Coisas
de chefes escoteiros.
Nossa
vida é tão curta...
Curta demais. Eu disse isso para
Soninha. Há dias com um olhar tristonho, as vezes olhos molhados e quase não
falava. Não sabia o motivo e quando tentei perguntar ela caiu e prantos
correndo para a sede. O que eu podia dizer para ela? Dizer que entendia sua
tristeza? Qual? Ela não me disse. Como ajudar? Eu sei que o tempo que ficamos
neste mundo é tão breve... Muito breve. Deveria ser um problema familiar. Mas
como não observei antes? Só agora? Muitas vezes acreditamos que os momentos e
os detalhes são únicos. Esquecemos que as oportunidades podem ser descartadas,
mas dificilmente repetidas.
Será que nos esquecemos de você?
Não perguntamos seus sonhos? Onde queria chegar? Não percebemos que correste
atrás das ilusões de um distintivo de uma jornada de algum acampamento que magoou
seu coração? Só o seu sorriso tinha valor? Sei que não é uma atriz daquelas que
forja uma resposta e conquista muitos corações. Resolvi ir até a sede. Precisa
saber o motivo. Meu coração estava em brasa, nunca deixei para amanhã a solução
de algum que podia machucar alguém. Iria perguntar? Será que não tinha um plano
B?
Soninha me olhou com seus olhos
negros agora secos, mas como se estivesse chorando por dentro. – Escoteira, eu
não posso saber? Não posso ajudar? Se choras é porque sofres e se não me conta
não posso chorar com você. Você como eu sabe que podemos passar uma vida nos
queixando, obras que não realizamos e muitas vezes deixamos de lado aquelas
pequenas que nos tornariam mais felizes. Soninha abaixou a cabeça, senti que
ela queria dizer alguma coisa, mas não disse.
Tentei dar o meu melhor sorriso,
nunca fui bom com ele. Diziam que eu era sisudo, e não sabia agradar ninguém.
Era verdade. Penitencio-me. Vivemos desejando asas, enquanto nossos pés nos
convidam a pisar firme no chão e não voar pelo ar. Acreditamos que a nossa
felicidade está naquilo que queremos e deixamos de amar o que possuímos. Vi
quantos passaram nesta vida no escotismo e mesmo sofrendo não desistiram. Pelo
menos nesta parte Soninha venceu. Ela está aqui hoje apesar de tantas contradições
de um movimento que tanto amou.
Chefe, eu não sei o motivo, me
deu vontade de chorar e chorei! Olhei para ela sem demonstrar ser adulto
demais. – Não sorri. Soninha, quantas vezes chorei sem nenhum motivo? Nossa
vida é breve e temos muito que aprender e realizar. De modo algum justifica
nossa tristeza, nossa busca de satisfações efêmeras enquanto a nossa realização
está justamente naquilo que podemos realizar.
Sabe minha jovem escoteira, às
vezes pensamos em mudar, a idade chega, não sabemos se vamos pisar no antes ou
no depois. Todos nós passamos por este caminho. Precisamos sim aproveitar esta
oportunidade única, breve... E olhe mesmo que não acredite, sorria, pois a vida
é bela demais para chorar!
Nota –
Diga-me, qual Chefe não teve seu dia de aconselhador? Qual Chefe que não tem
uma historia de vida para contar dos seus lobos ou escoteiros? Penitencio-me...
Tenho histórias demais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário