Lendas
Escoteiras.
Maléfica, a
bruxa malvada do lago Cinzento.
(Uma história
para contar na Alcateia)
"Existe
aqui uma mulher
Uma bruxa, uma princesa
Uma diva, que beleza!
Escolha o que quiser
Mas ande logo
Vá depressa
Nem se atreva
A pensar muito
O meu universo
Ainda despreza
Quem não sabe
O que quer...”.
Uma bruxa, uma princesa
Uma diva, que beleza!
Escolha o que quiser
Mas ande logo
Vá depressa
Nem se atreva
A pensar muito
O meu universo
Ainda despreza
Quem não sabe
O que quer...”.
Tico viu todos na varanda
cantando uma canção Escoteira com a Akelá. Tirou os olhos dela e viu um pequeno
quati parado em baixo da castanheira. Ele quieto olhava todos sem se assustar.
Tico sorriu. Deu vontade de acariciar o quati. Sem pedir foi sozinho até lá.
Ninguém viu e Tico pensou que ele era um lobinho esperto. Tico não sabia que
era um Porco-espinho, melhor ele nunca tinha visto um. Ninguém nunca soube como
ele foi parar ali. Não tem no Brasil e deve ter fugido de alguma fazenda. O
porco-espinho é um roedor coberto de espinhos afiados. Se tocar vai furar sua
pele na certa. Tico coitado se achava um lobinho esperto. Quantas vezes fez
firulas e cambalhotas só para impressionar? Não pediu, não disse a ninguém
abaixou e pegou o porco-espinho no colo. Foi um Deus nos acuda, gritou de dor,
muitos espinhos furaram seu uniforme e se alojaram em seu peito. Nem Balu que
conhecia enfermagem conseguiu ajudar. Tico berrava e gritava sem parar. A
Alcateia começou a ficar em pânico. O único veículo saiu para comprar pães e o
kaá disse que ia demorar. Ia até a cidade resolver com seu Chefe a dispensa do
sábado.
A Akelá ficou possessa. Agora
que precisava manter a calma ela gritava toda vez que tico berrava de dor. O
Balu tentava acalmar, mas ele mesmo estava perdendo a calma. Lambretinha era
filho do Caseiro que também não estava em casa. Procurou a Akelá e disse:
Leve-o até a Maléfica, era vai curar o lobinho! – Quem é Maléfica? Perguntou a
Akelá. – A bruxa do lago cinzento! E onde fica este lago que eu nunca vi?
Depois da montanha do Cavalo! E onde é esta montanha do Cavalo? Lambretinha
olhou para a Akelá. Mulher que pergunta tudo, linguaruda na certa pensou.
Melhor é pegar o lobinho ele mesmo e levar lá. Foi até ao galpão de máquinas e
pegou um carrinho de mão. Voltou, pegou Tico e o colocou dentro dele. A Akelá
perdida não sabia o que fazer, o Balu disse a ela que ia junto.
Era quase onze e meia da
noite. Não havia lua e uma lanterna cobria a estradinha de terra que
Lambretinha seguia levando Tico. Ele tinha desmaiado. Foi bom, pois a dor era
intensa. Pequenina uma lobinha que gostava muito de Tico chorou para ir também.
Balu deixou. Quando a matilha azul viu que Pequenina ia ela berrou para ir
também. Muitos lobos quiseram voltar quando ouviram latidos de lobos na
floresta. Um frio danado. Balu se arrependeu em deixar toda a Alcateia ir,
afinal achou que seria não só uma lição, mas um bom programa para que eles
voltassem cansados e dormissem logo. Atravessaram uma estradinha com pedras
gigantes e avistaram o lago. Porreta primo da matilha verde gritou engasgado: -
Lá está à casa da bruxa! Todos olharam perto do lago uma choupana, com muita
fumaça saindo pela chaminé. – É hora que ela esta comentando asas de morcego!
Falou. Cidinha começou a chorar, atrás dela também o Matheus, o Valentino e a
Noêmia. Uma choradeira infernal. Balu ficou com medo da bruxa.
Balu lembrou-se quando
pequeno, sua mãe recitava para ele: - Morato, Todos
temos um bruxo ou bruxa dentro de nós. Queremos poder transformar momentos
ruins em bons. Gostaríamos de ter a varinha mágica que mudaria nossa vida. Ele
não tinha a varinha mágica. Chegaram à porta. Uma mulher desgrenhada apareceu.
Abriu a boca e só tinha dois dentes. Todos pelavam de medo. Moreninha da
Matilha branca lembrou-se do que a professora disse, falou alto para todos
ouvirem: Uma bruxa tem uma cara horripilante. Anda com roupas imundas e carrega
um saco nas costas ou amarrado na cintura! A bruxa é um ser fantástico do mal,
que persegue os outros seres fantásticos, seres humanos e os bichos da
floresta! A Alcateia se abraçou. Todos queriam ficar dentro da roda. Tremiam
igual vara verde. Até o Balu correu para a roda dos lobinhos também.
Lambretinha parecia não ter medo, mas tinha. Sempre teve. Mesmo quando a bruxa
o salvou da Onça que quase o comeu.
A bruxa pegou Tico
nos braços e entrou. Ninguém quis entrar. O Balu perguntou a Lambretinha o que
ela estava fazendo: - Um ensopado para Tico. Ela já colocou no caldeirão perna
de rã, rabo de cobra, minhoca, unha de macaco, banha de porco-espinho, miúdos
de anta, alho, sal grosso e pimenta malagueta! Deus do céu pensou a lobada. Ela
vai matar Tico! Mas eis que ele aparece na soleira da porta sorrindo. Olhou
para trás e disse: - Obrigado Dona Bruxa. Dona não ela gritou lá de dentro, sou
solteira e me chamo Maléfica e moro no lago cinzento! Lambretinha perguntou
quanto é e ela respondeu: - Trabalho de Bruxa não tem preço, se um dia tiverem
língua de meninos e meninas mal criados, que não respeitam os mais velhos, ou
nariz de meninos e meninas traquinas que não estudam na escola, podem trazer
para mim, me sentirei bem paga!
A Akelá estava na
varanda apavorada, quando lhe contaram tudo ela sorriu. Olhou para o Balu como
a dizer, melhor não contar que foi uma bruxa quem salvou Tico, mas a lobada
sabia que não ia mentir. Todos foram dormir, um canto triste se ouviu nas
serras distantes, quem canta? Perguntou a Akelá ao Lambretinha – A bruxa moça,
a bruxa. Agora ela foi viver em seu habitat, locais úmidos e escuros, cercada
de animais nojentos como baratas, cobras, escorpiões, ratos, morcegos e
piolhos. Lá os mosquitos adoram chupar seu sangue! Quer ir lá para ver? Nem
morta! Gritou a Akelá! E naquela noite todos dormiram e sonharam sonhos
incríveis onde viram Malva, Malvina e Malvona em volta da casa onde dormiam e
cansadas de dançar ficaram na varanda fazendo Tricô e lendo histórias de
terror!
Nenhum comentário:
Postar um comentário