Lígia.
Certo dia estava eu na
sede escoteira e ouvi uma conversa entre uma guia e sua Chefe. Pensei em sair,
pois admiro as pessoas discretas. Elas conversavam atrás do biombo que separava
a sala do almoxarifado. A Guia dizer para sua Chefe: - Não sou capaz. Tentei e
não consegui – Ligia, ela respondeu. - Você é capaz de coisas que nem imagina.
Quem diria a muitos anos atrás que algum dia o homem seria capaz de voar? Quem
arriscaria a dizer que o ser humano conseguiu pisar na lua? Tudo é impossível
até alguém sonhar mais alto.
– Um silêncio surgiu no ar.
Nem ela e nem a Chefe diziam nada. Pensei comigo. - O que teria acontecido?
Prendi a respiração. O que elas estavam pensando ou fazendo? - Eis que a guia
falou baixinho quase sussurrando: - Chefe não tenho ninguém, minha mãe não me
entende e eu me sinto só, procuro carinho e não tenho, procuro amor e não
encontro. Novo silêncio.
Dialogo difícil eu pensava.
Chefes são assim, fazem jogos e muitas vezes não sabem explicar as regras do
jogo. Afinal nem todos estão preparados para resolver temas individuais,
aconselhamentos que vão além de suas possibilidades normais. – Mas eis que para
minha surpresa a Chefe respondeu baixinho: - Quando uma pessoa transforma seu
sonho em um objetivo de luta com determinação, está dando o passo certo para
conseguir. Muitos duvidarão inicialmente se o
plano for ousado demais, mas a fé é mais forte que qualquer receio e quem não
se deixa amedrontar ganha sempre alguma coisa.
- Novo silêncio. O que a
Guia pensava? Eu mesmo ainda não tinha colocado ordens nos meus pensamentos.
Mas sorria pelas palavras sábias da Chefe. Prestei mais atenção. Era incorreto
minha maneira de agir. Mas interessava demais para ver o epilogo. Mesmo já
sendo maduro na arte do aconselhamento admirava a maneira conduzida pela Chefe.
Por um bom tempo não ouvi soluços e nem pedidos de perdão. Ligia parecia ter
dado um breve sorriso. Sua Chefe sorriu também.
Ambas saíram abraçadas para
a reunião que já tinha começado. Eu escondendo minha intimidade da presença
ali, olhei ambas com o mesmo olhar de felicidade que portavam. Pensei comigo o
quanto vale um bom conselho. Quanto vale uma confiança. Eu sabia que querendo
acertar por pior que fizermos chegaremos ao objetivo final. Nunca duvidei da
capacidade em superar as melhores expectativas. Temos sempre que ser o primeiro
a acreditar para conquistar algo de valioso.
Eu sabia que só não
conseguiria alcançar determinada meta se não se propuser a lutar por ela. Eu
costumava dizer para mim mesmo: Chefe parta e corra pela sua felicidade, sem
receios nem hesitações. Aconteça o que acontecer, a maior vitória será saber
que deu o seu melhor em todos os momentos da sua batalha. Fui também para o
pátio da sede satisfeito e alegre. Mais confiante também nos chefes que eram
meus irmãos. Ao longe Ligia sorria junto a sua patrulha e ali bem distante eu sorria
também.
Nota de Rodapé - Você está preparado para aconselhar
seus jovens? Em qualquer idade? Voce sabe como eu que não é fácil. No escotismo
encontramos sempre alguém que precisa de um bom conselho e não sabemos o que
dizer. A melhor maneira de aconselhar é ouvir. Ouvir muito e depois pensar no
que dizer!
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