Um passeio no parque.
Quando
mais jovem escrevia minhas histórias programando o horário de usar minha
remington, herança da minha bisavó e que mais tarde foi trocada por uma
Olivetti moderna e elétrica. Nunca levei ambas para um acampamento. Lá não era
lugar para escrever e sim viver escoteiramente amando cada momento vivido em
plena natureza. O tempo foi passando e eis que meu filho compra um computador.
Batata! Era o ovo de Colombo para escrever minhas histórias. Nunca pensei que
isto seria o meu fim como escriba de PC, pois à medida que escrevia precisava
me organizar montando arquivos não só para os contos, mas também para as fotos.
São milhares. Quando preciso de uma que possa dar uma conotação ao conteúdo da
história chego a chorar de raiva por não encontrar a foto certa.
Outro
dia um filho veio a minha casa e deixou um Laptop para buscar posteriormente.
Olhei o “bicho” toquei de leve como fizeram os macacos no filme 2001 Uma
Odisseia no Espaço e pensei: - Porque não aproveitar e levá-lo comigo para
escrever em plena natureza do parque onde costumo deixar a mente vagar por
entre as flores, as árvores as latinhas lindas já vazias de cerveja ou
refrigerante, sentir o perfume das garrafas de plásticos jogadas e adorar os
sacos de guloseimas jogados pelo chão. Maravilha! Pus-me a campo. Sentadinho no
banco coloquei o bicho Laptop entre as pernas, testei o teclado e não
funcionou. Liguei todos os botões que vi e nada. Eu precisava escrever uma
história, mas o “bicho” não ligava. Bem melhor montar uma em pensamento. Sobre
que? Menino Escoteiro, menina escoteira, Chefe ou guia ou Sênior? Falar das
flores do vento ou das estrelas?
Perfume
no ar do lago que há esta hora soltava um odor infalível nas minhas narinas e
sons mateiros de zumbidos de insetos que infestavam o ar. Eis que “Eureka” uma
ideia chegou assim do nada. Seria sobre... – Moço! Moço! Abri os olhos, pois
dormitava docemente e olhei para ver quem era. Um pequerrucho dos seus seis
anos me chamando. Onde estava a mãe dele para que ele me deixasse em paz? Olhei
para o norte, para o sul, para o leste e para o oeste. Nada. Melhor atender,
afinal não dizem que Chefe Escoteiro adora criancinhas? Pois é. – Olá garoto,
posso ajudar? – Pode! Respondeu de pronto. Posso usar um pouquinho seu laptop?
E agora José! Pelas barbas do profeta. Um pestinha de seis anos metendo a mão
no “Bicho” do meu filho? E se ele estragar?
Não
tinha como dizer não. Eu sabia que não iria funcionar e ele na sua imaginação
iria fingir que teclava e faria uma macega de letras e pontos na tela. Nada
mais que isto. Ele sentou ao meu lado. Pegou o monstrengo e maravilha! O
pestinha ligou o laptop. Teclava melhor que eu. Entrou no Google, pesquisou um
tal Nozinho que era um contador de histórias para meninos. Depois foi no You
Tube e ouviu umas musiquinhas esquisitas e por fim deu uma passada em sua
página no Facebook. Desligou o “bicho” olhou para mim e disse: Moço, ela não me
deixou nenhum recado! Será que se esqueceu de mim? E foi embora cantando
uma canção de amor. Não me deixes! Amo você para sempre! Seis anos?
Voltei para casa pensativo. Que mundo eu estava vivendo? Não era mais para mim. Voltei pro meu quartinho para minha máquina grande e adorada e me pus a escrever. Agora sim, estava em casa!
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