terça-feira, 16 de agosto de 2016

A incrível lenda do Guardião da Floresta da Bocaina.


Lendas escoteiras.
A incrível lenda do Guardião da Floresta da Bocaina.

“Conta uma lenda que toda vez que alguém desaparecia na Floresta da Bocaina as margens do Rio Vermelho, a sudoeste de Palo Verde e ao norte da capital do Pará, uma densa neblina tomava conta para evitar que as buscas tivessem sucesso. Dizem que era uma floresta tão densa que a luz do sol raramente passava entre as copas das árvores e isto criava um cenário ideal para a existência de lobisomens, bruxas e gnomos”.

Prologo:
                   Eu não ia deixar Diógenes sem graça. Aquela historia que ele contava que em uma das suas reencarnações era aquele que andava com um lampião aceso dizendo estar em busca de um homem honesto é pura invenção. Ninguem acreditava que ele foi o mendigo que perambulava pela rua carregando um lampião, dizendo estar procurando um homem honesto. Ele não trabalhava e tinha uma casinha boa e andava sempre bem vestido. Não éramos propriamente amigos e até desconhecia o seu outro modo de vida. Naquela tarde estava a meditar sobre nosso próximo acampamento quando ele sentou ao meu lado. A Praça do Povo era meu lugar preferido para pensar. – Eis que ele senta ao meu lado. Já lhe contei esta? Falou. Qual Diógenes? – A do Guardião da Floresta da Bocaina? Nunca tinha ouvido falar, mas dei corda a ele. Gostava de uma história bem contada e quem sabe ajudaria a entender melhor aquele jogo bem bolado que estava pensando para o próximo acampamento.

                 – Olhe meu caro escoteiro Já vi muitos de vocês de calças curtas na minha cidade. Sei que gostam de acampar, explorar florestas e montanhas e sei também que adoram seguir um riacho de água doce à procura de sua nascente. Eu morava em Palo Verde, disse, uma cidade a sudoeste do Rio Vermelho bem longe da Capital do Pará antes de vir para cá. - Foi lá que conheci os escoteiros. Eu os via desfilando de mochila indo para o campo a procura de aventuras. Um dia pensei em ser um e depois desisti. Tudo por causa do Jobson dos Santos. Um menino pequeno, magro, raquítico metido a valente e que não levava desaforos para casa apesar de sua fraqueza. Jobson resolveu ser Escoteiro. Foi aceito porque sua mãe era amiga de uma Chefe de lobinhos. Na Patrulha Lagarto ninguém ligava para ele. No primeiro acampamento sumiu por horas. Apareceu depois sorrindo e mesmo com a “lavada” do Monitor e do Chefe continuou rindo e não disse nada.

                Jobson era inteligente. Menos de cinco meses sabia tudo para fazer as provas Escoteiras. Só não fez porque o Monitor Maguilson foi contra. – Olhe precisa amadurecer mais. Jobson não disse nada, ele não encrencava e nem retrucava. Aceitava tudo de bom grado. Um dia em um acampamento de fim de semana um fazendeiro amigo da tropa fez uma visita e a noitinha e em uma Conversa ao Pé do Fogo contou uma história interessante. Claro que ninguém acreditou. – “Escoteiros” - ele disse – Se um dia vocês forem para os lados do Rio Vermelho, bem a sudoeste de Palo Verde nunca entrem na Floresta Negra da Bocaina. É uma floresta tão densa que é difícil andar. Mesmo com um bom facão fazer uma trilha é difícil. À tardinha uma bruma cinzenta percorre toda a mata e quase nunca o sol consegue penetrar entre as árvores.

                - Todo mundo prestava a máxima atenção ao senhor Zeferino o fazendeiro. Olhos arregalados, pois se tinham uma coisa que gostavam eram histórias incríveis e quem sabe um dia viver uma delas? – Nesta floresta negra dizem que habitam “lobisomens, bruxas e gnomos”. Contaram-me que tem um enorme leopardo rajado de amarelo e negro que toma conta de tudo. Ninguém ousa entrar lá e o tal Leopardo com suas enormes garras mata quem se arrisca. Um empregado meu, de nome Zózimo riu pegou uma espingarda e um facão e sumiu por dois meses. Encontraram-no quase morto as margens do Rio Vermelho. Depois que foi tratado no hospital pegou o primeiro ônibus e sumiu da cidade. Os que ouviram sua história tremem até hoje em contar.

                    Lourenço contou que encontrou o Leopardo. Horrível, não deu tempo de fugir. Mas o Leopardo o encurralou em uma gruta. O Leopardo sumiu e na noite escura e sem luar, apareceu uma linda moça, com um vestido longo e branco. Ele sorriu e achou que tinha tirado a sorte grande. Foi até ela e os dentes enormes e as unhas enormes logo o envolveram. A moça se transformou em um Leopardo e só não o matou porque ele conseguiu correr pulando nas águas escuras do Rio Vermelho. Depois contou que avistou um enorme lobisomem e várias bruxas voando. O Senhor Severino sorria com sua história. Mais tarde, na barraca Jobson deitado pensava na história. Não saia de sua cabeça. – Vou ver onde fica, se ninguém quiser ir eu vou!

                    Dito e feito. Jobson convidou a todos da patrulha – Ninguém quis ir. Ele tentou tudo e até o Chefe o proibiu de continuar com aquela história fantástica. Jobson, disse o Chefe, ninguém nunca voltou vivo, porque esta insistência? Acredite eu o proíbo de comentar novamente com sua patrulha. Jobson olhou o Chefe e não disse nada. Uma tarde Jobson sumiu. Seus pais preocupados o procuraram no grupo e com todos seus amigos. Nada. O delegado chamou diversos homens e correram por toda a vizinhança da cidade. Dona Matilde disse que o viu pela manhã de uniforme Escoteiro e chapéu, Uma mochila e um bornal rumo a nascente do Rio Vermelho. Os Escoteiros quando souberam pensaram logo que ele tinha ido para a Floresta Negra da Bocaina. Danado! Pensaram. No fundo todos o invejavam.

                     Jobson desapareceu por anos e ninguém mais ouviu falar dele. Nonato Castanheira era Sênior e tinha também o sangue aventureiro a correr em suas veias. Quando Jobson sumiu ele era lobinho. Agora como sênior vivia sonhando em conhecer o mistério da Floresta Negra. Um dia ele também sumiu. Cinco meses depois Nonato Castanheira voltou. Maltrapilho, doente e quase morto. Tinha um olhar diferente, não falava e nem sorria. Escreveu um bilhete aos seus pais pedindo desculpa por não ter dado notícias. Ele ia voltar e nunca mais iriam vê-lo novamente. No bilhete ele disse que apaixonou pela Fada Violeta, a mais linda mulher que o mundo conheceu. Contou que a noite ela se transformava em fada e durante o dia era o temido Leopardo Guardião da Floresta. A princesa Violeta tinha muitos homens em sua volta. Formavam um enorme batalhão que a defendia contra tudo e contra todos. Sobre as bruxas e Lobisomens e Gnomos ele não escreveu nada.


                      Pelo sim e pelo não acreditei na historia. Sempre tive um desejo de ir a Palo Verde para tirar a limpo esta historia. Eu sou um Escoteiro aventureiro e não deixo nada sem investigar. Vou tirar a limpo a história dos guardiões e da Princesa Violeta. Sei que eu não vou me enamorar. Adoro minha esposa e meus filhos e até já disse a eles o que vou fazer. Na próxima primavera irei de avião até Belém. De lá embarco em um navio no rio Amazonas até a nascente do Rio Vermelho. Se Palo Verde e a Floresta Negra existem, eu um Escoteiro vou encontrar sem sombra de dúvida. E quando voltar, se voltar vocês saberão toda a verdade!  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....