Os Contos da meia noite.
Ruth.
Fim da reunião. Melhor possível, Sempre Alerta e todos se foram para
suas casas. Como Chefe do Grupo sempre fico até mais tarde para dar uma última
olhada na sede. Na saleta encontrei Ruth sentada em uma cadeira e chorando. – Não
era normal. Ela era uma guia das antigas, Lobinha e Escoteira com louvor. Não
sabia o que dizer. Ela me olhou com os olhos rasos d’água. – Chefe, não dá
mais. Não consigo pensar viver sem ele, mas com ele nem sei se poderei viver. –
Pensei comigo: - O amor é a única loucura de um sábio e a única sabedoria de um
tolo.
–
O que dizer para ela? Eu sabia que para os erros, há perdão. Para os fracassos chance. Para os amores impossíveis,
tempo. Olhei nos seus olhos negros e continuei calado. – Ela se levantou me
pediu desculpas e disse que ia partir. Pensei em dizer alguma coisa, dizer que
não deixasse que a saudade a sufoque, que a rotina acomode e que o medo lhe
impeça de tentar... Eu não era um sábio, nunca tinha certeza de nada. A minha sabedoria
sempre começava e terminava com dúvida.
- Pensei em lhe dar um
abraço. Sabia que tem palavras que chegam com um abraço... E tem abraços que
não precisam de palavras. Não fiz nada disto. Ela partiu com o coração em
prantos. Eu fiquei ali ruminando e a chamei sem esperança. Ela olhou para traz.
– Ruth lute pelo que acredita, se nada mudar, invente, e quando mudar entenda.
Se ficar difícil não desista, e quando ficar fácil agradeça. Se a tristeza
rondar, alegre-se, e quando ficar alegre, contagie. E quando recomeçar acredite
você pode tudo.
- Ela sorriu tristonha para
mim. Vi que pensou em voltar, mas seguiu seu caminho sem olhar para trás. Sabia
que tinha de dizer minhas últimas palavras. Minha função minha obrigação. Falei
alto para ela ouvir: - Ruth, tudo é possível pelo amor e pela fé que você tem
em Deus! – Ela me ouviu e balançou os ombros. Virou a rua da sede me acenando
como a dizer que não era seu último adeus...
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