Histórias para contar na Jângal.
A formiguinha trabalhadora.
(Uma história para lobinhos)
Toninha era uma Lobinha que
pouco se entrosava com as demais da Alcateia. Chefe Ramon o Balu conversava
muito com Dadá a Akela e eles tentaram tudo para que ela pudesse se entrosar o
que não acontecia. Foram várias vezes a sua casa e seus pais sentiam a mesma
coisa. Toninha ficava a maior parte do tempo em seu quarto sem conversar e
lendo. Gostava de ler. Tinha muitos livros e todos ela já tinha lido. Histórias
e estórias tem seu lugar na formação dos jovens e Toninha adorava. Uma atenção
enorme quando alguém contava uma.
Uma vez, em um dia frio e sem
sol, a Alcateia estava acantonada em uma fazenda de um pai de um escoteiro e
Toninha parecia ter um semblante preocupado. Ramon o Balu perguntou a ela: - O
que houve Toninha? – Ela Olhou para Ramon, abaixou a cabeça e começou a falar
devagar e baixinho. Isto assustou Ramon. – Ela continuou: - Balu, hoje eu
conversei com uma formiguinha. Ela me contou tudo de sua vida. – Ramon se
interessou. Conte-me o que ela contou para você. – Toninha olhou nos olhos do
Balu e começou:
- Balu,
a formiguinha me contou que todos os dias chegava cedinho à fábrica onde
trabalhava. Não tinha preguiça, pois tinha muitas formiguinhas para
sustentar. Ela era muito feliz com o que fazia. Mas o novo chefe,
Sr. Leão Nardo, que assumira o posto recentemente, estranhou que a
formiga trabalhasse sem supervisão, e pensou: - "Ora, se a formiguinha
produz mais que as outras sem supervisão, melhor seria se fosse
supervisionada...”.
E assim o novo administrador contratou a Barata Vital, que todos diziam
ter muita experiência como supervisora. Os puxa sacos dela falaram maravilhas
e mostraram belíssimos relatórios que ela fazia. A primeira preocupação
da Barata foi a de estabelecer um relógio-ponto digital
datiloscópico para controlar a entrada e saída da formiguinha da
repartição.
Em seguida a Barata precisou de uma secretária
para ajudá-la a preparar e digitar os relatórios. Assim, contratou a Mosca
que, além de ficar só zunindo prá lá e prá cá, organizava os arquivos. O Sr.
Leão Nardo ficou encantado com os relatórios da Barata e pediu estatísticas
e gráficos com índices de produção e análise de tendências, os quais
eram mostrados em reuniões específicas para o caso. Foi então que a
Barata pediu para comprar um Lap top e uma impressora laser e
admitiu o Grilo Falante para gerir o departamento de informática e
informações.
O Grilo um entendido nos acessos de Internet, ligações telefônicas começou a
controlar o que a formiguinha fazia repassando-os aos ouvidos da Barata,
que por sua vez os relatava ao Sr. Leão Nardo. Qualquer pó, um cisco
qualquer que a formiguinha colocasse em lugar indevido, recebia uma
repreensão e punição. A formiguinha laboriosa, autêntica e prática,
e que não gostava de afagar egos e satisfazer caprichos de chefe, de produtiva
e feliz, passou a lamentar-se com todo aquele universo de papéis, burocracias,
picuinhas e reuniões que lhe consumiam o tempo!
Com o passar dos dias o Sr. Leão Nardo concluiu que era o momento de criar a
função de Gestor para a área onde a formiguinha operária trabalhava. O cargo
foi dado a uma Cigarra, cuja primeira medida foi comprar uma carpete e uma
cadeira ortopédica para o seu gabinete. E ficava só cantando.
A nova chefe, a Cigarra, precisou ainda de computador e de
uma assistente (que trouxe do seu anterior emprego) para ajudá-la
na preparação de um plano estratégico de otimização do trabalho e
no controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga,
que já não cantava mais e a cada dia se mostrava mais desanimada, desestimulada
e deprimida. E ficava agora só pensando besteiras, e não mais tinha
tempo para pensar em trabalhar.
Foi nessa altura que a cigarra convenceu o gerente, o Sr. Leão Nardo, da
necessidade de fazer um estudo climático do ambiente. Ao considerar as disponibilidades,
o Sr. Leão Nardo deu-se conta de que o Gabinete em que a formiguinha
trabalhava já não rendia como antes, e contratou a dona Joaninha, uma prestigiada
consultora, muito famosa em auditoria, para que fizesse um balanço, com
diagnóstico e soluções.
A Joaninha permaneceu três meses nos gabinetes e fez um extenso
relatório, austero, em vários volumes, que concluía: "Há muita gente
neste setor". Adivinhem quem o Sr. Leão Nardo começou por despedir? A
formiga é claro, despedida por contumácia porque "andava
muito negligente e improdutiva".
E
a formiguinha, trabalhadora laboriosa, diante de tanta perseguição e
assédio moral, desempregada, enfartou. Dizem que surtou.
Toninha olhou para o Balu e
perguntou: - Pode Isto Balu? E ele caiu na gargalhada e disse para Toninha,
minha querida Lobinha é isto mesmo, hoje em qualquer lugar acontece assim. “Dizem
que sua história ou qualquer semelhança com a realidade é pura
coincidência...” – E Foi então que Toninha viu que ela precisava sorrir
cantar e viver a vida, pois só assim poderia ser alguém no futuro diferente
dos chefes que a formiguinha lhe contou.
Esta história é toda
ela baseada nos contos de La Fontaine
(1621-1695)
nota de rodapé: - A Formiguinha Trabalhadora de “Lá Fontaine”
é um caso único no universo empresarial e que muitos já descartaram tendo
melhores resultados. Como dizia nosso Mestre B.P quando começamos a inventar a
criar situações anômalas no escotismo, quem sabe podemos estar indo para o
buraco. Uma bela sexta, um esplêndido fim de semana e boa leitura.
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