terça-feira, 30 de maio de 2017

Na beira do caminho tinha uma flor... Tinha uma flor na beira do caminho.


Na beira do caminho tinha uma flor... Tinha uma flor na beira do caminho.
Plagiando Carlos Drummond de Andrade. 

                       Era um sol do meio dia. Quente, fervendo o sangue do Escoteiro caminhante. Mal dava para olhar a frente de tão quente... O chapéu de abas largas tentava segurar os raios solares. A camisa ensopada. Ele pensou em tirar o lenço e a camisa. Ficar com a camiseta que estava por baixo. Mas esqueceu desta vontade. Aprendeu a andar uniformizado onde fosse. Não importa se tinha alguém a vê-lo ou não. Há horas esperava encontrar uma arvore frondosa, a beira do caminho. Nada. A estrada era de terra e quase não cabiam dois veículos passando um pelo outro. Ele sabia que ainda tinha chão para percorrer. Não fora com sua patrulha pela manhã. Prova de matemática. Um mais dois cinco mais oito e ele aprendeu a tabuada assim nas jornadas da vida. Agora não. Não calculava a soma divisão ou a multiplicação. Precisava parar para descansar, mas e a árvore frondosa que não aparecia?

                      Tirou seu cantil e bebeu dois goles. Não mais. Ele não sabia quanto tempo tinha para encontrar um riacho. Ali era impossível. Tudo estava seco, nem o verde do campo se via. O chão do caminho era terra pura. Se chovesse valha-me Deus o barro que daria. Um, dois, quatro seis quilômetros de pé no chão. Sua mochila pesava. Ele estava acostumado. Bastava encontrar uma arvore frondosa, um cochilo e ele andaria outros seis se necessário. E os pássaros? Ele não via nenhum. Naquele sol escaldante nem pássaro se arriscaria a voar pelos céus. Ele passou por ela. Na beira do caminho. Nem reparou. O sol não deixava. O chapéu quebrando a testa para esconder o calor e a claridade escondia as belezas que não existiam na beira do caminho.

                       Andou alguns passos e parou. Sua mente tinha gravado a flor na beira do caminho. Pensou o que seria e a mente o obrigou a lembrar. Voltou-se calmamente e a viu... Linda, vermelha, quase do tamanho de uma rosa. Mas não era uma rosa. Somente ela com sua planta a segurar como se fosse cair com o peso. Não havia vento, ela não se mexia. Mas era linda. A mais linda flor que ele tinha visto. Deu meia volta até a flor na beira do caminho. Quem pensaria que na beira do caminho tinha uma flor? Ficou de frente a ela. Viu que ela sorria e não se importava com os raios de sol que não penetravam nas suas pétalas. Tirou sua mochila e se agachou em frente a ela. Um perfume suave correu pelas suas narinas. Gostoso, delicioso. Agradável de cheirar. Era um balsamo para manter o corpo firme, aquela fragrância jogava todo seu perfume no Escoteiro que caminha no sol no caminho.

                      Ficou ali estático por minutos que se transformaram em horas. Ela a flor na beira do caminho o hipnotizava. Ele precisar seguir precisava chegar ao acampamento à tardinha. Seus amigos da patrulha o esperavam. Então o sol se escondeu. Uma nuvem branca com pássaros esvoaçantes chegaram. Um vento sul começou a soprar. A flor balançou na sua planta, mas não caiu. O Escoteiro procurou um galho e o fincou junto à flor. Do seu cantil aguou a linda flor da beira do caminho. Precisava seguir adiante. O tempo não espera, e ele olhou a flor pela ultima vez. Grande, Vermelha, quase do tamanho de uma rosa. O Escoteiro partiu olhando para trás. Uma enorme tristeza o invadiu. A flor da beira do caminho balançou de um lado a outro. Como se estivesse agradecendo o que o Escoteiro fez por ela.

Vai Escoteiro, vai para o seu acampamento. Era só uma flor, uma flor vermelha linda a beira do caminho. E ele viu que na beira do caminho tinha uma flor, tinha uma flor na beira do caminho, tinha uma flor, no meio do caminho tinha uma flor...


Baseado no poema de Carlos Drummond de Andrade – No meio do caminho tinha uma pedra.

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