Histórias de
Fogo de Conselho.
Pequenas
historias nas noites de acampamento.
Oiá! Se achegue, se jogue
em qualquer banco, pois fui eu quem fiz. Pioneiría da boa com amarras e cipós
dos bons retirados de uma aroeira na beira do rio. Ali do lado tem duas
cadeiras do mato feita do legítimo Bambu Chinês. O foguito tá crepitando e se
quiser se sirva de um bom café no bule. Tá quente coloquei na brasa agora. Tem
bananas e batatas doces tostando no doce costado do fogo. E olhe, se você é lá
dos pampas, pois tô vendo seu barbicacho e seu rebenque se sirva de um bom
chimarrão. Vamos apertar um mate, tchê? Use e abuse da chaleira perto da
fogueira.
E você meu amigo do norte,
não me esqueci de você. Tem rapadura no pedaço, cozinhando uma boa carne seca,
portanto se sacode, vai se sentando, pois depois da cantoria vou contar para
vocês pequenas historias e sei que vocês vão gostar. Sei que aqui ninguém
conheceu a Ana, lá das terras capixabas, escoteira das boas sempre tirando o
primeiro lugar. Pôncio seu Chefe um dia se assustou quando ela o procurou: - Chefe,
eu gostaria de ser uma grande escoteira, quero aprender tudo e tirar centenas
de especialidades e o Lis de Ouro. Só assim eu me sentiria melhor que os
outros.
- O Chefe Pôncio um homem curado e cheio
de sabedoria respondeu sorrindo para ela: - Ana minha cara escoteira, se alguém
vai para o campo e começa a correr atrás de duas raposas ao mesmo tempo, vai
chegar um momento em que cada uma correrá para um lado. Ele ficará indeciso
sobre qual continuará perseguindo. Enquanto ficou a decidir, ambas fugiram...
Ana olhou espantada para ele. - Lembre-se sempre que em sua jornada escoteira
você terá de escolher sempre uma opção de cada vez. Se dedicar e fizer o melhor
possível exatamente naquela que optou primeiro você irá obter sucesso. Ana
sorriu meio cabisbaixa e agora sabia que devia fazer uma coisa de cada vez.
Todos de olhos abertos sorrisos largos ouvindo
o Chefe Contador de Histórias. O fogo estava gostoso, o céu estrelado, a mata
sorria levando alegria por todo lado. Escondido atrás do tronco, Zelito um Lobo
Cinzento olhava assustado aquela malta de gente alegre. - Já ouviram falar no
Escoteiro Juvenal? Foi bem recebido na Patrulha do Condor. Sexto escoteiro foi escolhido
para Almoxarife. Ele sonhava em ser um Sub Monitor e um dia Monitor. Ele tinha
letra bonita era inteligente e quando lhe disseram do acampamento que ia se
realizar ele vibrou. Sorria pensando no Campo da Patrulha, comida mateira,
pioneiras e jogos que duravam o dia inteiro. Sonhava com o Fogo do Conselho.
- Tomou coragem e pediu ao
monitor para fazer o Pórtico da Patrulha. O Monitor educado disse que sim. Ele
acreditava que para aprender tem de fazer. Juvenal não se fez de rogado. Pesquisou
desenhou, aprendeu com dois pedaços de eucaliptos as famosas amarras
escoteiras. Ficou bom na quadrada na Diagonal na paralela e no Tripé. Juntou
vários gravetos e aprendeu dois tipos de costura de arremate. Ensinaram-lhe a
usar luva para dar as amarras e não encher as mãos de calos. “Melhor duas,
pensou”, pois irá usar a pá, e se a patrulha tivesse uma picareta dobrável iria
precisar. Levou também um Sacho duas pontas do seu pai e na Patrulha só tinha
uma cavadeira articulada. Tudo bem, melhor que nada.
- Planos a pleno vapor. Passava
horas fazendo croquis de como seria. No dia do acampamento seu pai disse que a
família ia para a Fazenda do seu Avó em Xapuri. Ele lembrou quando esteve lá na
ultima vez. Belas viagens de barco no Rio Acre, lembrava-se dos grandes felinos
que viu na foz do rio Grande, das onças, dos lobos, da Águia que morava na
Serra do Roncador. Lembrou-se dos Búfalos que seu Avô criava. Lembrou-se do
Apaiari e do Cachara que pescou com Seu Leonel o Administrador. Lembrou-se do
Cavalo Andarilho amigo por todo o tempo que esteve lá. Da busca da Jiboia uma
cobra gigante que ele viu na Margem do Rio Acurauá. O que fazer? Aonde ir? No
Acampamento ou voltar na Fazenda do meu Avô?
- Acampamento está no sangue.
Ninguém consegue escapar. No dia marcado mochila no costado lá chegou Juvenal
sorrindo e abraçando seus companheiros. Dizem que ele fez um Pórtico que ficou
na história. Quase seis metros de altura, dava para toda a Patrulha assistir o
por do sol lá pelos lados do Morro da Formiga. São coisas né meus amigos que só
os escoteiros sabem explicar. Mas ai vai a ultima história da noite, depois
vamos cantar dançar a dança do macaco, pular sobre a fogueira gritando “Anuê” e
lembrar-se dos velhos tempos.
- T.Burcio pioneiro
era um pandego para ninguém botar defeito. Com suas metáforas divertidas
divertia a todos nós: - Chefe ele dizia com aquela cara de besta: - Não basta
ser pobre. Tem que abaixar o volume da TV para escutar quanto tem briga de
vizinho! Rsrsrs. Em princípio ninguém entendia, mas seu sorriso sua maneira de
dizer atraia demais. E ele não parava: – Espelho, espelho meu... Por que as
pessoas se preocupam mais com a minha vida do que eu? Eita T.Burcio. – Vez ou
outra me olhava nos olhos e dizia: Chefe sabia que o final de semana deveria
levar uma multa por excesso de velocidade? Pois é Chefe, me disseram que quem
ama cuida, muita gente deveria me amar. O que tem de pessoas cuidando da minha
vida não está no gibi Chefe! – E Chefe, sabe que o único final feliz que eu
conheço é o final da semana?
- Parei, amarrei minha égua
aporrinhada no cabresto da portilha, convidei todos para abrir o Corote, cada
um pega um Coité e deixa a cachaça rolar goela abaixo por que é hora de dormir.
Qualquer dias desses se Deus quiser eu conto mais!
nota: - Quem não gosta de um Fogo do Conselho,
cantar, sorrir brincar aplaudir e ouvir histórias? Belas histórias que nossos
chefes sabem contar. Fogo crepitando, estrela no céu, uma “lua bunita que nem
um queijo” uma mata um riacho cantante próximo, Uma coruja de olhos vivos
olhando a escoteirada, Vaga Lumes piscantes sapos coaxando na lagoa próxima... E
você quer participar? Vai ser meu convidado. Traga cantoria, traga sorrisos e
traga muita paz para a noite que vai acontecer.
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