quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Lendas Escoteiras. A saga de um Troféu.



Lendas Escoteiras.
A saga de um Troféu.

Prefácio: - Sempre tenho firmeza em minhas atitudes e persistência em meus ideais, mas sou paciente. Não quero que tudo me chegue de imediato. Há tempo pra todo propósito! E tudo que é meu virá em minhas mãos no momento oportuno... Confio em Deus, pois aprendi a esperar. Uma competição de tirar o folego. Qual patrulha seria a melhor?

                  Tomé o monitor da Touro ficou meses planejando o Acampamento no Vale do Beija Flor. Preparou seus patrulheiros como nunca e agora sabia que era uma questão de vencer e nunca perder. Nunca achou ser superior a nenhum dos outros monitores, para eles as patrulhas eram como se fossem irmãos. Mas o tempo vai demonstrando que nem tudo são rosas e que elas não dão em qualquer lugar. Durante todo aquele ano ele lutou com seus amigos da patrulha bote a bote, passo a passo, luta a luta para nos estertores de sua passagem na Tropa para os seniores, que conquistassem o Troféu Javali. Não era um simples troféu. O Chefe Muralha quando no inicio do ano mostrou a todos o troféu não ouve um que não ficasse sonhando em ganhar tamanha honra de ser o melhor do campo.  O troféu era lindo. Feito de couro marrom, tiras foram cortadas fazendo um belo entrelaçado para ser colocado no bastão guia. Tomé sonhava todos os dias com ele.

                 Liceu da Lobo não queria ser o segundo, para ele ou o primeiro lugar ou nada. Sabia do valor das demais patrulhas menos a Maçarico cujo monitor Tonon ainda estava verde e aprendendo a crescer na técnica e formação escoteira. Ele sabia que Tomé da Touro era páreo duro. Sabia também que Murilo da Corvo não ficava atrás. O troféu só poderia ser de um deles e de mais ninguém. Os pontos anuais foram anotados. Foram diversos acampamentos e em todos o empate da Coruja, dos Touros e da Corvo acontecia. Ninguem ligava para Tonon, pois não era páreo para eles. Liceu riu quando ele quase empatou no Acampamento do Rio das Pedras. Mas o último do ano seria diferente. Seria uma luta de gigantes, de monitores experientes, velhos mateiros que brincavam de acampar a muito e muitos anos. Todo ano uma patrulha era a primeira, uma disputa em busca do êxito que ninguém nunca pensou em desistir. Ele tinham que ser os primeiros e não havia para eles o segundo lugar.

                Murilo da Corvo sabia que não seria fácil. Mas ele também sonhava dia e noite com o Troféu Javali. Era bonito demais, escrito a fogo “O Sucesso é para os fortes” fazia dele um sonhador, mas ele sonhava com os pés no chão. Quantas reuniões? Quantas atividades no Chapadão da Montanha? Quantas novas pioneirías, quantas artimanhas e engenhocas eles haviam treinado em segredo para ninguém das demais patrulhas verem? Ele conhecia de cor e salteado as normas e exigências de campo. Uniforme sempre a mão limpo e passado. Sapato limpo, meias com estrias retas, lenço bem dobrado, fivela do cinto brilhando. Isto no campo nunca foi empecilho. Nunca poderia faltar o lenço de bolso e o pente. Eles aprenderam e sabiam como fazer. Ele sabia que nos dois primeiros dias as pioneirías bases seriam construídas. Não importava o estilo e sim o acabamento. Eram peritos na arte do encaixe e as amarras feitas só com três voltas. O difícil era a partir do terceiro dia. Tinham que criar novas pioneirías principalmente às engenhocas e artimanhas. Fáceis de fazer, mas teria que ser uma surpresa para o Chefe.

                       No terceiro dia de campo o empate era reconhecido por todos. Esqueceram-se da Maçarico de Tonon que os perseguia bem de perto. Na corte de honra feita a noite novas regras foram introduzidas. O Chefe Muralha disse que a contagem dos pontos seria diferente. Seriam seis itens somente. Dez ponto por item. Máximo de sessenta. Limpeza de campo, Oleamento e afiação das ferramentas de corte e sapa. Uniformes limpos e com garbo, Fogão Suspenso firme e pronto para usar, Apresentação pessoal com os objetos individual limpos e passados e finalmente a disposição à alegria e o espírito Escoteiro. O Chefe Muralha ia fazer a última inspeção sozinho. Desta vez os Monitores ficariam na patrulha. Foram dormir às onze e meia da noite. Dormir? E quem conseguia? Uma vontade enorme de levantar e começar a varrer o campo, passar sapólio e Bombril nas panelas, correr o campo de cima abaixo a procura de um objeto estranho.

                       As normas eram inflexíveis, não era permitido levantar antes das seis. Seis e cinco todos deviam estar no campo de patrulha fazendo a física habitual. Depois sim, liberado para café e preparação do campo. Eles no tempo livre do almoço, do banho e do jantar reviram tudo que podiam. Cada um sabia que nem uma agulha seria encontrada. Sabiam que o material individual estaria bem dobrado, do maior para o menor e tudo limpo. As barracas arejadas e peças molhadas no secador. À tarde do dia anterior ficaram horas lavando cada peça e deixando secar para depois passar a moda escoteira. O café foi engolido as pressas. Cada um tentava ver ao longe se alguma das patrulhas tinha feito alguma engenhoca ou artimanha nova. As amarras e as costuras da mesa, dos bancos, das camas, do fogão suspenso, do porta treco, da intendência foi revisada e novamente fixada. As fossas incrivelmente livres de bichos e mosquitos. O WC estava um brinco. O lenheiro bem montado. O Chefe foi recebido com honras Escoteiras. Revisou rapidamente patrulha por patrulha. Cenho franzido, um pequeno sorriso e lá foi ele para o campo de chefia terminar a contagem.

                       Cada patrulha tinha o coração nas mãos. Suspiros, pensamentos bons e maus. Cada um perguntava ao outro: - Será que ele achou alguma coisa? Os três toque do chifre do Kudu foi dado. Chamada geral. Patrulhas em forma cantando em direção ao campo do cerimonial. Bandeiras a postos. Patrulha de Serviço pronta para dar inicio ao civismo de campo. Tropa firme! Bandeira em saudação! Firme! Descansar... Um burburinho no ar. A Tropa ainda formada em ferradura. Gastão faz a oração. Como sempre linda. O vento sul sopra devagar. O Chefe toma posição na ferradura. Um Pica-Pau trabalha em um galho próximo e seu som se faz ouvir. – Escoteiros! Era a voz do Chefe Muralha. Uma surpresa, a Lobo, a Touro e a Corvo empataram. A maçarico foi a melhor. – Maçaricos formados em linha! Gritou o Chefe. Sorrisos no ar. O Troféu Jabuti foi entregue. Tonon chorava de contente. Todos se abraçavam.

                    Liceu, Tomé e Murilo não estavam tristes. Abraçaram a cada um dos valorosos patrulheiros da Maçarico. Fizeram questão de dar com eles o grito de patrulha. Às vezes a gente ganha e às vezes a gente perde. Faz parte, ninguém é invencível. Não vamos rezar para uma vida fácil, vamos rezar por forças para suportar uma difícil. Não é a forma do gotejar da água que fura a pedra, mas sim a persistência incansável desta ação. Ninguem nunca pensou que os Maçaricos podiam ganhar, mas eles calados, trabalhando e sorrindo chegaram lá. Eles sabiam que Tonon era um grande monitor que agora reconheciam seu valor. Afinal o segredo do sucesso é a positividade, paciência, persistência e claro... Fé em Deus!

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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