Contos de
Fogo de Conselho.
Um novo dia
para viver!
Nota – Uma história hipotética.
Quem sabe olhada por um ângulo só. Quem sabe a história de muitos que saem do
escotismo ou para sempre ou vão para outra associação. Será que lá é diferente?
Haverá democracia? Não é o escotismo de um só dirigente? E o que fazer para
mudar tudo isso? É melhor dizer que somos disciplinados e nosso dever é
colaborar com a juventude do nosso país? Real
ou imaginário? Você decide.
James Nabor olhava incrédulo
o Chefe Teobaldo. Nunca pensou em receber uma visita sua. Foram muitos anos
atuando juntos. Não queria voltar no tempo, mas ele era um cavalheiro, tinha um
coração escoteiro e recebeu Chefe Teobaldo com um sorriso sem fingimentos. Naquele
instante James Nabor tentou pensar porque abandonara o escotismo. Dez anos
passados! Lembrava o quando foi feliz. Os jovens escoteiros de outrora deixaram
marcas em seu coração. Lembrava como gostavam dele e o que diziam. Chefe! O
senhor é insubstituível.
Tinha liberdade e nunca tolhido
em suas ações. Era apolítico e da direção se mantinha a margem de tudo. Amava
seus escoteiros e sabia que eles o amavam. Consideravam-no o herói Escoteiro
que sonhavam em ser. Quantas excursões? Quantos acampamentos? Quantas atividades
volantes e belos bivaques? Sorria ao lembrar. Para ele o escotismo era os
ensinamentos de Baden-Powell: -
“Escotismo é vida ao ar livre”! Sem isto não tem escotismo!
Orgulhava-se do que fazia. Perguntavam qual
era seu segredo, qual era sua mágica em manter os meninos nas patrulhas por
muitos anos. – Não tem segredos nem magia, basta ouvi-los e dar a eles o que
querem, respondia. Os que passavam para os seniores sempre voltavam nas
reuniões da tropa. Quatro preferiu serem seus Assistentes a passarem para os
pioneiros. Nem tudo dura para sempre. A política começou aos poucos a soprar em
seu Grupo Escoteiro. Já se via chefes se digladiando por cargos e exigindo normas,
e eleição.
– Só assim seremos um Grupo Escoteiro
Padrão diziam. – Chefe! Este comodismo é o que mais incomoda. Na realidade é
uma omissão. – Como pode fazer parte de uma associação se não a conhece bem? Já
pensou quanto ganha por essa passividade em sua vida escoteira? Conhece a associação
por dentro? Isto não está afetando nossa imagem? Como formar cidadãos úteis e
participantes, se não participamos da vida administrativa e politica da
associação?
Será que os novos chefes estavam certos? Chefe
James Nabor ficou em duvida. Chegou à conclusão que apesar de conhecer bem os
meandros técnicos escoteiros ele nunca participou da vida política da Associação.
Aqui e ali pululavam comentários, alguns prós e outros contras. Ele tinha o POR
e os estatutos e resolveu ler novamente. Pensou em ir a Assembleia Regional ver
melhor como funciona, iria também a Assembleia Nacional que seria em seu
estado.
Lembrou-se de um artigo
do Escritor Aldous Huxley: - “Uma organização
não é consciente nem viva”. Seu valor é instrumental e derivado. Não é boa em
si; É boa apenas na medida em que promoveu o bem dos indivíduos que são partes
do todo. “Dar primazia às organizações sobre as pessoas é subordinar os fins
aos meios”. Estava convencido que devia participar mais, viver plenamente a
vida da Associação, participar, opinar, sugerir, conhecer e discordar se
preciso for.
Começou a participar
ativamente. Assustou quando conheceu as entranhas da Associação por dentro.
Quantas vaidades, quanta prepotência. Alguns se achavam portadores do caminho
para o sucesso. Não o de Baden-Powell, mas o dele. Viu ideias que nunca tinha
pensado. Mas no final notou eram sempre os mesmos eleitos e poucos novos
apareciam. Sempre com novas ideias deste que as normas soprassem com vento a
favor... deles! Sentiu-se deslocado. Ali não havia democracia apesar de muitos
dizerem o contrário.
Os eleitos eram escolhidos a
dedo pelas suas regiões ou os próprios diretores da associação. Votar e ser
votado, decidir sem participar era de responsabilidade de não mais que 0,2% do
efetivo adulto nacional. Isto é representativo? Lembrou-se das Palavras de BP:
- A maior ameaça a uma democracia é o homem que não quer pensar pôr si mesmo e
não quer aprender a pensar logicamente em linha reta, tal como aprendeu a andar
em linha reta. A democracia pode salvar o mundo, porém jamais será salva
enquanto os preguiçosos mentais não forem salvos de si mesmos. Mas quem dava
bola para Baden-Powell?
Chefe James Nabor sabia que boa
parte dos participantes da Associação tinham condições financeiras para estarem
presentes e participar ativamente. Seria difícil o assalariado, ganhando pouco
participar. Ele pagou um enorme valor para estar presente na Assembleia
Nacional. Uma pasta, um lenço e dois almoços. Três dias! Barato ou caro? Porque
uma taxa assim? Mesmo quando a região conseguia patrocínio a taxa continuava
alta. – Temos que financiar a passagem e estadia dos Dirigentes Nacionais,
diziam a boca pequena.
Não houve nenhuma discussão
importante. Nunca aceitavam sugestões e quando um novato insistia diziam que
ali não era o fórum apropriado. Sentiu saudades da ética, da lealdade do
cumprimento do dever. Riu para sí próprio pensando que nada diferia dos nossos
políticos Brasileiros. Para que modificar e perder as regalias atuais? Ele sentia
pena dos que acreditavam que tudo poderia ser mudado. – Chefe! A pressa é
inimiga da perfeição!
James Nabor voltou para casa
pensativo. Ele não poderia jogar com duas moedas. Não tinha duas caras. Ou
ficasse e lutasse para tentar mudar ou seria melhor ir para casa e deixar para
outros. Disseram a ele das outras novas associações que estavam aparecendo. Será
que serão democráticos e passar o poder a quem for eleito? Será que seriam
melhores nas prestações de contas, no trabalho em equipe para diminuir os
gastos dos voluntários e dos jovens?
Agora dez anos depois estava ali
o Chefe Teobaldo. – Precisamos de você. O grupo vai de mal a pior. A evasão
cresceu. Precisamos de suas ideias práticas! Chefe James Nabor não tinha
respostas. Ele sabia que nada mudou. Difícil mudar se não existe uma união de
forças para tudo mudar. Ele sabia que sozinho nada podia fazer. Será que seus
pares comprariam a ideia para mudar o escotismo em seu país?
Gostaria de ouvir sua opinião do
que devia responder ao Chefe Teobaldo pelo Chefe James Nabor. Poderia ajudar?
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