O cavalo de Troia foi
um grande cavalo de madeira usado pelos gregos durante a Guerra de Troia, como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada
de Troia, cujas ruínas estão em terras hoje turcas. Tomado pelos
troianos como um símbolo de sua vitória, foi carregado para dentro das
muralhas, sem saberem que em seu interior se ocultava o inimigo. À noite,
guerreiros saem do cavalo, dominam as sentinelas e possibilitam a entrada do
exército grego, levando a cidade à ruína.
A matilha Vermelha e a Operação Cavalo de Troia.
A matilha vermelha estava em polvorosa. A grande competição
anual com tema livre estava marcada para o próximo sábado. Nos últimos dois
anos eles ganharam o prêmio. O que os outros fariam? Eles iriam fazer uma
grande apresentação – Uma mimica bem bolada de um sobrado em chamas, um neném
chorando, um bombeiro passando etc. Gostaram muito quando Larissa deu a ideia.
Riram muito de tudo. Achavam que a as demais matilhas iam rir a valer também. O
primeiro prêmio estava no “papo”!
O premio era o máximo. Três caixas cheias de bombons Sonhos de
Valsa para o primeiro colocado. Eles sabiam que a vitória estava na mão e os
azuis? Eles eram o perigo. Sempre disputando palmo a palmo com os vermelhos.
Larissa era a prima da matilha e conversou com Téo seu segundo
sobre o tema. Ela sabia que as outras matilhas não eram páreo para os
vermelhos. Como descobrir o que os azuis iriam fazer? Afinal a preparação era segredo
para todos. Cada matilha teve um mês para se preparar. E não era na sede por
isso ninguém sabia o que iriam apresentar. Marcaram uma reunião na casa do Téo.
Toda a matilha Vermelha. Eram seis. Laércio, Matilde, Noêmia, Vadinho, Larissa
e Téo. A mãe dele sempre prestativa e alegre com os lobinhos. Serviu uma
vitamina de mamão bem geladinho com biscoitos achocolatados.
Larissa repassou novamente a apresentação da matilha. Depois
colocou o problema na mesa. Quem sabe o que os azuis irão apresentar? Ninguém
sabia. Ficaram ali conversando por mais uma hora. Larissa muito esperta disse
que sem saber o que eles os azuis iriam fazer não seria possível ter a certeza
que iriam ganhar novamente. Alguém pode descobrir? Ninguém podia. Era uma
reunião secreta que as matilhas faziam e ninguém podia se aproximar que não
fosse da própria. Tive uma ideia! Disse o Laércio, e se colocássemos na reunião
deles um Cavalo de Troia?
Poucos sabiam o que era isso. Foi o próprio Laercio quem
explicou - O cavalo de Troia foi um grande cavalo de madeira usado
pelos gregos
durante a Guerra
de Troia, como um estratagema decisivo para a conquista da cidade fortificada de Troia, cujas ruínas estão em terras hoje turcas. Tomado pelos troianos como um símbolo de sua
vitória, foi carregado para dentro das muralhas, sem saberem que em seu
interior se ocultava o inimigo. À noite, guerreiros saem do cavalo, dominam as
sentinelas e possibilitam a entrada do exército grego, levando a cidade à ruína.
Duvidas brotaram. Mas vamos fazer um cavalo de madeira e colocar no quarto do
primo da matilha azul? Risos de todos. Nada disto tenho um plano disse Laércio.
Vamos dar a ele um presente. Um presente que
ele não gosta. Ele vai deixar no quarto e não vai ligar. Dentro do presente
iremos colocar um microfone em miniatura. Meu tio é detetive e acho que pode me
dar um de presente. Quando soubermos o dia que irão se reunir, ficaremos
próximos a casa dele e vamos ouvir tudo! Grande plano disse Larissa. Os demais
ficaram meio assim. Acharam que não era próprio de lobinhos e da Lei do Lobinho.
Mas no final Larissa convenceu todo mundo.
Uma semana antes todos já sabiam o que os azuis
iriam fazer. Deram até risadas, pois as danças da Jângal já não eram mais
surpresas e um deles soube de uma nova de Kaa. Treinaram a valer. Eles estavam
no papo. O dia chegou. Sorrisos, um olhando para o outro. Melhor Possível!
Melhor Possível Akelá! O Grande Uivo foi lindo. Todos pulando juntos e alto
gritando – Melhor! Melhor! Melhor e Melhor! Fizeram um jogo de “cola” (um
escolhido como cola, os demais soltos no pátio, o cola encosta em um e cola e
vai tentando colar todos os demais). Mas a espera era mesmo na apresentação.
Soninha da Verde com seus olhos azuis sonhava
com os bombons. Zeraldo da Marrom pensava como seria bom ganhar e comer os
sonhos de Valsa. Todos agora só viam as três caixas de bombons, pois era o
maior premio que poderiam receber naquele dia. A hora chegou. Balu chamou todos
até o anfiteatro. Aboletaram-se na frente. Ninguém queria ficar distante do
palco. A Matilha Verde fez uma apresentação primorosa. A mãe de um deles era
professora de canto e tocava violino. Treinou com eles uma canção linda. Uma
apresentação de gala.
Depois foi chamado a Marrom. Fizeram um pequeno
teatrinho contando a vida de Baden Powell. Perfeito, lindo mesmo. Ninguém sabia
que eles poderiam fazer tão bela representação. Foi à vez dos vermelhos.
Larissa toda posuda foi a primeira a interpretar o bombeiro. Cada um se esmerou
quando chegou sua hora. Riram muito do Laercio interpretando o nenenzinho
chorão. Muitas palmas quanto terminaram. Larissa olhava para cada um e sorria.
Era como a dizer que não tinha para ninguém.
Mas meu Deus! Chegou à vez dos Azuis.
Arrasaram. Simplesmente arrasaram. Não apresentaram nenhuma dança. O que ouve?
Alarme falso no microfone do Laercio? O que eles fizeram até os vermelhos
tiveram que aplaudir. Uma apresentação primorosa. A fábula da Estrela Verde.
Apresentaram soberbamente. Linda a historia. Deus mandou varias estrelas a
terra. Voltaram desiludidas muitos anos depois. Disseram que a terra é um mundo
ruim. Gente se matando, roubando, não existe amor e quando existe é só uma
paixão passageira. Porque continuar lá? Disseram. Deus então deu falta de uma
estrela. Onde está a Verde? Perguntou. Ela? Disseram. Ficou lá, achou que
poderia ajudar os humanos a mudarem de atitude. A serem bons. A amarem uns aos
outros. Deus e as demais estrelas então olharam para a terra e viram um clarão
verde em volta dela.
Uma lição de moral para os vermelhos. Não
pensaram nos outros só em sí próprio. Queriam a todo custo ganhar e para isto
não mediram as consequências. Foram desonestos. Esqueceram que todos na
Alcatéia são irmãos uns dos outros. E o pior os azuis quando receberam o premio
foram a cada um dos lobinhos com a caixa oferecendo. Não disseram tire um, mas
fique a vontade para escolher seu bombom preferido. Larissa ficou envergonhada.
Foi até aos azuis e abraçou a cada um individualmente.
Finalmente a palestra da Akelá na Pedra do Conselho foi linda.
Ela disse que na Alcatéia todos são estrelas. Que estamos ali para aprendermos
que a amizade vale tudo. Que devemos ganhar se possível, mas se não for, que se
aplauda o vencedor. Parabenizou os azuis por serem tão gentis em distribuírem
com toda a Alcatéia o premio. Larissa jurou para sí que nunca mais fariam o que
fizeram. O gesto dos azuis tocou fundo em cada um.
E assim termina a operação Cavalo de Troia. Tudo deu errado. Mas
tudo deu certo para aprender a crescer internamente. Isto é ser lobinho. Uma
lição cada dia e um coração firme nas sendas do escotismo honesto, leal e
sincero. Como é bom ser lobinho ou lobinha. Sorrir, cantar e ver sonhos
realizados na Alcatéia de Sheone.
E a matilha Vermelha continuou unida por muitos e muitos anos. Alguns
passaram para a tropa, entraram outros, mas a amizade, a fraternidade e o
respeito faziam parte da vida de cada um.
Nas cerimônias do Grande Uivo, os Vermelhos saltavam com alegria e
vivacidade a dizer a plenos pulmões quem eram e o que seriam – “Melhor, melhor,
melhor? – Sim, melhor, melhor, melhor e melhor”.
E quem quiser que conte outra...
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