Contos de Seeonee.
A cidade dos homens.
Prologo:
O abutre Chill conduz a noite incerta... E que o morcego Mang ora liberta, é
esta a hora em que adormece o gado, pelo aprisco fechado... É esta a hora do
orgulho e da força, unha ferina, aguda garra. Ouve-se o grito: - “Boa caça!
Aquele que a Lei da Jângal se agarra”! – Canto noturno da Jângal.
Passaram-se três meses que Mowgli havia ido para a cidade dos homens. Andava
muito ocupado em aprender os usos e costumes deles. Teve que acostumar-se a
usar panos em cima do corpo, o que lhe incomodava muito, a empregar o dinheiro
e a usar o arado, que lhe era inútil. Os demais garotos o punham furioso.
Felizmente a Lei da jângal lhe ensinara a dominar-se, porque na vida selvagem o
alimento e a segurança dependem muito do domínio sobre si próprio.
Mowgli desconhecia a sua própria força. Na jângal sentia-se
fraco, em comparação com os animais selvagens; na aldeia, os homens o
consideravam forte qual um touro, mas nada conhecia a respeito das castas.
Tratava a todos com igualdade, o que não agradava a alguns, como o sacerdote.
Na aldeia Mowgli conheceu um caçador chamado Buldeo, que reunido com os velhos
da aldeia contava muitas mentiras sobre os animais da jângal, inclusive histórias
inventadas por ele sobre fantasmas. Mowgli provocava a raiva do caçador ao
desmentir as histórias contadas por ele. Ao ser repreendido por meter-se na
conversa dos mais velhos, foi mandado a pastorear os bois e búfalos, o que não
lhe era nada difícil.
Então ele disse aos outros garotos que tomassem conta dos bois, que ele sozinho
guardava os búfalos. Como os búfalos gostavam de pontos pantanosos para se
refrescarem do calor ele os levou para o extremo da planície, lá onde o Rio Waingunga
sai da floresta. Saltou no pescoço de Rama, o chefe do rebanho e correu ao
local onde marcara com o Irmão Gris. (Em Rama ele montado, a carga comandou...
E o Tigre Traiçoeiro sob as patas terminou!).
Buldeo ficara assustado achando que era magia ou feitiçaria, pois jamais vira
um humano dar ordens a um lobo. Ao chegar à aldeia contou histórias de
feitiçaria e encantamento que deixou o sacerdote assustado. Após retirar e
guardar a pele do tigre, Mowgli e os amigos, recolheram novamente os búfalos e
retornaram para a aldeia. Ao chegarem viram luzes acesas e pensou "deve ser
uma homenagem a mim por ter matado Shere-Khan"; mas uma chuva de pedras
fora lançada em sua direção contrariando seus pensamentos.
- Feiticeiro Lobisomem! Demônio da jângal! Fora! Fora! Atira Buldeo! Atira! -
Mowgli parou assustado com as pedras e os gritos. - Não me parecem muito
diferentes dos da alcatéia, estes teus irmãos homens disse Akelá, sentando se
calmamente sobre as patas traseiras. Parecem que estão te expulsando do
povoado. Outra vez? Exclamou Mowgli. Da primeira vez insultaram-me de homem.
Agora de lobo! - Vamo-nos daqui Akelá.
Uma
mulher corre em sua direção e diz:
-
Meu filho! Dizem que você é feiticeiro, não creio, mas vai-te antes que te
matem Só eu sei que vingaste a morte do meu Nathoo. - Agradecei a Messua,
homens; Por amor a ela deixo de invadir a aldeia com meus lobos e caçar a
todos. Depois do desabafo, incitou os búfalos sobre quem os apedrejavam, e
tomou o caminho da jângal seguido dos dois amigos. Olhava as estrelas e
sentia-se imensamente feliz.
Ao chegar ao jângal, após rever Mãe Loba, foram a Roca do Conselho, onde Mowgli
apresentou a pele do tigre. Os lobos que chegavam à Roca encontravam-se
aleijados, mancos e feridos devido terem ficado sem chefe desde que Akelá foi
deposto da chefia. Após verem a pele do tigre os lobos pediram para Akelá
chefiar novamente a alcatéia. Mowgli, por sua vez resolveu não mais pertencer a
alcatéia e caçar sozinho na Jângal somente em companhia dos quatro irmãos
lobos, até o dia em que...
Mas
isso já é outra história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário