terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Feliz ano novo!




Feliz ano novo!

O caminho é longo, mas a vitória é certa. Assim disse para mim mesmo... Desistir jamais! Às vezes eu mesmo tinha dúvidas se desistir não seria o melhor caminho. Os anos não perdoam na terceira idade. Percorri 2019 com poucas forças, mas com muita fé. Confesso que fraquejei, corri atrás de uma saúde que não tinha. Chegando aos 79 anos fico a insistir chegar nos 80... Será? Virei cliente de Prontos Socorros do SUS, que nem sempre atendem bem... Viajei nos conselhos médicos e os exames pedidos se perderam no emaranhado burocrático e não fui atendido. Não reclamo, afinal não fiquei rico e se não posso pagar me contento com o que podem me dar... Não posso mais escoteirar junto à meninada. Não dá mais... Respiro com dificuldade e ando aos trancos e barrancos. Sei que poucos grupos escoteiros iriam me aceitar... Afinal sou um Velho Escoteiro das antigas não tão bem visto pelas autoridades escoteiras atuais. Alguns dizem que sou Hathi, o elefante longevo uma referência por sua experiência e sabedoria. Não sou. Sou apenas um aprendiz de escritor contando aos pedaços uma vida escoteira que não foi tão brilhante. Tentei e tento ao meu modo passar o que sei... Alguns escrevem agradecendo e outros dizem ler com amor. Tenho escrito pouco, meus contos já não surgem com todo o encanto do passado. Escrever escotismo é uma das poucas coisas que ainda posso fazer! 2019 vai ficando na trilha por onde passei... Vem aí 2020, até quando? Sinceramente não sei! Luto para prosseguir, seguro minha bengala e de novo faço meu caminho a seguir... Trêmulo os dedos procuram as letras... Quantos contos mais? Quantos ainda puder escrever. Aos amigos e irmãos escoteiros obrigado pela amizade, que ela seja até a eternidade. Bons ventos e bons caminhos em 2020, que todos tenham uma vida longa, próspera e feliz. Que Deus decida até onde eu posso ir! Sempre Alerta do Velho Chefe que sempre foi e sempre será um escoteiro até quando Deus quiser!
Até o próximo ano, feliz 2020 e que a felicidade aconteça no coração de todos.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Tudo vale a pena.




Tudo vale a pena.

- Foi em uma noite de Natal que Conrado um Akela de Lobinhos como fazia sempre foi dar um passeio na praia próximo a sua casa. Ele gostava de estar ali às tardes para admirar e ver o sol se por. E quando a noite surgia ele sentava na areia branca e ficava horas olhando as estrelas no céu. Naquela noite ele precisava voltar logo, seus filhos iam chegar. Conrado não era tão velho, mas gostava de ficar sozinho e lembrar-se do seu passado, do que fez e do que deixou de fazer. Foi então que avistou ao longe um Lobinho de uniforme que se abaixava, pegava algo no chão e atirava de volta ao mar. O que ele fazia ali? A Alcatéia não tinha entrado de férias? Preocupado caminhou em direção ao jovem lobinho observando que ele fazia. Viu que ele repetia um gesto incessantemente. - Quando se aproximou bem próximo, notou que ele pegava as estrelas-do-mar que estavam ali na beirada da praia e as atirava de volta para a água para que não morressem.

Ao perceber do que se tratava, dirigiu-se ao Lobinho dizendo: “O que você está fazendo Lobinho?” - O Lobinho com um olhar esperançoso respondeu: “Salvando as estrelas-do-mar da morte Akelá!”. - Conrado viu que haviam milhares delas ali na areia e, achando inútil o que o lobinho fazia, disse com ar sábio: “Você está perdendo o seu tempo! Não percebe que são muitas estrelas e que não vai fazer diferença o que está fazendo?”. - O Lobinho olhou humildemente o Akelá, abaixou- se, pegou mais uma estrela, atirou ao mar e respondeu: “Para essa aí vai fazer diferença, ela vai continuar viva Akelá!”.

- Percebendo como havia pensado pequeno, Conrado o Akela engoliu seco, tirou os sapatos as meias e começou a ajudar o lobinho a salvar as estrelas-do- mar...

- E você meu caro escoteiro, em vez de reclamar da vida, levante a cabeça, sacuda a poeira e dê a volta por cima. Afinal, dias ruins são necessários para que os bons valham a pena! Quando você chora, três coisas são limpas: os olhos, o coração e a alma. Sempre Alerta paz no coração e tenha um ótimo ano para vencer suas dificuldades.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

“O Monitor”.




“O Monitor”.

                 Olhou para seu monitor e pensou em dar uma resposta à altura. Eram da mesma idade e Torpedo só mandava e nada fazia. Deu para empurrar a patrulha quando em fila. O jogou no chão algumas vezes. Fervia de raiva. Porque aceitar aquilo? Não era o escotismo que sonhou. Prometeu a si mesmo sair depois do acampamento em Aguas Formosas. Sonhava com ele. Um ano de preparação. Perder tudo que criou na sua mente? E o Ninho de Águia? E a Ponte Pênsil? Treinou amarras, costuras, desenhou. Deixar tudo para trás? Será que o Chefe não via as ações de Torpedo? Porque aceitar um monitor sem qualidades, mandão, déspota, prepotente a “comandar” uma patrulha que nunca iria aprender a andar com suas próprias pernas dirigidas por um monitor sem formação?

                  Foi para casa pensando o que fazer. Contou nos dedos quantos entraram na patrulha e saíram. Há dois anos quando entrou a patrulha tinha sete, Torpedo foi eleito Monitor e muitos entraram e saíram. Toninho seu amigo o convidou ir para outro Grupo Escoteiro. Ele quase aceitou, mas era um escoteiro leal. Afinal o Chefe o tratava com cortesia e fraternidade. Ele sabia que era um dos poucos que ficou e nem sabia o porquê. Resolveu falar de homem para homem. Já tinha passado o tempo para dizer a ele tudo que sentia. Foi à casa de Torpedo. Ficou horrorizado com o que viu. Seu padrasto com uma correia na mão lhe aplicava a maior surra. Sua mãe corria pedindo perdão. Torpedo chorava e gritava. A patrulha policial chegou. Levou o Padrasto de Torpedo. Sua mãe o levou para o hospital, pois estava todo machucado.

                 Foi para casa horrorizado com o que viu. Nunca imaginou que esta era a sina de seu monitor. Chegou sábado na sede e abraçou Torpedo. Este espantado não sabia o que dizer. Amâncio sorriu. – “Torpedo, a amizade desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento. Duplica a nossa alegria quando dividimos a nossa dor”. Você sabe como eu sei que somos irmãos de sangue! Tu e eu! - Torpedo sorriu e abraçou forte Amâncio. Ficaram amigos para todo o sempre!
“Amizade verdadeira não é ser inseparável. É estar separado, e nada mudar. Enquanto alguns escolhem pessoas perfeitas, eu escolho as que me fazem bem”.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Era apenas uma menininha, uma lobinha. “Tininha”.




Era apenas uma menininha, uma lobinha.
“Tininha”.

                  Abriu os olhos lentamente. Tateou com sua mão direita procurando Fofinho seu ursinho de estimação. Nada! – olhou para o lado e viu Betinha sua amiga lobinha deitada ao seu lado. Levantou a cabeça e se assustou. Não era seu quarto. Olhou para a porta de lona esperando sua mãe entrar para dizer que estava na hora da escola. Sua Mamãe não entrou. Ouviu uma voz conhecida gritando Lobo, Lobo, Lobo! Levantar com este frio? Nem morta.

                  Virou para o lado e tentou dormir mais. Sua mente passeava. Onde estava? O que fazia ali? Dormia em uma barraca e nunca dormiu assim. Sorriu, era diferente era bom demais. Sabia que gostava. Lembrou que era Lobinha e as lobinhas são espertas, obedientes e disciplinadas. Será que tinha de lavar o rosto e escovar os dentes como sua mãe fazia quando acordava?

                  Outra vez o mesmo grito. Desta vez mais forte. Lobo, Lobo, Lobo! Levantou. Betinha acordou e olhou para fora da barraca. Já é hora? Tininha sorriu. Saiu devagar da barraca, um frio de rachar. Pegou sua blusa de frio. A Alcatéia se formava, mas faltavam muitos que ainda dormiam. O Balu e a Bagheera iam de barraca em barraca. Tininha sorriu. Foi à primeira vez que dormiu em uma barraca de pano.

                   Acantonou antes, mas dormiram em um quarto bagunçado de tantos lobinhos. Gostava. Divertia-se, se sentia bem com as outras lobinhas. A Akelá era simpática, o Balu fazia cara de feroz, mas logo em seguida dava uma boa gargalhada. Bagueera era mãe, pai, tia e avó. Olhou para o céu e viu o sol chegando. Olhou para a Akelá e ela sorria.

                      Sabia que seria mais um dia divertido. Correu a formar. O dia passou e ela nem se lembrou da mamãe, do papai e do Fredinho seu irmão e do seu urso Fofinho. Quantos dias ainda ficariam ali? Não sabia, não importava, amava muito tudo isto. Na matilha Cinzenta ouviu um trinar de um passarinho.

                      Olhou e ele estava em um galho próximo cantando. O mundo sorria, Tininha sorria, a Akelá sorria. Isto era bom demais. Sabia que seria uma Lobinha da selva de Mowgly para sempre. – Melhor Possivel Akelá!  

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Saudades da minha terra!




Saudades da minha terra!

Oh! Que saudades que tenho, da aurora da minha vida,
Da minha infância querida que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais! (G.D).


- 2019... Vêm aí 2020... O tempo passa, e sem perceber a gente passa com ele. Mesmo que ele não espere você minhas lembranças nunca são esquecidas. Olho para mim e vejo quanto mudei. Já fui um homem da terra. De muitas terras. De algumas cidades. Adoro o poema de Paulo Gondim. Lembranças do seu lindo Ceará. - “Minha terra tão querida, a quem sempre vou amar. Um dia eu deixei, mas voltarei, ao meu lindo Ceará”. Ninguém esquece sua terra natal. Sua cidade, seu estado, seus amigos, suas histórias tão queridas. Tive a honra de nascer na minha querida Minas Gerais. “Oh! Minas Gerais! Quem te conhece não esquece jamais”. Nasci em uma cidade perdida no longínquo norte do estado, Barra do Cuieté, pequena, sem prefeito, medico, com suas casas de adobe sem ruas calçadas, uma Igrejinha uma pracinha onde as famílias à noite se encontravam para ver o trem passar. Morava a três quadras de lá. Casa de taipa, esburacada, rua sem calçamento, esgoto a céu aberto, doenças. Três irmãs foram para o céu ainda pequerruchas, vitimas de varicela, coqueluche e sarampo com menos de quatro anos. Eu quase fui.

Dois anos que não lembro e o que sei foram contadas por meus pais e irmãs. Sobraram duas delas e eu. Meu pai seleiro, família pobre, lá fomos nós para uma fazenda. Não me lembro de nada. Menos de um ano e de novo outra cidade do outro lado das Minas Gerais. Poucas lembranças. Mais três anos e de novo outra e outra até que com seis fincamos o pé por muitos anos em uma maior, bem ao lado do formoso Vale do Rio Doce. Rio Doce! Quantas saudades, quantas travessias, jangadas, comer ingá nas suas margens nas cheias, quantos peixes. Hoje soube que está como o Tietê. Dói-me fundo. Ali praticamente cresci. Fui lobinho, Escoteiro, sênior e pioneiro. Andei a pé, de bicicleta, a cavalo, de trem de carroceria de Fenemê! Uma vida de aventuras que me marcou para sempre. Junto a minha Patrulha Lobo voltei em todas as pequerruchas cidades que vivi. Fiquei tempos na terra onde nasci. Amei o Cuieté Velho e o novo. Vi a casa onde comecei minha vida de homem terreno. Nas outras poucas lembranças de uma época que minha memória não arquivou. Nada mudou conforme a visão dos meus pais. Em Figueira do Rio Doce hoje Governador Valadares fiquei por treze anos, de alegria, felicidades até que um dia a mudança aconteceu.

Meu pai doente, diabete ainda desconhecida era melhor procurar médicos especialistas. Capital do Estado. Nova vida e sempre escoteirando. Novo emprego. Usina Siderúrgica. Peão de obra. Muito orgulho graças a Deus. Nunca fomos ricos. Houveram fases difíceis. Melhor nem comentar. Estudo? Mal cheguei ao terceiro ano de ginásio. Iletrado. Nunca fui Doutor. Aprendi muito na Escola da vida. Não sei como fui convidado para ser o chefão Escoteiro do estado. Comissário Regional. Outra escola que me deu conhecimentos imensos do escotismo. Cidades e mais cidades foi por mim engolidas pelo escotismo. Centenas de novos amigos, verdadeiros irmãos escoteiros. Quantas histórias, quantas estradas percorridas, quantas coisas ficaram para trás. Mas o tempo não para. Um dia alguém chegou para mim – Queres ser um Peão de Fazenda? Administrador meu caro, pago bem! Putz! Não pensei duas vezes. Celia ao meu lado. Incomparável mulher. Quase dez mil cabeças. Meu Deus! Que isso? Botas no pé, chapéu de couro, perneira, meu lindo gibão cravejado, um peitoril simples e lá estava eu vaquejando aqui e ali pelas largas e capoeiras do Rio das Velhas e do meu querido São Francisco, o muito amado Velho Chico.

Quantas aventuras. Viagens incríveis no Rio das Velhas, Sucuri de dez metros, enfrentei a correnteza do São Francisco. Conheci pistoleiros morrendo de medo. Pescarias, criação a parte, porcos, galinhas, tratores, um D-8 da Caterpillar, enorme me hipnotizava. Com filhos de peões da fazenda e outros posseiros formei duas patrulhas escoteiras. Diversão à parte. Comprei uma vacada de um fazendeiro em Barra do Guaçuí. 220 quilômetros. Achei melhor trazer por terra. Para mostrar ao Diretor que era econômico. Pobre “bunda”. Seis dias ida e volta a cavalo. Levando um gado fácil, mas trabalhoso. Nunca esqueci... Uma das maiores aventuras que vivi! Cinco anos maravilhosos. Filhos crescendo. Precisavam de bons colégios. São Paulo. Meu destino final. Empregado. Luta constante. Osasco era minha morada, ou melhor, ainda é. A luta é renhida, difícil. Sempre ao olhar minha vida lembro-me do poema de Gonçalves Dias. - Juca-Pirama. “Sou bravo, sou forte, sou filho do norte”. Andei longes terras, lidei cruas guerras, vaguei pelas serras dos vis Aimorés...

Ei, calma! Não sou bravo e nem forte, quem sabe mais para um “fracote”. O tempo passou. Não deu mais para trabalhar. Uma vil aposentadoria. Mas feliz. Muito feliz. Quatro filhos criados e casados. Oito netos e agora uma bisneta. Uma linda árvore genealógica dando prosseguimento as lides traçadas por milhares de anos no espaço. Rodei meio Brasil. Pisei em outras terras. Conheci outros rumos, outros destinos. Mudei demais. Não sei se fiz bem. Não me arrependo de nada, vivi como escolhi viver. Tenho dúvidas não arrependimento. Quem sabe nem todas as trilhas deram em boas estradas. Um dia destes irei por aí. Sei aonde vou. Não posso levar mais minha barraca, minha mochila e meu chapelão escoteiro. Dizem que lá tem verdes campos, córregos dançantes de águas tão claras que dá para ver o passado e o futuro. Onde as florestas são densas e as flores as mais lindas do universo.

Gosto de lembrar-me do caminho que percorri. Ás vezes choro, às vezes sorrio.  Mas no fundo mesmo fui feliz. Nunca fui rico. Morei em casa de taipas. Morei em tantos lugares que de vez em quando perco a memoria onde estou. Meu carrinho tem dezesseis anos, e choramingando me acompanha quando preciso. Minha rotina nos meus 78 anos é simples. Caminhadas, às vezes exercícios e vou forçando meus passos com minha amada bengala até quando puder andar. Melhor assim, pois vivi escoteirando andando com minhas pernas... Por aí... Viajei meio mundo no lombo de uma bicicleta. Com meu Vulcabrás conquistei montes e vales desconhecidos. Adoro o que fiz. Adoro o que sou. Não tenho duvidas do que serei.

Eu gosto de São Paulo. Fiz dele minha morada desde 1977 quando aqui cheguei. Não fui muito feliz em fazer amizades. Carrancudo às vezes torrão deixei muitos por aí. Os mais chegados já partiram. Breve se me aceitarem estarei com eles. Não sei se Deus me reservou outro destino. Seja ele o que for estarei pronto quando for chamado. Sinceramente não tenho medo, não tenho receios. O que tem de ser será. Não podemos fugir do nosso destino.

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Contos de Natal. O último adeus do Velho Lobo.




Contos de Natal.
O último adeus do Velho Lobo.

                           ♫ “O espírito da coruja mora neste acampamento!” - Para ele seria o mesmo natal de sempre. A família reunida, os netos correndo pela casa, as conversas dos filhos, nada diferente, mas sempre com um sabor especial. Terça feira 24 de dezembro. Ele acordou cedo. Tomou seus remédios e sem o desjejum partiu. Era sempre assim. Uma volta no bairro para sua caminhada matinal e comprar dois paizinhos. Uma para ele e outro para sua mulher. Sabia que no retorno o café fumegante estaria pronto. A família se reunia na tarde do dia 24 e por volta da meia noite todos iam a mesa para se refastelarem com o magnifico manjar da Mama. Ele já havia notado uns lapsos de memória e sabia a tempos que seus pensamentos se misturavam.

             A Santa Catarina pirolim pirolim pom pom, era filha do Rei”♫. - Sentiu-se cansado, sentou em um ponto de ônibus em frente á padaria. Fechou os olhos para tudo voltar ao normal. Não sabia como, mas o ônibus chegou e ele entrou. Sentou na frente. Porque fazia isto? Ele não sabia. Nunca fez isto antes. Na viagem começou a lembrar do seu passado. Viu-se menino escoteiro na Mata do Morcego. Encurralado em uma árvore por uma jaguatirica. Ela o olhava com olhar amigo. Ele não acreditava.

             ♫”Acenda, Fogo, acenda, Acenda essa fogueira”. Aqueça minha tenda e ilumine essa clareira! ♫... - Senhor aqui é o ponto final! – disse o motorista. – O senhor não vai voltar? – Espere o próximo ônibus. Este vai recolher a garagem! Ele desceu. Não sabia onde estava. Lembrou-se quando sênior acordou em um vale enorme, cheio de pássaros cantantes e uma cascata que faziam um barulhão. Ele não sabia onde estava quando saiu da barraca. Chegaram à noite perdidos e sem rumo certo.

            ♫ “Acorda escoteiro que o galo já cantou, cantou, cantou o galo já cantou"... Co-co-ro-có.... ♫. Olhou para um lado e para o outro, uma enorme avenida e milhões de carros passando. Prédios enormes. Qual ônibus para voltar? Ele não sabia. Não sabia de mais nada. Esquecera seu telefone e endereço. Nunca saia com seus documentos, pois sua volta no quarteirão era pequena. – Seu guarda, preciso voltar para casa – Onde o senhor mora? – Não sei! – Seu nome? – Não lembro. Sei que me chamavam de Velho Lobo, eu fui escoteiro. – O guarda o olhou de esguelha. – Não posso ajudar, atravesse a rua e ande dois quarteirões. Vais encontrar uma viatura equipada com rádio. Quem sabe podem ajudar o senhor!

           ♫ “Avançam as Patrulhas, lá ao longe, lá ao longe”. Avançam as Patrulhas, cantando com valor, lá ao longe!”. Teve medo ao atravessar. Nunca viu tanta gente correndo e querendo chegar do outro lado. Confundiu-se e no meio do caminho. Sua mente o levou até o Despenhadeiro do Lobo. Um medo incrível de escorregar e cair. Ele ficou pendurado em um galho e se não fosse o Nonato cozinheiro tinha morrido. 

           ♫ “Rigor, Boom, rigor, boom. Vem correndo depressa Escoteiro Ajudar o cozinheiro a fazer um jantar supimpa, supimpa Parazibum, zibum” ♫. Parou no meio da avenida. Nunca sentiu tanto medo. Ninguém se preocupava com ele. Com seus 87 anos ele ainda pensava que podia manter o domínio de sí mesmo. Em passadas largas atravessou a outra parte da avenida. Sentiu que alguém o segurava por trás e na frente um jovem lhe deu um murro na barriga. Ele sentiu uma dor tremenda. Estava sendo assaltado por pivetes e ninguém o socorreu.

           ♫ “Como é feliz o acampamento na floresta, Junto de nós passa um riacho a murmurar, cantam as aves em seus ninhos sempre em festa, o vento sopra a ramagem a cantar!” ♫. Uma moça o pegou com braço e mandou-o sentar próximo ao vão do MASP. Eram duas da tarde, ele precisava dos seus remédios. A fraqueza chegava e ele sabia que não ia aguentar. Precisava comer. Em sua casa já teria almoçado. Lembrava que nem o café da manhã tomou. Levantou com dificuldade. Viu uma lanchonete, viu coxinhas, e bolinhos de carne. – Moço eu posso comer uma e pagar depois? – O garçom riu. - Sem dinheiro necas meu Velho. Saiu andando em passos trôpegos. Começou a sentir tontura. Sabia por quê. A diabete fazia efeitos em seu corpo.
          
            ♫ “Quando se planta la bela polenta, la bela polenta, Se planta cosi. Se planta cosi. Oh, oh, oh, bela polenta cossi” ♫. A tarde chegou de mansinho e as luzes dos postes se ascenderam. O frio começou a fazer efeito em seu corpo. Não tinha blusa. Uma senhora negra riu quando viu que ele tiritava de frio. Lembrou-se quando se aventurou no Deserto de Atacama e no Vale da Morte. No dia um calor de rachar a noite o frio era demais. – Venha comigo ela disse. Debaixo do viaduto tem fogueiras feitas pelos meus amigos. Ele foi.

              ♫ “Em Silêncio acampamento, este canto vinde ouvir, são fagulhas da fogueira que nos dizem escoteiros a Servir” ♫... A noite foi cruel. Mesmo em volta daquela fogueira ele pensava que não iria resistir até o outro dia. Carros passavam proximo buzinando. Era noite de natal e ele não se lembrava do seu nome, de sua família só lembrava-se do seu apelido. Velho Lobo. Lembrou-se também da subida no Pico da Manada no Peru. Dormiram encostados em uma enorme pedra onde cabia só dois e eram cinco! Foi lá que pela primeira vez viu a neve que caia em flocos brancos e lindos de ver.

              ♫ “Longo é o caminho, longo, longo, mas andaremos sem parar! Duro é o caminho, duro, duro, cantemos para não cansar!” ♫... Dormia e acordava, dormia encostado a lateral do viaduto. Os seus novos amigos dormiam tendo como cobertor papelões que eles guardavam das lides onde recolhiam lixo reciclado para sobreviver. Ouviu ao longe alguém cantando uma canção de natal. Lembrava vagamente quando em uma reunião de Giwell em um Jamboree alguém contou uma história de natal. A lembrança o emocionou.

           ♫ “Eu era um bom lobo um bom lobo de lei. Não estou mais lobeando, o que fazer não sei, me sinto velho e fraco não sei mais lobear, logo a Gilwell Assim que eu possa vou voltar” ♫... O dia amanheceu. Ele estava mal. Sentia falta de ar, tremia e quase não ficava em pé. Seu corpo estava um trapo. Como um robô saiu cambaleando pela rua. As pessoas desvencilhavam-se achando que ele estava embriagado. Viu uma senhora dizer: – “Com esta idade e bêbado pela manhã”? Ele começou a se sentir mal. Uma dor enorme no peito. Sabia que era seu fim. Seus olhos se fecharam.

          ♫ “Prometo neste dia, cumprir a lei, sou teu escoteiro, Senhor e Rei. Eu te amarei pra sempre, cada vez mais. Senhor minha promessa, protegerás” ♫... Viu sua mãe sorrindo, como ela era bela e nova. Viu seus irmãos e irmãs que já tinham partido ali acenando. Fechou os olhos e esperou ser chamado para subir aos céus com eles. Acordou assustado em sua cama em seu quarto. Toda sua família em volta sorrindo. Era sua mulher, eram seus filhos, seus netos e vizinhos. O quarto cheio de gente. Bem vindo Papai, bem vindo marido, Vovô estava morrendo de saudades! Então não tinha morrido? Viu próximo uma jovem uniformizada de Escoteira. – Quem é você? Foi sua esposa quem contou – Ela viu você caindo e dizendo ser um Velho Lobo. Sabia que você era um Escoteiro. Pediu um taxi e o levou ao pronto socorro. Telefonou para várias delegacias e uma delas já sabia do seu sumiço. Comunicaram por telefone. Ela meu marido, foi seu anjo de natal!

Bravo, bravo Bravo, bravíssimo, bravo, bravo bravo, bravíssimo bravo, bravíssimo bravo, bravíssimo bravo, bravo bravo, bravíssimo” ♫...

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Contos de Natal. Milagres existem, é só acreditar.




Contos de Natal.
Milagres existem, é só acreditar.

♫ “Rataplã do arrebol, Escoteiros vede a luz”!
Rataplã olhai o sol, do Brasil que nos conduz” ♫

               Liminha não pensou duas vezes, se tinha de pular não ia discutir com o Monitor. Tomou distância e correu, pulou e quase alcançou a margem do outro lado. Não conseguiu, caiu por uns bons cinco metros e sentiu a pancada nas costas. Foi a primeira vez que sentiu uma dor enorme. Foi também que descobriram que ele estava com leucemia. Não foi assim tão rápido. Começou quando após a queda sentia uma dor de cabeça que não passava. Uma fraqueza e cansaço tremendo. Viu manchas arroxeadas na pele e sentia dor nos ossos e articulações. Apareceram outros sintomas, mas os médicos diagnosticaram facilmente. Liminha nunca pensou que podia ter esta doença. Era um Escoteiro alegre, Corredor, valente nas atividades e sempre se sobressaindo em tudo. Quando seus pais souberam acharam que o escotismo era o culpado. A dor é muito forte e achar a culpa de alguém é mais fácil para enfrentar o desespero que passavam. Liminha nunca chorou na presença dos seus amigos de patrulha. Aceitou e muitos estranharam por vê-lo sempre sorrindo.

♫ “Alerta, ó Escoteiros do Brasil, alerta!
Erguei para o ideal os corações e flor!
A mocidade ao sol da Pátria já desperta
A Pátria consagrai o vosso eterno amor” ♫.

               Seus pais não mediram esforços para tentar uma cura. A leucemia era uma doença cruel. Primeiro os medicamentos e a poliquimioterapia. Era demais para ele. Mas com três meses começou a se sentir melhor. Exigiu voltar para sua patrulha. Não pediu e disse aos seus pais que sem o escotismo ele iria morrer logo. Na primeira reunião de patrulha disse para todos o que tinha, mas não queria compaixão – Vocês tem que me considerar como um igual. Se acharem que estou doente nunca mais eu conseguirei melhorar! O escotismo era um balsamo para Liminha. Não perdia um acampamento e com tristeza não pode participar de um bivaque. Seria muitos quilômetros e o próprio Chefe o aconselhou a não ir. Foi a primeira vez que Liminha o viu. Tinha quase sua idade e sem nenhum fio de cabelo, mas com um belo sorriso. Ficaram amigos e seus pais ficaram mais ainda preocupados. Liminha apresentou seu amigo, mas ninguém via ninguém. Um amigo que foi tirado da sua imaginação, todos pensaram. A contra gosto aceitaram. Se isto o fazia feliz porque não? Liminha o chamava de Tércio. Passavam horas conversando.  

♫ “Por entre os densos bosques e vergéis floridos,
Ecoem nossas vozes de alegria intensa!
E pelos campos fora em cânticos sentidos
Ressoe um hino avante à nossa Pátria imensa”! ♫.

           Quatro meses depois Liminha teve outra recaída e desta vez passou meses internado no hospital. – Só um transplante de medula óssea poderia resolver, aconselharam. Mas e como achar um doador perfeito? Vários membros da família se revezaram nos exames, mas nenhum serviu. Liminha se tornou um exemplo para os internos do hospital. Vivia sempre sorrindo e contava longas histórias para os meninos internados no mesmo quarto que ele. Todos aprenderam a reconhecer quando Tércio estava com ele. Tércio sabia tantas histórias e mesmo não o vendo eles se divertiam. Até mesmo os Escoteiros da sua patrulha e da tropa gostavam de ir ao hospital para não só visitá-lo, mas para mandar um abraço a Tércio. Um Tércio que só Liminha conseguia ver. Liminha não melhorava. Pediu aos seus pais que trouxessem o seu uniforme. Gostaria que quando houvesse visita ele estivesse com ele. Era contra as normas do hospital, mas os médicos autorizaram. Quinze dias antes do natal Liminha piorou. Quase não falava. Os médicos comunicaram aos seus pais que não havia retorno. A vida de Liminha era uma questão de dias.

♫ “Unindo o passo firme à trilha do dever,
Tendo um Brasil feliz por nosso escopo e norte
Façamos ao futuro, em flores antever
A nova geração jovial confiante e forte”! ♫.

            Liminha pediu e foi autorizado que fizessem uma reunião de tropa em uma área ajardinada do hospital. Era o dia 24 de dezembro. Ele foi em uma cadeira de rodas. O Chefe Escoteiro emocionado fazia tudo para que Liminha participasse sem notar que o programa tinha sido feito para sua participação. Liminha ria a valer nos jogos e gritava a mais não poder para Tércio seu amigo imaginário. No final da reunião na cerimonia de encerramento antes da bandeira Liminha pediu ao Chefe se seu Amigo Tércio poderia fazer a promessa. O Chefe Escoteiro não sabia o que dizer ou fazer. Os pais de Liminha em um canto choravam lágrimas doídas. – Deus oh Deus porque tudo isto? Dizia sua mãe em prantos. Liminha na cadeira de rodas foi até o centro da ferradura e apresentou seu amigo Tércio a tropa. Quando assustado o Chefe Escoteiro tomava a promessa uma forte luz azul se fez presente. Ninguém entendia nada, mas todos viram em uma névoa branca um menino de branco, com a meia saudação a dizer: - Eu prometo, pela minha honra, fazer o melhor possível para: Cumprir o meu dever para com Deus e a Pátria, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião e obedecer à lei do Escoteiro!

♫ “E se algum dia acaso a Pátria estremecida,
De súbito bradar: Alerta aos Escoteiros,
Alerta respondendo, à Pátria a nossa vida
E as almas entregar iremos prazenteiros!
Alerta! Alerta! Sempre Alerta”!

       A emoção foi demais. Lágrimas foram derramadas por todos. Liminha assustou todo mundo quando ficou de pé e corria rindo em volta do arvoredo do pátio do hospital. Ele gritava: Não vá embora Tércio. Não me deixes! Quero ir com você! Todos viram um redemoinho que se elevava aos céus. Alguns juram que ouviram Tércio dizer que voltaria. Seria por pouco tempo. Liminha chorava e andando normalmente pediu aos seus pais que o levassem para casa. Os médicos sem saber o que fazer concordaram. No outro dia ele voltaria ao hospital. Liminha voltou, mas para surpresa de todo mundo ele estava curado. Não sentia mais nada. Um milagre. Um milagre de Natal. Tércio no céu sorria. Liminha na terra sorria. O mundo Escoteiro voltou a pensar que no escotismo tudo pode acontecer. Foi o próprio Liminha quem disse ao seu pai e sua mãe:
♫ “Não é mais que um até logo,
Não é mais que um breve adeus” ♫.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Contos de natal. O feliz natal da Família Borelli.




Contos de natal.
O feliz natal da Família Borelli.

   O mundo, desde quando surgiu à vida humana, sempre foi moldado pelas pessoas sonhadoras que têm coragem de colocar seus sonhos em prática, de lutar por eles e provarem que, sim, vale a pena sonhar. São essas pessoas que fazem as maiores descobertas, mudam o planeta e nos fazem evoluir. Uma história simples, contada sem tropeços. Afinal nas noites de natal todos tem direito a um milagre!

                   Quantos anos ele estava naquela vida? Dois? Cinco? Dez anos? Ele não tinha ideia. O tempo não importava. Aprendeu a viver com a luz do dia e o brilho das estrelas a noite. Comia dia sim dia não. Seu corpo era um trapo jogado nas sombras de um viaduto naquela grande cidade. Na Padaria do Seu Matheus sempre conseguia um pão para comer. Sua barba cresceu enormemente. Vez ou outra quando chovia ficava em seu calção velho e desbotado e gargalhava com a cascata que brotava de cima do viaduto. Era seu banho mensal ou anual... Não lembrava seu nome. O chamavam de Jesus. Ele sorria quando alguém dizia assim. Mas o pior é que ele nem se lembrava quem foi Jesus. Apanhou muito e até tentaram fazer dele uma tocha para alegrar um costume da rapaziada.

                    Esqueceu-se de chorar, mas ainda bem que sabia sorrir. Sua pele agora escura pela sujeira e o tempo no sol nada dizia de seu passado. Um dia vários meninos de uniforme e chapelão pararam a sua frente no Viaduto Santa Efigênia. – Moço! Queremos ajudar o senhor! Ele olhou aqueles pivetinhos empertigados na sua apresentação. – Me ajudar? Sorriu. Era bom sorrir principalmente para meninos que ele tinha na lembrança que um dia conheceu um. – Moço, hoje é dia da nossa boa ação de Patrulha. Queremos ajudar. O Chefe nos deu a chave da sede. Se o Senhor quiser poderá tomar um banho e vamos servi-lo com um lanche que compramos com a nossa mesada. Iremos dar ao senhor varias roupas usadas para trocar por esta.

                   - Porque não? Pensou. Nem lembrava mais quando tomou um banho de sabonete. Uma toalha limpa, uma mesa para almoçar um pedaço de Peru que a mãe de um deles fez para ele. – Moço, porque não dorme aqui na sede hoje e amanhã fica para a reunião? – Ele olhou para aquele menino que fazia um convite que há muitos anos não recebia. Dormiu em um colchonete e nem reclamou do frio do pátio iluminado. Sentiu-se um rei. Era bom demais. As pedras jogadas, os chutes da rapaziada, o frio e a chuva que recebia embaixo do viaduto não aconteceu. Não sabia por que aqueles meninos o tratavam com tanto carinho. Acordou com um canto de pardais que pensou ter voltado no tempo. Havia um bosque próximo ao salão da sede. Deu uma volta e uma angustia enorme percorreu todo seu ser. O que seria?

                Viu a algazarra dos meninos chegando. Eram azuis, outros de chapelão e adultos que ele olhou de soslaio com medo de ser expulso. Sentiu um calafrio com o grito de vários meninos, uma lágrima rolou quando viu a bandeira subindo aos céus. O corre-corre, os pequeninos gritando lobo, o jogo do quebra queixo havia alguma coisa no ar que ele conhecia. Um Velho de calças curtas se aproximou dele. Um semblante simpático e amigo. – Olá! Como vai? – O que dizer para ele? A vida dele era assim, chutado e escorraçado e agora alguém perguntava se ele ia bem? – O velho chegou mais perto. Olhou seus olhos, tampou sua barba embranquecida, chamou outro Chefe e falou baixinho em seu ouvido sem ele nada ouvir.

                Vieram outros adultos, começaram a fazer perguntas. – O chamavam de Tiago, da cidade de Ouro Negro. Ele tinha relances, mas logo sua mente escurecia e ele não se lembrava de nada. O Velho sorrindo disse para ele ficar a vontade. Agora a sede dos escoteiros era seu lar. Ele poderia ficar tranquilo, estava no meio de amigos. Telefones voavam como vento de outono para Ouro Negro. Um corre, corre em pleno sábado véspera de natal. Vários automóveis pararam em frente à sede e uma senhora desceu de um veículo correndo até a sede. – Onde ele está? Meu Deus! Tem de ser ele. Quando o viu não teve dúvidas. O abraçou chorando. Vários outros também o abraçaram. – Papai! Papai! Ele espantando não sabia o que dizer. Todos choravam não de tristeza, mas de alegria!

Prologo:
- Em Ouro Negro Tiago Bernabeu dos Santos era amado e respeitado. Com 32 anos era um Chefe Escoteiro que todos admiravam. Casou com Nora Amâncio filha do senhor José Silva Amâncio um próspero fazendeiro que o adotou como filho. Tiago era de linhagem simples, funcionário da Fábrica Alvarez. Ele e Nora tiveram quatro filhos uma menina e três meninos. Casou em 1966 e já tinham passado mais de 15 anos desde que ele desapareceu. Tudo aconteceu quando ele e mais seis pioneiros resolveram escalar a Serra dos Andradas. Ele escorregou em um penhasco e apesar das buscas por mais de cinco meses seu corpo nunca foi encontrado. O Grupo Escoteiro de Ouro Negro nunca o esqueceu. De histórias encheram-se as paginas dos livros de atas e afins.

- Ele aos poucos tinha lampejos de lembranças e isto o fazia feliz. Conta à lenda que Tiago ficou ainda muitos anos sem memória e aos poucos ela foi retornando. Viveu feliz com sua família até o final de sua vida. Nunca pensou que a felicidade pudesse ser duradoura. A vida que ficou para trás nunca foi motivo de vergonha ou mesmo de arrependimentos. Foi um aprendizado para seu crescimento espiritual. Naquele ano de retorno, a família e ele abraçados, foram participar da Missa do Galo. Tiago chorou. De alegria. Pensou que se não tivesse sido Escoteiro não teria um final feliz. Olhando Jesus na manjedoura se lembrou de seu passado. Era como tudo estivesse guardado e voltado para que ele pudesse de novo renascer! Feliz Natal na paz do Senhor!   

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Contos de natal. “Texaco”




Contos de natal.
“Texaco”

... - A fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível. Uma história para quem acredita que para o Senhor nada é impossível.

- Seu apelido veio do local onde trabalhava. Posto Texaco. Todos os dias pegava sua bicicleta e viajava 30 quilômetros até o local de trabalho. Nunca reclamou das doze horas que ficava lá. Molambo era seu companheiro e ambos davam pulos quando os caminhoneiros se misturavam com os carros para abastecer. Gostava de seu nome, José Antônio da Silva, mas quase ninguém conhecia. Todos o chamavam de Texaco. - Naquele sábado ia displicentemente na estrada pensando no filme que ia estrear no cine Palácio. “Da terra nascem os homens”. Adorava um faroeste e este era com Gregory Peck, Jean Simmons e Charlton Heston. Um elenco estrelar. Não ia perder. Conversou com o Senhor Ademar para sair às sete da noite. Iria pegar a sessão das nove. Tudo aconteceu na Curva do Onça. Um carro a toda velocidade fez a curva aberta na contramão e o pegou em cheio.

- Não sentiu nada. Rodopiou no ar e caiu na lateral da estrada ficando estirado no chão. Olhou para o céu e as nuvens balançavam de um lado a outro. Nuvens balançando? Viu quando alguém chegou correndo. – Ele está vivo! Ouviu uma vozinha de criança dizer. Vivo? Achou que estava morto. Não sentia dores, parecia estar em um anfiteatro com uma orquestra tocando belas musicas dos seus filmes favoritos: - Dança com Lobos, Em algum lugar do passado e a maravilhosa musica de Max Steiner em o Vento Levou. - Seus olhos abriram-se lentamente. Viu o rosto de alguns meninos em sua volta. Eram escoteiros, ele já os tinha visto passando em fila em frente ao posto para acampar. – Oi moço, não durma, o socorro já vem! Disse um deles. – Acho que precisamos fazer alguma coisa disse o outro! – fazer o que ele pensou. Sentia o corpo quebrado em vários lugares, só conseguia ver de um olho. Um deles segurou na sua mão. Sentiu as mãozinhas de uma criança tentando lhe dar nova vida.

- Nico, você não tem a especialidade de enfermeiro? A voz trêmula de Nico se ouviu a seguir. – Monitor! O que eu posso fazer? Ele está todo ensanguentado e veja as suas duas pernas tem fraturas expostas! Lembra do bombeiro que disse que não devemos interferir nas fraturas e esperar ajuda especializada? Alguém passava um pano molhado em sua testa e seu rosto. Era reconfortante. Viu a face da menininha escoteira. Sorria para ele. – Moço, vai passar tudo passa nessa vida e logo estará bom de novo! - Texaco queria sorrir, sua face era uma máscara vermelha de sangue que a doce escoteira tentava limpar com seu lenço escoteiro e água do seu cantil. Sua mente estava em dois lugares simultaneamente. Lembrava-se das palavras de José um caminhoneiro: - Olhe Texaco, É difícil acreditar em uma vida após a morte, mas é deprimente acreditar que nós simplesmente morremos. Será que chegou minha hora? Pensou!

- Ele não tinha medo da morte, sabia que um dia ia morrer só não sabia como. Ouviu ao longe uma sirene. Seria seu socorro? A escoteira sorria para ele. – Calma Senhor. A fé em Deus nos faz crer no impossível, ver o invisível e realizar o inimaginável. Por isso, creia e deixe tudo nas mãos Dele e Ele fará o melhor pra ti, basta ter fé! Texaco olhou para ela. Tão jovem e tão filosófica. Lembrou-se de sua mãe que já tinha partido para o céu. - Sentiu mãos vigorosas o segurando. Perdeu os sentidos na terra, mas eles continuaram no céu. Ouviu a voz dela a dizer: - Texaco, para Deus não haverá impossíveis. Basta tirar as duas letras iniciais da palavra Im para que tudo se torne real na sua vida. Texaco dormiu. Um sonho gostoso sem dor.

Dois anos depois...
- 22 de dezembro véspera de natal. Na grama verde do pátio ele ouviu chamando. Eita Texaco, agora é sua vez! Acordou assustado. Era a patrulhinha escoteira a brincar com ele em uma cadeira de rodas. Viu Leninha a escoteirinha que lhe afogou a face ensanguentada com seu lenço. – Conseguiu limpar? Perguntou. Ela sorria e disse que não, mas que se fosse ele quem lhe deu a vida tinha valido a pena. Texaco deixou lágrimas rolar pelo rosto. Viu sua mãe ali segurando sua mão. Filho... A fé em Deus nos faz crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível. - Um homem de uniforme escoteiro chegou. – E então Texaco, pronto para a reunião? Ele olhou em volta, quanta alegria quanta compreensão. Notou que estava com um uniforme e usava um lenço igual da menina... Na cadeira de rodas sem poder andar pensou: - Você diz... Isso é impossível e Deus responde: - Tudo é possível. Você interpela... Eu já estou cansado. E Deus responde: - Eu te darei repouso.  Você completa... Não vejo saída... E Deus responde: - Eu guiarei teus passos! Feliz natal Texaco! Que a paz do senhor esteja convosco!

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Lendas escoteiras. Uma noite maravilhosa de Natal!




Lendas escoteiras.
Uma noite maravilhosa de Natal!

                 Eu sempre tive um carinho enorme pela noite de natal. Família reunida, muitos presentes, abraços uma bela ceia isto sempre me encantou. Triste eu ficava quando lembrava que muitos não tinham esta minha felicidade. Já passava da meia noite e junto com minha esposa admirávamos na varanda os foguetes e a luzes no céu. Uma enorme tristeza se abateu sobre mim.  Lembrei-me da última visita que fiz na casa do Chefe Maninho. Sempre foi um pai para nós escoteiros de Esperança Feliz. Dizem que ele entrou para o Grupo em 1946 Ficou mais de sessenta anos no escotismo. Sempre notei nele uma pessoa triste, um olhar perdido no horizonte, olhos fundos e sempre com uma lágrima furtiva que ficava tentando esconder.

                  Chefe Maninho morreu há dois meses. Nas suas exéquias poucos foram. Esperava uma multidão e não foi quase ninguém. Claro era difícil vê-lo sorrir. Acho que ninguém nunca recebeu dele um abraço. Era muito fechado em si mesmo. Nunca esqueci o que ele me contou um dia. O Fogo do Conselho havia terminado e ficamos eu ele, Rosa uma Chefe Escoteira, Nair sua Assistente e Paulo Alberto um Chefe de tropa. Ficamos conversando e a meia noite todos foram dormir. Só eu e o Chefe Maninho ficamos em volta do fogo às vezes sorrindo ao ver um cometa passar. Não sei por que ele estava com os olhos marejados de lágrimas. – Chefe, perguntei está se sentindo mal? - Não meu amigo, respondeu. São as lembranças que não cessam. E então, começou a contar parte de sua vida que acredito era desconhecido por todos que ficaram ao seu lado por muitos e muitos anos.

                 - Chefe, eu perdi meu pai quando tinha cinco anos. Eu o adorava. Ele era tudo para mim. Levava-me aos parques de diversões, me levava em alto mar para pescar, fomos acampar em lugares inóspitos e eu vibrava em sua companhia. Ele era Militar das Forças Armadas. Segundo Sargento do Regimento de Infantaria e todos o admiravam pelo seu caráter, por ser tudo o que hoje não sou. Um pai alegre, prestativo, amigo e muito respeitado não só em seu regimento como em toda vizinhança. Ele mesmo me contou com orgulho que fora incorporado ao 3º Regimento do Exercito Brasileiro. Um regimento da Força Expedicionária Brasileira. Em poucos meses ele partiu para a guerra na Itália. Eu e mamãe choramos muito quando ele partiu. Sabe Chefe, ele partiu em uma noite estranha, cuja lembrança nunca mais me sai. Chamou-me e disse – Filho, seu pai vai lutar lá na Alemanha. Vou me cuidar. Ainda vamos fazer grandes coisas, eu e você. Eu voltarei.

                  - Nos primeiros meses ele escrevia sempre. Mamãe, minha querida mamãe! Ela lia suas cartas, baixinho devagar, dizia que logo estaria de volta, pois a guerra estava prestes a acabar. Todos os dias ele vinha em meus sonhos, e nele retornava como se estivesse me abraçando. Passou um ano e ele não voltou. No natal escrevi para o Papai Noel uma carta. Uma carta simples, só pedia ao meu bom amigo que trouxesse de volta o meu papai que foi lutar na guerra. – Olhe Papai Noel, você que pode mais que a gente, e tem uma força sem igual, me dê Papai Noel este presente, se possível nesta noite milagrosa de natal. Mas nada. Nem resposta. No ano seguinte escrevi de novo. – Papai Noel, meu santo e bom paizinho, eu tenho meu coração como uma brasa, nesta hora triste em rezar ao Senhor eu venho. Papai Noel, se todos têm o seu papai em sua casa, só eu Papai Noel é que não tenho?

                Os dias, os meses foram passando. Mamãe só vivia pelos cantos chorando. As cartas não vieram mais. O silêncio era completo. Lembro-me que um dia mamãe passou a se vestir de preto e nunca mais sorriu para ninguém. E para piorar tudo, um tarde chuvosa do mês de julho, bateram em nossa porta e dois oficiais do Exército Brasileiro entregaram a minha mãe uma medalha. Disseram a ela que ele tinha sido um herói. Mamãe, mamãe, eu quero meu papai! Ela calada, taciturna não chorou mais. Seu rosto lindo que nunca esqueci agora parecia uma mascara de cera. Na missa dos domingos ela disse para o Padre Antonio que estava perdendo a fé. Perdeu seu marido na guerra, ainda tinha seu filho, mas o mundo para ela desmoronou.

                 Sabe Chefe, aquele mil novecentos e quarenta e cinco foi o ano que mais chorei. Eu sempre a noite rezava. Não acreditava que ele tivesse morrido. Jesus, meu amado e bom mestre eu dizia, se os tais heróis não voltam para casa, será que vale a pena ser herói? Senhor Jesus, meu santo e bom paizinho, me dê neste natal um presente. Acabe com minha revolta e me traga de novo o meu papai que foi brigar na guerra. Eu sei que o Senhor pode tudo e sei que vai dar um jeitinho de mandar o meu papai de volta. – Olhei para ele e ele chorava. Um "Velho" de oitenta anos chorando. Continuou a narrar sua história. - Olhe Chefe não dá para esquecer. Acho que mamãe sempre ouvia minhas preces, pois um dia, naquela noite de natal, eu dormi abraçado com o retrato do meu pai. E confesso que tive lindos sonhos com ele. E sabe Chefe, ao acordar gritei surpreso, pois lá estava enrolada em meu sapato uma enorme bandeira do Brasil!

               Sem palavras. Chorava ali com aquele Velho Chefe Escoteiro naquele fogo que aos poucos se apagava. A brisa vinha de leve a nos dar um pouco de calma, de frescor. As pequenas fagulhas ainda existiam naquela fogueira que eram cinzas e mesmo assim algumas se arriscavam ainda a subir aos céus para logo serem levadas pelo vento. Papai Noel. E quem ainda não acredita nele? O natal, linda noite para alguns, muitas tristezas para outros. Abracei com força o Chefe Maninho. Ficamos ali até o amanhecer.  Nunca mais o esqueci. Que Deus esteja com você meu amigo, nestes pastos verdejantes do céu, junto ao seu papai e sua mamãe!

(História baseada no poema de Orlando Cavalcante, “Oração de natal de um órfão de guerra”).
     

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Contos de natal. Os sete filhos de Moisés.




Contos de natal.
Os sete filhos de Moisés.

... - Até o dia 25 de Dezembro deste ano, estarei publicando contos de natal para comemorar e relembrar histórias que escrevi sobre o tema. Feliz Natal a todos, boas entradas e meu cordial e fraterno abraço. Sempre Alerta para Servir!

                 Foi um natal inesquecível. Nunca esqueci. Tudo aconteceu no dia 24 de dezembro ao pé do monte Canaã, bem próximo ao Mar da Galileia. Portentoso o Rio Jordão corria para terminar no Mar Morto. Eu nasci em Israel cidade abrigada por montanhas centrais e que até hoje faz parte da história do Velho Testamento. Canaã era uma cidade pequena e lindamente florida. Na Rua dos Reis Magos morava Moisés, um homem alto, forte que todos diziam ter mais de 100 anos. Moisés tinha um belo sorriso e admirado por todos os habitantes de Canaã. Zípora sua esposa faleceu e o deixou com sete filhos seis homens e uma mulher.  Idades próximas já que havia dois pares de gêmeos Thiago e João Lucas, Davi e Josué. Só Ismael Ruth e Israel não eram gêmeos.  Conta uma lenda que Deus por meio do seu espírito tomou a forma humana para abençoar e batizar os filhos de Moisés.

                  Aarão Chefe Escoteiro me contou está história. Parei para tomar um refresco já que a tarde estava quente em sua Taberna vazia. Conversa vai conversa vem sentamos em uma varanda com uma linda vista do Mar Morto. Aarão falava baixo, voz rouca e vestia um saiote escocês que até hoje não entendi porque usava ali. Dizem que Escoteiros sabem quem são e não passam despercebidos. Convidou-me para pernoitar ali à noite. Poucos transeuntes sentia falta de bons papos principalmente dos que participavam do movimento escoteiro. Todos os viajantes gostavam dos habitantes de Canaã. Uma cidade tranquila que acolheu muitos deles vindo do norte. Àquela hora da tarde não havia ninguém a vista. Hora da “siesta” rotina de muitos que vieram da Mesopotâmia e que resolveram arranchar na cidade. Aarão era semita, oriundo da Babilônia bem próximo ao Rio Eufrates.

                Aarão não fora Escoteiro. Convidado montou uma Tropa e por pedido dos pais aceitou algumas meninas. Moisés o procurou oferecendo ajuda e foi um baluarte na montagem do grupo em seu início. Inscreveu seus sete filhos e por votação eles decidiram ter sua própria patrulha a qual deram o nome de Garça Branca. Nunca tinha ouvi falar em uma patrulha formada por irmãos e me interessei pela história. Decidiram em Conselho de Patrulha que o Monitor seria eleito conforme a necessidade da atividade dando condições para que cada um pudesse ter a experiência e aprender a ser um líder de patrulha. Eram exemplos para os demais escoteiros. Nunca houve uma altercação, uma discussão, uma palavra áspera, pois levavam ao pé da letra a Lei Escoteira e sem esquecer também a Lei de Moisés. – Sabe amigo – Dizia Aarão, foi numa terça feira, férias escolares, que me pediram para acampar.

                              Moisés aprovou, pois se eles queriam e sabiam o que fazer nada os impediria de acampar. – Aarão – dizia Moisés - Me prometeram que estariam de volta a noitinha do 24 de dezembro, para a missa do galo que frei Kety e Frei Ramsés com mais dois monitores iriam celebrar. Nunca perderam essa missa e Moisés confiava nos seus filhos. Partiram ao alvorecer, ainda com o orvalho caindo nas montanhas do Monte Sinai. O dia prometia. Em fila os habitantes sorriram a vê-los passar cantando o Rataplã. Foi Ruth quem contou como tudo aconteceu depois. Onze da noite do dia 24 de dezembro e não haviam chegado. – Chefe contou Ruth, seguimos pelos Pirineus até a trilha do Monte Carmelo onde montamos o acampamento. Tudo transcorria bem preparávamos as etapas de Primeira Classe e a Correia de Mateiro de João Lucas.

                            Em dado momento sentimos falta de Israel. Isto não era comum. Davi usou seu apito sonoro, sinalizando o S.O.S e nada. Saímos para procurar. João Lucas era mestre em pista. Encontrou uma pegada de Israel. Fomos a todos os lugares possivel. Do alto do Monte Carmelo dava para avistar o Monte Tabor e até o Monte das Oliveiras onde Jesus fez seu sermão da montanha. As pistas eram fáceis de seguir e nada de Israel. À tardinha antes do escurecer voltamos para o acampamento. Thiago chorava baixinho e eu também. Todos não sabiam o que fazer.  João Lucas, Josué e Ismael cabisbaixo também choravam. Davi ajoelhou e começou a rezar. Ajoelhamos com ele. Eles lembravam que ele não queria vir ao acampamento, era o menorzinho dos irmãos. A noite chegou. Não havia fome, não ouve jantar. Não sabíamos o que fazer. Só Deus para nos ajudar.

                     Moisés na praça esperava inquieto a chegada dos filhos. Não queria terminar sua vida assim. Pensou se Deus o abandonara, mas rezou de novo e acreditou que teria ajuda. Nem sempre entendemos principalmente o modo como Deus age. Quando tudo diz que não há solução acontece então os milagres. Moisés amava seus filhos. Ele sabia que sua vida foi repleta de ensinamentos. Ele sabia do modo como Deus o moldou e o fez capaz de criar seus filhos. Ele sorria como se fosse o verdadeiro Moisés das Taboas da Lei. Ele sabia que nunca foi abandonado e mesmo não sendo filho e neto de um rei ele soube criar seus filhos muito bem. Confiava neles, deu a eles os melhores ensinamentos, e uma vida cristã invejável. Onde estariam àquela hora? – Deus! Oh meu Deus! Não posso perdê-los. Fazei de mim seu instrumento, fazei o que quiser, mas traga-os de volta para mim!

                      Os sete jovens ajoelhados em frente à barraca, bem próximo ao Monte Sinai avistaram um imenso vermelhão no céu. Uma estrela enorme que iluminava tudo a sua volta. Descendo a montanha Israel vinha devagar, segurando um cajado e atrás dele viram três velhos pastores montados em camelos. Vestiam túnicas azuis, grandes barbas brancas, e o elevarem no ar até onde estavam. – Um deles falou como um Rei dizendo – Está tudo bem, vão para casa, seu pai os espera na igreja. Thiago, João Lucas, Davi, Josué, Ismael e Ruth abraçaram Israel. Um milagre aconteceu. Ele caiu em uma cascata de pedras e quebrara o joelho. Não podia andar. Os três homens que estavam montados em camelos o socorreram – Disseram para ele: - Vamos Escoteiro, vamos levar você aos seus irmãos. Temos que ir embora, pois Jesus de Nazaré vai nascer! Partiram e lá no céu cantavam: £ “Jesus nasceu. O mundo vai mudar...” £. E foi assim que Melchior, Baltazar e Gaspar partiram para estarem com Jesus.

                     Voltei para casa pensativo. Seria verdadeira a história de Aarão? Perguntei a ele onde morava Moisés e ele sorriu sem me dar resposta. Até hoje me pergunto se poderia haver uma patrulha de irmãos. Não sei. Aarão me disse que sim. Bem quando tudo parece perdido, melhor é procurar refletir o que a gente sente e o que poderá ser. Feliz noite de natal, paz na terra aos homens de boa vontade!

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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