Contos de
Natal.
O voo 678 do
Comandante Escoteiro Noel.
Sempre fora seu sonho. Desde Lobinho
quando fraturou uma perna pulando de uma árvore com um guarda chuva de seu pai.
Como Escoteiro tirou todas as especialidades de aviador e aeronauta. Foi nos
seniores que começou sua iniciação como futuro piloto. Sonhava em ser um piloto
dos grandes aviões e isto lhe deu forças para um dia chegar como comandante de
um belíssimo Airbus A330 avaliado em mais de cento e sessenta milhões de
dólares. Foi uma longa jornada. Curso de piloto, treinamento intensivo,
estágios e como Copiloto transportando milhares de passageiros. Sempre foi um
escoteiro obediente e disciplinado.
Ao tomar o assento para o início
da sequência de tarefas, lembrou-se dos seus acampamentos quando nunca deixou
ninguém a deriva. Mesmo quando teve de diminuir o ritmo de suas atividades
Escoteiras devido aos estudos e os cursos que fazia sempre estava com eles. Seu
Copiloto e amigo também foi Escoteiro um dia. Vitório era como ele e ambos
sonhavam em pilotar gigantescas aeronaves pelos céus do mundo. Componentes
ligados, computadores, rota de voo, ajustes e aguardar o embarque dos
passageiros para partir. Fez questão de cumprimentar pelo fone a todos com
simpatia. – Senhoras e Senhores passageiros, bem vindos ao voo 678 partindo do
Aeroporto de Guarulhos com destino ao Aeroporto de Manaus... Nada tinha mudado
e ele como disciplinado que era completou as normas de aviação aos passageiros
finalizado que desejava a todos um Feliz Natal.
Noel sorria quando após o
ultimo vetor do radar do controle de aproximação realizado, ele manobrou o belo
avião rumo à pista de pouso. Estendido os flaps e os slats levantaram voo há
uma velocidade aproximada de 907 km/h. Noel sabia que em menos de três horas
estariam pousando no aeroporto Internacional de Manaus. Seu coração batia e
pulsava de alegria. O A330 obedecia ao seu comando como um bom Lobinho obedece
a sua Akelá. Belos tempos de outrora. O Grande Uivo, os acantonamentos e a
primeira noite na barraca. Fora demais. O A330 parecia ter sido feito para
Noel. O piloto automático, uma breve relaxada e uma volta junto aos
passageiros. Nada como dar sempre alerta para saber quantos antigos escoteiros
estavam embarcados. Quase quarenta de duzentos e dez passageiros responderam
com o sinal escoteiro.
Quando voltava para a cabine
sentiu os primeiros tremores na aeronave. Sabia que estavam em uma turbulência de
alto nível, pois o céu claro não podia indicar tal anormalidade. Noel não se
preocupou, pois no seu treinamento como Copiloto passou por várias fases como
esta. Tomou as rédeas de comando e acreditou que seria por pouco tempo.
Lembrou-se da tempestade quando acampados na Serra Morena e raios pipocavam em
todos os lugares. Não havia onde se esconder. Calmamente Noel conduziu toda a
patrulha até uma parte mais alta do morro onde uma pedra enorme serviu de
abrigo para a chuva torrencial e os raios. Em questão de minutos sairiam da
turbulência e todos voltariam a sorrir novamente.
O Velho mote que jamais uma turbulência
derrubou um avião para ele era um mito. Ele sabia que isto podia acontecer.
Afinal é como uma pipa de papel enfrenta um forte vento. Tranquilizou os
passageiros e pediu as aeromoças alertarem a todos para o procedimento comum
nestes casos. Sua tripulação tinha por ele o maior respeito. Foi em Camanducaia
que descendo uma encosta com a patrulha o morro derreteu e todos foram levados
montanha abaixo. Ninguém se machucou e aproveitaram para rezar. Ele católico
fervoroso sempre fazia isto nas decolagens e aterrisagens. O avião sacolejava
tanto que parecia um cavalo bravo tentando jogar seu cavaleiro para o
chão.
Tudo complicou quando o avião
deu uma guinada de 45º e ele perdeu a direção do manche. Sua primeira viagem
como comandante e tudo iria se perder? Lembrou-se de orar. Vitório tremendo o
acompanhou. A nave balançava como uma pipa solta ao vento. Era como no
acampamento em Verdes Mares quando a tempestade os pegou em cheio. Quatro
patrulhas e ele sozinho na chefia. O que fazer? Chamou os monitores. Alguém tem
ideia? Nonato sempre calmo disse que ficassem ali mesmo na encosta e se
amarrassem uns aos outros. Assim foi feito o vento diminuiu e a tempestade
passou. Noel não tremia, não tinha medo. Ele sabia que o final seria feliz. Era
noite de 24 de dezembro e logo Jesus Cristo ia nascer.
Quando viu que a turbulência
diminuiu e após receber o último vetor do radar do controle de aproximação, ele
manobrou calmamente o seu A330 rumo à pista de pouso, estendeu os flaps e os
slats e abaixou o trem de pouso. Cuidadosamente fez a última manobra para tocar
o solo com suavidade. O Controlador da Torre informou que estavam autorizados a
taxiar até o local designado. Motores desligados, missão cumprida. Embora
alguns passageiros tivessem algumas escoriações o voo chegou a Manaus sem
maiores contratempos. Noel se sentia aliviado. Foi como no dia que recebeu sua
Insígnia de Madeira e viu que todos o ovacionavam. Assim os passageiros fizeram
quando taxiou no aeroporto Internacional de Manaus.
Era como o fim de um
acampamento e a alegria de ter participado. Fez questão de cumprimentar um por
um todos os passageiros na descida do avião. O ultimo o abraçou. Obrigado
Chefe. Eu sabia que estávamos em boas mãos. Um dia também fui um Chefe e
aprendi que além de explorarmos o íntimo de cada jovem e descobrir sua
personalidade, o senhor fez o mesmo com todos os passageiros. – Feliz natal
chefe. Que todos que labutam no movimento Escoteiro saibam que os chefes sempre
estão preparados para ajudar e fazer de tudo que possivel para trazer o sorriso
e a felicidade. Até outra viagem Chefe!
Nota - Noel tinha o escotismo
no coração e agora como piloto sorria feliz na sua aeronave. Seu batismo era
como no primeiro dia de Insígnia. Dominou o avião como dominava suas canções no
fogo de conselho. Pousou feliz em saber que tinha dezenas de vidas sob sua
responsabilidade como sempre teve com sua patrulha. Uma historia simples, mas
com um final feliz!
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