Crônicas de
um Chefe Escoteiro.
Palavra de
Escoteiro!
- Palavra de Escoteiro! –
O Doutor Moisés olhou demoradamente o seu novo funcionário. Olhou seu
curriculum e decorou seu nome. João Silva. Um nome simples que não diz nada.
Ele só perguntou se ele era um homem de confiança. João Silva não pestanejou. -
Pode confiar Doutor, Palavra de Escoteiro. Doutor Moisés já tinha ouvido falar
dos Escoteiros. Nunca prestou atenção, pois na imprensa falada escrita e
televisada que ele lia e diariamente assistia na TV eles os Escoteiros nunca
apareciam. Diziam que eles fazem uma boa ação, vendem biscoitos e adoram
acampar. Doutor Moisés interessou em conhecer melhor. A tal Palavra de
Escoteiro sempre era comentada em filmes americanos. Mas agora não era a hora
de se abrir com João Silva. Ele não o conhecia e não podia dar demonstração de
afeto.
Um dia dormitava em sua
varanda e viu na praça na rua onde morava vários meninos de azuis. Porque não
assistir o que eles fazem? Pensou. Encantou-se com o que viu. Ele um alto
executivo dono de muitas empresas nunca pensou que o escotismo fosse assim. -
Com licença senhor! Pode me dar um minuto do seu tempo? – Olhou para os jovens que
estavam em sua frente. Uma menina vestida de azul, um lenço verde e amarelo no
pescoço e um lindo boné azul com alguns distintos. – Doutor Moisés sorriu. Eram
seis. Todos educadamente postados um ao lado do outro. – Qual o seu nome? Ele perguntou
– Me chamo Patrícia, este é o Pedrinho, depois a Noelí e o Sapa. No final da
fila o Jurandir e a Marli. Todos nós somos da matilha vermelha. Estamos com
nossa Alcateia aqui na praça fazendo um grande jogo.
Doutor Moisés se
interessou. - Pois não qual é o grande jogo?
Temos de convidar uma pessoa para ser nosso tutor junto a Akelá que é a nossa
Chefe. Basta saber a Lei do Lobinho fazer o nó de escota e volta do fiel. Devem
ter noção do grande uivo e para que ele serve. E depois falar quem foi o
fundador do escotismo – Mas não sei nada disto! Respondeu Doutor Moisés
sorrindo. - Fácil nos vamos ensinar. Quer ser nosso tutor? Claro que sim e os
lobinhos ensinaram tudo para ele. Amou o que viu. Sentiu que ali a verdadeira
educação de jovens era uma constante e o escotismo precisava ser conhecido.
Pedro Paulo estava cansado. Naquele sábado
ficou até as três no escritório. Precisava ver e rever um processo que na
segunda ele iria enfrentar frente a um Juiz. Pedro Paulo era proprietário de um
dos maiores escritórios de advocacia do país. Tinha prometido a Rubinho seu
filho de sete anos que iria levá-lo à noite ao Parque das Flores. Quantas vezes
ele prometeu e não realizou? Atravessava a rua proximo a Igreja do Bom Jesus
quando ouviu alguém dizer: – Senhor pode me dar um minuto do seu tempo? – Pedro
Paulo olhou pensando que era um destes pedintes e já ia dizer que não quando
viu um jovem de chapéu Escoteiro, bem uniformizado, com um lenço verde amarelo
e um belo sorriso. Ao seu lado uma jovem Escoteira sorrindo. – Pois não? Disse.
– Olha senhor tivemos uma solicitação em nossa carta prego em encontrar alguém
de idade, se possivel que estivesse de terno e gravata, para fazer dele um
Escoteiro por dez minutos. Só dez minutos! Podemos contar com o senhor? Dizer
não? Pedro Paulo foi com ele até o pátio que dava entrada na igreja.
Quando viu o que estava fazendo
sorriu. Ele com um par de bandeirolas transmitindo semáforos a outro adulto
como ele. Os Escoteiros e as Escoteiras orientavam. Depois fez um tampo de mesa
com uma costura de arremate. Nunca ouviu falar. Depois aprendeu a hastear uma
bandeira em um mastro. Por fim aprendeu o aperto de mão esquerda, o que
significava e o sinal Escoteiro. – Agradeceram dando a ele um certificado de
participação onde estava escrito: – O Grupo Avante agradece a sua participação
em ser Escoteiro por dez minutos! Gian Carlos foi para sua casa pensativo.
Gostou do que viu. Da educação e cavalheirismo das crianças. Do porte altivo no
uniforme que envergavam. Pensou consigo porque isto não está na imprensa? Na
TV? Isto sim faz parte da formação do jovem que pouco recebe de organizações
governamentais. Tomou um decisão, Rubinho seria um Escoteiro. Pegou o endereço
e no sábado seguinte o matriculou.
O Doutor Paulo Vinicius não
parava. Diretor do Hospital infantil São Judas dedicava inteiramente sua vida
ao trabalho com os jovens. Quase todos carentes e sofrendo com as doenças que
lhe foram reservadas na terra. Não tinha tempo para nada. O hospital era sua
vida e Dona Luiza sua esposa sabia que não adiantava reclamar. – Doutor! – Era
Darlene a enfermeira Chefe. – Estão aí fora quatro Escoteiros solicitando dez
minutos do seu tempo. – O Doutor Paulo Vinicius não tinha como negar. Mandou-os
entrar. Um deles um jovem alto e simpático apertou sua mão esquerda e o Doutor
Paulo sorriu. – Algum truque? – Doutor Paulo meu nome é Aniceto, sou o Monitor
da Patrulha Pico da Neblina, e venho em nome de nossa tropa sênior lhe fazer um
pedido. Somos oito Escoteiros seniores e cinco guias (moças) de 15 a 17 anos.
Nossa tropa sênior em Conselho de Tropa aprovou uma atividade de boa ação uma
vez por mês. Achamos que aqui temos um manancial que nos seniores e guias
podemos ajudar. Fazer as crianças aqui internadas sorrirem e quem sabe
acreditar em uma vida melhor.
O Doutor Paulo Vinicius nunca
esqueceu aquele dia. A principio preocupado, mas hoje ele mesmo gosta de
participar quando aos sábados os jovens escoteiros chegam cantando, cantam com
os meninos internados, dançam danças esquisitas, fazem jogos e até os que não
podem se levantar da cama adoram participar. Darlene a Enfermeira Chefe
participa e brinca como se fosse uma menina de dez anos. Os seniores e guias
sabiam que muitos deles nunca mais voltariam ao seio de suas famílias. Mas
fazer a felicidade de alguém nem que seja por um breve tempo valia os sorrisos,
a alegria e o sonho que um dia passou pela mente deles. Até o ultimo dia de
vida na terra, aqueles meninos agradeceram a Deus por ter enviado os Escoteiros
em seu meio. Vale a pena dizer – A felicidade dos outros é que me faz feliz!
Marketing. Quantos grupos fazem e
mostram o escotismo para sua comunidade? Acho que muitos. Precisamos de bons
profissionais para orientar e treinar os monitores e chefes. Quem não se lembra
dos santinhos da Coca Cola, da Varig, da Gillette, do Banco Lar Brasileiro, e o
manual do escoteiro Mirim? Belos tempos. Quantos até hoje ainda cantam bonito
junto ao Trio Irakitan. Eles de uniforme caqui, calça curta e chapéu com um
violão foi sucesso na época. Marketing, um passo a frente e pensar: - Se a
montanha não vem a Maomé, que Maomé vá à montanha. Enquanto isto como sempre os
Grupos Escoteiros fazem o que podem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário