domingo, 10 de maio de 2015

Lendas Escoteiras. Marina Morena.


Lendas Escoteiras.
Marina Morena.

¶ Marina morena, Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo, mas faça um favor
Não pinte esse rosto que eu gosto que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu.

              Dava gosto de ver quando ela toda serelepe descia a Rua dos Coqueiros com aquele rebolado sensacional! Ah! Marina Morena moça linda de morrer. Um pedaço de mau caminho. Olhos verdes que Fernão dias Paes poderia pensar ter achado suas esmeraldas tão procuradas nas Minas Gerais. E os cabelos? Caramba! Da cor do mel. Solto nos ombros com ondas fazendo cócegas no mar. Os lábios? Carnudos, vermelhos deliciosos. Olhos grandes, jabuticabas em flor. Negros enormes pareciam saracotear nos sorrisos escondidos como há dizer: Sou sim, boa demais! Quando andava todo mundo esquecia-se de Vera Verão, na sua sainha curta, a propagandear sua cerveja para os sortudos do mar. Todos saiam às portas, as filhas de Maria olhando na greta da janela, as mães com uma inveja danada a excomungar Marina Morena. Que culpa ela tinha de ser deliciosa? Mulher formosa, gostosa, mulher nota mil? Depois que ela passava, as comadres se juntavam nos portões embranquecidos: - Você viu? Para mim uma rapariga! Mulher de programa, metida a bacana, dizem que dormiu com todo mundo do lugar! Não era verdade, ninguém sabia como ela vivia, ela se escondia num quartinho alugado na casa de Dona Veronica.

                 Padre! – Tome uma providencia! Ela é uma indecência para o povo deste lugar! – Senhor prefeito, se quer ficar satisfeito e nossos votos ganhar, suma com ela. O prefeito coitado, barrigudo o danado só pensava: - Carne de primeira prá cachorro nenhum botar defeito. Mas quem tomava efeito, se ela não tinha defeito todos queriam enxergar. Aonde ela vai? O que faz? Como vive? Dona Verônica era um túmulo. Não dizia nada. Um dia um susto dos Escoteiros, em reunião correndo a jogar, lobinhos a cantar, eis que adentra no portão, nada mais nada menos que Marina Morena feitiço ao luar. O jogo parou, a canção terminou a meninada correndo e dizendo: Chefe! Ela vai ser uma de nós? – Tenente Bossalto tomou de assalto em nome dos bons costumes e da galhardia escoteira. Diretor Técnico famoso era um homem brioso e perguntou? Moça! (queria dizer linda e gostosa, mas não disse) o que queres aqui?                

¶ Me aborreci, me zanguei, já não posso falar,
E quando eu me zango Marina, não sei perdoar
Eu já desculpei muita coisa, você não arranjava outro igual.

                - Tenente Chefinho, eu queria ser lobinha, e na Jângal aprender. Não tenho idade, mas que saudade de meus tempos de criança. Quem sabe uma Escoteira, valente faceira e contigo acampar? Também não, isto vejo pelo seu olhar. Pioneira Valente, alguém que nunca mente? Certo também não posso. E Chefe Escoteira, sem bagaceira meu caro Tenente, será que tem vaga prá mim? Tenente Bossalto, tomou de assalto seu coração explodiu e amou aquela mulher. Esqueceu Tereza sua mulher com certeza e com um amor enorme falou - Se queres aqui ajudar, por favor não seja rameira, pode ser faxineira e a limpeza fazer. E ela sorriu, encantando a meninada, fez cantar a passarada e seu ninho fez ali. Todos adoraram o arranjo, que muitos chefes marmanjos voltaram a escoteirar. Até Dulcineia sem dente, uma Akela de repente, falou prá Chefe Toninha – Olha, deixa prá lá. Um dia a casa torna, ela não é de bigorna e vai sumir sem voltar. Menino! Nem lhe conto, a sede ganhou um trinco, a limpeza era um brinco, ninguém esquecia a moça mulher. Um dois três seis meses ela ficou. Aos Escoteiros ela amou, nem uniforme pode ter. Queria voltar de Odessa e fazer sua promessa, mas o malvado Chefe Tenente que tinha amor ardente... Não deixou! A meninada escoteira corria, gritava com galhardia; - Viva Marina Morena, nossa musa nosso amor!

                  Um sábado não apareceu. Desapareceu sem dizer Sempre Alerta. A escoteirada chorava, Tenente Bossalto cantava sua saudade danada uma bela canção de amor. Mas as chefes feiosas sorriam. Pensaram ser coisa-feita e agora satisfeitas, brindavam com água benta, chupando bala de menta diziam: - Ela se foi teremos enfim a paz. Um mês, dois três, quatro cinco, as saudades aumentando, o sonho de ela voltar acabando, lembranças se apagando. O tempo dizem apaga o tempo, mas existe contratempo e mesmo alguns esquecendo no sábado a bomba explodiu. Dulcineia a Akela sem dente, aquela que nunca mente, se assustou quando viu: Que mundo louco, será que ela voltou? Cena nunca antes imaginada, Marina Morena a danada, adentrou sede adentro dizendo que voltou para ficar. Que dia passado ditosos, um dia que ninguém esqueceu. Um dia da benção do Senhor, alguém tirou do penhor e eis que ela surgiu no portão! Um susto, alguém gritou – É ela meu Deus! Seja bem vinda!. Era Geraldo Magrão. Ela Bonita a danada, até eu levei um baque, ela vestida de caqui, Chapelão e lenço azul. Ficou linda demais, sainha curtinha com pregas, meião cinzento a puxar. Não é que a moça perfeita, moça demais arteira, estava com a Insígnia da Madeira? – Voltei ela disse, voltei para de novo partir e dizer adeus mas um dia vou voltar. Aqui não posso ficar, Meus lideres queridos disseram que sempre me querem lá, disseram-me que nunca levarei tabefe, pois serei Escoteira Chefe. Deram-me tantas medalhas, que agora não saio de lá. Sou do CAN, do DEN sou de todos, Escoteira honrosa querida, lá eu farei guarida e ao escotismo ajudar.         

¶ Desculpe, Marina morena, mas eu estou de mal
De mal de você, de mal de você!

                  E assim termina a história, ainda trago na memória esta história infernal. Hoje estou de bem com a vida. Se Marina Morena foi um blefe, e se tornou Escoteira-Chefe não sou capaz de jurar. Só sei que ainda gostosa, agora ficou famosa e eleita Chefe internacional. Por unanimidade, foi eleita e sorridente, agora Secretária Presidente, da WOSM. Dizem que manda em tudo. Dizem ainda enternecido, que Baden-Powell foi esquecido, ela sim falada em todo mundo, a nova Escoteira Chefe  Secretária Presidente do escotismo Mundial! Risos. E se quer acreditar, saiba que boi não é vaca, e feijão não é arroz, e se quiser meu amigo, que conte até dois!


Marina Morena é uma canção interpretada por Emílio Santiago.

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