Pequena lenda
escoteira. Será?
Uma pequena
longa historia.
- Porque esta pose chefe?
Ele me deu uma olhada daquelas de matar qualquer um. Se soltasse fogo nas
narinas eu morreria queimado. – Quem é o senhor? – Eu? Ninguém, apenas um velho
Escoteiro aposentado que não tem o que fazer. Estou aqui admirando seu estilo
ao comandar estes meninos. – O que o senhor entende disto? - Ele perguntou.
Cocei a cabeça. Era sempre assim. Sempre aquele estilo de dizer: - Eu sou eu e
você? Não tinha mesmo nada com isto. Cada pai cada mãe sabe onde coloca sua
cumbuca. Ops. O filho é claro e ele não é uma cumbuca. Insistente perguntei
novamente: - O senhor é Chefe, líder, comandante gerente ou o maioral da
meninada? – Seus olhos saiam chispas. Fomos interrompidos porque um dos meninos
caiu ao chão. Afinal estavam ali ouvindo o brutamontes há tempos. O sol
inclemente não perdoava ninguém.
- Vá procurar quem te quer
e me deixe em paz! Ele remendou antes de ir socorrer o menino que caiu ao chão.
– Fui atrás. Sou insistente já disse. Gosto de dizer o que sinto sem
subterfúgios. – É insolação eu disse. Compressas frias na testa e ele volta ao
normal. O chefão se levantou, pois olhava o menino e quase me agrediu. Se ele
me desse um soco eu cairia feito manga madura no chão. Ploff! – O menino
melhorou. Tinha um semblante de que nunca mais voltaria. Mesmo eu aconselhando
que fizesse sua palestra na sombra o Comandante continuou sua palestra indefectível
para os meninos debaixo do sol inclemente. Ele parecia o Fidel que discursava
por horas e horas. – Ele me pegou pelo colarinho. Dois arrancos e me deixou em
paz. – Suma daqui Velho Escoteiro! Ele disse. – Humm! Não vou não. O local é público
e se não quiser me ouvir nem ver saia o senhor!
Ele usou a pose numero não sei
quanto, deu três apitos longos. Eles correram prá lá e prá cá e formaram em
linha. – Gostei Chefe! Eu disse. Notei que o senhor apita muito bem! Tem
estilo, isto é bom. – O que o senhor entende disto? Eu? Com a cara mais
inocente do mundo disse que era um pata tenra escoteiro. Gostava mais de usar o
Chifre do Kudu na minha época para formar. Ele franziu a testa. – E o que é um
pata tenra paspalho? “Bão”, agora a coisa complicou! – Pata tenra é aquele que
não sabe nada chefão, um aprendiz, agora paspalho me desculpe, mas não sou! –
Ele viu que eu estava glosando com sua cara. – O senhor é Escoteiro ou já foi?
– Bem foi em outra época. A gente menino tinha vez. Nosso Chefe ouvia mais que
falava. – De novo ele ficou vermelho. – Olhe moço, sou Chefe a mais de nove
anos, tenho a Insígnia da Madeira e fui convidado para ser DCB! – Nossa! Chefe
o senhor é importante demais! Mas olhe, caiu outro menino. O sol não perdoa...
Fui saindo de mansinho,
olhei para trás e vi meninos escoteiros desanimados, monitores escorando no
bastão para não cair. Fiquei pensando quando aquilo ia acabar. Virei à esquina e o sol inclemente me mostrou
que o mar não estava para peixe. Melhor voltar para minha casa. E os meninos
escoteiros?
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