Contos de
natal.
E aí Pedrão
Pioneiro, nada como um dia após o outro!
♫ “Em uma
montanha bem perto do céu, se encontra uma lagoa azul que só a conhecem aqueles
que têm a dita de estar em meu clã”!♫
E quem disse que a vida do Pedrão
Pioneiro era fácil? Ele sabia que não, mas como bom Escoteiro que sempre foi
enfrentava tudo com um sorriso nos lábios. Enquanto sua mãe cozinhava para a
Fábrica de Motores ele podia estudar. Agora não mais. Ela ficara doente e a
mandaram embora. Reclamou na justiça e eles recorreram. O advogado disse que
poderiam protelar por muitos anos. Ficaram a Deus dará. Ele seu irmão Juventino
de seis anos e sua mãe que já estava chegando aos setenta.
Pedrão Pioneiro tinha 21 anos e trabalhava em
uma loja de calçados. Salário Mínimo e comissão. Tirava uns mil e trezentos por
mês. Pagava sua faculdade novecentos. Não dava para a família comer. Teve que
trancar a matrícula. O pior aconteceu. Devido dar muita atenção a sua mãe que
mal podia andar faltava muito ao serviço e foi demitido. Chorou e implorou ao
seu Nonato para ficar. Nada feito. Seu Nonato foi inflexível. O pior que isto
aconteceu uma semana antes do natal. Belo presente de Papai Noel pensou. O Clã
partira para o Rio de Janeiro. Foram convidados por pioneiros cariocas a
passarem o réveillon com eles. Ele não foi. Ir como? Sem dinheiro? Deixar sua
família em dificuldade?
♫ “A sede de
riscos que nunca se acaba, as rochas que há a escalar o rio tranquilo que canta
e que chora jamais poderei olvidar”. ♫
Pedrão
Pioneiro soube que havia uma vaga na loja de calçados do shopping Sol Nascente.
Levantou cedo e partiu. Seu dinheiro acabara e nem para o ônibus tinha mais.
Seguiu a pé. Não era longe, menos de doze quilômetros. Quantas vezes ele fez
mais que isto nos Escoteiros? Riu com as lembranças. Mas no fundo chorava sem
ninguém ver. Ele sabia que só tinham alimentos para mais dois dias. Depois só
Deus para ajudar. Quando atravessou a Avenida Rebouças uma multidão correndo.
Ele se assustou e ficou em pé em frente a um bar que já havia descerrado suas
portas.
Vários policiais o agarraram e batendo com
seus cassetetes gritavam – “Toma seus Black Bloc filhos da mãe”! Pedrão
Pioneiro tinha ouvido pela TV da baderna que faziam. Cruz credo logo ele um
Escoteiro, um amante da paz apanhando daquele jeito? Levaram-no preso para o
oitavo distrito. Foi jogado em um camburão com mais seis. Um inferno! Não podia
se mexer e feriu seus pulsos com a algema que lhe colocaram. Os que estavam com
ele logo foram soltos. Na delegacia advogados estavam lá a espera. Ele? Um
pobre coitado sem eira e nem beira e nem conversou com o delegado. O levaram
para o cadeião de pinheiros. Jogaram-no em uma cela de três por quatro junto
com mais vinte presos.
♫ “No alto
da serra na gruta escondida, foi lá que eu fiz o meu lar”. “Subindo e descendo
com corda ligeira, eu vi o meu clã acampar”.
“Meu Deus!”
rezava Pedrão Pioneiro. Ajuda minha mãe e meu irmão ela está doente e ele só
tem seis anos! Pedrão Pioneiro no noticiário das seis apareceu como Chefe dos
Black Bloc. – Preso o mais perigoso arruaceiro de São Paulo! Diziam em alto e
bom som. Logo ele? Um Escoteiro? Uma pessoa que nunca fez mal a ninguém? Passou
mais três dias na cadeia. Todas as noites seus olhos se enchiam de lágrimas a
pensar em sua mãe e seu irmão. Dia 24 de dezembro véspera de natal ele foi
solto. Esperava-o na Secretaria da Cadeia o Delegado Paulo Santos. Olá Pedrão
Pioneiro, o que eles fizeram com você? O delegado Paulo Santos quando ele
passou para Escoteiro com onze anos estava nos seniores fazendo a Ponte
Pioneira.
Pedrão
Pioneiro tinha se esquecido dele, mas ele não se esqueceu de Pedrão Pioneiro.
Foi ele quem o soltou. Deu uma carona até sua casa e Pedrão Pioneiro não
aguentou. Chorou de felicidade em saber que amigos no escotismo são amigos para
sempre. A surpresa maior foi ver na porta de sua casa dezenas de Escoteiros e
chefes do seu grupo e de outros da redondeza. Eles souberam do acontecido e em
nenhum momento acreditaram na acusação. Uma campanha do quilo e o problema da
comida de Pedrão e sua família estava resolvido por alguns meses.
♫ “O sol no
caminho, a seguir direciona, o vento estimula a andar, paredes e vidros e
grandes rochedos, repetem o eco a cantar”! ♫
Era noite de
natal. A mãe de Pedrão Pioneiro fez uma linda ceia. Convidou o Delegado Paulo
Santos que ficou por alguns instantes. Tinha de partir para ficar com a família
dele. Dois pioneiros que não viajaram para o Rio de Janeiro ficaram com ele até
a meia noite. Uma parte resolvida pensou Pedrão Pioneiro. Pelo menos comida eles
teriam por alguns meses, mas e depois? Pedrão Pioneiro sorria ao ver o irmão
Juventino brincando com amigos. Uma hora da manhã e uma perua parou em sua
porta. Pedrão a viu, pois estava no portão vendo o belo céu cheio de estrelas.
Viu que era a Perua da Loja de calçados que trabalhava. O próprio “Seu” Nonato
desceu e chorando pediu desculpas a Pedrão Pioneiro.
– Olhe eu fiz
um cálculo errado na sua rescisão de contrato. Faltaram doze mil reais e fiz
questão de trazê-lo pessoalmente. E quero que volte. Você foi nosso melhor
funcionário que já tivemos. “Seu” Nonato, muito obrigado, mas não me tenha como
vingativo. Eu agradeço, mas sabe? Com este dinheiro vou abrir na minha garagem
uma lojinha de pequenas coisas. Minha mãe vai cuidar e tenho certeza que
poderei estudar e voltar a tempo para administrar com ela! E a vida voltou a
sorrir para Pedrão Pioneiro. Nada como um dia após o outro!
É melhor não contar, mas Pedrão Pioneiro se formou e hoje é
dono de uma grande rede de lojas de calçados. Dizem que têm filiais até nas
“Horopas e America”
♫ “Põe tuas mágoas bem no fundo do bornal e sorri”!
O que importa é vencer o mal, mantenha sua alegria,
“Não importa você se zangar, pois o mal vai acabar”! ♫
Nota - Só dê ouvidos a quem te ama. Não te preocupes tanto com o que
acham de ti. O que te salva não é o que os outros andam achando, mas é o que
Deus sabe a teu respeito! Uma história de Pedrão um Pioneiro que sabia o valor
do lema “Servir”. Boa leitura e feliz natal!
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