Contos de
natal.
Os sete
filhos de Moisés.
Foi um natal inesquecível. Nunca
esqueci. Tudo aconteceu no dia 24 de dezembro ao pé do monte Canaã, bem próximo
ao Mar da Galileia. Portentoso o Rio Jordão corria para terminar no Mar Morto.
Eu nasci em Israel cidade abrigada por montanhas centrais e que até hoje faz
parte da história do Velho Testamento. Canaã era uma cidade pequena e
lindamente florida. Na Rua dos Reis Magos morava Moisés, um homem alto, forte que
todos diziam ter mais de 100 anos. Moisés tinha um belo sorriso e admirado por
todos os habitantes de Canaã. Zípora sua esposa faleceu e o deixou com sete
filhos seis homens e uma mulher. Idades próximas
já que havia dois pares de gêmeos Thiago e João Lucas, Davi e Josué. Só Ismael
Ruth e Israel não eram gêmeos. Conta uma
lenda que Deus por meio do seu espírito tomou a forma humana para abençoar e
batizar os filhos de Moisés.
Aarão Chefe Escoteiro me
contou está história. Parei para tomar um refresco já que a tarde estava quente
em sua Taberna vazia. Conversa vai conversa vem sentamos em uma varanda com uma
linda vista do Mar Morto. Aarão falava baixo, voz rouca e vestia um saiote
escocês que até hoje não entendi porque usava ali. Dizem que Escoteiros sabem
quem são e não passam despercebidos. Convidou-me para pernoitar ali à noite. Poucos
transeuntes sentia falta de bons papos principalmente dos que participavam do
movimento escoteiro. Todos os viajantes gostavam dos habitantes de Canaã. Uma
cidade tranquila que acolheu muitos deles vindo do norte. Àquela hora da tarde
não havia ninguém a vista. Hora da “siesta” rotina de muitos que vieram da
Mesopotâmia e que resolveram arranchar na cidade. Aarão era semita, oriundo da
Babilônia bem próximo ao Rio Eufrates.
Aarão não fora Escoteiro. Convidado
montou uma Tropa e por pedido dos pais aceitou algumas meninas. Moisés o
procurou oferecendo ajuda e foi um baluarte na montagem do grupo em seu início.
Inscreveu seus sete filhos e por votação eles decidiram ter sua própria
patrulha a qual deram o nome de Garça Branca. Nunca tinha ouvi falar em uma
patrulha formada por irmãos e me interessei pela história. Decidiram em Conselho
de Patrulha que o Monitor seria eleito conforme a necessidade da atividade
dando condições para que cada um pudesse ter a experiência e aprender a ser um líder
de patrulha. Eram exemplos para os demais escoteiros. Nunca houve uma
altercação, uma discussão, uma palavra áspera, pois levavam ao pé da letra a
Lei Escoteira e sem esquecer também a Lei de Moisés. – Sabe amigo – Dizia
Aarão, foi numa terça feira, férias escolares, que me pediram para acampar.
Moisés aprovou,
pois se eles queriam e sabiam o que fazer nada os impediria de acampar. – Aarão
– dizia Moisés - Me prometeram que estariam de volta a noitinha do 24 de
dezembro, para a missa do galo que frei Kety e Frei Ramsés com mais dois
monitores iriam celebrar. Nunca perderam essa missa e Moisés confiava nos seus
filhos. Partiram ao alvorecer, ainda com o orvalho caindo nas montanhas do
Monte Sinai. O dia prometia. Em fila os habitantes sorriram a vê-los passar
cantando o Rataplã. Foi Ruth quem contou como tudo aconteceu depois. Onze da
noite do dia 24 de dezembro e não haviam chegado. – Chefe contou Ruth, seguimos
pelos Pirineus até a trilha do Monte Carmelo onde montamos o acampamento. Tudo
transcorria bem preparávamos as etapas de Primeira Classe e a Correia de
Mateiro de João Lucas.
Em
dado momento sentimos falta de Israel. Isto não era comum. Davi usou seu apito
sonoro, sinalizando o S.O.S e nada. Saímos para procurar. João Lucas era mestre
em pista. Encontrou uma pegada de Israel. Fomos a todos os lugares possivel. Do
alto do Monte Carmelo dava para avistar o Monte Tabor e até o Monte das
Oliveiras onde Jesus fez seu sermão da montanha. As pistas eram fáceis de
seguir e nada de Israel. À tardinha antes do escurecer voltamos para o
acampamento. Thiago chorava baixinho e eu também. Todos não sabiam o que fazer.
João Lucas, Josué e Ismael cabisbaixo também
choravam. Davi ajoelhou e começou a rezar. Ajoelhamos com ele. Eles lembravam
que ele não queria vir ao acampamento, era o menorzinho dos irmãos. A noite chegou.
Não havia fome, não ouve jantar. Não sabíamos o que fazer. Só Deus para nos
ajudar.
Moisés na praça esperava
inquieto a chegada dos filhos. Não queria terminar sua vida assim. Pensou se
Deus o abandonara, mas rezou de novo e acreditou que teria ajuda. Nem sempre entendemos
principalmente o modo como Deus age. Quando tudo diz que não há solução acontece
então os milagres. Moisés amava seus filhos. Ele sabia que sua vida foi repleta
de ensinamentos. Ele sabia do modo como Deus o moldou e o fez capaz de criar
seus filhos. Ele sorria como se fosse o verdadeiro Moisés das Taboas da Lei.
Ele sabia que nunca foi abandonado e mesmo não sendo filho e neto de um rei ele
soube criar seus filhos muito bem. Confiava neles, deu a eles os melhores ensinamentos,
e uma vida cristã invejável. Onde estariam àquela hora? – Deus! Oh meu Deus!
Não posso perdê-los. Fazei de mim seu instrumento, fazei o que quiser, mas
traga-os de volta para mim!
Os sete jovens ajoelhados
em frente à barraca, bem próximo ao Monte Sinai avistaram um imenso vermelhão
no céu. Uma estrela enorme que iluminava tudo a sua volta. Descendo a montanha
Israel vinha devagar, segurando um cajado e atrás dele viram três velhos
pastores montados em camelos. Vestiam túnicas azuis, grandes barbas brancas, e
o elevarem no ar até onde estavam. – Um deles falou como um Rei dizendo – Está
tudo bem, vão para casa, seu pai os espera na igreja. Thiago, João Lucas, Davi,
Josué, Ismael e Ruth abraçaram Israel. Um milagre aconteceu. Ele caiu em uma cascata
de pedras e quebrara o joelho. Não podia andar. Os três homens que estavam montados
em camelos o socorreram – Disseram para ele: - Vamos Escoteiro, vamos levar
você aos seus irmãos. Temos que ir embora, pois Jesus de Nazaré vai nascer! Partiram
e lá no céu cantavam: £ “Jesus nasceu. O mundo vai mudar...” £. E foi assim que
Melchior, Baltazar e Gaspar partiram para estarem com Jesus.
Voltei para casa
pensativo. Seria verdadeira a história de Aarão? Perguntei a ele onde morava Moisés
e ele sorriu sem me dar resposta. Até hoje me pergunto se poderia haver uma
patrulha de irmãos. Não sei. Aarão me disse que sim. Bem quando tudo parece
perdido, melhor é procurar refletir o que a gente sente e o que poderá ser.
Feliz noite de natal, paz na terra aos homens de boa vontade!
Nota - Esta é a minha ultima história de
natal neste mês. Ainda tenho muitas outras para publicar. Um dia quem sabe. Todas
elas estarão à disposição breve em um dos meus blocos a partir de janeiro. Nada
que a ficção não possa nos mostrar os milagres de Deus e sua participação em
nossas vidas. Feliz Natal!
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