segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A incrível lenda do Guardião da Floresta da Bocaina.


No mundo de fantasia entre bruxas, fadas, Duendes e Gnomos. O que eu sei que as Bruxas nos fazem apaixonar e cessar no tempo. As fadas nos ensinam a ser criança. Os duendes esconde de nós, o tesouro mais íntimo, assim como os Gnomos ficam rindo da nossa cara. Max Reygson

Lendas escoteiras.
A incrível lenda do Guardião da Floresta da Bocaina.

“Conta uma lenda que toda vez que alguém desaparecia na Floresta da Bocaina as margens do Rio Vermelho, a sudoeste de Palo Verde e ao norte da capital do Pará, uma densa neblina tomava conta para evitar que as buscas tivessem sucesso. Dizem que era uma floresta tão densa que a luz do sol raramente passava entre as copas das árvores e isto criava um cenário ideal para a existência de lobisomens, bruxas e gnomos”.

Prologo:
          Quando me contaram esta história sorri de leve para não deixar Diógenes sem graça. Ele mesmo se jactava que em uma das suas reencarnações tinha o mesmo nome, e que era aquele que andava com um lampião aceso dizendo estar em busca de um homem honesto. Eu conhecia a lenda, ela aconteceu lá pelos idos do ano de 323 antes de cristo. Diógenes era chamado de Cínico e foi um filósofo da Grécia antiga. Se fora anedota ou não ele foi exilado de sua cidade, mudou para Atenas e depois virou um mendigo que perambulava pela rua carregando um lampião, durante o dia dizendo estar procurando um homem honesto. Ele acreditava que a virtude seria mais bem revelada se na ação e não na teoria. Mas o Diógenes de hoje não sei não. Ele não trabalhava e vivia também perambulando pela cidade, sem seu famoso lampião e diferente de muitos mendigos ele tinha uma casinha boa e vestia sempre roupas caras. Bem eu não era amigo dele e para dizer a verdade nem sabia quem eram seus amigos. Naquela tarde estava me preparando para uma difícil prova que iria realizar para ver se conseguia uma vaga de Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda quando ele sentou ao meu lado.

          Eu gostava da Praça do Povo, um lugar simples sem movimento e que me deixava tranquilo para aclarar as ideias. – Eu já te contei esta? Ele falou. Não sabia que ele estava ao meu lado. Qual Diógenes? – A do Guardião da Floresta da Bocaina! Ele disse. Nunca tinha ouvido falar, mas dei corda a ele. Eu sei quanto vale uma história bem contada e quem sabe minha cabeça a mil ouvindo uma boa história até me ajudaria a entender melhor aquela matemática infernal que tentava entender para a prova do dia seguinte. – Olhe – Ele continuou – Não sei o seu nome, mas sei que você é um Escoteiro. Já vi você de calças curtas muitas vezes. Sei que vocês gostam de acampar, explorar novas florestas e montanhas enormes e sei também que adoram um curso de água doce à procura de sua nascente. Antes de morar aqui eu morava em Palo Verde, uma cidade a sudoeste do Rio Vermelho bem longe da Capital do Pará. Lá eu era bem conhecido e tinha até um Cinema que aos sábados e domingos uma fila enorme se fazia para assistir a um bom filme.

Uma história, apenas uma história.

                 Foi lá em Palo Verde que vi vocês a correrem pela cidade, a desfilar, a colocar uma mochila e ir para os campos a procura de aventuras. Eu até um dia pensei em ser um de vocês, mas depois desisti. Porque desisti? Tudo por causa do Jobson dos Santos. Um menino pequeno, magro, raquítico que só vendo. Quase não falava e quando dizia alguma coisa era de uma sabedoria tremenda. Ele era daqueles que nunca deixava nada sem fazer. Não levava desaforos para casa apesar de que bastava um empurrão e ele se esparramava pelo chão. Jobson resolveu ser Escoteiro. Foi aceito porque sua mãe era amiga de uma Chefe de lobinhos e isto porque não existiam vagas. O Grupo Escoteiro estava cheio. Na Patrulha Lagarto ninguém ligava para ele. No primeiro acampamento ele sumiu por horas. Apareceu depois sorrindo e mesmo com a “lavada” do Monitor e do Chefe ele continuou rindo e não disse nada.

                Jobson era inteligente. Menos de cinco meses sabia tudo para fazer as provas Escoteiras. Só não fez porque o Monitor Maguilson lhe disse que precisava ter um tempo. Precisava também de algumas especialidades. Jobson não disse nada, ele não encrencava e nem retrucava. Aceitava tudo de bom grado. Um dia em um acampamento de fim de semana um fazendeiro amigo da tropa fez uma visita e a noitinha em uma Conversa ao Pé do Fogo contou uma história interessante. Claro que ninguém acreditou. – “Escoteiros” - ele disse – Se um dia vocês forem para os lados do Rio Vermelho, bem a sudoeste de Palo Verde nunca entrem na floresta Negra da Bocaina. É uma floresta tão densa que é difícil andar. Mesmo com um bom facão fazer uma trilha é difícil. À tardinha uma bruma cinzenta percorre toda a mata e quase nunca o sol consegue penetrar entre as árvores.

                - Todo mundo prestava a máxima atenção ao senhor Zeferino o fazendeiro. Olhos arregalados, pois se tinham uma coisa que gostavam eram histórias incríveis e quem sabe um dia viver uma delas? – Continuou o Senhor Zeferino – Nesta floresta negra dizem que habitam “lobisomens, bruxas e gnomos”. Contaram-me que tem um enorme leopardo rajado de amarelo e negro que toma conta de tudo. Ninguém ousa entrar lá e o tal Leopardo com suas enormes garras mata quem se arrisca. Um empregado meu, de nome Zózimo riu quando soube da história. Pegou uma espingarda e um facão e alardeou a todos que ia entrar. Sumiu por dois meses. Encontraram-no quase morto as margens do Rio Vermelho e ficou internado na UTI de um hospital por dois anos. Quando saiu pegou o primeiro ônibus e sumiu da cidade. Os que ouviram sua história tremem até hoje em contar.

                    Lourenço muito amigo dele disse que ele encontrou o Leopardo. Horrível, não deu tempo de fugir. Mas o Leopardo o encurralou em uma gruta e ele deu vários tiros e só a fumaça saia pela arma. O Leopardo sumiu e a noite escura e sem luar, apareceu uma linda moça, com um vestido longo e branco e o chamou. Ele sorriu e pensou quem mais alguém habitava aquela floresta. Foi até ela e os dentes enormes e as unhas enormes logo o envolveram. A moça se transformou em um Leopardo e só não o matou porque ele conseguiu correr pulando nas águas escuras do Rio Vermelho. Ele disse que enquanto nadava para a outra margem avistou um enorme lobisomem e várias bruxas que voavam por cima da sua cabeça. Bem eu nunca acreditei na história completou o Senhor Severino, mas querem saber? Nunca fui para aqueles lados. Mais tarde, na barraca Jobson deitado pensava na história. Não saia de sua cabeça. – Vou ver onde fica, se ninguém quiser ir eu vou!

                    Dito e feito. Jobson convidou a todos da patrulha – Vocês não acreditam nesta história acreditam? Acreditando ou não ninguém quis ir. Ele tentou tudo e até o Chefe o proibiu de comentar mais com a tropa. – Jobson ele disse – Ninguém nunca foi lá e voltou vivo, porque esta insistência? Acredite ou não eu o proíbo de comentar novamente com sua patrulha. Jobson olhou o Chefe e não disse nada. Uma tarde Jobson sumiu. Seus pais preocupados o procuraram no grupo e com todos seus amigos. Nada. O delegado chamou diversos homens e correram por toda a vizinhança da cidade. Dona Matilde disse que o viu pela manhã de uniforme Escoteiro e chapéu, Uma mochila e um bornal rumo a nascente do Rio Vermelho. Os Escoteiros quando souberam pensaram logo que ele tinha ido para a Floresta Negra da Bocaina. Danado! Pensaram. No fundo todos o invejavam.

                     Jobson sumiu. Por anos ninguém mais ouviu falar dele. Nonato Castanheira era Sênior e tinha também o sangue aventureiro a correr em suas veias. Quando Jobson sumiu ele era lobinho. Agora como sênior vivia sonhando em ir também conhecer o mistério da Floresta Negra. Tinha um medo enorme e sabia que ninguém iria se arriscar a ir com ele. Sem mais nem menos Nonato Castanheira um sênior da Patrulha Pico da Neblina sumiu. Outro? Parecia uma epidemia, mas até então eram dois. Cinco meses depois Nonato Castanheira apareceu. Tinha um olhar diferente, não falava e nem sorria. Escreveu um bilhete aos seus pais pedindo desculpa por não ter dado notícias. Onde fora era difícil. Ele ia voltar e nunca mais iriam vê-lo novamente. No bilhete ele disse que apaixonou pela Fada Violeta, a mais linda mulher que o mundo conheceu. Ela a noite se transformava em fada e durante o dia era o temido Leopardo Guardião da Floresta.

                      Completou dizendo que a Princesa Violeta tinha muitos homens em sua volta. Formavam um enorme batalhão que a defendia contra tudo e contra todos. Sobre as bruxas e Lobisomens e Gnomos ele não escreveu nada. Parece que os homens que amavam a Princesa se transformavam a noite enquanto ela virava uma linda moça em monstros. A Floresta Negra maldita para uns cheia de amores por outros, cheia de fantasmas por muitos e muitos anos ficou intacta de visita de seres humanos. Eu soube que uma unidade da Marinha com mais de duzentos soldados entraram na floresta. Nunca mais voltaram. Ninguém mais se arrisca a entrar lá. Olhei para Diogenes e sua história mirabolante. Toda história eu sei que tem um fundo de verdade, mas aquela era demais. Quando voltei para casa procurei na internet todo que poderia contar no Google sobre a tal Floresta. Nada encontrei.

                      Pelo sim e pelo não um dia vou a Palo Verde, nem sei onde fica se é longe da Capital do Pará. Mas sou um Escoteiro aventureiro e não deixo nada sem investigar. Eu adoro histórias assim e breve muito em breve vou descobrir a verdadeira história da Floresta Negra da Bocaina. Vou tirar a limpo a história dos guardiões e da Princesa Violeta. Sei que eu não vou me enamorar. Adoro minha esposa e meus filhos e até já disse a eles o que vou fazer. Na próxima primavera irei de avião até Belém. De lá embarco em um navio em busca do Rio Vermelho. Se Palo Verde e a Floresta Negra existem, eu um Escoteiro vou encontrar sem sombra de dúvida. E quando voltar, se voltar vocês saberão toda a verdade! 

Era tudo tão perfeito
um tanto quanto surreal
bruxas e belas princesas
unicórnios no quintal

onde andavam de mão dadas
chapeuzinho e lobo mau
e então agente acorda

tudo volta ao seu normal
bruxas queimam na fogueira
princesas só no carnaval.

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