“Emmanuel”.
Este é um
conto de ficção baseado na doutrina Espírita.
Prólogo:
- A humildade não está na pobreza, não está na indigência, na penúria, na
necessidade, na nudez e nem na fome. A humildade está na pessoa que tendo o
direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude compreensível no
brio pessoal, apenas abençoa.
Emmanuel foi o primeiro.
Sempre fora assim desde que ele entrou para os escoteiros. Era uma alegria
vê-lo chegar. Ficar só na sede, mesmo acostumado ele sentia falta. Ele se
juntava a todas as patrulhas. Não tinha nenhuma especial. Sabia o nome de cada
um: Mozart, Luiz, Totonho, Antonio, Pedro, Zacarias... Sabia do acampamento no
próximo mês. Sonhava. Afinal ficaria dias e noites junto a eles era uma alegria
infinita. Lembrava pouco do seu passado. Nos últimos trinta anos fez tudo para
esquecer. Um pai cruel, uma mãe que não ligava para ele, uma morte em uma curva
onde todos eles partiram para o outro lado da vida. Sombras tenebrosas levaram
seu pai e sua mãe e ele ficou. Perambulou pelas ruas, ficou na sua casa, mas a
briga dos tios pelo espólio o enojava. Descobriu os Escoteiros. Ali fez sua
morada.
Conheceu centenas deles. Afinal
trinta anos produziu muitos homens feitos. Assustou quando Braguinha disse que
o via, mas não escutava. Sorriu para ele e se tornaram amigos até que um dia
ele partiu. Quantos chefes? Dezenas. Nunca esqueceu o Chefe André Luiz. Dizia
belas palavras: - O bem que praticas em qualquer lugar será teu advogado em toda
parte. Nunca esqueceu quando a noite no Pico das
Agulhas Negras disse; - Assim como a semente traça a forma e o destino da
árvore, os teus próprios desejos é que te configuram a vida.
Aos poucos foi vestindo peça
por peça do uniforme. Lembrou-se de um anjo que lhe disse: Você é somente
espírito e estes não tem corpo. Muitas vezes tentaram levá-lo, mas ele insistia
em ficar. Gostava dali, seu pai nunca o deixou ser um. – Filho isto é coisa de
“boiola”, você é meu filho macho, e tem de demonstrar desde cedo que sabe
mandar e matar se preciso. Naquele dia chorou. Lembrou mais uma vez do Chefe
André Luiz: - A grandeza do amor repousa invariavelmente na conjugação do verbo
servir.
Viu um clarão azul como se
fosse uma lua cheia diferente. – Filho, chegou a hora de partir! – Era um Velho
de roupas brancas e alvas, envolto em luzes brilhantes. – Porque Senhor? –
Esqueceram-se de você. Seu pai e sua mãe ainda estão acertando suas dívidas com
Deus. – Braguinha foi quem nos alertou. – Braguinha? Onde ele está? – venha
comigo, e vais encontrá-lo bem no centro do universo. Ele pensou e pensou.
Senhor! – Posso pelo menos ir ao meu último acampamento? – O Velho sorriu. Ele
sabia que as verdadeiras afeições são eternas. Não começam e não terminam em
uma existência. "À proporção que se liberta, a alma encontra-se numa
situação comparável àquele que
desperta de profundo sono. Bem diverso é, contudo,
esse despertar".
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