segunda-feira, 3 de abril de 2017

Os heróis não tem idade.


Lendas Escoteiras.
Os heróis não tem idade.

                    Mariel com seus sete anos sonhava em ser lobinha. Tentou de tudo e nunca foi sequer ouvida pelos seus pais. Dizem que meninas de sete anos não sonham, mas não é verdade. Ofereceram a ela uma boneca Modelmuse 2013. Ela recusou. – O que você quer de Papai Noel perguntou seu pai? Ela abaixou a cabeça e disse – Quero ser lobinha! Ela já sabia a resposta. Desde o dia que pediu para participar que seu pai foi contra. Sua mãe também. – Nem pensar, diziam. – Não vou deixar você ir para o mato, dormir em barraca, pode aparecer uma cobra ou um bicho qualquer. E se forem para longe? Não sabe que sumiu um Escoteiro no Pico do Roncador e até hoje ele não apareceu? – Agora eles perguntavam o que ela queria de natal pensando que ela mudou de ideia. Seu pai um dia disse que eles eram esquisitos, vestiam um uniforme e se achavam os tais. Ninguém sabia, mas o Pai de Mariel quando jovem queria ser um e não foi. Motivos? Ele nunca contou.

                      Mariel em seu pequeno computador leu sobre tudo o que era os Escoteiros e os lobinhos, o que eles faziam, leu as histórias dos acampamentos, de Mowgly, aprendeu as provas e se ela entrasse hoje já sabia de tudo. Havia meses que ela insistia com seus pais e eles sempre negando. Chegaram ao ponto de dizer que se ela falasse mais no assunto eles a poriam de castigo. Sua mãe foi mais amiga, explicou para ela sobre sua idade, não conheciam os responsáveis e se alguém a raptasse? Afinal eles moravam em um bairro nobre, seu pai era Presidente de uma Grande Empresa e ela seria presa fácil para sequestradores. Dizer para sua mãe que havia outras crianças iguais a ela não adiantava.

                     Uma tarde de sábado sua mãe foi com seu pai ao Mercado fazer compras. Dona Nana a cozinheira ficou responsável por ela. Mariel não perdeu tempo. Que seja o que Deus quiser pensou. Sabia ser errado desobedecer a seus pais, mas tenho que ir ela pensou. Se pelo menos eu pudesse ver o que eles estavam fazendo já seria uma alegria para mim. Pé ante pé abriu a porta da Mansão e passou sorrateiramente pela portaria do Condomínio. Sabia que não era perto. Ficava a duas quadras do seu colégio. Foram mais de uma hora a pé. Ela não sabia pegar ônibus. Não foi fácil. Era uma menina frágil. Seus pais não a deixavam participar de atividades recreativas mais pesadas no colégio. Chegou ao Grupo Escoteiro bem na hora que estavam hasteando a bandeira. Ela ficou de longe olhando. Que belo espetáculo! Seus olhos se encheram de lagrimas. Era bonito demais. E os lobinhos e lobinhas correndo para formar? Que ordem, que disciplina. Ela já sabia que iriam fazer do Grande Uivo. Quem dera eu fosse uma delas. Sei tudo de cor! Disse.

                   Esqueceu-se das horas. Quando viu estava escurecendo. Ficou olhando para eles até o final. Correu rua fora e quase foi atropelada. Chegou a sua casa já noite escura. Na porta carros de policia e de parentes. Entrou pelos fundos. – Que foi papai? Ela perguntou. – Meu Deus! Você está aqui. A mãe e o pai correram para abraçá-la. Eles choravam de emoção. Pensavam que tinha sido raptada. Mariel sabia que o lobinho diz sempre a verdade e contou tudo para eles. Contou com lágrimas nos olhos. Sabia que o castigo viria. E veio mesmo. Mais de dois meses sem computador e sem TV. Mariel não se incomodou. Não foi certo sair sem avisar, mas sabia que nunca eles deixariam ir. Todos os meses do castigo ela não parava de lembrar-se do que viu e sentiu. Ah! Se fosse verdade e eu fosse um deles sonhava.

                       Paolo, Billy e Eddy Mário iam para a reunião dos seniores. Todos eles antigos no grupo. Foram lobinhos e agora estavam se preparando para conseguir o Escoteiro da Pátria. Eram amigos desde a Tropa Escoteira. Uma amizade que perdurou por anos. Pararam no farol na esquina da Rua dos Tamoios com a Avenida Campos Gerais. Esperou o farol abrir. Era um local perigoso e com muitas batidas. Viram quando um Audi em disparada não obedeceu ao sinal e avançou a toda velocidade. Da Rua dos Tamoios um Utilitário azul da Toyota em velocidade normal viu o farol aberto e entrou. A batida foi forte. Uma verdadeira explosão. O Audi ficou completamente destruído. A Toyota rodopiou sobre si mesmo e quando parou explodiu o motor. O fogo começou. Não havia o que discutir e nem pensar. Os três correram para o Toyota que pegava fogo. O Audi não estava em chamas. Paolo com se bastão quebrou o vidro da porta do motorista e tentou tirá-lo. Não conseguiu.

                          Nada é impossível para escoteiros. Eles não deixariam o homem morrer. Alguém gritou da calçada que o Toyota ia explodir. Corram daí se querem viver! Gritaram. Billy pegou o bastão e foi para a outra porta. Quebrou o vidro e passou por ele, pois a porta estava emperrada. Cortou o cinto que estava preso com sua faca. Paolo e Eddy do outro lado arrastaram o homem para fora. O fogo aumentou. Billy sentiu seu uniforme pegando fogo. Pulou para fora do carro e se jogou ao chão rolando de um lado para outro. Conseguiu apagar, mas seu corpo teve diversas queimaduras. A Toyota explodiu a seguir. Graças a Deus ninguém morreu. O socorro chegou em seguida. O homem da Toyota estava desmaiado. No hospital Billy ficou internado por três semanas e saiu direto para a reunião de tropa. Sentia uma falta tremenda. Nunca faltou. Que chovesse canivete, mas ele estava lá na sua Patrulha Pico da Neblina.

                       Quando Billy chegou uma salva de palmas e todos correram para abraçá-lo e ele dizendo não, pois as queimaduras não haviam sarado ainda. Aceitou aperto de mão, mas fez questão de dizer que ele e os amigos fizeram o que era certo. Todos eles a sua maneira agiram como Escoteiros. A formatura estava em andamento. Billy tomou seu lugar na patrulha. Notou que chegaram um homem, uma mulher e uma menina pequena e frágil. Eles tomaram lugar na bandeira. Após a cerimonia o homem pediu a palavra. Ele era a vitima do Toyota. Ele chorava. Quase não conseguia falar. Ainda não conseguia andar direito, pois sofrera uma fratura no braço e na perna. Foi até onde Billy Paolo e Eddy estavam e lhes deu um grande abraço. – Nunca vou me esquecer de vocês! Ele disse chorando. Eu pensava que Escoteiros era uma turma de arruaceiros, de jovens sem formação. Eu me enganei. Por anos neguei que minha filha participasse.


          Mariel mudou. Agora era um lobinha alegre e cheia de vida. Como era bom saber que seus pais também ajudavam o Grupo Escoteiro. Mariel no final do primeiro dia de reunião se ajoelhou quando os lobinhos e lobinhas faziam o Grande Uivo e mesmo sabendo que ela só iria participar depois da promessa, Mariel rezou. – Obrigado meu Deus! Consegui! Meu sonho se concretizou. – Todos olharam para ela espantados. Ela levantou, sorriu e gritou bem alto – “Melhor Possível”! Agora sou uma lobinha, e prometo a mim mesma que serei escoteira por toda a vida.


Mais um conto mais uma história enaltecendo escoteiros. Eu sei como eles são. Fui um deles. Aprendi muito na vida e neste conto a história é quase real. Gosto disto escrevo com gosto e sempre com um sorriso nos lábios. Quem dera eu tivesse a sina dos grandes fazedores de sonhos, para encantar e fazer do escotismo uma verdadeira escola de amor de fraternidade. Fiquem a vontade para ler. São meus convidados.

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