terça-feira, 9 de outubro de 2018

Lendas escoteiras. A lenda do broche de ouro.


Lendas escoteiras.
A lenda do broche de ouro.

- Caramelo freou com força sua bicicleta na porta da Oficina de meu pai. – Estava sem ar, vermelho espavorido e gritou: Vado! Encontrei um escoteiro de passagem, vale a pena conhecê-lo. - Era sempre assim, Caramelo nosso almoxarife quando não estava na escola ou em reunião de Patrulha você o encontrava na Rodoviária ou na Estação Ferroviária. Ele mesmo um menino sem linhagem acreditava que era um Hercules Poirot o um Sherlock Holmes. Vivia a cata de notícias, coisas de cidade pequena para dar um toque especial nas reuniões de Patrulha que aconteciam três vezes por semana.

- Uma vez perguntei a ele quais livros tinha lido dos seus personagens e ele sempre respondia que tinha lido “O caso dos 10 negrinhos” de Agatha Christie e leu na casa do seu tio o Assassinato no expresso Oriente. Foi uma época sem TV, sem internet, sem smart fone, mas que nos levava sempre a Biblioteca Municipal. Eu frequentava atrás de histórias escoteiras. Não havia nada e somente a bibliografia de Baden-Powell e seu escotismo na Enciclopédia Britânica.

- Vamos? Não posso Caramelo. Meu pai saiu para atender um cliente e não sei quando volta. Mas o que você viu mesmo? – Ele com seu jeito de futuro escritor contou-me na maior cara de pau que na Estação desceu um viajante com um broche de ouro na lapela e tinha uma flor de lis. – Mas Caramelo, só porque tinha uma flor de lis? Vado meu Deus! Tinha o emblema da UEB. Era um escoteiro eu juro! Comecei a interessar pelo viajante e seu broche de ouro. Dificilmente descobríamos escoteiros em visita a nossa cidade. Quando aparecia um era um pandemônio, todos querendo abraçar, ouvir e contar causos.

- Não havia mais do que cinco meses que tinha ido a capital com o dinheiro da escoteirada para compras na cantina escoteira na capital. Fui lá muitas vezes e todos me achavam conhecedor do Brasil. Quando o Chefe Jessé apareceu com um broche de lapela não teve um escoteiro que teve o brilho nos olhos pela descoberta. Foi tanto interesse que a “vaquinha” pagou minha passagem ida e volta e trouxe uma mochila belga das grandes cheias de badulaques escoteiros. Foi uma verdadeira expansão do escotismo na cidade. O prefeito, alguns vereadores, o juiz e o delegado ganharam seu broche.

Meu pai chegou e parti com Caramelo atrás do homem misterioso que usava um broche de ouro na lapela. Uma vez o Padre Peter Klaus recém-chegado da Alemanha e assumindo a paróquia Santa Rita fez uma visita à sede escoteira a convite do Chefe Jessé. Viu todos uniformizados e mesmo com a flor de lis de lapela. (neste caso não devia ser usada). Olhou para todos e no seu linguajar alemão, mal falava o português começou a contar uma lenda Broche de Ouro.

– Escoteiros! Conta-se uma lenda do Escaravelho Dourado que originou o adorno.
A história conta que tudo começou na civilização Maia com a história de uma princesa que se apaixonou por um homem com o qual não poderia casar. Tão inconsolável ficou que chorava dia e noite por seu amor proibido. Um xamã ouvindo seu choro e descobrindo a causa, transformou-a num besouro brilhante, uma joia viva. O seu amado colocou o broche em seu peito e assim ela passou a sua vida perto do coração que ela amava. A fama do Broche de Ouro correu mundo e hoje é uma mensagem para quem os usa na lapela.

- Olhou para todos e sorrindo terminou sua lenda: A imagem é de um broche que hoje em dia ainda é muito vendido na América Central: a de um besouro vivo cravejado de pedras. Ele é preso na roupa, na altura do coração, por um alfinete. Dizem que dura em média três anos. É vendido com um pedaço de tronco oco - Seu habitat - onde retira os nutrientes necessários para se alimentar. Isto não é incrível? Olhei para Caramelo, pois estava cansado de pedalar por toda a cidade na busca do Broche de Ouro.

Caramelo com os olhos vermelhos me pediu desculpa. Vado sei o que vi, não duvido. Não duvidava para nós a palavra do escoteiro era ponto de honra. Demos por encerrada a busca e fomos para a sede, mesmo sendo pouco mais de duas horas da tarde de uma quinta sem reunião sempre tinha alguém lá para papear, montar pioneirías, treinar nós... E nunca mais vimos na cidade um homem misterioso com seu Broche de Ouro na Lapela que eu sonhei ver e ter uma para mim.

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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