quinta-feira, 26 de abril de 2018

Conversa ao pé do fogo. Apenas um Fogo de Conselho... De Tropa...



Conversa ao pé do fogo.
Apenas um Fogo de Conselho... De Tropa...

                                  A Patrulha de Serviço escolheu o local. Poucos sabiam onde seria. Os monitores foram alertados para cada escoteiro levar três ou quatro achas de lenha, mais grossa se possíveis. O esqueleto do fogo já estaria pronto. Havia uma trilha até o local. A Patrulha de Serviço preparou surpresas durante a caminhada de trezentos metros. Uma mensagem iluminada com uma vela, um Cata-vento, montado próximo a um riacho e claro, pistas para ninguém se perder.

                                  O Fogo seria em uma clareira, com arvoredo em volta. Tudo foi planejado para que o fogo não se espalhasse pela mata. Eles sabiam que o Espírito da Coruja morava neste Acampamento! Os Touros foram convidados a fazerem o café e o chá. As patrulhas foram liberadas para trazerem biscoitos, salgados o que ainda tinha sobrado dos dias acampados.

                                   O Monitor da Patrulha de Serviço convidou um escoteiro que terminava sua Segunda Classe para preparar e ascender o fogo. Havia muitos na fila para o batismo indígena. Todos teriam seu nome escrito no Livro da Patrulha. Mayara, Ubiratã, Guaraci e até mesmo aqueles que gostavam de nomes exóticos: - Cabelos longos, Caçador da Noite, Ventos do Norte... Cada Patrulha preparou uma apresentação. Era ponto de honra à participação de todos... De todos!

                                 Os escoteiros sabiam a hora que deviam estar preparados no inicio na arena do fogo. Cada um foi instruído da trilha para chegar lá. Algumas patrulhas foram completas outras não. Liberdade de ir e vir e a vontade para chegar lá. Alguns comentaram que um meteoro uma bola de fogo vindo do céu iria dar as boas vindas. Apenas uma mecha preparada com uma argola no sisal preso em uma árvore. Cada Patrulha tinha seu truque para acender. Quinze minutos antes do horário muitos já tinham chegado e escolhendo seu lugar. As capas reluziam sob a luz do luar. Algumas cheias de recordações outras usadas à moda índia.

                                 O Escoteiro responsável prometeu acender com um palito. Quando estivesse crepitando o Meteoro iria dar seu ar da graça em volta do fogo. Cada tropa cada Patrulha tinha sua mística própria. A Patrulha de serviço sabia o que fazer para dar sua contribuição quando do inicio da fogueira. O Chefe já havia contado para eles o efeito das cerimonias ou conselhos onde os índios discutiam seus problemas, contavam suas façanhas e reverenciavam seus deuses.

                                Todos sabiam que o fogo é um símbolo das energias da vida, era importante para a sobrevivencia desde os primórdios da evolução da humanidade. Aprenderam que dos quatro elementos da natureza, terra, ar, água e fogo sempre foi o fogo que mais fascinou o homem. Temido e amado, salvando ou ameaçando a vida. Desde que apareceu às primeiras chamas que os homens compreenderam o valor do fogo como fonte de energia.

                                Os nativos da Ásia, os selvagens Africanos, os peles-vermelhas da América se reuniam a noite em torno do fogo, que com sua luz e calor espantavam as trevas, o frio e os animais. Era o momento sublime em que todos se encontravam para conservar, cantar, contar histórias ou para planejar caçadas (jogos do dia seguinte) a guerra e a paz.

                                  A hora sagrada. O tempo de estar juntos, à vontade em confraternizar. O Monitor da Patrulha de serviço corre em volta das patrulhas, empunhando seu totem e gritando: - “Que os ventos do norte, frio e violento, que os ventos do oeste suave e agradável, Que os ventos do leste Criador das tempestades, que os ventos do sul quente e formador de nuvens, tragam nesta noite a alegria a paz e a amizade em todos os corações escoteiros”.

                                 O Escoteiro escolhido ajoelhado frente ao fogo acende seu palito... Defende do vento, ele não pode apagar. As primeiras labaredas aparecem... O Monitor da o seu grito final: - Que hoje seja festa, seja noite de alegria neste Fogo de Conselho. Que hoje nunca esqueçamos que somos todos irmãos. - Amigo, eu e você... Você trouxe outro amigo, e agora somos três... Nós começamos o nosso grupo, nosso círculo de amigos... E como um circulo, não tem começo e nem fim! Um por todos? – todos por um!

                                   Todos saltam de uma só vez para o alto e repetem “Todos por um”! – A canção da fogueira, as palmas, as esquetes, as histórias, e chega a hora sagrada do Batismo Escoteiro. Um se chamou Lobo Cinzento, outro Águia das Planícies, não faltou Anahí, Xamã, Kayke e tantos outros. O importante é que todos cantaram, brincaram, foram heróis, participaram, abraçaram e quando o sono chegou, era hora da despedida. 

                                   Em pé entrelaçaram as mãos. Com a saga de amigos para sempre cantaram... Alguns sorrindo outros com lágrimas e repetindo: - Não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus. Canção inesquecível sempre cantada e nunca esquecida. Mais um Fogo na vida de cada um. Voltam para as barracas contando causos, sorrindo e alguns com sua caneca cheia de café.

                                  E naquela noite, na floresta encantada, Escoteiros dormiam. Uma mão acariciava cada um protegendo seu sono. Fora da barraca um céu estrelado, um cometa com cauda colorida agigantando no céu passou anunciando um novo dia... Mais uma noite mais um dia de um acampamento para nunca mais esquecer...

Nota – Era para ser uma história, que nunca foi contada... Foi apenas um Fogo de Conselho de Tropa... Diferente... De tudo que muitos conhecem. São meus convidados. Escolham seus lugares... Protejam-se com suas mantas e se preparem é hora de cantar apresentar e brincar. Neste fogo meu amigo, somente os valentes entre os valentes... Podem participar!

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