sábado, 9 de março de 2013

As aventuras do Escoteiro Juquinha e o malvado Topyath, o Gorila Imortal.


As aventuras do Escoteiro Juquinha e o malvado Topyath, o Gorila Imortal.

                Juquinha está de volta. Depois de suas estripulias no Vale dos Sonhos e quando resolveu fazer uma festa de natal para uma família pobre, ele volta agora a toda. O mesmo Juquinha. Ainda gordinho. Ainda sonhador. Mas aquele Escoteiro que não desiste nunca. A patrulha já não levava tão a sério seus sonhos impossíveis. Respeitar sim. Juquinha todos sabiam tinha um coração de ouro. Sempre a dividir o que tinha com alguém. Lino agora era o monitor da Patrulha. Romildo passou para os seniores. Todos conheciam suas qualidades na cozinha. Diziam a boca pequena que era o maior cozinheiro escoteiro de todos os tempos. O único que fazia belos fornos nos acampamentos e claro, deliciosos bolos de chocolate, baunilha e tantas gostosuras quem sabe melhor que em suas casas.

                 A Patrulha estava em reunião. O Chefe da Tropa deu vinte minutos para que eles dessem continuidade nas etapas de progressão. Muitos estavam atrasados. Um ensinava o outro e Lino o Monitor ensinava a todos. Juquinha pediu a palavra. Sempre fora muito educado. Nunca gritou ou foi indelicado com ninguém. – Monitor: - Eu fiquei sabendo que lá na Colina dos Pastores tem uma gruta enorme. Sei de fontes fidedignas que nesta gruta está enterrado um "Velho" baú cheio de tesouros incríveis. Têm taças, colares, cruzes de ouro, tudo o que se podem pensar, fora as pedras preciosas. Queria propor a Patrulha ir lá acamparmos no próximo feriado. Tiramos uma tarde e vamos explorar a gruta e quem sabe voltaremos ricos? – Todos deram boas gargalhadas. Neneco um Escoteiro novato deu um tapinha em suas costas e disse – Só vou se você fizer um gostoso bolo de chocolate! E todos caíram na risada.

              O Chefe Carlos ficou sabendo da conversa de Juquinha. Ele estava de olho nele. Juquinha na última vez que sumiu em busca do tal Vale dos Sonhos, ou melhor, Vale Encantado como ele disse deixou a tropa em polvorosa. Ficaram uma tarde e uma noite a procurar por ele. Todos ficaram com medo que algum acidente grave pudesse acontecer a ele. – Juquinha, estou sabendo do seu novo sonho – Não Chefe, não é sonho. Zorrito me contou. E quem é Zorrito? – Meu amigo Chefe. Ele me procura sempre quando estou dormindo. – Juquinha, não vou estragar sua amizade com Zorrito, mas se você me aprontar mais uma sou obrigado a levar você a Corte de Honra e depois vou falar com seus pais. Garanto-lhe uma suspensão por meses. Juquinha assustou. – O que diria para Zorrito? Que não iria à Gruta do Gorila?

             Juquinha procurou Nilo na casa dele. Explicou de novo tudo. Ele precisava de pelo menos um para ir com ele. Isto porque alguém precisava distrair Topyath enquanto ele pegava algumas pedras preciosas. – E quem é Topyath? Perguntou Nilo. O Gorila. Mas dizem que é fácil enganá-lo. Está lá a mais de mil anos! – Juquinha, acho que você está procurando ser expulso da tropa. O Chefe Carlos já me preveniu. Ele como todos nós adoramos você. Mas um dia você vai colocar alguém em perigo e isto nós temos de evitar. E foi embora dizendo que ele estava proibido de continuar com aquelas tolices.

               Juquinha quando colocava alguma coisa na cabeça não desistia. Continuou frequentando as reuniões, tomando belos tombos nos jogos pelo seu corpanzil que tinha mais gordura que tudo. Mas ele enfrentava qualquer um. Mesmo sabendo que iria perder ele não desistia. Ia bem na progressão. Todos achavam que ele ia conseguir fácil o Lis de Ouro. No final da reunião o Chefe Carlos disse que no feriado não iria ter reunião e a jornada da tropa não ia acontecer. Aconteceu um imprevisto e ele pretendia fazer um curso Escoteiro na capital. A tropa ficou triste, mas sabiam que era para uma boa causa. Juquinha vibrou. Agora posso programar minha ida a Colina dos Pastores sem que ninguém desconfiasse. Não queria ir sozinho, mas não podia confiar em ninguém da Patrulha.

               Juquinha fez algum muito feio. Mentiu para seus pais. Esqueceu que o Escoteiro tem uma só palavra, e não contou que o acampamento do feriado fora cancelado. Procedeu como se fosse com a tropa. A sede ficava a dois quarteirões e seus pais não tinham o costume de levá-lo até lá. Saiu no sábado cedo. Levou a ração B para dois dias. Pretendia voltar no domingo. Foi sozinho. Puzt! Sozinho mesmo. Nunca tinha feito isto. Ele tinha muito medo do escuro. Pensou muito em não ir. Sabia que ia dar galho na volta. Mas a sede de aventura foi maior e o Zorrito vivia azucrinando seu ouvido para ir. Ele nunca conversou com Zorrito. Ele apareceu assim em um sonho como a empurrá-lo para uma aventura tremendamente perigosa. Ele sabia que Zorrito era produto de sua mente, mas então como podiam conversar?

               Pegou a Rua que levava ao Curtume do Zezuel para evitar passar no centro da cidade. Foi beirando o Ribeirão da Chapada até a estrada do Capitão. Ele sabia que tinha de andar mais uns oito quilômetros até a subida da Colina dos Pastores. Às duas horas da tarde ele começou a subida. Era gordo. Mole para andar. Subia duzentos metros e parava. Às seis da tarde resolveu parar. Não sabia onde estava. Levou só uma lona. Custou a achar uns gravetos e acendeu um fogo. Fez uma sopinha só para ele. Rápido. Era mestre nisto. Começou a ouvir os ruídos da noite. Seus olhos ficaram arregalados. Um medo terrível. Claro que ele dizia para todos os escoteiros que não tinha medo. Em seus sonhos ele enfrentava com coragem. Mentira. Agora o medo estava à flor da pele. Para onde olhava via uma figura. Achou que estava cercado de demônios de todos os tipos.

                   Abriu o saco de dormir. Enfiou dentro dele e se enrolou todo. Precisava dormir. Tinha de dormir. Sentiu que alguém puxava seus pés. Começou a gritar, alto, gemia, pedia pelo amor de Deus! Chamou sua mãe, seu Chefe. Não parava de gritar. Abriu os olhos e viu que era Zorrito. Maldito pensou. Porque não apareceu antes? Vamos Juquinha. Agora é a hora. Vamos aproveitar que o Topyath está dormindo. Juquinha tomou coragem e foi com Zorrito. Quem de longe observasse veria Juquinha conversando sozinho. Logo ele avistou a entrada da gruta. Pequena. Mal cabia ele passar deitado na entrada. Quando saiu do outro lado era enorme. Enorme mesmo. Um grande lago no meio. Caia uma pequena cascata do lado norte. Juquinha sorriu. Lindo este lugar. Poderia dormir aqui todas as noites pensou.

                  Tudo acabou para Juquinha. Viu do outro lado do lago Topyath. Era um Gorila enorme. Grande. Imenso! Estava em pé. Olhos vermelhos, cor azulada que lhe dava um aspecto tétrico. O Gorila não se mexia. Estava imóvel olhando para ele. Parecia uma estátua. Zorrito apareceu ao seu lado e disse que aquele era o Topyath. Contou-me que ele tinha mais de 1.000 anos. Topyath parecia ter um magnetismo em seu olhar. Juquinha começou a ficar tonto. Sem perceber caminhou na direção do gorila na trilha do lado do lago. Ficou de frente para ele. Juquinha desmaiou. Acordou sonolento em outra gruta. Quem sabe o prolongamento da primeira. Estava em um cercado de pedras. Seria fácil pular e fugir, mas ele Viu Topyath a menos de setenta metros. Viu também vários outros gorilas. Menores. Mas brincavam em volta dele.

                  Juquinha não sabe quantos dias ficou ali. Sempre vigiado. Zorrito tinha desaparecido. Maldito pensou Juquinha. Trouxe-me para esta enrascada e desaparece. Juquinha não sabia o que fazer. Um dia viu que um barulho parecendo um terremoto começou a acontecer na gruta. Viu que não havia gorilas brincando. Viu que Topyath sumira. Era sua hora. Pulou as pedras do seu cercado e procurou uma saída. Encontrou uma. Nem bem andou cem metros e parou embasbacado. A sua frente tesouros imensos. Um pequeno salão que brilhava com o ouro, diamantes, esmeraldas, turmalinas. Tinha de tudo. Juquinha não se fez de rogado. Pegou uma enorme taça de ouro e colocou na mochila. Pegou uma turmalina e uma esmeralda. Sentiu um enorme safanão em suas costas. Meu Deus! Era Topyath!

                  Saiu correndo. Nem olhou para trás. Caiu em um riacho enorme com grandes corredeiras. Ele sabia nadar. Boiou. O riacho o levou por vários quilômetros dentro daquela montanha. Uma enorme cachoeira a sua frente. Não tinha como evitar, caiu, caiu e acordou com o Lino seu Monitor gritando. Acorde Juquinha acorde. Pare de berrar! Atrás de Lino estava sua Patrulha e o Chefe Carlos. Olhavam para ele furiosos. – Os pais de Juquinha deram falta dele na segunda. Ele não apareceu. Era dia de aula. Correram a casa do Chefe Carlos. Ele sabia onde tinha ido parar o Juquinha. Chamou a Patrulha. Foram de carro até a subida. Não foi difícil encontra-lo dormindo. Sabiam que ele não aguentava andar muitos quilômetros. Juquinha olhou para o relógio. Meio dia. Dormira dois dias e meio. Não falou nada. Maldito Zorrito.

                     Chegou em casa e ouviu o que não queria. Ele merecia. Chefe Carlos só disse que sábado ele esperasse as providencias que seriam tomadas. Jogou o bornal em um canto do quarto. Chorou por uma semana. Amava o escotismo. Se o expulsassem ele preferia morrer. Se apenas dessem uma suspensão tudo bem. Juquinha era religioso. Rezou muito. Foi na missa das seis da tarde na terça, na quarta, na quinta e na sexta. O Chefe na quinta conversou com seus pais. Não contaram para ele o teor da conversa. Pela manhã de sábado foi fazer a limpeza na mochila e no bornal. Encontrou uma taça de ouro, uma enorme turmalina enorme e outra grande maior ainda, mas era uma esmeralda.

                     Juquinha foi suspenso por sessenta dias. Guardou nestes dois meses o seu segredo. Zorrito nunca mais apareceu. Um ano depois conversou com seu pai. Contou a história. Mostrou o tesouro que trouxe. Sei pai vendeu tudo. Ficaram ricos. Deram uma boa parte ao grupo que terminou a bela sede que construíram. Chefe Carlos ficou pensativo. Resolveu voltar lá com Juquinha. Foi com sua Patrulha e mais três chefes. Vasculharam tudo e não encontraram a tal gruta. Revisaram palmo por palmo. Nada. Não sabiam o que pensar. Voltaram à tardinha. Como sempre ele era o último da fila. Parou para descansar. Olhou para uma pedra enorme no alto das colinas. Lá estava. Zorrito e Topyath acenando para ele e abaixo deles a entrada da gruta! Sorriu. Assustou-se com o Chefe Carlos o chamando. Estava dormindo de novo!       

À riqueza trás a felicidade?
Prefiro viver na pobreza com felicidade e amor, do que viver na riqueza cheios de interesses, invejas, e sem amor e felicidade.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....