Em
volta da fogueira...
“Adios”
Francisco.
... – São dezenas ou
centenas de causos da perda da sede, de assaltos e cada Grupo Escoteiro que
perdeu tudo, perdeu seu lar, sua barraca onde moravam os sonhos de badenianos
que amavam sua associação. Desistir nunca... Recomeçar sim... A vida destes
jovens que dependem de um lugar ao sol nem sempre é entendida pelos donos do
poder. O que aconselhar? A quem recorrer? Quem sabe o sonho de não desistir, a
força de vontade, aos braços fortes, as pisadas firmes de que sabe que tudo tem
um recomeço.
As areias viajam nas asas do vento... Ele via
sua vida se acabando na ampulheta do tempo... Seu mundo se esmoronava. Seriam
poucos meses ou quem sabe algumas semanas para manter a chama da vida acesa. Doutora
Sissi com olhos tristes dizia para ele: Não tem volta Antônio. Tentei tudo, mas
o câncer não perdoa. - Doença cruel que o fazia morrer devagar e sofrido. A
quimioterapia era um suplicio. Cada sessão pedia a Deus que o levasse. Não
estava aguentando mais. Chegou a pensar em tirar a vida antes de Morrer do
Diretor Ângelo. Foi apenas um momento de raiva que logo esqueceu.
Quarenta anos de
escotismo, o último dos fundadores, de lobinho a diretor e ver tudo se acabar por
causa de um Diretor hipócrita do Colégio onde tinham a sede. Ele decidiu sem
consultar ninguém retomar o terreno da sede escoteira. Lembrou-se da
festividade, do prefeito e tantas autoridades na entrega do documento na praça
solene e que agora não valia mais. Tudo fora mentira? Não valeu colocar tijolo
após tijolo para fazer a construção? Quanto sangue derramado? Quanto suor e
lágrima para conseguir um tijolo, uma telha, uma porta e tudo agora perdido?
E seus direitos? Eram
mais de cem crianças e adultos que todos os sábados levavam a bandeira aos
céus. Pátria! Não reconheces isto? - O advogado Jamil que nunca foi escoteiro
disse que não havia mais o que fazer. Trinta dias Chefe, se não saírem teremos
policia e delegados a porta. A lei era clara. Deu sua vida, deu seu amor, viveu
ali fazendo tudo pela cidade e agora não havia retribuição. Prefeito,
vereadores se curvavam ao novo Diretor Nomeado da FATEC uma entidade
governamental. Para onde iriam? Como continuar?
Todas as tardes ele
sentava no banco da estação onde se fez tantas alegrias e felicidade e agora
abandonada de cabeça baixa chorava. Não pela sua morte próxima, isto não era
importante, o importante era aonde todos iriam. Procurava uma solução e não
encontrava. Mesmo espiritualista maldizia o Diretor que nunca foi Escoteiro e não
queria entender os benefícios de uma educação extraescolar. Prefiro morrer
antes... Pensou. Não dá para assistir esta derrocada final. Lucy o abraçou.
Chorou com ele as dores da perda e baixinho dizia: - Marido, agora pense em você,
pense em se curar.
Duas semanas se
passaram e ele foi levado ao hospital. Escoteiros e chefes acorreram ao local.
Eis que extenuado chega o Presidente. Chefe Paulo sorria: - Graças a Deus! O
decreto do Professor foi anulado. Uma petição entregue ao Ministério da
Educação que ninguém sabe quem enviou foi aprovada. Agora somos proprietários
com escritura lavrada! Uma palma estrondosa ecoou na porta do hospital. Na UTI Francisco
agonizante sorria. A luta se encerrava. Valeu enviar aquela petição. Agora
poderia morrer em paz!
E morreu com um
sorriso, com glorias de escoteiro vencedor. Olhou para a terra quando subia
para o paraíso. Sabia que deixava saudades, mas ele estava feliz. Jogou um
beijo no vento e pediu que o levasse até sua querida Lucy. Foi uma luta incessante,
mas sempre soube que nunca esteve só. Além dos irmãos escoteiros da terra ele teve
mil anjos ao seu lado o ajudando para a vitória. O céu o recebeu com honras e
junto aos novos amigos no espaço ele voltou a sorrir!
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