quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Ligia


Lígia.

                      Certo dia estava eu na sede escoteira e ouvi uma conversa entre uma guia e sua Chefe. Pensei em sair, pois admiro as pessoas discretas. Elas conversavam atrás do biombo que separava a sala do almoxarifado. A Guia dizer para sua Chefe: - Não sou capaz. Tentei e não consegui – Ligia, ela respondeu. - Você é capaz de coisas que nem imagina. Quem diria a muitos anos atrás que algum dia o homem seria capaz de voar? Quem arriscaria a dizer que o ser humano conseguiu pisar na lua? Tudo é impossível até alguém sonhar mais alto.

                    – Um silêncio surgiu no ar. Nem ela e nem a Chefe diziam nada. Pensei comigo. - O que teria acontecido? Prendi a respiração. O que elas estavam pensando ou fazendo? - Eis que a guia falou baixinho quase sussurrando: - Chefe não tenho ninguém, minha mãe não me entende e eu me sinto só, procuro carinho e não tenho, procuro amor e não encontro. Novo silêncio.

                    Dialogo difícil eu pensava. Chefes são assim, fazem jogos e muitas vezes não sabem explicar as regras do jogo. Afinal nem todos estão preparados para resolver temas individuais, aconselhamentos que vão além de suas possibilidades normais. – Mas eis que para minha surpresa a Chefe respondeu baixinho: - Quando uma pessoa transforma seu sonho em um objetivo de luta com determinação, está dando o passo certo para conseguir. Muitos duvidarão inicialmente se o plano for ousado demais, mas a fé é mais forte que qualquer receio e quem não se deixa amedrontar ganha sempre alguma coisa.

                   - Novo silêncio. O que a Guia pensava? Eu mesmo ainda não tinha colocado ordens nos meus pensamentos. Mas sorria pelas palavras sábias da Chefe. Prestei mais atenção. Era incorreto minha maneira de agir. Mas interessava demais para ver o epilogo. Mesmo já sendo maduro na arte do aconselhamento admirava a maneira conduzida pela Chefe. Por um bom tempo não ouvi soluços e nem pedidos de perdão. Ligia parecia ter dado um breve sorriso. Sua Chefe sorriu também.

                    Ambas saíram abraçadas para a reunião que já tinha começado. Eu escondendo minha intimidade da presença ali, olhei ambas com o mesmo olhar de felicidade que portavam. Pensei comigo o quanto vale um bom conselho. Quanto vale uma confiança. Eu sabia que querendo acertar por pior que fizermos chegaremos ao objetivo final. Nunca duvidei da capacidade em superar as melhores expectativas. Temos sempre que ser o primeiro a acreditar para conquistar algo de valioso.


                   Eu sabia que só não conseguiria alcançar determinada meta se não se propuser a lutar por ela. Eu costumava dizer para mim mesmo: Chefe parta e corra pela sua felicidade, sem receios nem hesitações. Aconteça o que acontecer, a maior vitória será saber que deu o seu melhor em todos os momentos da sua batalha. Fui também para o pátio da sede satisfeito e alegre. Mais confiante também nos chefes que eram meus irmãos. Ao longe Ligia sorria junto a sua patrulha e ali bem distante eu sorria também.

Nota de Rodapé -  Você está preparado para aconselhar seus jovens? Em qualquer idade? Voce sabe como eu que não é fácil. No escotismo encontramos sempre alguém que precisa de um bom conselho e não sabemos o que dizer. A melhor maneira de aconselhar é ouvir. Ouvir muito e depois pensar no que dizer!

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