sexta-feira, 31 de maio de 2019

Contos de Fogo de Conselho. Doninha.




Contos de Fogo de Conselho.
Doninha.

Prólogo: - Tenha sabedoria para escolher suas batalhas – é essencial aprender definir pelo que vale a pena lutar e pelo que se deve desistir – por uma vida de mais equilíbrio e bom senso! Uma história que não foi contada. Uma corte de honra mal preparada, uma vida acusada de algum que não cometeu. Bem vindos à história.

              Não tive dúvidas. Era Doninha sem tirar nem por. Pois é, as voltas que o mundo dá estavam agora vivas na minha mente. Era normal. Mais cedo ou mais tarde eu iria sentir o efeito delas. Pensei em fugir dali. Afinal eu era culpado? Aproximei-me. - Posso sentar ao seu lado Doninha? Ele me deu um sorriso triste, apagado, sem vida. – Sente-se Monitor. – Assustei. Ele ainda se lembrava de mim? – Não disse nada, calado me sentei ao seu lado no banco verde, naquela praça florida local de muitas idas e vindas na minha jornada da vida. Ficamos ali os dois calados sem nada dizer um ao outro. Ele envelheceu. Afinal tinha passado mais de 60 anos, mas para mim era como se fosse ontem.

              – Como vai Monitor, ele repetiu.  – Vivendo Doninha disse com a voz engasgada. – Porque está triste Monitor? – Doninha usava uns óculos escuros e ao seu lado uma bengala bem trabalhada, tendo desenhado no cabo uma flor de lis. – Não estou triste Doninha. Faz parte da minha vida. – Pois é Monitor, quanto tempo se passou e vejo que você nunca esqueceu. Eu peguei minhas tristes lembranças empacotei e despachei para o Pico da Tristeza. Doninha riu mais alegre.

               Não tinha voz e nem assunto para responder a ele. Minha mente voltou no tempo, naquele fatídico dia que tudo aconteceu. Porque aceitei aquele jogo? Aquela fama de durão? Não devia ter sido amigo de todos e irmãos dos demais? – Monitor, ninguém irá embora da sua vida sem apagar as memórias até ensinar tudo àquilo que você precisa aprender! Olhei para ele atônito. Estava lendo meus pensamentos? – Doninha permaneceu calado. Olhava para longe como se estive no Pico do Redentor naquele inverno que eu e ele esperávamos ansioso o nascer do sol.

              – Para mim Monitor foi o dia mais bonito em minha vida, ele disse. - A minha também, remendei. – Ainda Escoteiro Doninha? - Não Monitor, depois daquela suspensão resolvi nunca mais voltar. Você sabia que eu tinha o escotismo no meu coração. Vibrava com tudo, era o primeiro a chegar e o último a sair. Hoje tenho saudades dos nossos acampamentos, excursões e nunca esqueci aquela jornada no Vale da Redenção. Meus olhos estavam vermelhos e as lagrimas começaram a cair.

                 Meu Deus! O que eu fiz? Voltei no tempo. Achava que era um Salomão, e por voto de minerva aprovei sua suspensão. Cinco meses! Porque tanto? Ele não era um criminoso, não era um malfeitor. Lembro-me de tudo como se fosse hoje. A patrulha se reuniu e decidiram que Doninha não podia mais ficar na Touro. Sempre me perguntava se ele era culpado ou se outro Escoteiro por sentir inveja de suas qualidades não tentou incriminá-lo.

                 Porque o Chefe Zafir não investigou melhor? Afinal nós éramos crianças, tomar tal decisão era demais. Afinal a Corte de Honra tem essas prerrogativas? E porque os pais de Doninha não procurou a chefia para saber o que ouve? Eram tantos porquês que eu sempre tive dúvida de quem estava com a razão. – Condenamos por uma simples traquinagem e eu depois fiquei sabendo que não foi ele. Trocou o sal pelo açúcar e deixou a intendência aberta onde perdemos todos os mantimentos trazidos. Duas ferramentas desapareceram. Porque ele não se defendeu? – Monitor, por que acusar alguém? Não seria ele mesmo que devia se declarar culpado?

              - Monitor, não se sinta responsável. Vocês eram oito e com os dois chefes dez participantes da corte. Mesmo com você me acusando os demais não precisavam segui-lo como seguiram. Poderia dizer sem necessidade de mentir que nossa historia foi mal contada. Não fui eu! Poderia dar minha palavra escoteira, mas fiz isto e ninguém acreditou em mim. – Eu estava calado. Ajoelhei-me perante Doninha. Com meus setenta e oito anos eu chorava a cântaros. Pedi perdão a ele.

                Ele me levantou, me abraçou e disse: Monitor, o tempo não volta mais, eu sei dos seus sentimentos e quer saber? Sempre tive você em meu coração. Muitas pessoas que passavam pela praça não entendiam o que se passava. Dois velhos de cabelos brancos se abraçando e um chorando. – Vamos tomar um café e relembrar os velhos tempos? Era demais para mim. Doninha me mostrou o verdadeiro caminho do perdão. Saímos abraços e fomos de bengala em punho a procura de uma nova redenção.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

Lendas da Jângal. “Deus”.




Lendas da Jângal.
“Deus”. 

                  Moisés o Balu, antes do término da Flor Vermelha, o Fogo de Conselho dos lobinhos, ficou em pé, como se estivesse fazendo uma prece e aos poucos foi levantando os braços fazendo com que todos os lobinhos não tirassem os olhos dele. O silêncio foi total. Ouviam-se os grilos, o som do vento soprando no bosque próximo, mas nenhum Lobinho disse nada. Foi então que ele contou esta história que muitos lobinhos e lobinhas até hoje nunca mais esqueceram.

                 - Lobos de Seeonee, uma vez me contaram esta história de uma simplicidade linda, que eu gostaria de contar para vocês. Quem me contou disse que era uma lenda, um acalanto... Não sei se é verdade. Lenda ou não eu não me importo com isso. Não precisa ser...

                 - Foi há muito tempo atrás depois de o mundo ser criado e da vida completá-lo, num dia, numa tarde de céu azul e calor ameno ouve um encontro entre Deus e um de seus incontáveis anjos. Acreditam? Deus estava sentado, calado. Sob a sombra de um pé de jabuticaba. Lentamente sem pecado Deus erguia suas mãos então colhia uma ou outra fruta. Saboreava sua criação negra e adocicada. Fechava os olhos e pensava. Permitia-se um sorriso piedoso e mantinha seu olhar complacente. Foi então que das nuvens um de seus muitos arcanjos desceu e veio em sua direção.

                  Já ouviram a voz de um anjo? – Uma Lobinha de voz doce disse: - Não Balu. E ele explicou: - É como o canto de mil baleias. É como o pranto de todas as crianças do mundo. É como o sussurro da brisa. Ele tinha asas lindas. Brancas, imaculadas. Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou:

 — Senhor visitei sua criação como pediu. Fui a todos os cantos. Estive no sul, no norte. No leste e oeste. Vi e fiz parte de todas as coisas. Observei cada uma de suas crianças humanas. E por ter visto, vim até o Senhor... Para tentar entender. Por quê? Por que cada uma das pessoas sobre a terra tem apenas uma asa? Nós anjos temos duas. Podemos ir até o amor que o Senhor representa sempre que desejarmos. Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos. Mas os humanos com sua única asa não podem voar. Não podem voar com apenas uma asa... Deus na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo.

— Sim... Eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa... Intrigado, com a consciência absoluta de seu Senhor o anjo queria entender e perguntou: — Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são necessárias duas asas para se poder voar... Para se poder ser livre? Conhecedor que era de todas as respostas, Deus não teve pressa para falar. Comeu outra jabuticaba, obscura e suave e então, respondeu:

__ Eles podem voar sim meu anjo. Dei aos humanos apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor que Eu ou vocês, meus arcanjos... Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas... Embora livre, sempre estará sozinho. Talvez da mesma maneira que Eu... Mas os humanos... Os humanos com sua única asa precisarão sempre dar as mãos para alguém a fim de terem suas duas asas. Cada um deles tem na verdade um par de asas... Uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par. Assim eles aprenderão a se respeitarem, pois ao quebrar a única asa de outra pessoa, podem estar acabando com as suas próprias chances de voar. Assim meu anjo, eles aprenderão a amar verdadeiramente outra pessoa...

- Aprenderão que somente se permitindo amar, eles poderão voar. Tocando a mão de outra pessoa em um abraço correto e afetuoso eles poderão encontrar a asa que lhes falta... E poderão finalmente voar. Somente através do amor irão chegar até onde estou... Assim como você meu anjo.

E eles nunca. . . Nunca "estarão sozinhos quando forem voar.”.
Deus silenciou em seu sorriso.

O anjo compreendeu o que não precisava ser dito. Os lobos ficaram de pé e vieram abraçar o Balu sob os olhares amorosos da Akelá!

terça-feira, 28 de maio de 2019

Contos ao redor do fogo. Minha amada e querida irmã, Maria Clara. Sempre Alerta!




Contos ao redor do fogo.

Minha amada e querida irmã,
Maria Clara.
Sempre Alerta!

              Aconteceu algum de extraordinário comigo com o Zé Carlos e Marcio. Ele foi o culpado de tudo. Entramos em um Grupo Escoteiro. Uma mudança na família da água para o vinho. Não sabe o que é? Minha amiga é um movimento fantástico que me deu uma vida nova, cheia de esperança para um futuro melhor. Nunca pensei que uma filosofia como a escoteira pudesse mudar minha maneira de ser e agir. Zé Carlos é outro homem precisa ver. Márcio agora é responsável tornou-se um jovem mais calmo, metódico e maravilhosamente estudioso. Estou escrevendo para você, pois combinamos de passar as férias em sua fazenda e devido a novos planos vamos adiar. O nosso Grupo Escoteiro vai fazer um acampamento de férias e nós não queremos perder. Sei que irá entender nossa posição, mas se Deus quiser ano que vem estaremos juntos aí com você e Oscar. Uma irmã como você compreensiva como é não vai ficar triste com nossa falta.

              Olhe o escotismo tem muitas coisas maravilhosas. Pela primeira vez observamos um por do sol quando um pequeno levante de nuvens formava no céu um Arco Iris. A vida escoteira é no campo e vocês que moram assim sabem como é bom para os meninos, meninas e porque não dizer também para nós pais de escoteiros. Adoram aventuras, possuem uma fraternidade tão grande que até arrepio ao contar. Pela primeira vez senti o vento sem medo de um vendaval. Tive a oportunidade de sentir a brisa fria e gostosa do amanhecer. Era fantástico sentir o orvalho caindo e molhando a nossa barraca, passear pelos campos noturnos com a manta escoteira que compramos e saber que se fosse necessário o céu seria o nosso cobertor. Foi marcante ver o regato de águas puras e cristalinas correndo e levando uma folha perdida cujo destino fazia dela uma onda e ser levada para o mar. Minha irmã é bom demais ser Escoteiro. Passear nas campinas verdejante, ver os peixes saltitantes em um rio, que você aí na fazenda vê todos os dias, mas aqui na cidade grande é tão difícil de ver e participar.

                  Teve uma tarde que vi um beija flor bailando e dançando entre papagaios amarelos e pardais coloridos. Isto marcou muito e olhe até mesmo Zé Carlos passou a ser poeta. Escreveu um lindo poema: - Além do por do sol, além do arco íris, existe um sonho. Real. Simplesmente fantástico. Escoteiros e escoteiras lá estão vivendo uma vida de aventuras. Isto é só o começo, e ele terminava seu poema dizendo: - Existe uma montanha azul que é a casa das abelhas e pardais que cantam ao alvorecer e nas noites lindas de inverno. Ah minha irmã! Foi demais e está sendo todos os dias. Se você morasse na cidade eu diria para procurar um Grupo Escoteiro. Saiba que eles nos recebem de braços abertos com amor no coração. Eles são sonhadores e sabem que além do por do sol, além do arco íris é ali que eles encontraram a verdadeira morada da felicidade! Amei os escoteiros. Entreguei a eles meu coração. Fiz uma promessa e jurei ser escoteira para sempre. Porque não vem nos visitar qualquer dia destes? Vais ver Zé Carlos e o Marcio diferente do que eram antes. Agora são amigos, difícil dizer quem é o pai quem é o filho.

                  Até outro dia minha irmã. Você sabe que a amo muito e tenho você como eterna moradora do meu coração. Está lá junto a Zé Carlos Marcio e o escotismo. É não dá mais para ficar sem ele. Até mais mana. Um abraço apertado no Oscar. Sei que vai ficar feliz sabendo que a felicidade mora em minha casa e no coração de minha família. Dizem por aqui que nosso coração é Escoteiro.

Beijos e porque não dizer: Sempre Alerta!
                        

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Lendas contadas ao redor do fogo. “Dança com Lobos”.




Lendas contadas ao redor do fogo.
“Dança com Lobos”.

Prólogo: - “O Lobo segue seu amigo escoteiro, pois nele confia e acredita na sua bondade. Ele não sabe onde o jovem Chefe Escoteiro está indo, segue-o por seguir sem rumo determinado, somente acreditando que uma grande amizade acabou de nascer”...

- Foi há muito tempo... Tempo demais que ficou preso em um passado que já se foi. Ele sabia de suas escolhas, gostava de acampar a escoteira... Aquele que anda só... Sabia aonde chegar até que um dia se perdeu no Desfiladeiro da Águia Real da cabeça branca... Viu uma floresta imensa e pensou que ainda era uma floresta virgem. Era uma floresta diferente de tudo que ele havia visto. Árvores de todo tamanho misturadas com orquídeas, cipós, samambaias, arbustos e ervas. O Chão sempre molhado, raízes e mudas disputando o espaço. Viu exames de insetos, barulhos de pássaros e sapos. Sentiu o cheiro forte dos répteis e mamíferos que apareciam a cada passo ao andar pela selva. Assustadora, escura, pois apenas uns poucos raios de luz conseguiam furar a cobertura cerrada das folhas galhos e flores...

O Jovem Chefe Escoteiro não tinha medo nem receio de onde pisava. Não fora a primeira vez e nem seria a última. Com seu facão Limoeiro abria picadas com uma audácia impetuosa na sua intrepidez de aprendiz de mateiro a fazer descobertas incontidas no seu ideal de aventureiro à procura de descobertas que nunca viu e que iria sorrir ao encontrar. Peso leve, mochila costeira um facão na algibeira e um bornal com pães e sal para um assado sem pressa e sem hora de chegar. Na argola direita do cinto escoteiro, um cantil ao lado de uma faca mundial, protegida em uma capa de couro robusta de um touro Marruá, quem sabe do Curtume da Beira do Rio Amarelo.  

- Saltou uma pequena corredeira de águas cristalinas e viu um sopé de uma montanha não tão alta, mas esplendidamente soberba para acampar. Ajeitou o Chapéu de três bicos, abas retas indicando o caminho a seguir. Deu um toque na mochila e ajeitou o bornal iniciando a venturosa subida... E eis que de repente, surgiu na sua frente um enorme Lobo Cinzento, parado, olhar fixo sem piscar, pensando preocupado quem se arriscou a entrar em seu habitat. O Jovem Chefe Escoteiro sabia o que ele estava a olhar. Era um enorme Lobo Cinzento, daqueles prontos a caçar dia e noite, com olfato apurado e visão perfeita. Seus olhos que ao nascer eram azuis agora ficaram vermelhos, assustando assim algum estranho que se metia a caçador do lugar.

- O Jovem Chefe Escoteiro sentou em uma pequena saliência do terreno e ficou sereno, impassível, olho no olho, pois sabia e conhecia o terreno onde nunca montou barraca, mas como bom mateiro era conhecedor das artimanhas do lugar. Devagar, calmamente, passo a passo tirou do bornal um gomo de linguiça, colocou a dez pés de onde estava... Não tirava os olhos do Lobo, um futuro amigo e seria ali queira ou não seu protetor. Amigo de todos era também dos animais... O lobo com seu entrejeito matreiro, passo a passo se aproximou. O Jovem Chefe Escoteiro sorriu e cativou seu novo amigo que de um salto devorou seu novo alimento e num sinal de desafio, sentou nas patas traseiras e esperou... Mais um naco!

- Sorriu... Não tinha mais, levou a mão esquerda na orelha do animal. O Lobo Cinzento das montanhas do Brasil não se assustou. Deixou-se afagar e o Jovem Chefe Escoteiro seguiu o seu caminho, passo a passo na pequena trilha da subida e... O lobo Cinzento o seguiu não demonstrando temor receio confiando no jovem de uniforme que nunca viu e quem sabe nunca mais iria ver. Aquartelado ao sopé da montanha, fez um cozido de um esquilo, dividindo com seu novo amigo o Lobo Cinzento da Montanha da Águia Real. Ficou ali por dois dias... Dias de encantamento, de amizades... Conheceu a Águia Real da cabeça branca, poderosa, imponente quando em voo majestoso pelo céu cor de anil. Sabia de sua força e independência e a amizade quem sabe foi alcançada pelo seu sorriso pelo coração amigo e tantos mais.

Lembrou-se dos dois bem-te-vis que esvoaçaram ao seu redor... Não tinha nada pra lhes oferecer. Sorriu a noite a beira da fogueira com a visita de Lagarto das Cavernas onde habitam os morcegos gigantes não tão grande e nem pequeno, que o saudou com a língua para fora e ele sabia que estavam atentando cheirar e reconhecer seu novo morador das terras distantes. Foram dois dias lindos. Seu maior amigo o Lobo Cinzento da montanha o acompanhava onde quer que fosse. Chegou a hora de partir... Olhou para seus amigos e quase chorando recitou: - “Ah, se já não perdi a noção da hora, se vocês amigos já jogamos tudo fora, me contem agora com hei de partir... Se fiz amizades, se juntos esquecemos os desvarios, se rompi com o mundo, queimei o passado, me digam prá onde é que eu ainda posso ir”!

- Despedir de cada um demorou horas, chorou cabaças de saudades e partiu... Com o Lobo Cinzento atrás e com lágrimas nos olhos pensando que nunca mais o deixaria partir. Como em sonhos selvagens lembrou-se de Duas Meias o Lobo da planície, que simbolizava o mundo selvagem sendo aos poucos assimilado por um tenente, que ali era representado por um simples Jovem Chefe Escoteiro que nem era morador do lugar. Ele sabia que não estava sozinho. Que as sombras dos amigos que fez iriam segui-lo por toda a vida. Ele sentia no íntimo do seu coração, através de olhares ansiosos, o gaguejar do amigo Real, uma águia que não sabia falar e um Lagarto sem nome que ficaria através dos tempos naquela região onde o homem ainda não tinha pisado, num território hostil e ele sabia que ao partir iria sentir para sempre enormes saudades! Chorou quando adentrou nas matas e o seu amigo Lobo Cinzento sumiu!

“A terra é algum tanto melancólica, regada de muitas águas, assim de rios caudais, como do céu, e chove muito nela, principalmente no inverno; é cheia de grandes arvoredos que todo o ano são verdes; é terra montuosa, principalmente nas fraldas do mar, e de Pernambuco até a Capitania do Espírito Santo se acha pouca pedra, mas dali até Serra das Vertentes são serras altíssimas, muito fragosas, de grandes penedias e rochedos”. (Fernão Cardim).

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Lendas escoteiras. Era uma vez... Um lindo nascer do sol!




Lendas escoteiras.
Era uma vez... Um lindo nascer do sol!

Prólogo: - “Eu sou o nascer do Sol, enquanto a Terra estertora. E quando o engenho da vida vai embora eu sou o crescer da Lua no intimo de um céu que chora. Todavia, encontro a arte da vida vagando pelo ar. Vejo deliberadamente o abstrato a se formar. Faço-me de Sol e Lua enquanto a Terra aflige Faço-me eclipsar”. Brenon Salvador.

             Vamos Nani, está na hora! Acorde! Eu não queria acordar. Acordar para que? Ainda noite escura, um frio gelado lá fora da minha barraca e eu queria dormir. Jesse não perdoava, puxava minhas pernas, meus braços e até retirou minha manta que me aquecia e eu me enroscava mais e mais. Achei que Jesse não estava bem da cabeça. Bastava que ele nos fez subir no Monte Altaneiro, às duas da tarde, um sol de rachar só para vermos um por do sol. Bah! Quantos por do sol em vi em minha vida? Já tinha visto muitos, claro, não prestava atenção, pois logo escurecia. Mas ele sempre dizendo que os Escoteiros são amigos da natureza, das belezas da terra, e nós tínhamos muito a aprender. Chegamos cedo lá. Todos cansados da subida respirando ofegante. Nem uma árvore para nos proteger. Vimos o sol iluminando todo o Vale da Esperança. Até que estava bonita a vista. Muito verde, da Cachoeira da Onça saia uma fumaça e o sol ainda pelejando no céu. Sentei na Pedra Vermelha e a patrulha sentou também. Acho que ninguém estava nem ai para o tal por do sol.

            Lembro que tudo começou quando ele resolveu nos mostrar como a natureza era bela, e se nós prestássemos atenção iriamos ver tantas coisas lindas que poucos que não os Escoteiros poderiam ver. Eu não entendia nada do que ele dizia e até fiquei surpreso, pois ele era mais velho que eu um ano. Onde será que aprendeu estas coisas? Foi Netinho quem me disse que ele passou uma semana enfurnado na biblioteca da cidade. Deve ter sido ali que veio estas ideias de natureza. Para dizer a verdade para mim árvore era árvore e riacho era riacho. Se ela a cachoeira soltava fumaça tudo bem. O Chefe disse um dia que isto era provocado pelo calor e o contato da água fria a cair de uma altura de mais de 20 metros. Para mim era natural. E quando os peixes queriam pular pelas pedras até o alto? Jessé sorria e se punha a explicar da época da piracema. Não entendi nada e achei que os peixes eram idiotas, pois nunca iriam conseguir. Mas O Jesse não dava folga. Ele viu uma aranha entre duas arvores fazendo sua teia e chamou a patrulha para observar. – Olhem como ela faz, vejam a sua inteligência! Vocês sabiam que a aranha constrói a teia com a fiandeira, uma parte do seu corpo que fica no fim do abdome? Lá tem um monte de tubinhos do qual sai uma substância liquida e quando entra em contato com o ar, essa substância endurece e se transforma em fio de seda!  

             Palavra que não sabia de nada. Jessé parecia nosso Professor de história. Até que achei a história da aranha interessante, mas o por do sol? Bem não vou criticar o Jessé, pois ele praticamente nos obrigou a ficar ali olhando o sol que estava escondendo atrás do Pico do Gavião, e quer saber? Até que achei bonito. Nunca em minha vida tinha prestado atenção. Voltamos e ele sempre falando da natureza, como a trilha de retorno era cheia de samambaias, lá vinha ele com seu ar professoral a dizer que elas gostam muito de terrenos pantanosos e locais mais altos, pois precisam de chuvas e ar frio para sobreviverem. Jessé era demais. Ainda pela manhã nem tínhamos acabado de almoçar e ele nos obrigou a lavar as panelas correndo, ainda bem que ele também ajudava, e nos levou para um tal de jogo Ver sem ser Visto. Não entendi bem, pois era um jogo parado, e nossa missão era chegar perto dos Inhambus que ficavam próximo da Lagoa da Chuva. – Vão devagar olhando onde pisam. Primeiro olhem onde sopra o vento, o vento não pode levar o cheiro de vocês até o passado ou animal que irão observar se não ele voa e adeus.

          Quase ninguém conseguiu chegar a menos de dez metros. Mas o Jesse era um Monitor diferente. Ele quase tocou as asas de um Inhambu. Tinha de me levantar da barraca. Era um absurdo com aquele frio e ir ver o nascer do sol de novo no Monte Altaneiro. Poxa subir duas vezes no cume? Fazer o que. Peguei minha manta e me enrosquei todo nela. A patrulha estava calada. Ninguém dizia nada. A subida não demorou mais que meia hora. Estava escuro ainda quando sentamos na Pedra Vermelha. Ao longe tudo escuro. Pensei comigo que ser Escoteiro é bom, mas o Jessé estava passando dos limites. Minha cama na barraca estava gostosa demais. Jesse cantarolava a canção da alvorada. Ela assoviava bem. – então ele começou a falar – Vejam, vocês já observaram que a beleza da vida está no inicio das coisas? Vocês estão aprendendo agora para depois lembrarem para sempre. O nascer do sol é como o nascer da vida, o nascer do amor, o nascer da amizade!

       Quer saber a verdade? Eu vi o nascer do sol do alto do Monte Altaneiro. Nunca imaginei que fosse assim. Nunca prestei atenção a nada que o nosso Monitor nos ensinava. Mas foi a madrugada mais bonita em minha vida. Era lindo olhar no horizonte, além da Montanha da Lua e ver o amarelo aparecendo, depois o vermelho e ele em todo o seu esplendor dar o brilho em todo o vale. Meus olhos não piscaram um só instante. Jessé sem tirar os olhos daquele espetáculo, recitava uma frase de J. Reis que dizia – encontre em cada anoitecer um motivo para recomeçar. Pois ao nascer do sol, a vida te reservará mais uma surpresa ao longo do dia. Meus olhos de criança encheram-se de lágrimas. Ninguém dizia nada. Aquela era a hora da patrulha. Era a hora do seu despertar. E foi então que todos olharam para o Jessé e sem nada a dizer ele entendeu o que queríamos dizer – “Obrigado Monitor. Este espetáculo ficará para sempre guardado em nossos corações”.

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Histórias de fogo de conselho. A morte da Rolinha. (Baseada em fatos reais).




Histórias de fogo de conselho.
A morte da Rolinha.
(Baseada em fatos reais).

Prólogo: - Eu saí pra acampar antes do dia rompê... Arrumei a carretinha bem antes do sol nascê... Os galo da madrugada cantava pra amanhecê... Fui matar minha saudade na Fazenda Tietê!

                      Sempre foi assim, feriado, mesmo que chovesse molhado, a Patrulha Lobo ia acampar. Faça sol ou tenha lua, nada segurava a Patrulha a fazer o que mais gostava... Um belo e gostoso acampamento. Três dias, dava para montar um campo, fazer uma bela Pioneiría no córrego dos Afonsos, e bater gostosos papos em uma conversa ao pé do fogo. Não éramos assim tão poetas, mas mateiros dos bons podiam nos chamar. Em um fogo de conselho, mesmo com sete escoteiros nos divertíamos a valer. Ficar na beira do fogo sem ir para a barraca era programa que alguns chamavam de índio. Mas quem não gosta de uma noite em volta do fogo, com a aragem caindo distraída, a grama molhada... A gente não esquece nunca mais... - “Na minha madrugada, eu a vi fria sombria... Enquanto encontrei beleza, e a transformei em poesia”!

                      Romildo perguntou o programa, Rael disse que qualquer um, Tãozinho o caolho, riu e nada disse. Darcy Pé de Pato disse que iria pescar uma bela traíra e fritar em uma frigideira nas brasas da fogueira. O Cozinheiro Fumanchu não gostou. – A cozinha é minha e de mais ninguém! Prometeu fazer um cozido de aipim de dar água na boca. Miltinho vulgo Zé do Boi, também ficou calado. Olhei para ele e disse: Vamos montar armadilhas e pegar uns bons pássaros ou bichos para assar! Olho o passado e me vejo lá de chapelão, calça curta, lenço bem posto no pescoço, vivendo naquela Patrulha Lobo que nunca esqueci. Vontade de voltar no tempo, uma falta de ar, um sonho impossível de encontrar. Rodei estradas, trilhas cidades subidas sem fim. Contei estrelas, amei o firmamento e nunca encontrei a Fonte da Juventude tão procurada por Ponce de Leon. Quando me lembro de tudo da vontade de cantar Cecília Meireles: -

                  - “Com que doçura esta brisa penteia a verde seda fina do arrozal. Nem cílios, nem pluma, nem lume de lânguida lua, nem o suspiro do cristal. Com que doçura a transparente aurora... Tece na fina seda do arrozal aéreos desenhos de orvalho! Nem lágrima, nem pérola, nem íris de cristal... Com que doçura as borboletas brancas prendem os fios verdes do arrozal com seus leves laços! Nem dedos, nem pétalas, nem frio aroma de anis em cristal. Com que doçura o pássaro imprevisto de longe tomba no verde arrozal! Caído céu, flor azul, estrela última: súbito sussurro e eco de cristal”...

                    Rodas gemendo na subida, cantando nas retas e descidas, não dá para esquecer a carretinha que tanto amávamos. Afinal a construímos com ajuda do Marceneiro Joviel. Oito quilômetros de nada. O Córrego dos Afonsos era nosso velho conhecido. Bom de peixe, de águas calmas, boa aguada e quedas que a gente fazia o “diabo” para levar ao cozinheiro água fresca no casco de um bambu. Cada um sabia o que fazer. Logo um cafezinho fresco, e cada um foi providenciar o almoço do dia. Isso mesmo. A “coisa” não andava bem nas famílias dos patrulheiros. O dinheiro curto, a intendência resumida, só deu para levar algum arroz, um sal e um “poquito” de gordura de porco da nossa ração “B”. Tudo bem. A região dos Afonsos era prodiga em aipim, alface do mato, couve flor, Taioba na beira do lago, e doces goiabas sertanejas não faltando ás bananas da terra... Ah! Adoro. Fritas então? Fumanchu adorava. Fazia uma sopa de dar água na boca! Chico Lopes dos Afonsos era nosso amigo. Não faltava uma galinhada, ovos e o escambal.

                  Lá fui eu e Miltinho preparar as armadilhas. Três delas. A do laço, a do traçado de bambu e a da cova do tatu. Em duas horas sabíamos que uma delas estaria cheia de quitutes que o Fumanchu iria preparar. Eis que na do Bambu encontramos duas rolinhas, machucadas de tanto tentar sair para seu habitat. Tive dó, olhei para Miltinho. Vamos levar? Ele calado não disse nada. Pus as duas no bornal. Ainda tentavam escapar pulando dentro da lona que as prendia como um cativeiro cruel. Campo próximo. Não mais que dois quilômetros. Na trilha olhei para Miltinho. Pensava: - Não foi à primeira rolinha que matei, porque essas duas me tocam o coração? Alguém cutucou minhas costas. Parei, era Miltinho. Falou assim: - Solte-as... Olhei para ele. Ele não disse mais nada. Uma dor no coração, uma dó tremenda pela vida das rolinhas. Perdi a fome. Abrir o bornal e elas saíram voando pelo céu azul de brigadeiro! Agora livres como o vento...

                  Foi minha ultima “matada”. Esqueci os tatus, as Galinhas D’angola reclamando: “Tô fraco, tô fraco”, os quatis, os coelhos e as lebres que um dia assei nas brasas de um fogo qualquer em um lugar qualquer, sem pouso e nem ouso dizer se gostei... De mãos abanando cheguei ao campo. Romildo não disse nada. Olhou-me nos olhos e desconfiou. Belo Monitor ele era. Fumanchu gritou: Escoteirada, em trinta minutos mandiocas fritas para tapar a fome!

- “As aves não mais voam... Os peixes não mais nadam... Os pássaros não mais cantam... As pessoas não mais se amam... Tudo isso por culpa do homem e a sua maldade... Tudo por culpa do homem e a sua falta de caridade”!

terça-feira, 21 de maio de 2019

Crônicas de um Chefe Escoteiro. Escotismo Civismo e cidadania. Um “causo” do acontecido.




Crônicas de um Chefe Escoteiro.
Escotismo Civismo e cidadania. Um “causo” do acontecido.

              Conheci Marco Aurélio na década de sessenta. Nem sei como fomos nos encontrar ali, em um pequeno arraial, próximo a cidade de Itanhomi. Na época eu tentava a sorte vendendo livros. Os empregos praticamente não existiam e eu não podia viver à custa dos meus pais. Com meus vinte e poucos anos sentia que minha responsabilidade me fazia procurar algum útil e claro, me manter profissionalmente. Era um bar simples, mais para boteco, mas a fome que eu estava nem ligava onde poderia comer. Uma mesa na entrada com dois bancos compridos, coberta de sapé dava uma sombra gostosa e tranquila. Um refrigerante quase sem gelo e dois pães com mortadela era meu almoço e comia como se fosse a melhor refeição do mundo. Disseram-me que ali eu poderia pegar um ônibus para Residência e de lá para minha cidade seria fácil. Ele chegou e sorriu para mim. – Desculpe senhor, posso me assentar aí também? – Claro meu amigo eu disse. Ele riu quando viu o que tinha nas mãos e era igual ao suculento almoço dele. Pães com mortadela e refrigerante.

             E não é que ele era Escoteiro? Ali naquele fim de mundo, comendo um belo lanche de mortadela e logo um Escoteiro chega para jogar conversa fora. Aos poucos ele contou como entrou para o escotismo. – Olhe Vado, sempre morei em Salto Grande, uma cidade de 40 mil habitantes. Eu tenho lá uma pequena fábrica de sapatos herdadas de meu pai que herdou do meu avô. Eu fui educado por eles de uma forma diferente. Na cidade todos me olhavam como se eu não fosse como eles. Claro que não era eu era tudo que meu pai me deu quando jovem, Fazia questão do cavalheirismo, da ética e da cidadania. No entanto levar para todos o que eu pensava era impossível. Andava sempre de cabeça em pé, e nunca me meti em falcatruas ou mesmo arruaças. Naquela cidade eu era tido como um exemplo para todos. Um tarde de agosto, há três anos passados no final de um domingo, dormitava em minha varanda quando percebi na minha porta uma senhora e quatro Escoteiros. Gostei da maneira com que se apresentaram e como me dirigiram a palavra respeitosamente.

            Se existe uma coisa que sempre fiz questão foi à educação dos jovens com os adultos. E eles se dirigiram a mim dizendo senhor, olhando-me nos olhos, e isto me cativou. Dona Matilde contou-me uma história que me emocionou. A Tropa 222, do Grupo Escoteiro Santo Ângelo estava em vias de desaparecer. O Grupo Escoteiro fundando há oito anos no inicio estava indo muito bem. Com uma Alcateia e a tropa estavam partindo para organizar a tropa sênior em breve. Pedi a ela para me explicar o que era tropa, Alcateia e Grupo Escoteiro. Foi uma aula gratuita de escotismo que ela me deu. Sentados ali na varanda Dona Norma uma espécie de tia que me ajudava nos afazeres da casa nos serviu um café com biscoitos e precisava ver a educação dos quatro jovens a se servirem. Ela foi direto ao ponto quando explicou que o antigo Chefe Fasano, tinha falecido há quatro meses em virtude de um câncer no cérebro. Isto destruiu metade do grupo em um mês. Ninguém aceitava aquele destino, pois amavam o Chefe como se fosse um pai.

            - Senhor Marco Aurélio, viemos aqui contando que vai aceitar nosso convite para ser o Chefe da tropa. Falei com os meninos sobre o senhor e a maioria já o conhece. Para eles teria que ser alguém com moral e ética e o senhor preenche bem seus desejos. Olhei os quatros jovens. Dois meninos e duas meninas. Olhavam-me como se eu fosse o seu líder, aquele que podiam contar. Quer saber? Não pedi um tempo. Aceite de pronto e os sorrisos valeram minha resposta. Sempre me bati com a questão de cidadania, da ética e da honra e nada melhor que um movimento de jovens que acreditam nisto para que eu pudesse colaborar com eles. No primeiro dia conversei com todos, ainda não sabia que o Sistema de Patrulhas me dava à liberdade de ter meninos que sabiam dirigir e ser dirigidos por outros meninos. O tempo me ensinou muitas coisas e vi que o escotismo era um manancial para que os jovens tivessem uma formação adequada para um país que precisavam de homens e mulheres com ética e caráter em quem se pudesse confiar.

             Quando li os livros Escoteiros do fundador e outros sabia que tinha dado um passo certo. Senti que os mais antigos me consideram um seguidor deles, e pouco se abriam para que eu pudesse sugerir e mostrar como funciona uma democracia. Não eram todos, mas aos poucos fui batalhando e com o passar dos anos aceito da forma como era. A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá a pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida de do governo de seu povo. No escotismo a cidadania não era vista assim. Acreditava e acredito que precisamos ensinar também aos adultos o que ensinamos aos jovens através das patrulhas e dos monitores esta tão falada democracia. Ainda tem alguns que pensam que a democracia seria aquela que o faz dono da verdade e das ações. Eu sei que a participação numa sociedade ideal não é fácil de ser implantada. Como a liberdade consciente e imperfeita numa democracia como a nossa, poderiam todos pensar que seria uma utopia mudar esta visão.

             Aos poucos fui fazendo cursos e vi até que alguns dirigentes que ali se prestavam a colaborar não estavam devidamente preparados para sua função de educador. Para dizer a verdade fiquei em duvida se eu tinha amigos Escoteiros ou lideres que só mandavam e nada mais. Não desisti e fiz outros afinal não é em um dia ou dois que teremos adquiridos todo o conhecimento que precisávamos. No livro do fundador dizia ele que aprender com os jovens é como se cursar uma faculdade escoteira. Eu sabia que quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões e isto poderia colocar a todos numa posição de inferioridade dentro do grupo social. Por isto aceitei o desafio. Fiquei quatro anos ininterruptos. Mas o pior aconteceu. Eleita uma nova diretoria sem eu perceber começou a luta de egos, cada um querendo mostrar sua liderança seu poder e eu novato não entendia bem onde eles queriam chegar.

                 Não deu outra. A disputa de egos foi tanta que um deles pediu a intervenção regional do grupo. Desisti. Isto mesmo fui embora para minha casa. Os meninos choraram e tentaram me demover, mas enquanto estivessem no grupo pessoas atrás do poder em sabia que não tinha condições de ajudar em nada. O grupo não durou três anos. Fechou as portas. – Perguntei a ele e você? O que fez? – Chefe, o caminho estava livre. Voltei, reabri o grupo, convidei pais sem sonhos de poder e hoje estamos fazendo um belo escotismo. – É eu pensava com meus botões. A verdade sempre aparece. Uma buzina e vi a velha jardineira chegando. Um abraço, um aperto de mão e um desejo de nos vermos novamente. Quem sabe? E lá fui eu rumo a Residência onde se tivesse sorte pegaria um ônibus no mesmo dia para casa.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Contos ao redor da fogueira. A classe dominante vai ao escotismo.




Contos ao redor da fogueira.
A classe dominante vai ao escotismo.

Prólogo: Uma história de ficção e uma homenagem aos meus irmãos escoteiros do sul e que sempre estão do meu lado me dando força e participando do meu escotismo de um passado que já se foi. Nota – Já publiquei há tempos aqui.

“Sou gaúcho forte, campeando vivo, livre das iras da ambição funesta; Tenho por teto do meu rancho a palha, por leito o pala, ao dormir a sesta. Monto a cavalo, na garupa a mala, facão na cinta, lá vou eu mui concho; E nas carreiras, quem me faz mau jogo? Quem, atrevido, me pisou no poncho”? João Simões Lopes Neto

                   Vertentes da Saudade era uma cidade pequena, antiga e ainda enraizada nas velhas tradições gaúchas. Ficava a oeste de Uruguaiana mais de oitocentos quilômetros de Porto Alegre. Nada mudou em Vertentes nos últimos trezentos anos. Os antigos donos da terra os Índios Guaranis eram sombra do orgulho do passado. Uma estátua centenária do Padre Jesuíta Cristóvão de Mendonça estava encravada na praça central e hoje poucos param para ver o que está escrito em sua placa de bronze. Havia no ar uma melancolia talvez por falta do que fazer. A população vivia do plantio do feijão e criação de gado. Ali em Vertentes da Saudade os direitos de cria recria e engorda tinha dono. O Coronel Totonho Mercês Almeida Pais reinava absoluto sobre os demais estancieiros. Ele praticamente era o juiz, o prefeito e o delegado e ninguém poderia de maneira alguma contrariar suas ordens. E olhe que estávamos no século vinte e um.

          O menino Luiz Mercês Almeida Pais com onze anos tinha puxado o pai. Orgulhoso, andava de nariz empinado e conversava com os outros como se estivesse dando ordens. Ninguém tinha coragem de olhar nos olhos diretamente do pai e do filho. Diferente de Dona Leonor Mercês Almeida Pais esposa do Coronel Totonho. Uma alma caridosa, nunca levantou a voz para ninguém. Todos a procuravam nas horas mais difíceis e ela sempre bondosa não negava ajuda. O Topógrafo Siqueira Nantes Leal nascera em Vertentes da Saudade e nem sabe como resolveu um dia fundar um Grupo Escoteiro na cidade. Houve uma revoada geral na meninada. De boca em boca o assunto correu e alvoraçou a cidade. Gaúcho de verdade não abandona a sua terra e leva no peito a saudade, que toda tarde, trás dela, assim pensava Siqueira que nunca abandonou sua cidade por nada. Dona Filó diretora do Grupo Escolar Flores da Cunha comprou a ideia e logo ofereceu o pátio e duas salas para que o grupo arranchasse para sempre. Assim ela pensava.

      Siqueira Nantes amava Amelinha Salsaparrilha e ela como boa moça quando o viu cantou baixinho: - “Erva, cuia, chimarrão. Não é apenas costume, é amor e tradição. Ela não liga para status, beleza ou dinheiro. O importante para ela, é que ele seja Gaúcho, campeiro e Romântico”. O namoro durou meses e casaram-se na igrejinha do Padre Antonio Feijó numa tarde linda de setembro. Siqueira nem lua de mel teve. Um trabalho encomendado pela Ferrovia do Trigo, que ligava Passo Fundo a Porto Alegre a pedido do Coronel Totonho que pensava em fazer um ramal até Vertentes da Saudade. Seria uma linha regular de passageiros e porque não transportar o gado do coronel? Siqueira Nantes não abandonou seu projeto de organizar o grupo escoteiro. Convidou oito jovens e com mais dois professores da escola além da diretora, escolheram o nome do grupo e definiram quando seria feita a solenidade de promessa do grupo. Tudo andava de vento em popa. Siqueira comentava onde passava: “Vai Tche! Por este mundão véio sem porteira, proseando do evangelho, espaiando as boas novas do escotismo prá tudo que é vivente”!

                  O menino Luiz Mercês ficou uma fera quando soube que não fora convidado para participar da primeira patrulha do grupo. Falou com seu pai e este mandou chamar Siqueira Nantes para se explicar. De cabeça baixa ele disse que logo teria uma vaga para seu filho. O Coronel Totonho não acreditava no que ouvia. Mandou Zepileu seu secretario chamar os dirigentes do escotismo rio-grandense para se explicarem a ele em sua cidade. Doutor Alfredo Maristo era o Presidente da Região Escoteira. – Que boa bisca é este Siqueira? – Pensou.  Se não vou fico de entremeio com a liderança politica. Tenho de ir lá e me rebaixar para um coronelzinho de araque. Doutor Alfredo chegou cedo a cidade. Foi levado a presença do Coronel. Com seu vozeirão ele foi dizendo aos gritos de modo mal educado: Moço! Assuma, ou suma da minha frente, pois chega de lero-lero. Se tu não sabes o que quer, eu sei o que eu quero e papo enrolão de homem-banana, é um abacaxi que não quero! Doutor Alfredo tentou se explicar, mas não adiantou. – Quem manda na cidade sou eu. Avisa a este sacropanta que se diz Chefe Escoteiro que ele come na minha mão!

          Doutor Alfredo conversou com Siqueira Campos. Um pobre diabo ele pensou. Por que foi logo nascer aqui onde Judas perdeu as botas? – Doutor Alfredo vou desistir. Não quero mais ser Chefe – Na verdade, de que adianta ter a faca e o queijo na mão, quando não se tem mais um fio de vontade, de motivação? Não adiantou a desistência de Siqueira, Coronel Totonho contratou dois profissionais Escoteiros e lá fez um grande grupo que chamaram de Grupo Escoteiro Coronel Totonho. Doutor Alfredo foi obrigado a dar autorização, pois ao contrário o Governador do Rio Grande acabaria com ele. E assim fundou-se ou afundou-se as boas práticas escoteiras em Vertentes da Saudade. – Como dizem por aí, Siqueira que nunca foi Chefe e pensou que seria um cantava baixinho: - Vai Tche! Por mundão veio sem porteira, proseando do evangelho, espraiando as boas novas pra tudo que é vivente! – Tô loco de faceiro Tche! Convidaram-me prá ir à casa do patrão celestial, pois aqui em Vertentes da saudade nunca mais eu voltarei. Se trouxeres teu orgulho de ser brasileiro, te entregarei a minha honra de ser gaúcho, mas nunca submisso.

      Sei que Siqueira foi para outra cidade, se tornou um grande Chefe Escoteiro e até hoje a gauchada de lá o carregam para todo lado a saudar como se ele fosse um herói. Levantar com o pé direito ou esquerdo, não vai determinar se o seu dia será bom ou ruim, suas atitudes sim! Chega um dia que a gente simplesmente muda, os sentimentos mudam e o coração faz novas escolhas. E assim vou terminando este novo conto onde o Escotismo não se abaixou para a classe dominante e nas palavras do gaúcho do Rio Grande eu vou dizendo: - Bueno vou me largando, mais tarde temo aí de novo. “Forte quebra de costela prá toda a gauchada conectada”!

Vivente bueno tem peleias a reveria, mais feias que briga de foice no escuro, mas o Senhor te livra de todas: Tchê! Pois é, Qualidade? Ser gaúcho. Orgulho? Ser gaúcho. Sorte? Ser gaúcho. Honra de ser Gaúcho. Um conto homenageando os meus amigos escoteiros do Rio Grande do Sul.

sábado, 18 de maio de 2019

Estou a procura de um Chefe Escoteiro.




Estou à procura...

... De um Chefe Escoteiro. Não precisa ter sido menino escoteiro de outrora, mas se for melhor. Isto, no entanto não é importante, pois se está começando sua conduta dirá se seria o Chefe escoteiro que procuro. Tem que ser um Chefe elegante, educado, que trate as pessoas com cortesia. Que tenha a palavra servir em tudo que fizer. Que siga os preceitos de São Francisco quando escreveu que é dando que se recebe que é perdoando que se é perdoado. Precisa ser um Chefe que respeita e assim pode ser respeitado. Quem sabe um Chefe que sabe o significado de lealdade, da palavra dada, de fraternidade que abraçou entregando seu coração ao escotismo e suas leis. ... Eu procuro um Chefe, pode ser homem ou mulher, não importa a idade a riqueza a cor ou sua origem. Que seja um líder um cavalheiro que traga segurança para que todos possam acreditar no seu modo de agir. Que tenha sempre um sorriso mesmo nas piores situações. Que traga conforto nas palavras e no exemplo para ser seguido pelos seus rapazes e moças. Que saiba motivar em todos os momentos da sua vida. Eu preciso de um Chefe, não para mim, mas para o escotismo que amo e que ele ame como eu, sem ser um fanático, sem fantasias ou místicas irreais. ... Eu estou à procura de um Chefe, que tenha um código de conduta, que leva a serio sua promessa escoteira e que a leve junto por toda sua vida. É necessário que ele seja verdadeiro, um escoteiro de caráter que se necessário daria sua vida pela honra, pela ética e pela sua palavra quando disse a todos ao redor que faria o melhor possível para obedecer a Lei do Escoteiro. Que ele seja útil a sua comunidade, que seja amigável, alegre e atencioso. Que seja cerimonioso sem ser fanático, que seja corajoso nas suas atitudes e não na sua força. ... Não sei se encontrarei um Chefe assim. Econômico sem ser sovina, que seja limpo de corpo e alma. Procuro nas ruas nas praças, nas casas, nos apartamentos nas fazendas sítios e ou nas esquinas da vida, um Chefe, que tenha o Espírito Escoteiro, que faça vibrar seus amigos e irmãos de menor idade. Que deite no chão, que role com eles na terra na grama ou no barro, que cante, que não reclame e que saiba que está ali para servir e não ser servido. Um Chefe que se preciso fique sem comer para que os jovens nunca tenham fome... - Eu procuro... Eu busco, estou a rastrear se existe um Chefe assim. Não precisa ter comendas, medalhas, insígnia e o escambal. Basta ter um sorriso franco, que só de olhar conquista corações. Que sem agradecer ofertas de cargos, pois sua labuta e formar jovens e que seu apostolado não seja perdido nas teias da jactância, no esnobismo, na insolência e presunção. Afinal eu procuro um Chefe Escoteiro, é tão difícil encontrar alguém assim?
- Desculpe, coloquei a foto de Baden-Powell, pois ainda não tenho um perfil do Chefe que procuro quem sabe você pode me ajudar?

sexta-feira, 17 de maio de 2019

Um fogo de conselho perdido em uma noite de luar... Invocação do Fogo sagrado.




Um fogo de conselho perdido em uma noite de luar...
Invocação do Fogo sagrado.

“Hoje eu invoco o fogo”. Aquele das profundezas da terra do mar e do ar. Invoco o fogo do sol que queima as energias do cósmico, e dele refaça as cinzas que o vento vai levar. Invoco o poder das Salamandras com respeito e honrarias, Eu invoco o poder do fogo dos raios e dos trovões. Invoco o poder da chama dourada da sabedoria e do espírito santo de Shekinah. Eu invoco os ventos que sopram nas vertentes do Vale Feliz. Seja ele ventos do norte, ventos do sul e do leste ou mesmo do oeste. Eu invoco o poder do fogo para que nossos corações voltem a brilhar. Nesta noite nesta fogueira mágica que não haja ódio e somente amor. Que o fogo nos purifique e traga a felicidade e o tempo para curar as dores que for preciso. “E quando as brasas adormecidas se apagarem eu clamo ao sol do amanhecer que traga a felicidade para todos os povos do mundo”.   

                   A vida escoteira nos faz sorrir, cantar, viver junto com irmãos em uma clareira amando uma fogueira que vai durar para sempre em nossos corações. Quanto tempo ainda ficaremos ao redor deste calor? Ah! Fogueiras. Quem não sentiu o vibrar do clarão no céu? Olhos esbugalhados olhando para dentro dela, querendo descobrir muito mais que aquelas chamas que se espalham com o vento, jorrando fagulhas tão fagueiras, tão faceiras que nossos olhos percorrem os lados e traslados para ver aonde elas vão? A fogueira atrai. Feche os olhos e pense que tudo vai começar. O escuro da noite esconde tudo de todos. Mas ali somos um só com o mesmo pensamento e ideal. Nada foge nada se perde, nosso pensamento é um só a viver este belo momento. O momento sublime que um trisco, um fulgor, um lampejo, um brilho colorido vai surgir, e a escuridão seja solicitada a se retirar.

                         É bom demais, é sublime, é fantástico. A luminosidade que brilha transforma faces, pensamentos, saudades, futuros que agora nem pensamos. Só aquele clarão se faz presente no raiar da escuridão que de susto desapareceu junto ao vento que chegou e partiu. A gente se atrai se junta aquela chama, quer ver a brasa, a flama. Uma língua de fogo escorre no tempo e no ar. Labaredas que nos faz sonhar. Não é o um fogacho escondido, perdido que o fogaréu se foi quem sabe na janela do tempo que se abriu. Ali não, ali vive a fogueira, a tocha, o facho e o archote uma lumeeira um fogaréu! Sei que em pouco tempo todos vão acordar do seu estupor, pois estavam sorrindo a esperar... Será um fogo, um conselho, uma aventura, um ato de amor. Será o aquecimento do corpo, irá cozer alimentos, afastar os amigos selvagens que escondidos atrás de árvores estão ali a espiar...

                     Quem disse que o vento carrega levemente a poeira, que sopra pela janela e balança a roseira? Quem faz e diz ser mais bela que a chama de uma fogueira? Não sei e nem quero saber. Sei que o fogo molha a alma de guerreiros, aqueles que sonham com mundos coloridos e muitas cores no ar. São românticos e sonhadores. Eu você e todos nós estamos ali juntos contigo, muitos amigos, em volta de um clarão que vai atingir as estrelas no céu. Eu sinto meu coração bater, o crepitar da fogueira me fazer renascer, não é tempo esgotado nem chuva no molhado. É força Escoteira, alegre faceira que o Fogo de Conselho vai trazer ramalhetes de flores espalhados ao luar. São flores amarelas, vermelhas singelas. Quem sabe vai também trazer a boa nova, a mudança dos novos tempos, um ato de amor e de felicidade, que a bondade de Deus colocou-nos unidos ali, fazendo escotismo, gostoso, aprazível, delicioso. Agradável noite de amor fraterno.

                    Ah! Saudades que passam que ficam. Suspiro apaixonado por um fogo qualquer. Ali amigos fraternos, amigos eternos sorriem naquela noite maravilhosa que em só um momento trouxe canções, vozes a entoar, gorjeios em noite de luar. São canções lindas, frases sinceras, amor de primavera. Linhas inexistentes, fronteiras abertas demarcações riscadas. Nada impede celebrar ou enaltecer o fraternal companheiro. Um parceiro, um amigo, um colega um camarada meu mano. É ali naquele fogo, tão primoroso iremos guardar saudades eternas. Um dia vamos sentir falta, lembrar-se de algo, trazer na memória coisas antigas, pensar em tê-las de volta. Mas o fogo, o trinar do canto da fogueira, um olhar tão amigo, um certo sorriso e dizer: Adeus fogo, não é mais que um até logo... Não é mais que um breve adeus...

                 Com as mãos entrelaçadas, ao redor do calor, iremos deixar uma lagrima cair e cantar que não é mais que um até logo, não é mais que um breve adeus, bem cedo junto ao fogo tornaremos a nos ver. E então o Senhor que nos protege vai de novo nos abençoar e um dia certamente vai de novo nos juntar. Sonhos de esperanças de amizades eternas e depois com as brasas adormecidas iremos dormir em paz!

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Lendas escoteiras. Quando Deus criou o Chefe Escoteiro.




Lendas escoteiras.
Quando Deus criou o Chefe Escoteiro.

Prólogo: - Um Chefe Escoteiro é um ser humano como todos nós somos. Tem algum de especial pois sua dedicação mostra que a grandeza de um ser humano não está no quanto ele sabe, mas no quanto ele tem consciência do que não sabe. O destino não é frequentemente inevitável, mas uma questão de escolha. Quem faz escolha, escreve sua própria história, constrói seus próprios caminhos. Feliz o Chefe Escoteiro que transfere o que sabe e aprende o que ensina.

                     Vez ou outra me deparo em meus blogs com este artigo que publiquei há algum tempo. Um dos mais lidos e comentados. Porque não publicá-lo novamente aqui? Sei que muitos já leram mas outros não. Ele foi adaptado do conto quando Deus criou o Policial de autor desconhecido. Vale a pena ler:

Deus estava no sexto dia de horas extraordinárias, quando aparece um Anjo e lhe diz: - Estás levando muito tempo nessa criação Senhor! O que tem de tão especial esse homem?

Deus respondeu:
- Um Chefe de Escoteiro, ele terá que providenciar local para acampamento, transporte, preparar as crianças e jovens para as atividades, realizar caminhadas nas matas, pular cercas, entrar em rios e lagoas para ver se tem algum perigo. Tem que estar sempre em boa forma física, para poder acompanhar o ritmo dos escoteiros. Tem que fazer tudo isso seguindo as normas de segurança. E no acampamento a noite terá que contas história mesmo estando cansado. Também tem que possuir quatro braços, para poder ajudar a armar as barracas, fazer o fogo, levantar a tampa da panela para verificar se a comida está pronta e ainda passar a mão na cabeça do escoteiro que estiver desanimado como forma de incentivo.

O anjo olha par Deus e diz: - Quatro braços? Impossível!

Deus responde:
- Não são os quatro braços que me dão problemas e sim três pares de olhos que necessita. - Isto também lhe pedem neste modelo? – pergunta o Anjo.

- Sim, necessita de um par com raios-X, para saber se o local tem algum perigo; Necessita de um par ao lado da cabeça para que possa cuidar dos escoteiros e outro para conseguir olhar se alguém está pode se ferir durante uma atividade.

Neste momento, o Anjo diz: - Descansa e poderás trabalhar amanhã.

- Não posso – responde Deus – Eu fiz um Chefe de Escoteiro que é capaz de ensinar um jovem o caminho do sucesso, e depois do jovem alcançar o sucesso pessoal quando for adulto nunca mais irá aparecer no grupo. Ele se esquecerá do chefe, mas mesmo assim o chefe ficará feliz em saber que o jovem está no caminho certo e hoje e um pai ou mãe de família para nação. A, ao mesmo tempo, manter uma família de cinco pessoas com seu pequeno salário do seu trabalho fora do escotismo. Ele estará sempre pronto para colocar dinheiro do seu salário para realizar atividades com os jovens por ser um voluntário.

Espantado, o Anjo pergunta a Deus:
- Mas Senhor, não é muita coisa para colocar em um só modelo?
Deus rapidamente responde: - Não. Não irei só acrescentar coisas, mas também irei tirar. Irei tirar seu orgulho, pois infelizmente para ser reconhecido e homenageado ele terá que estar morto. Ele também não irá precisar de compaixão: pois ao sair do velório de outro chefe, ele terá que voltar para sua missão e preparar a próxima reunião normalmente.

- Então ele será uma pessoa fria e cruel? – pergunta o Anjo.

- Claro que não responde Deus. Mesmo sendo um Chefe ele é para os jovens um irmão mais velho, ele não comanda, mas guiará pelo seu exemplo pessoal. Brincará através dos jogos ao ar livre. Simplesmente esquecerá os problemas quando estiver em atividades com os jovens será como um profissional do riso tem que esquecer os problemas e focar na sua missão que é ensinar a promessa e lei escoteira visando alcançar a cidadania, o companheirismo e o gosto pela natureza.

O anjo olha para o modelo e pergunta: - Além de tudo isso, ele poderá pensar?

- Claro que sim! – Responde Deus. Poderá no mesmo dia da instrução para crianças, adolescentes, adultos e explicar sobre a importância do escotismo para formação dos jovens e adultos.

Por fim, o Anjo olha o modelo, lhe passa os dedos pelas pálpebras, e fala para Deus: - Tem uma cicatriz, e sai água. Eu disse que estavas pondo muito nesse modelo!

- Não é água, são lágrimas… Responde Deus.
- E por que lágrimas? – Perguntou o Anjo.

Deus responde:
- Por todas as emoções que carrega dentro de si… Por um jovem que não conseguiu seguir o caminho certo da cidadania e entrou no caminho das drogas e da violência… Pelo apoio que muitas das vezes não conseguiu das autoridades para realizar atividades para os jovens!

- És um gênio! – responde-lhe o Anjo.
- Deus o olha, todo sério, e diz: - Não fui eu quem lhe pus lágrimas… Ele chora porque é simplesmente um humano! Um simples Chefe Escoteiro!

Obs.; Adaptado de um conto visto na Internet.

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....