Thiago.
O último
nascer do sol.
Perdi um sol e ganhei experiência.
O que vale mais dormir ou ver um sol despontando na invernada, o cantar da
passarada, será mais uma maravilha da natureza? Tempos... Muitos. – Meu Chefe sorrindo
me disse: Thiago Escoteiro, na virada desta noite, quando chegar à madrugada
vai haver o mais lindo amanhecer com um nascer de sol para nunca mais esquecer.
Olhei para ele de banda. Sabia do meu
ofício em fazer sacrifício para ver um sol e uma lua brilhando no firmamento,
onde se pode pegar no pensamento.
Tinha de tomar posição, fazer arrumação,
mochila agua no cantil e partir sem mais pensar. Meu Chefe sabia que eu amava a
natureza, amava o sol a lua, o anoitecer e o amanhecer. Amava a passarada e a
floresta quando começava a chover. Sei que o nascimento do sol é um dos espetáculos
mais fabulosos da terra. É magnifico a aurora se abrindo em todo seu esplendor de
cores, para dar a luz a um novo dia que vai surgir. Corri feito o vento a cata
de companheiro, um bom escoteiro para me fazer companhia. Todos compromissados.
Era eu sozinho e mais ninguém.
Montei no meu cavalo de aço
quando a meia noite se foi. Parti feito um condenado ao pico difícil de ser
alcançado. Enquanto pedalava nas campinas, sabia que logo ia chegar às colinas.
Pensando na minha viagem me lembrei de um poema que li e não escrevi. – “Quem
quiser plantar saudade, trate de escaldar a semente. Plante no solo bem duro,
onde o sol seja mais quente. Pois se plantar no molhado, ela cresce e mata a
gente”!
No fundo do bornal tinha
biscoito, doce de paçoca e um belo pedaço de bolo. Me deu vontade de comer... Agora
não. Precisava de chegar. No pé da montanha escondi meu cavalo de aço e parti.
Três horas de escalada, e eis que suando as bicas, resfolegando demais procurei
o ar da montanha, eu chegava no lugar. Sentei admirando a paisagem, linda
demais com as estrelas, uma lua enluarada, e sozinho com meu Deus, fiquei
aguardando o alvorecer.
Encostado num troco fofo, com
sono e meio balofo, tentei nem cochilar. Meu Chefe afirmou que só daqui a dez
anos, poderei de novo ver este sol nascer. É lindo a madrugada, ventinhos
gelados ao sul, orvalho intempestivo, brisa gostosa a soprar. Meia dúzia de
vagalumes piscavam mostrando ser donos do lugar. Fiquei de pé num estalo, o
sono me veio a badalo. Eu não podia dormir. Me lembrei de um provérbio árabe que
dizia: - A hora mais escura do dia vem antes do sol nascer!
Não teve jeito, duas da matina
três quatro e dormi. No chão acabrunhado, acordei sobressaltado, minha mochila
ao meu lado, e vi que o sol me queimava, me acordando reclamando: - Pô
Escoteiro, tu perdeu. Uma oportunidade perdida, pois não vou nascer mais para você.
O meu espetáculo se foi. Volte daqui a dez anos escoteiro, desta vez o espetáculo
foi só meu!
Nota – Quando fizer algo e ninguém perceber
não fique triste. O sol quando nasce faz o maior espetáculo do mundo e nem
todos estão acordados para poder ver! Apenas um conto, sem muita pretensão de
ser o melhor!
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