domingo, 14 de maio de 2017

Um passeio no parque.


Um passeio no parque.

         Quando mais jovem escrevia minhas histórias programando o horário de usar minha remington, herança da minha bisavó e que mais tarde foi trocada por uma Olivetti moderna e elétrica. Nunca levei ambas para um acampamento. Lá não era lugar para escrever e sim viver escoteiramente amando cada momento vivido em plena natureza. O tempo foi passando e eis que meu filho compra um computador. Batata! Era o ovo de Colombo para escrever minhas histórias. Nunca pensei que isto seria o meu fim como escriba de PC, pois à medida que escrevia precisava me organizar montando arquivos não só para os contos, mas também para as fotos. São milhares. Quando preciso de uma que possa dar uma conotação ao conteúdo da história chego a chorar de raiva por não encontrar a foto certa.

         Outro dia um filho veio a minha casa e deixou um Laptop para buscar posteriormente. Olhei o “bicho” toquei de leve como fizeram os macacos no filme 2001 Uma Odisseia no Espaço e pensei: - Porque não aproveitar e levá-lo comigo para escrever em plena natureza do parque onde costumo deixar a mente vagar por entre as flores, as árvores as latinhas lindas já vazias de cerveja ou refrigerante, sentir o perfume das garrafas de plásticos jogadas e adorar os sacos de guloseimas jogados pelo chão. Maravilha! Pus-me a campo. Sentadinho no banco coloquei o bicho Laptop entre as pernas, testei o teclado e não funcionou. Liguei todos os botões que vi e nada. Eu precisava escrever uma história, mas o “bicho” não ligava. Bem melhor montar uma em pensamento. Sobre que? Menino Escoteiro, menina escoteira, Chefe ou guia ou Sênior? Falar das flores do vento ou das estrelas?

        Perfume no ar do lago que há esta hora soltava um odor infalível nas minhas narinas e sons mateiros de zumbidos de insetos que infestavam o ar. Eis que “Eureka” uma ideia chegou assim do nada. Seria sobre... – Moço! Moço! Abri os olhos, pois dormitava docemente e olhei para ver quem era. Um pequerrucho dos seus seis anos me chamando. Onde estava a mãe dele para que ele me deixasse em paz? Olhei para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste. Nada. Melhor atender, afinal não dizem que Chefe Escoteiro adora criancinhas? Pois é. – Olá garoto, posso ajudar? – Pode! Respondeu de pronto. Posso usar um pouquinho seu laptop? E agora José! Pelas barbas do profeta. Um pestinha de seis anos metendo a mão no “Bicho” do meu filho? E se ele estragar?

         Não tinha como dizer não. Eu sabia que não iria funcionar e ele na sua imaginação iria fingir que teclava e faria uma macega de letras e pontos na tela. Nada mais que isto. Ele sentou ao meu lado. Pegou o monstrengo e maravilha! O pestinha ligou o laptop. Teclava melhor que eu. Entrou no Google, pesquisou um tal Nozinho que era um contador de histórias para meninos. Depois foi no You Tube e ouviu umas musiquinhas esquisitas e por fim deu uma passada em sua página no Facebook. Desligou o “bicho” olhou para mim e disse: Moço, ela não me deixou nenhum recado! Será que se esqueceu de mim?  E foi embora cantando uma canção de amor. Não me deixes! Amo você para sempre! Seis anos?


         Voltei para casa pensativo. Que mundo eu estava vivendo? Não era mais para mim. Voltei pro meu quartinho para minha máquina grande e adorada e me pus a escrever. Agora sim, estava em casa!

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