Histórias gostosas para relembrar...
Pedras brancas de gelo na mata do Quati.
(Qualquer semelhança com a vida real não é mera
coincidência)
Inicio:
- Seis Escoteiros Seniores. Olhos vivos a perscrutar com a
vista todos os lugares naquela noite escura, sem luar sem medo da chuva ou
vento. Acampamentos vividos que alguns não esqueciam jamais. Em volta do fogo,
eles comiam banana assada. Pareciam mais pioneiros que sêniores. A moda índia
sentaram a vontade naquele foguito e se esquentavam de uma noite fria. Um
“foguito” pequeno. Chamas baixas, muitas brasas para não adormecer o café no
bule, já perdendo seu esmalte de anos e anos de acampamento. – Parece que vai
chover! – Tãozinho custava para falar. Era um sênior miúdo e de olhos vivos.
Minutos se passaram. – Gosto da chuva, adoro uma boa dificuldade debaixo de
tempestades. – Helinho ria para ele mesmo. Que o visse naquela hora achava que
não batia bem. – Israel olhou de soslaio. Não disse nada. Ele nunca esqueceria
o acontecido. Darcy não perdia a pose de dar uma boa gargalhada. – Valeu! O
melhor acampamento que fizermos. – Chico o menorzinho dos seniores queria dizer
alguma coisa. Não sabia o que dizer. Eu estava com os olhos fechados. Queria
reviver o momento. Voltar no tempo. Sentir as tremuras, o medo e a força que
fizemos em reviver, em refazer um acampamento destruído.
Meio:
- Cantantes, sorridentes, cada um já sabia o que fazer. O
esqueleto da barraca suspensa entre quatro árvores estava quase terminado.
Faltava ainda boas amarras nos tripés. Chico e Israel adentraram mais fundo na
mata. Precisavam de bons cipós que não quebravam. Sisal? Nem pensar. Nem
existia ainda. Aboletado lá no alto Israel e Tãozinho elevavam no ar uma bela
tora que serviria de escada até o alto da árvore. Eu e Helinho terminávamos
nossa cozinha. Planos futuros para ela também ficar suspensa. E porque não
levar água da bica até lá? - Belos planos. O céu escureceu. Tãozinho gritou! –
Nuvens baixas cor de cobre? Todos juntos responderam – É temporal que se
descobre! Melhor armar duas barracas de duas lonas para nos abrigar. O toldo
foi jogado em cima da cozinha. Darcy correu a cobrir o lenheiro. Uma patrulha
que sabia o que fazer. Não eram amadores. Ploc! Ploc! Uma pedra, duas um
punhado. Pedras brancas de gelo enormes!
Seguinte:
- Em
volta do “foguito” que dormitava e queria apagar, cada um pensava na vida que
tinham levado em belos acampamentos no passado quando Escoteiros da Patrulha Lobo.
– Foi duro, não foi fácil. Disse Helinho. Lembra Darcy das barracas? – Tãozinho
riu. Ele não gostava de sorrir. Viraram peneiras. Enterramos antes de
voltarmos. Perdemos quase tudo. – E o raio? Disse Darcy. Caiu como um chumaço
na base do estrado que fazíamos para as barracas suspensas. Não sobrou nada. –
Silêncio profundo. Cada um voltava no tempo. Chico levantou e pegou alguns
biscoitos – Alguém aceita? Foi você Vado que correu na frente de todo mundo
para ficar embaixo da enorme aroeira? – Israel gargalhou forte. – Ele parecia
um corisco com medo da chuva! – Medo das pedras enormes que caiam, eu disse. –
Bons tempos, disse Israel. Dormimos presos uns aos outros molhados sem poder ou
sem onde abrigar. – Todos concordaram com um leve levantar de sobrancelhas.
Seniores, quando se encontram em volta de um “foguito” tem histórias para
contar. Um vento forte levantou fagulhas no ar. – Vai chover? Disse Tãozinho.
Se tem vento e depois água? – todos responderam: Deixe andar que não faz
mágoa. – Vou dormir eu disse. Uns foram outros ficaram. Coisas gostosas
para lembrar. Passado que se foi.
Fim.
- Meus
olhos ficaram húmidos. Lembranças sempre me tocam o coração. Tempos bons,
tempos alegres, cheio de aventuras... Tempos que não voltam mais. Olhava a
chuva fininha que caia na rua. Acalenta minha alma. Outro dia recebi um
telefonema. Era Israel. A mesma voz. O mesmo estilo mineiro que adoro. Hoje
está no céu. Deus o levou antes de mim. Onde anda o Darcy? O Tãozinho? O
Helinho? O Chico deve estar zanzando por aí. Era o mais novo. Gente fina.
Escoteiros e seniores que tiravam o chapéu quando uma dama bonita passava por
eles. Lembranças... Dizem que quem não tem lembranças não viveu. Passou pelo
tempo como se não tivesse passado. Hã! Quanto não daria para entrar em uma
máquina do tempo. Mas ela ao me levar teria que fazer menino de novo. Será que
seria bom?
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