Lendas da
Jângal.
Shyloh, no
reino da magia.
“Olá! Quem são vocês? -
Somos escoteiros, viajantes do tempo, descobrindo novos horizontes, novos
caminhos, águas puras e límpidas para beber. Armamos barracas se preciso se não
usamos a lona do céu. Guiamo-nos com o vento, com o firmamento. Não temos
morada, pois qualquer lugar dá para arranchar. Construímos pontes, ninhos de
águia, fazemos com cipós construções para viver em família que chamamos
patrulha. Isto mesmo, eles são apenas escoteiros... Um dos meus melhores contos. Ninguém que
sonha que é Escoteiro pode deixar de ler”.
... Era uma vez... Uma
pequenina cidade as margens do rio Belo, entre montanhas enormes e de difícil
acesso, pois não havia estradas há não ser pequenas trilhas escondidas por
plantas espinhosas, um povo vivia em plena felicidade seus ditosos dias de
vida. O último visitante apareceu há mais de trinta anos e não voltou. Resolveu
fazer de Shyloh sua nova morada. Era fascinante ver os habitantes sorrindo, o
fascínio de um abraço dado a cada encontro nas ruas perfumadas, cujas flores
tinham seu encanto, um atrativo para nascer viver e morrer entre jardins
mágicos. Em cada esquina, em cada casa, em cada canto nas praças e nos bosques,
as bromélias, lindas e rosas flor-de-maio, manacá-da-serra, milhares de
alamandas amarelas cor de ouro, violetas, rosas, jasmim e outras centenas
espalhadas por lindos Jardins paradisíacos. Era inebriantes as tardes quando o
sol se punha e o vento soprava em todas as ruas e praças, sentir o fantástico
perfume que faziam seus habitantes sorrirem e acharem que estavam no Edem do
paraíso.
Em Shyloh todos se
sentiam como irmãos. Dormiam com janelas abertas, não havia trancas nas portas,
as ruas eram limpas e bem cuidadas sempre pelos moradores que ali viviam em
suas moradas. Shyloh não tinha delegado, policiais, prefeito, juiz, pois a
fraternidade fazia parte de todos e as tardes iam para as praças dar as mãos e
agradecer a Deus pela graça que lhes foi ofertada. O trabalho não era
remunerado, ali cada um fazia sua parte para a sobrevivência de todos. As
crianças aprendiam nas escolas a dar as mãos, um abraço, respeitar direitos que
todos tinham. A cidade era constituída de cidadãos sem distinção de classe
credo ou escolha pessoal. O respeito e o sorriso sempre em primeiro lugar. Seis
anciãos se reuniam mensalmente para ver o que precisavam como resolver, quem
poderia ajudar e na época da colheita dividir o trabalho entre todos.
Era uma vez... Uma
pequena cidade chamada Shyloh. Os meninos nunca brigavam ninguém desobedecia,
não havia perdão, pois não havia o que perdoar. Tudo começou quando em uma
noite enluarada nasceu Arthur filho de Loreta e Miguel. Arthur era diferente de
tudo e de todos. Era bonito, não tinha defeitos físicos, mas nunca sorriu. Por
quê? Os anciãos reuniram-se muitas vezes na tentativa de achar uma resposta.
Leram livros enormes, procuraram na mitologia de Xangri-lá se ouve alguém
assim. Pela primeira vez uma onda de conversas entre vizinhos aconteceu. Os
anciãos estavam preocupados. Arthur poderia mudar tudo que um dia construíram
para a felicidade de todos os habitantes de Shyloh. Sugestões foram dadas.
Nenhuma dentro dos princípios da razoabilidade. Infelizmente a intriga, a falta
de etiqueta a lorota e invencionice começou a viver entre os habitantes do
lugar.
Na escola Arthur
sempre de semblante fechado. Tudo fizeram para ele sorrir. Cantores de sonhos
interpretes de histórias da carochinha, palhacinhos da praça tentaram de tudo e
nada. Os anciãos não sabiam mais o que fazer. Alguém tinha sugerido que Arthur
era uma maçã podre e poderia dar exemplos que destruiria a beleza de Shyloh e a
morte consequente dos que acreditavam na beleza de viver sorrindo. Eis que uma
bela manhã aparece na entrada da cidade seis meninos montados em bicicletas que
eles chamavam de cavalos de aço. Frearam em frente à praça da alegria e por ali
descansaram pensando que à tardinha seguiriam seu destino. Estavam com um
uniforme atípico desconhecido por todos. De cor caqui, um cinto de couro com
uma fivela cor de ouro, uma flor de lis desenhada, um lenço verde e amarelo no
pescoço, e um lindo chapéu e abas largas que fizeram dos meninos da cidade
sonhar em ter um.
Arthur se aproximou.
Não sorriu. Baltazar o monitor sorriu. Olá meu jovem qual seu nome? Arthur não
respondeu. Melchior o intendente lhe deu um abraço e Gaspar o sub perguntou o
nome da cidade com uma voz calma, sincera e cantante. Arthur se esforçou para
dizer que estavam em Shyloh. – E vocês? Quem são? Matheus o menorzinho passou a
mão no ombro de Arthur e disse: - Somos escoteiros, viajantes do tempo,
descobrindo novos horizontes, novos caminhos, águas puras e límpidas para
beber. Armamos barracas se preciso se não usamos a lona do céu. Guiamo-nos com
o vento, com o firmamento. Não temos morada, pois qualquer lugar dá para
arranchar. Construímos pontes, ninhos de águia, fazemos com cipós construções
para viver em família que chamamos patrulha. Arthur sem perceber sorria. O
primeiro sorriso depois de anos de vida. Todos ao redor sorriram. Os anciãos
ficaram sabendo que Arthur tinha sorrido.
Alguém os guiou
até a Sala do Trono, onde os anciãos se reuniam. Quiseram saber quem era eles,
o que faziam o que os tinha levado ali e para onde iam. Melchior não se fez de rogado. Foi ajudado
por Moisés o cozinheiro aquele que levou sua tribo para novos lugares, onde
podiam viver feliz. Contaram o que eram escoteiros do Brasil. Amantes da paz,
da verdade, tinham uma só palavra e a honra valia mais que a própria vida.
Amavam acampar, viver pelo mundo a procura de novas aventuras. Agradeceram a
estadia, mas estava na hora de partir. A meninada na praça sorria, gritavam em
plenos pulmões que também queriam ser um deles. Eles partiram ao entardecer.
Para onde foram só os anciãos sabiam. Desapareceram na trilha do Urso Pardo e
nunca mais voltaram. Shyloh viveu um sonho até aquele dia. O sonho mudou.
Meninos escoteiros apareceram. À volta a felicidade não ia acabar, e o melhor
Arthur voltou a sorrir!
Era uma vez...
Uma cidade chamada Shyloh, anos e anos se passaram. De uma cidade dos sonhos
passou a ser também a cidade do amor. Sorria ao ver sua meninada de calças
curtas, mochilas no costado e chapelão encabeçado, sorrindo e marchando por
todos os cantos a dizer a todo mundo: - Agora é nossa vez. Vamos filosofar,
vamos escoteirar, vamos sair por aí deixando o vento nos levar. Vamos seguir as
estrelas, o sol o firmamento. Que o mundo se prepare, pois a escoteirada de
Shyloh será a partir de agora jovens irmãos de sangue, fraternos por toda a
vida. Agora temos além da felicidade amor no coração. Era uma vez... Muito
longe, lá acima das montanhas a leste de Shyloh se ouvia meninos de valor a
dizer em um bravo cantante, formados em patrulhas e entoando suas vozes
infantis orgulhosos do que eram a cantar seu Rataplã!
Shyloh - Nesse lugar “mágico” suas
lembranças nunca serão esquecidas e você experimentará a paz... Desde que,
tendo encontrado esse paraíso perdido dentro de si mesmo, você não tentará
voltar para as coisas que ficaram para trás. Se tentar partir e voltar para o
“velho mundo” poderá passar o resto de seus dias buscando o caminho da
volta...!
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