terça-feira, 28 de agosto de 2018

Lendas Escoteiras. A lenda da abelha dourada. (uma história para lobinhos)



Lendas Escoteiras.
A lenda da abelha dourada.
(uma história para lobinhos)

Nota - O abutre Chill conduz a noite incerta e que o morcego Mang ora liberta - É esta a hora em que adormece o gado, Pelo aprisco fechado. É esta a hora do orgulho e da força Unha ferina, aguda garra. Ouve-se o grito: Boa caça aquele “Que a Lei da Jângal se agarra”. Canto noturno da Jângal.

                   A tarde se fora e noite chegou mansamente. Os lobos e lobas saborearam com uma linda sopa feita pela Dona Judite, mãe da Marcileia. Balu e Bagheera levaram a lobada para escovar os dentes e se preparar para a noite. Todos arrumaram seus sacos de dormir e os que não possuíam um colchonete. Na noite anterior custaram para dormir. Muitos conversando e rindo. Sinal de primeiro dia e era sempre assim. Um jogo noturno no campinho de futebol e todos cansados se recolheram. 

                   O Balu estava lá com eles enquanto se preparavam pra dormir. – Se não fizerem barulho prometo contar uma história, ele disse. Um silêncio reinante. Lá fora na lagoa sapos coachando, na janela vagalumes tentavam entrar para mostrar ao lampião quem tinha mais luz. Uma luz se destacava na janela, devia ser o primeiro clarão da lua cheia. Balu era alto e forte. Tinha uma voz de tenor e todos o amavam muito. – Vamos Balu, conta! Você prometeu! – Balu olhou de canto a canto e fechando os olhos começou:

                  Uma vez, a muitos e muitos anos atrás um "Velho" feiticeiro chamou uma borboleta cinzenta, feia, sem graça e disse a ela que ele era seu pai. A borboleta riu. Você não é meu pai. Não pode, já tenho um pai que me dá de comer e beber. O feiticeiro com raiva disse a borboleta: - Se você não acredita vou transformar você em um bichinho que voa e todos vão chamá-la de Abelha dourada.  Terás que ir pelo bosque, de árvore em árvore a procura do néctar da vida para sobreviver.                 Você vai ter asas, mas suas pernas serão três pares de patas. Com elas vai limpar suas antenas, sim, isso mesmo, você vai ter antenas, e pode apoiar e mover para pegar o pólen. Sua língua vai se mover como um canal formado pelas maxilas e vai terminara em um tufo de pelos. Isto para você absorver o néctar da flor. Vou colocar em você uma mandíbula e um maxilar. Eles vão servir para você amassar as escamas de cera e expelir do abdômen. Vai servir também para varrer a colmeia e mutilar seus inimigos.

                Ah! Não esqueça, vou colocar em você uma linda antena, pois elas serão o seu olfato e o tato. Você vai ser muito sensível com elas.  Com elas poderá andar na escuridão da noite, e até construir favos bem feitos. E para terminar vou dar a você um ferrão. Nele você poderá injetar o caule no corpo do seu inimigo. Cuidado, pois ao fazer isso ficará sem ele, pois estará cravado no corpo do seu inimigo. Você não terá pai e sim uma rainha. Vai ser uma rainha má que vai exigir tudo de você. Sua vida será sempre fazer o mel e você não vai poder saborear. A borboleta cinza não chorou. Até gostou de viver, mesmo gostando de um zangão cujo amor por ele nunca pode se realizar, ela viveu feliz por muitos e muitos anos.

               - Ninguém dormia. Todos pensando na Borboleta que agora era uma Abelha Dourada. – Balu! Gritou um lobo, e ela gostou de ser uma Abelha Dourada? – Não sei lobinho, muitas vezes queremos ser o que não podemos ser. Devemos alegrar o que somos e o que Deus nos deu. A vida tem caminhos que não escolhemos e ela a borboleta aceitou sua nova vida como uma abelha dourada. – Mas Balu! E se ela gostava mais de ser uma borboleta cinzenta? – Balu pensou, coçou levemente sua cabeça e fechou os olhos pensando em uma resposta. – Sabe Lobinha, um poeta dizia que ele ouvia o passar do vento, e só de ouvir o vento passar valia a pena ter nascido para ser o que a vida lhe reservou. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Não é a aparência que nos faz feliz. A felicidade está em nosso coração e não em nosso corpo.

           - E continuou – Tenho certeza que a Borboleta se sentiu feliz em ser uma Abelha Dourada. Ela sabia seu destino e mesmo se não soubesse ela sabia que sua vida era assim. Quem sabe ela pensou que vale a pena viver, nem que seja para dizer que não vale a pena... Os olhinhos se fecharam. Os sonhos de todos agora era um só. Sonhavam em ser amigos da abelhinha dourada e voar no jardim da primavera. Ah! Doce primavera. Quem falou nela sem ter visto seu sorriso, falou sem saber o que era... E a paz reinou no Monte Seoni, onde habitavam os lobos da Alcateia Cinzenta. Ouviam ao longe o ribombar do Rio Waigunga que corria perto dali, e todos naquele sonho inesquecível se transformaram em uma abelha dourada correndo para dormir na Rocha da Paz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

Bem vindo ao Blog As mais lindas historias escoteiras. Centenas delas, histórias, contos lendas que você ainda não conhecia....