A passagem.
Uma história,
uma lenda da Jangal.
Prólogo: - Lobos... “A
Lei da Jângal vai lhe ensinar a dominar-se a ter segurança entre os novos
amigos que irá fazer. Vai aprender que as Leis da sua nova morada que não
conhecia vai te ensinar a amar a todos seus novos irmãos para o seu próprio
bem”. E quando chegar a hora lembre-se a uma nova Promessa a sua espera. Tão
sublime como a Promessa do Lobo e ela também tem traços de verdade que o farão
feliz por toda a vida.
Era uma vez... Havia muitos dias e muitas
noites que Giovanna chorava. Ela não queria acreditar, pensava uma maneira de
fugir e ficar ali para sempre na Alcateia. A Akelá, o Balu, a Bagueera sempre
ao seu lado acalentando. – Chefe! Eu não quero sair daqui! – ela dizia. Eu
quero ser lobinha para sempre. Não adianta me dizer que Mowgly um dia foi para
a Alcateia dos homens, eu não sou Mowgly, eu sou uma lobinha da Alcateia de
Seeonee que ele um dia participou! Chefe! Ela repetia, eu não sou o Shery Khan,
não sou um tigre manco covarde e nem sou o Tabaqui aquele que permuta a própria
honra para sua proteção. Não sou covarde e nem aduladora! Um dia eu serei Hathi que se se fez
respeitado pela sua experiência e sabedoria! – Nada, mas nada mesmo fazia Gigi
mudar de ideia. Todos os chefes sabiam que ela tinha de passar para a tropa,
sua idade e sua maturidade estavam chegando. Diversas vezes eles contaram as
maravilhosas histórias de Mowgly, de Akelá o lobo cinzento forte e altaneiro.
Do Baloo um urso pesado e grandalhão inofensivo, mas que era um amigão. De
Bagheera a Pantera Negra de pelagem linda de seda. Astuta, intrépida, corajosa
uma das poucas que compreendia bem Mowgly.
Não tinha jeito. Gigi se tornou
uma menina amarga em casa, na escola e na Alcateia. Tudo porque tinha chegado
sua hora. Todos sabiam que este dia haveria de acontecer. No seu intimo ela
achava que era Raksha uma loba valente e vigorosa que dava a vida pelos demais
lobos. Contam nas alcatéias que os meninos e meninas ao entrarem na Jângal não
sabem o que os espera. Eles vão atrás apenas das belezas e aventuras que a
floresta oferece. Quando chegam aprendem que ali tudo é organizado, que existe
leis a cumprir protegem-se uns aos outros e sabem que na matilha o primo é um
irmão mais Velho que deve sempre ser consultado. Ela aprendeu que os erros
acontecem na selva, e sabe também que todo erro será julgado, aconselhado ou se
receberá uma punição, pois só assim a paz entre os lobos voltará a reinar. Tudo
isto martelava a mente de Gigi. Ela lembrava como Naty chorou quando foi embora
para a Alcateia dos homens. Ela chorou desde que foi obrigada a fazer a trilha.
– Chefe! Ela contava, Naty me disse que não gostou da patrulha, não gostou dos
Escoteiros!
A mãe de Gigi várias vezes
procurou a Akelá para conversar. Ela sabia que um dia isto iria acontecer, as
reuniões dos pais na Alcateia era uma gostosa vivência que fazia de todos eles
lobos da Alcateia de Seeonee. Ela soube da história de Naty, pois Gigi lhe
contou chorando. Chefe! Alguma coisa precisa ser feita. Quem sabe conversar
melhor na tropa, tentar mostrar aos meninos e meninas que ali se encontravam
que uma passagem significa muito. Gigi sabia que Tininho era para ela o Lobo
Gris, seu melhor amigo na matilha verde. Sempre a avisava quando Shery Kaan
estaria de volta. Era um irmão de verdade e ele sempre lhe disse isto. Eles
eram um povo livre e na Alcateia a alegria reinava para todos sob a liderança
de Akelá. Gigi adorava a Dança de Bagheera, a Dança de morte da Shery Khan: -
¶Mowgly está caçando, Mowgly está caçando, matou o Shery Khan, esfolou o come gado,
Rá Rá Rá!¶ Ela adorava esta. Quando a Akela a escolhia para dizer melhor,
melhor, melhor e melhor no Grande Uivo ela sabia que seria o dia mais alegre de
sua vida.
Foi Kaa quem um dia
contou o porquê Mowgly foi embora para a Alcateia dos homens. Contou tão bonito
que ela ficou impressionada. - Gigi, ela dizia um dia Mowgly se cansou. O que
os lobos faziam ele achava infantil. Tudo aquilo que para ele significava muito
já não era como antes. Mesmo amando seus amigos ele se sentia do lado de fora
da Jângal. Embora ele amasse seus amigos e os tivesse na mais alta consideração
ele sabia que agora era importante para ele. Ele cresceu, viu na cidade dos
homens um motivo para aprender a conviver e aprender como adulto uma nova vida.
Sabe Gigi, o lobo ou a lobinha sabe que viveu e aprendeu os ensinamentos da
selva. Mas agora crescido já tem maturidade para ver que precisa seguir
adiante. A vida é assim, ela nos ensina a prosseguir sempre não podemos
estacionar e pensar que aqui o vento sopra todos os dias com a mesma
velocidade. Precisamos um dia ser o Mowgly, seguir com os outros para aprender
a ser mais que um lobo. Se aqui na selva você se preparou, se amou seus irmãos
se aprendeu a se defender do Shery Khan então chegou sua hora de partir. Isto
nós chamamos de responsabilidade para com sua própria vida, a seguir as outras
trilhas fora da floresta.
Gigi ouvia o Baloo e não
chorava. Ela estava tentando entender. Ela olhou um pouco seu passado e viu que
muitas das coisas que fazia era muito infantil. Quantas vezes pediu para a
Akelá novos jogos, novas descobertas e até novos acampamentos mais fortes
dormindo em barracas, subir em árvores, atravessar rios e tantas coisas que os
lobinhos não faziam? Quando foi para casa Gigi conversou com sua mãe. Ela a
abraçou e disse: - Olhe Gigi, você vai crescer, um dia vai-me dizer que precisa
ter seu espaço, não vai mais querer morar aqui. Isto não vai significar que não
me ama que não ama sua família. Vai chegar a hora de sair da sua segunda ou
terceira floresta. Vai chegar a hora de você fazer nova passagem para sua vida
adulta, para ter seu própria vida e o seu livre-arbítrio. No sábado Gigi disse
para a Akelá que ela podia combinar com o Chefe Escoteiro sua trilha.
Naquele sábado ela
estava preparada. A passagem foi linda e Gigi sabia que nunca mais iria
esquecer aquele dia. Apertou a mão de cada lobo com um sorriso. Dizia para si
própria que ia em busca de uma nova vida. Uma vida de descobertas para que ela
pudesse assimilar mais seu crescimento interior. Todos fizeram a cadeia da
fraternidade e uns poucos choraram. Ela não. Sabia que ia voltar sempre para
estar um pouco junto deles. Quando vestiu seu uniforme de Escoteira Gigi sentiu
orgulho e tristeza. Tristeza pequena por deixar o uniforme que amava, mas ela
sabia que o novo ela o amaria também. Abraçou fortemente aos seus antigos
chefes e se apresentou ao novo Chefe na tropa. Uma patrulha se aproximou e a
convidou a dar o grito. Foi gostoso demais, foi formidável. Gigi agora sorria, Ela
iria viver uma nova vida na cidade dos homens. Sabia que nunca desistiria de
prosseguir a jornada que ela escolheu, ela sabia que tinha o escotismo na
mente, junto dela e no seu coração Escoteiro!
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