segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Contos de Natal. Pedro o Pescador.


Contos de Natal.
Pedro o Pescador.

“Então é Natal, e o que você fez? O ano termina, e nasce outra vez. Então é Natal, a festa Cristã. Do velho e do novo, do amor como um todo, Então bom Natal, e um ano novo também que seja feliz quem souber o que é o bem”.

                  Ele não esperava. A menina era linda e o beijou no rosto. Era uma escoteira e sorria para ele. Ele tentou sorrir, mas viu muitas pessoas se aproximando o chamando de pedófilo e tantas coisas mais. Tentou correr e não conseguiu. Uma fome incrível e a fraqueza enorme. Tinha dois dias que só comeu um pão. As coisas não iam bem e nem os bons samaritanos que lhe davam um almoço ele encontrou. Começaram a bater nele de todo jeito. Eram muitos. Levou socos por todo corpo e no rosto. Um jovem tinha um bastão na mão e ele perdeu os sentidos.

             Ouvia a menina gritando que não era o que pensavam, era apenas um jogo. As outras Escoteiras podiam afirmar. Ninguem prestava atenção. Afinal era um homem asqueroso, barbudo, fedia e nem documentos tinha. Acordou em uma cama de hospital preso por uma algema a cama de aço. Ao lado um policial o olhava com asco. Começou a lembrar de quem era. Lembrou que saiu para pescar em seu barco e uma borrasca o jogou ao mar. Sabia nadar. Nadou tanto que nem se lembrava mais o que aconteceu.

“Então é Natal, pro enfermo e pro rico e pro pobre, num só coração. Então bom Natal, pro branco e pro negro amarelo e vermelho, pra paz afinal, “Então bom Natal, e um ano novo também que seja feliz quem, souber o que é o bem”.

              Debora não se conformava. Ela e Raquel choravam o dia inteiro. Ele não teve culpa a culpa fora delas achando que podiam brincar e ficar por isto mesmo. Tentou convencer a Chefe Rebeca para ajudar, mas era natal, ela ia viajar para a casa de seus pais. O Chefe Batuel fora para a praia. Tentou sua mãe e a mãe de Raquel e nada. Elas sabiam que deixar aquele pobre homem preso e todo machucado seria demais. Afinal eram Escoteiras, sempre fizeram uma boa ação, levavam a sério a lei e a promessa. Chamaram a patrulha. A Tropa se reuniu. Foram para a porta da delegacia.

             Ele ainda estava no hospital. Foram para lá. Ninguém as deixou entrar. O Doutor Efraim se apiedou. Ouviu a história. Levou Debora e Raquel ao quarto do homem preso. Elas se ajoelharam e pediram perdão. Pedro lembrou de seu nome. O chamavam de Pedro o Pescador. Da Aldeia de Nazaré. Lembrou de Ezra sua esposa, chorou quando viu na sua mente Ioná e Jane suas lindas filhas. Sentou na cama do hospital e beijou as mãos das duas Escoteiras. O Policial tentou intervir, mas o Doutor Efraim o proibiu.

“Então é Natal, o que a gente fez”? O ano termina, e começa outra vez. Então é Natal, a festa Cristã. Do velho e do novo, o amor como um todo, “Então bom Natal, e um ano novo também que seja feliz quem, souber o que é o bem”.

                  Pedro começou a lembrar de sua vida. A sua Aldeia de Nazaré apareceu linda em sua mente. Era noite de natal e sua família devia estar na Capela a celebrar a chegada do filho de Deus. Sabia que seus amigos deviam estar rezando por ele. Lembrou-se de Ezra sua esposa, amada, linda, a mulher que ele escolhera para viver com ela por toda a vida. Quanto devia ter sentido sua falta. Porque ele se esqueceu de tudo? Afinal era feliz, pescava, os peixes davam seu sustento. Pobres sim, mas ele Ezra e suas filhas Ioná e Jane tinham tudo que queriam ter. Uma casinha a beira mar, um barco simples, mas feito com suas mãos. Amigos e uma aldeia que seriam deles para sempre. Nunca pensou em sair dali. Amava todos, amava sua família, amava seus amigos e suas aldeia. 

“Harehama há quem ama Harehama, há, Então é Natal, e o que você fez? O ano termina, e nasce outra vez. Hiroshima, Nagasaki, Mururoa, ha... É Natal, é Natal, é Natal”.

                  Uma multidão de escoteiros e Escoteiras se aglomeram em frente ao hospital. Eram seis da tarde do dia 24 de dezembro. O delegado chegou. Não teve jeito tinha de soltá-lo. – Pedro, disse o delegado, vou soltar você, mas não pode ficar aqui. Vou pedir que uma viatura o leve até sua aldeia. Fique lá, não venha aqui por uns bons tempos. Sua foto saiu no jornal e na TV se souberem que você está solto podem matá-lo. Mesmo sendo 24 de dezembro Debora convenceu seu pai a levá-lo no lugar da viatura policial. Pai a culpa é minha! Jerusa sua mãe se convenceu. Eu também vou.

                Partiram rumo a Aldeia de Nazaré. Chegaram lá por volta das onze da noite. A aldeia dormia. Mas ouviram um órgão tocando. Vinha da capela e ela estava cheia. Pedro o Pescador entrou. Um silencio profundo. Uma voz cortante no fundo da capela se ouviu – Pedro! É Você? Jesus amado. Você está vivo! – Ezra Ioná e Jane correram para abraçá-lo. A alegria invadiu a todos que estavam naquela capela humilde da cidade Nazaré. Debora chorava de alegria, abraçou seus pais. – Missão cumprida pai, agora me sinto feliz e com meu coração sorrindo. Olhou novamente para Pedro e gritou bem alto: Anrê Pedro seja feliz. Sempre Alerta!

Então É Natal – Simone

“O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo”!



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