Lendas Escoteiras.
A lenda do Sapo Vermelho.
O Grupo Escoteiro Águia do Deserto estava em polvorosa. O Chefe Castanha,
Diretor Técnico conversava com o presidente do grupo o Chefe Rogerio.
Conclusões? Ninguém sabia as respostas. Como agir? Diversas sugestões. O
próprio Conselho de Chefes reunidos no dia anterior ficou por mais de quatro
horas tentando achar uma solução. Eram e sempre foram um Grupo Escoteiro padrão
e bem respeitado em sua cidade. Lucy Francisco e a Lucy de Azevedo estavam na
reunião de chefes. Adelaide e Rosana sorriam para todos. Carlos Augusto e
Marcileia conversavam entre si. Victor Aleixo dos pioneiros dormitava. Henrique
esperava sua vez, sabia que tinha ideias para dar. Marcos Rodrigues e Genivaldo
diziam que não podiam ajudar. Mario de Souza só pensava no seu novo uniforme
caqui. O que mais falava era Dan Moisin.
Ana Milana e Creuza eram as mais exaltadas. Os pais de Miltinho o senhor Marcelo Bigjoy e sua esposa Maria
Valdereis choravam durante a reunião. Pensavam o que fizeram para ter um filho
assim. Foi uma discussão das boas. Nem sua filha mais velha Giovana Pirolla
concordava com que o Miltinho fazia.
Era verdade. Miltinho o lobinho não era flor que se cheire. Traquinas era pouco
para chamá-lo. Quase pôs fogo na sede na semana anterior quando acendeu cinco
velas para chamar o “Espirito de Mowgly” como ele dizia. Ainda bem que a
Bagheera Ivete chegou a tempo para evitar a catástrofe. Na Alcatéia ninguém
gostava dele. Nem a Kaa Eleni que também era sua tia não sabia o que fazer.
Miltinho gostava muito da Stefani pata tenra sua amiga preferida. Talvez porque
ela sempre o ajudou nas suas “lambanças” e era muito sabida. Sempre ficava com
um pé atrás com cara de inocente arrependida quando aprontava com ele. Miltinho
tinha sido expulso de duas escolas primárias. Mesmo os pais insistindo, pois
ele só tinha sete anos Dona Maria Cristina à diretora disse que não aguentava
mais. Na classe nenhuma professora podia dar aula. A professora Lisandra e
Vania Diogo também já tinham desistido. Até mesmo Dona Célia Regina nunca achou
que um dia ia vencer a batalha com ele. O pior foi quando o Professor Giancarlo
Valente o colocou de castigo na última carteira da sala, e ao sentar sentiu uma
fisgada no glúteo. Alguém colocou na
cadeira varias tachinhas. Ele que nunca perdeu as estribeiras gritou: - Não
aguento mais! - Já para a diretoria disse!
Os pais de Miltinho eram
pobres, mas a vizinhança gostava muito deles e sempre tentando ajudá-los a
pagar um psicólogo. Quem sabe ele melhoraria? Seu George Hirata o presidente
dos amigos do bairro e sua esposa Dona Eunice Mazer foram a casa deles levar a
boa notícia. Ao subir na escada da varanda não viu uma cordinha esticada.
Tropeçaram e receberam em suas cabeças uma lata cheia de água. Os pais pediram
desculpas. Na semana seguinte o levaram ao psicólogo. O Doutor Celso Candido
riu quando disseram como era Miltinho. – Deixa comigo disse. Vamos tentar
ajudá-los. Tudo foi bem na primeira consulta. Na Segunda o cheiro ruim invadiu
o consultório. O Doutor Celso descobriu um barbante que fedia à medida que
queimava as pontas. Olhou para Miltinho e não disse nada. Bem foram só três
consultas. – Olhem disse o Doutor porque não tentam os Escoteiros? Se eles não
puderem dar um jeito nem Deus pode. E riu.
Sandriny Ribeiro era lobinha da Matilha Verde. Detestava Miltinho. O mesmo
pensavam Santos Belli e Léa Dezotti duas lobinhas Cruzeiro do Sul. Quando ele
foi admitido na alcateia ficou na matilha delas. Mas em menos de duas reuniões
as mães de dois lobinhos Dona Claudia Bitencourt e dona Neide Lopes se juntaram
ao pai de Florêncio Castilho o senhor Mario Pimienta para dar um ultimato ao Presidente
do Grupo Senhor Esmone. Ou ele ou nossos filhos. Conversa daqui e dali tudo se
ajeitou. Foi Ovídia Alves e Monica Carneiro que aceitaram sua mudança para a
matilha Azul. A Patrulha da Onça Pantaneira através do seu escriba o Escoteiro Publio
Athayde resolveu contar sua historias em um livro. O Monitor Marco Gavarron não
achou boa ideia. Victor Aleixo o sub também não gostou. Mas a história foi
escrita e muitos anos depois se tornou um dos livros mais lidos em sua cidade.
No verão de 68, a Alcatéia foi fazer um
acampamento no sitio da Viúva Silvia Flores. Ela morava com seu irmão Gilson Heusser.
Eles adoravam os escoteiros e quando acampavam lá sempre se juntavam a eles. Marco
Antonio Gonçalves o caseiro não gostava principalmente quando Miltinho ia
acantonar. Ele já o conhecia de longa data. A Akelá Ieda combinou com o Chefe
Tarzan o Balu e Rose Marques a Kaa ficarem de olho em Miltinho. O lobinho era
um desastre. Ninguém entendia porque até hoje não o mandaram embora. Achavam
que devia ser os seus pais os culpados. Só sabiam chorar. Sibere Paixão a
lobinha da matilha marrom corria quando via Miltinho. Uma tarde ele
desapareceu. Tantos olhando e mesmo assim ele sumiu. Foi Maria Lucia a menina
que sonhava ser Escoteira uma morena dos cabelos negros e filha do caseiro que
disse saber onde ele estava.
O lobinho Miltinho se escondeu no banheiro, pulou a janela e correu para um
arvoredo próximo e lá deitou embaixo de uma árvore. Deve ter dormido, pois se
transformou em um horrendo sapo vermelho. Ele tinha muito medo da lagoa, pois
lá existia uma cobra enorme e um gavião que queriam comê-lo vivo! Num canto da
lagoa, Gustavo de Oliveira o gavião malvado olhava o Sapo Vermelho. Celize
Maria a cobra mansa e amiga de todos também espreitava embaixo d’água. Miltinho
transformado em Sapo Vermelho estava com sono, mas não podia dormir. Acordou
com o Pedro Avancini o Grilo Falante gritando – Corra Sapo! - Eles vem te
comer! . Correr prá onde? Marcos Martins o Jacaré cinzento disse – pule nas
minhas costas eu o levarei a margem. E agora? Confiar neste jacaré? Mas não se
fez de rogado. Pulou. O jacaré afundou e levou Miltinho o Sapo Vermelho com
ele. No fundo da lagoa estava o Jacaré, A cobra, O Gavião e até Vicente Vasconcelos
o malvado Peixe Espada comedora de sapos. Francis Souza a linda estrela cadente
lá no céu assistiu a tudo e deu belas risadas junto aos cometas Walter Dohme,
Elmer e Fernando Robleño que passavam. Na via láctea, Natalia Cristina e Marinety
outras estrelas cadentes também sorriram.
Miltinho acordou gritando. A Akelá e todos os lobinhos estavam em volta dele.
Todos davam enormes gargalhadas. Maria Arambos uma mãe que ajudava veio
abraçá-lo. Ele chorava e suava. Waldineth Barros e Antonio Carlos Perezzani da
matilha Azul também vieram abraçar Miltinho. Ele olhou todo mundo e ali mesmo
fez um juramento. Juro Akelá que nunca mais farei traquinagem. Acho que aprendi
a lição. E foi assim que Murilo Homem, mais conhecido como Miltinho o traquina
se transformou em um lobinho que todos passaram a orgulhar. Foi um susto na
Alcatéia. Chegaram a telefonar para o delegado Paulo Henrique CAN CAN que junto
ao Ricardo Frugoli o detetive e o investigador Antonio Varella deram belas
gargalhas com tudo. Ainda bem que ele tinha muitos amigos e todos o ajudaram em
ser um cruzeiro do sul. Quando passou para a tropa, todas as patrulhas o
queriam. Quem se tornou seu grande amigo foi o Escoteiro José Augusto Pereira.
Uma história simples. Mais que uma história uma lenda. De amigos de Miltinho e
amigos meus. Para ficar na lembrança de todos os meus amigos aqui quando um dia
eu me for. Que eles no escotismo ajudem sempre a um Miltinho dos milhares que
existem por aí a ser um bom Escoteiro. A lenda do Sapo Vermelho é um conto
dedicado a todos. Obrigado!
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