quinta-feira, 2 de março de 2017

O cão de Baskerville.


Lendas Escoteiras.
O cão de Baskerville.

                       Até hoje não sei por que Arthur adotou aqueles vira-latas e deu o nome de Baskerville. Como não era nenhum gênio e nem tampouco um amante dos contos de Sir Conan Doyle, nunca deveria ter ouvido falar da Família Baskerville que Sherlock Holmes e seu escudeiro Watson foram chamados para resolver o mistério da morte misteriosa de um membro da família. Arthur era um simplório e assistente da Tropa Escoteira Pico da Neblina. Ninguém entendia por que o Chefe Zefir acreditou que faria de Arthur um futuro substituto seu. Seu assistente não tinha nada que um Chefe responsável deveria ter. Respondão, tratava a todos com brutalidade e os animais... Oh! Pobre dos animais. Quantas vezes Zefir chamou sua atenção em acampamentos, pois ele corria atrás de qualquer pássaro ou bicho com a intenção de matar. Isto mesmo, matar!

                       Dizia a todos que nunca fora pai, nunca teve um filho e jurou que faria de Arthur um filho querido. Dizia que iria tentar até os últimos dias da sua vida. Toda reunião lá estava Zefir contemporizando as falácias de Arthur junto a Tropa. Não dá para entender porque ele não perdeu nenhum dos seus meninos escoteiros por causa do seu assistente aloprado. Sei que um dia um cão vira-latas passou a seguir Arthur. Aonde ele ia o cão ia atrás. Ninguem sabia quem era seu dono e muitos juravam que ele não era morador de Pedra Grande. Arthur fez tudo para espantar o cão e ele sempre insistindo em seguir seus passos. Chefe Zefir deu a ele um ultimatum: - Ou você adota o cão ou deixa a Tropa. A escoteirada não vê com bons olhos sua falta com o sexto artigo da lei.

                        Não teve jeito. Arthur levou o cão para casa e lhe batizou de Baskerville. Todos riram e perguntaram o porquê e ele sempre dando a resposta de sempre. Escolhi este e não tenho que dar satisfação a ninguém. Quando foi fazer seu primeiro preliminar Baskerville o seguiu até o campo escola. Ele tentou enxotar o cão chutando-o e jogando pedras. O Diretor do Curso ameaçou mandá-lo de volta para casa. Baskerville era fiel, muito fiel. Aonde Arthur ia ele ia atrás. Em um acampamento perto dos Rochedos dos Borgias sem ninguém ver, no dia do retorno Arthur amarrou Baskerville em uma arvore e mesmo com o cão ganindo ele o deixou ali para morrer.

                        Ninguem deu falta do cão, ninguém viu o que ele fez. Uma semana depois Baskerville gania em frente a sua casa. Arthur assustou e lhe deu agua e comida à contra gosto. O tempo foi passando e nada de aparecer amor ao cão de Baskerville por parte de Arthur. Fingia agora ser amigo e acariciava um ou outro cão que passava próximo onde faziam reuniões só para mostrar que o sexto artigo era por ele observado. Um dia Arthur sumiu. Como não tinha amigos passou mais de uma semana sem darem falta dele. No sábado logo no início da reunião, Baskerville apareceu na sede ganindo e latindo. Todos olharam para ele e viram que estava sangrando com um dos olhos arrebentados, uma perna quebrada e não parava de latir.

                       Foi Polenta da Patrulha Águia quem disse que o cão estava pedindo para segui-lo. Em principio ninguém o seguiu, mas o Chefe Zefir chamou a Tropa e foram atrás de Baskerville. Mais de seis quilômetros até a subida do Morro Grande. Baskerville parou de latir e pulou no ar como se fosse voar. Correram até ele e o viram caindo junto a Arthur. Desceram a barranca e viram que Arthur estava morto. Baskerville também. Sofreu várias fraturas e estava mordido em várias partes do corpo. Quando olharam para Baskerville pensando que fosse ele, viram uma Jaguatirica enorme morta ao lado de uma pedra. Estava também mordida e sangrava muito. A história conta que Arthur levou Baskerville para tirar sua vida. Escorregou e caiu ribanceira abaixo. Atacada pela Jaguatirica Baskerville lutou o quando pode para salvar Arthur.


                       Enterraram Baskerville ao lado de Arthur no Cemitério Santo Antonio. Recebeu o carinho da Tropa e o Chefe Zefir com honras de estilo mandou a Tropa ficar firme e foi pedido um minuto de silêncio. Ao Cão. Aquele que soube dar amor e não recebeu nada em troca. Contaram-me esta história em um Fogo em Conselho próximo a Tarumim. Verdade ou não anotei e fiz dela uma história. Histórias são assim, algumas tristes outras alegres. De uma coisa eu sei, o cão é o maior amigo do homem e muitas vezes não é correspondido. Fica o dito pelo não dito. Honras de estilo ao Cão de Baskerville. Sempre Alerta.  

O único amigo desinteressado que um homem pode ter neste mundo egoísta, aquele que nunca o abandona, o único que nunca mostra ingratidão ou traição, é o seu cachorro. “Arthur nunca mereceu o amor de Baskerville”. A vida da em troca aquilo que merecemos.
                                    

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