sexta-feira, 25 de agosto de 2017

A formiguinha trabalhadora. (Uma história para lobinhos)


Histórias para contar na Jângal.
A formiguinha trabalhadora.
(Uma história para lobinhos)

               Toninha era uma Lobinha que pouco se entrosava com as demais da Alcateia. Chefe Ramon o Balu conversava muito com Dadá a Akela e eles tentaram tudo para que ela pudesse se entrosar o que não acontecia. Foram várias vezes a sua casa e seus pais sentiam a mesma coisa. Toninha ficava a maior parte do tempo em seu quarto sem conversar e lendo. Gostava de ler. Tinha muitos livros e todos ela já tinha lido. Histórias e estórias tem seu lugar na formação dos jovens e Toninha adorava. Uma atenção enorme quando alguém contava uma.

               Uma vez, em um dia frio e sem sol, a Alcateia estava acantonada em uma fazenda de um pai de um escoteiro e Toninha parecia ter um semblante preocupado. Ramon o Balu perguntou a ela: - O que houve Toninha? – Ela Olhou para Ramon, abaixou a cabeça e começou a falar devagar e baixinho. Isto assustou Ramon. – Ela continuou: - Balu, hoje eu conversei com uma formiguinha. Ela me contou tudo de sua vida. – Ramon se interessou. Conte-me o que ela contou para você. – Toninha olhou nos olhos do Balu e começou:

                   - Balu, a formiguinha me contou que todos os dias chegava cedinho à fábrica onde trabalhava. Não tinha preguiça, pois tinha muitas formiguinhas para sustentar.  Ela era muito feliz com o que fazia. Mas o novo chefe, Sr. Leão Nardo, que assumira o posto recentemente,  estranhou que a formiga trabalhasse sem supervisão, e pensou: - "Ora, se a formiguinha produz mais que as outras sem supervisão, melhor seria se fosse supervisionada...”.

                 E assim o novo administrador contratou a Barata Vital, que todos diziam ter muita experiência como supervisora. Os puxa sacos dela falaram maravilhas e mostraram belíssimos relatórios que ela fazia.  A primeira preocupação da  Barata foi a de estabelecer um relógio-ponto digital datiloscópico para controlar a entrada e saída da formiguinha da repartição.  

                Em seguida a  Barata precisou de uma secretária para ajudá-la a preparar e digitar os relatórios. Assim, contratou a Mosca que, além de ficar só zunindo prá lá e prá cá, organizava os arquivos. O Sr. Leão Nardo ficou encantado com os relatórios da Barata e pediu estatísticas e gráficos com índices de produção e análise de tendências, os quais eram mostrados em reuniões específicas para o caso. Foi então que a Barata pediu para comprar um Lap top e uma impressora laser e admitiu o Grilo Falante para gerir o departamento de informática e informações.

          O Grilo um entendido nos acessos de Internet, ligações telefônicas começou a controlar o que a formiguinha fazia repassando-os aos ouvidos da Barata, que por sua vez os relatava ao Sr. Leão Nardo. Qualquer pó, um cisco qualquer que a formiguinha colocasse em lugar indevido, recebia uma repreensão e punição. A formiguinha laboriosa, autêntica e prática, e que não gostava de afagar egos e satisfazer caprichos de chefe, de produtiva e feliz, passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis, burocracias, picuinhas e reuniões que lhe consumiam o tempo! 

                Com o passar dos dias o Sr. Leão Nardo concluiu que era o momento de criar a função de Gestor para a área onde a formiguinha operária trabalhava. O cargo foi dado a uma Cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma cadeira ortopédica para o seu gabinete. E ficava só cantando.

     A nova chefe, a Cigarra, precisou ainda de computador e de uma assistente (que trouxe do seu anterior emprego) para ajudá-la na preparação de um plano estratégico de otimização do trabalho e no controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantava mais e a cada dia se mostrava mais desanimada, desestimulada e deprimida. E ficava agora só pensando besteiras, e não mais tinha tempo para pensar em trabalhar. 

              Foi nessa altura que a cigarra convenceu o gerente, o Sr. Leão Nardo, da necessidade de fazer um estudo climático do ambiente. Ao considerar as disponibilidades, o Sr. Leão Nardo deu-se conta de que o Gabinete em que a formiguinha trabalhava já não rendia como antes, e contratou a dona Joaninha, uma prestigiada consultora, muito famosa em auditoria, para que fizesse um balanço, com diagnóstico e soluções.

                A Joaninha permaneceu três meses nos gabinetes e fez um extenso relatório, austero, em vários volumes, que concluía: "Há muita gente neste setor".  Adivinhem quem o Sr. Leão Nardo começou por despedir? A formiga é claro, despedida por contumácia  porque "andava muito negligente e improdutiva".

               E a formiguinha, trabalhadora laboriosa, diante de tanta perseguição e assédio moral, desempregada, enfartou. Dizem que surtou.

              Toninha olhou para o Balu e perguntou: - Pode Isto Balu? E ele caiu na gargalhada e disse para Toninha, minha querida Lobinha é isto mesmo, hoje em qualquer lugar acontece assim. “Dizem que sua história ou qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência...” – E Foi então que Toninha viu que ela precisava sorrir cantar e viver a vida, pois só assim poderia ser alguém no futuro diferente dos chefes que a formiguinha lhe contou.

Esta história é toda ela baseada nos contos de La Fontaine (1621-1695)

nota de rodapé: - A Formiguinha Trabalhadora de “Lá Fontaine” é um caso único no universo empresarial e que muitos já descartaram tendo melhores resultados. Como dizia nosso Mestre B.P quando começamos a inventar a criar situações anômalas no escotismo, quem sabe podemos estar indo para o buraco. Uma bela sexta, um esplêndido fim de semana e boa leitura. 

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