Lendas
escoteiras.
Sayonara...
(esta
história se passa um ano antes do Jamboree no Japão).
Mahyna nasceu a bordo do Navio cargueiro
Tsuki. Foram quase dois meses de viagem de Kioto até Santos. Hideki seu pai
trabalhou duro e sua mãe Keiko ficava como ajudante de cozinha dia e noite.
Contaram para ele maravilhas do Brasil. Não foi fácil os primeiros meses e os
macacos, as matas, as cascatas e grandes rios que motivaram sua vinda ficaram
no esquecimento. Hideki era esforçado e conseguiu ir a gerente de uma fábrica
na periferia de São Paulo. Keiko vivia em função de Mahyna. Ela nasceu com uma
doença degenerativa articular. Tentaram tudo com fisioterapia e medicamentos,
mas Mahyna nunca melhorou.
Deus deu a eles a felicidade
de Mahyna chegar aos sete anos. Na escola era a preferida da professora pelas
suas notas e pela sua educação japonesa. Laís sua amiga lhe convidou para
entrar nos lobinhos. Foi uma nova vida e a alegria de Mahyna dava a falsa ideia
que um milagre iria acontecer. Não era verdade. Ela definhava ano a ano. Mesmo
assim chegou aos onze anos e com relutância passou para as escoteiras. Pouco
ajudava na Patrulha Borboleta Azul. Esforçava mas se cansava tanto que logo
pensou que não ia dar para continuar.
No Grupo Estrelas
Brilhantes todos a chamavam de Sayonara. Ela sorria e dizia que este nome
significava adeus ou até a vista. – Vocês querem me dar adeus ou um até logo
antes de eu partir? Thor o Chefe pedia, por favor, para ninguém mais chamar
Mahyna de Sayonara. Mas não tinha jeito. O apelido veio para ficar. Mahyna não
ligava. Até gostava. Um dia ficou sabendo do Jamboree Mundial que ia acontecer
no Japão. – Pai, Mãe, meu ultimo pedido. Quero conhecer a terra do sol
nascente. Preciso estar neste Jamboree. Por favor!
Hideki e Keiko não sabiam o
que fazer. Mesmo não sendo barato a viagem e a taxa eles fariam tudo para
Mahyna ir. Conversaram com Thor e ele desaconselhou. Mahyna não deixou seus
pais em paz. Só falava dia e noite no Jamboree no Japão. Hideki tomou uma
decisão. Comprou a passagem, inscreveu Mahyna na associação escoteira e disse
ao Chefe Thor sua decisão. Todos no grupo sabiam que Sayonara não iria viver
muito tempo. Aplaudiram sua viagem e até mesmo Laís sua amiga a abraçou
dizendo: Sayonara, ida e volta e esqueça o Adeus. Um mês antes da viagem Mahyna
foi levada ao hospital. Não aguentava ficar em pé. Sua respiração aos poucos ia
sucumbindo.
Mahyna sabia que seu sonho
não iria realizar. Alguém teria de ir em seu lugar e ver com outros olhos uma
grande confraternização escoteira. Pediu seu pai para chamar Laís. Ela chorou
quando Mahyna disse que a escolhera para ir no lugar dela. Adeus Kioto, adeus
Japão. A terra dos seus ancestrais ela nunca mais iria conhecer. Sayonara
faleceu uma semana antes da viagem da delegação brasileira para o Japão. Laís
sem dizer nada a ninguém procurou o escoteiro mais humilde e deu para ele a
passagem e sua inscrição.
Laís não saiu de perto de
Sayonara até que ela desencarnou. Ela sabia que sua amiga concordaria com sua
decisão. Antes do seu epílogo na terra Sayonara pegou na mão de Laís e disse
para ela: Amiga, se você tem medo de dizer Adeus, diga até breve, mas fale de
uma vez... E depois vá. Não quero que você me veja morrer!
Lancelot o escolhido foi e
voltou no Japão. A viagem e a participação fizeram dele outro escoteiro. Ele
mesmo contou que Sayonara sempre estivera junto dele, conversando sorrindo
cantando o Rataplã e dizendo: - 常に世界中からスカウトし、私の兄弟日本のスカウト私の兄弟に警告. (Sempre Alerta meus irmãos escoteiros de todo o mundo e
aos meus irmãos escoteiros do Japão!).
Nota de rodapé: -
“Os Jamborees são instrumentos que ajudam a
contribuir para um mundo melhor, pois isso só acontecerá quando se construir um
ambiente de paz entre as pessoas”. Assim disse Baden-Powell no encerramento do
Primeiro Jamboree Mundial, em 1920, Ele completou: “Antes de partir estamos dispostos a desenvolver entre nós mesmos e
nossos jovens esta amizade, através do espírito mundial da Fraternidade
Escoteira, a fim de que possamos ajudar a levar a paz, o bom humor no mundo, e
a boa vontade entre
os homens”. Sayonara eu escrevi ontem às três da manhã. Se gostar comente
se não comentem também! Risos.
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