disse Neka – Eu concordo com você, sem uma reunião uma excursão ou um acantonamento e sem escola o tempo não passa! Disse o Grilo. – Olhem, não somos uma matilha? Afinal na jângal os lobos não se viravam sozinhos? Disse o Professor. Todos olharam para ele. Fale mais Professor. – Porque não fazer uma atividade de um dia só para nós, não estamos em férias?

                         Estavam juntos a mais de dois anos exceto a Tiquinha e o Grilo com um ano. Aprenderam a se encontrar uma vez por semana na casa de um deles. Hoje estavam na casa do Professor. Dona Filó sua mãe sempre atenta em tudo que faziam. Hora de preparar um lanche para eles. Ela gostava da amizade deles. Jovens naquela idade não costumava ser assim. O que ela não sabia era o que eles estavam planejando. Meninos nesta idade tem que se ficar de olho. Passava das sete da noite quando os pais foram buscá-los. Ninguem sabia o que tinham planejado. Iriam em lugarejo antigo, onde existia um trem que aos sábados e domingos era explorado turisticamente. Na internet viram as fotos. Lindas, maravilhosas. E a bruma na cidade? Escolheram aonde ir nas várias estradinhas e trilhas que começava na cidade. Sonhavam com pedras, regatos, cascatas e acreditavam que podiam encontrar a Pedra do Conselho. Adrenalina à flor da pele. Uma lista foi passada do que tinham de levar. – Lanche, lanterna, e bússola. Alguém sabe como orientar? Riram de tudo. Iriam ficar fora o dia inteiro teriam de mentir. Detestavam isto, mas não tinha saída.

                          Com um gravador com a voz dentro de um latão imitaram a voz do Balu. Falavam para a mãe de cada um que os lobos teriam uma reunião especial. Iria durar o dia inteiro. Cada pai ou mãe deveria levá-lo pela manhã e buscar a noitinha. Nenhum dos pais duvidou da voz do Balu. No dia marcado todos lá a espera que os pais fossem embora. Pegaram o ônibus até a estação de trem. Estou com medo – disse Neka. – Calma, vais ver que será tão divertido que você vai esquecer isto, disse Patropi. Na estação o trem não demorou. Os passageiros sorriam com aqueles seis jovens de mochila e uniformizados de azul. Ninguém perguntou onde estavam os chefes.

                          Duas horas de viagem. A estação era bem antiga. Desceram e subiram uma grande escada de ferro. Na passarela tiveram uma bela visão. A cidade aos seus pés e a bruma cinzenta em volta. O Professor sabia onde deviam ir. Pesquisou muito. Atravessaram a cidade e ninguém estranhou aqueles jovenzinhos de azul boné estiloso e mochila as costas sem um adulto.  Avistaram a estradinha. Linda. Arvores em todo lugar e muitos pássaros e beija flores coloridos.  Estavam maravilhados com tudo. A estrada diminuiu. Agora uma trilha. Cada um se sentia em plena Jângal. A mente distraída era como se estivessem na Jangal de Mowgly. Sonhavam em encontrar à Pedra do Conselho. Foi Patropi que disse estar com fome. Pararam para um lanche. Enquanto lanchavam faziam perguntas que o outro não sabia responder.

                         Duas e meia da tarde, hora de voltar. Encontraram um riacho com cascatas de águas cristalinas. Patropi perguntou onde seria a Pedra do Conselho. – Neka marcava o tempo para voltar. Seguiriam por meia hora. Encontraram um riacho e resolveram tomar banho. Brincaram, cantaram, riam cada um olhando para o outro e mostrando a alegria de estarem ali. O tempo passou. O sol sumiu. Agora era voltar, mas para onde? A noite chegou e nada se via. Não enxergavam nada. Resolveram sentar e esperar. Esperar o que? – Que burrice fizemos? Disse o Mister Mosca. Só Patropi e o Professor mantinham a calma. Seguiriam no dia seguinte. Somos lobos e não temos medo! O que os pais iriam dizer ficaria para depois. Tiquinha descobriu um isqueiro em sua mochila. Juntaram uns gravetos. A fogueira foi uma salvação para dormir.

                      Acordaram pela manhã com a passarada fazendo algazarra e cantando. E a trilha? Tiquinha começou a chorar. Neka também. Patropi soluçava. Mister Mosca e Professor de olhos fechados não sabiam o que fazer. Só o Grilo ainda sorria. De que ninguém sabia. – Na sede os pais desesperados. Policia, bombeiros, O Diretor Técnico, a Akelá, o Balu e vários Escoteiros falavam ao mesmo tempo. - Onde foram? Ninguém sabia. Buscas na redondeza. Ninguém viu. – Capelão um bêbado do bairro disse que eles pegaram o ônibus da estação ferroviária. Ninguém acreditou nele. – Farofa era Monitor da Falcão. Chamou a patrulha. Vamos achá-los disse. Faremos duplas, uma delas vai até a estação. Tendo alguma noticia ligue para os outros.

                   Pais desesperados. Sabiam que a noite ninguém podia fazer nada. Na mata a Matilha não tinha saído do lugar. Choravam o tempo todo. Dividiram os lanches para dois dias. Muitos saquinhos de biscoitos, batatas palhas e balas. Neka segurou na mão de Tiquinha, que pegou na mão de Patropi e assim todos deram as mãos. Resolveram rezar. – Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o teu nome... Se alguém pudesse ver aqueles seis lobinhos rezando em plena mata escura também iria chorar junto a eles. Outra noite dormindo abraços uns aos outros Uma fogueira cujas fagulhas subiam aos céus. Até uma coruja astuta apareceu. Acordaram na segunda feira.

                    Farofa não desistia. Na estação perguntaram a todos os funcionários. – Farofa, não adianta, ninguém viu e ninguém sabe, disse Lumpaza. Mas Farofa não desistia. Risoleta trabalhava na banca de jornal. Viu os Escoteiros perguntando. Lembrou-se dos lobinhos. – Foram no trem de sábado para Paranapiacaba. Não vi eles voltarem. Uma pista. Farofa ligou para o Chefe Trovão. Sabia que ele daria noticia a todos. Sabia que em pouco tempo Paranapiacaba ira fervilhar de bombeiros, policias, a turma de sobrevivência na selva e helicópteros. – Vamos no próximo trem disse – Toda a patrulha disse que agora era questão de honra eles serem os primeiros a encontrarem os cinzentos. Em Paranapiacaba só um guarda civil lembrou deles. – Pegaram a estradinha da serra do mar. Farofa conhecia tudo ali com a palma da mão.


                    Dividiram em duplas. Cada um pegou uma estrada e uma trilha. Eles sabiam seguir pistas e viram as pegadas deles. Mais meia hora e os encontram chorando e abraçado uns aos outros. Quando viram os Escoteiros foi um grito de esperança. Um mês depois eles contaram na Alcateia tudo que aconteceu com eles. Seus pais choraram tanto de alegria que nem brigaram. Mas ficaram de castigos em casa por três meses. Foi uma odisseia nunca esquecida. Uma fama se criou e até hoje naquele Grupo Escoteiro as historias contadas não condizem com a realidade. Mas todos têm seus heróis aventureiros. Se fosse para o bem que seja. Não faria mal a ninguém. Seja sim ou não, que a Matilha cinzenta aprenda com seus erros. 

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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