Lendas
Escoteiras.
A Patrulha do
Condor.
Prologo: - “O
mundo é como um acampamento em que montamos a nossa tenda apreciamos a
natureza, e depois voltamos para a nossa casa, que é a eternidade!”.
Quem
estivesse em um plano superior iria se surpreender com aquela visão fantástica
de uma Patrulha seguindo em fila na trilha do Elefante. Não que tivesse
elefante naquela região, nunca teve dizem que foi Seu Policarpo um velho
escravo quem colocou o apelido. Policarpo viveu em Uganda no ano de 1812 e foi
capturado e enviado para o Brasil. Os escoteiros da Patrulha Condor seguiam
calados. Sem normas de quando e onde conversar estavam acostumados naquelas
longas jornadas. Eram sete. Sempre foram sete.
Quando o Grupo Escoteiro Constelação
de Orion foi fundado Don Antônio Galego o Bispo paroquial convidou o Professor
Labate para ser o Chefe dos escoteiros. Professor Labate foi um deles há
tempos. Nunca esqueceu seu tempo de escoteiro e manteve sua promessa para
sempre. Seguindo as normas que aprendeu com seu Chefe, explicou que primeiro
alguns meninos não mais que oito para serem os futuros lideres e só então a
tropa seria completada com um máximo de vinte e oito jovens. Não vamos entrar
aqui nos pormenores do treinamento dos jovens. Foram três meses excursionando,
acampando e fazendo escotismo de campo.
Cento e
vinte jovens haviam feito à inscrição. A escolha foi por ordem do pedido. Zé do
Monte um dos monitores escolhidos pelo Chefe Labate foi solicito no seu pedido:
- Chefe gostaria se fosse possível formar minha Patrulha com meninos da minha
idade onze anos. Irei tentar seguir com eles juntos para sempre nesta Patrulha.
Chefe Labate nos seus quarenta e oito anos, alguns cabelos brancos sorriu e
balançou a cabeça concordando. Seria muito difícil manter sete meninos em uma
equipe por tanto tempo. Mas a perseverança existe para quem acredita.
No primeiro
dia com a tropa reunida, conforme ensinou o Chefe Labate, cada Patrulha
escolheu seu grito, seu nome e seu código de honra. Foi ali o início da Saga da
Patrulha Condor. Nome escolhido por unanimidade. Zé do Monte teve a sorte de
ter um Sub Monitor amigo de longa data. Teobaldo Souza tinha as mesmas ideias
que ele. Aos poucos transmitiram para todos seus pontos de vista e o que
pensavam no destino da Patrulha no futuro. – Já pensaram? Nós velhinhos,
cabelos brancos, sentados aqui no Canto de Patrulha falando dos velhos tempos?
Ninguém poderia
explicar o arroubo, o êxtase e o encantamento que passou na mente daqueles sete
escoteirinhos. Com menos de um ano formaram uma equipe perfeita. Parecia ser um
só pensamento, uma só palavra uma só ação. Outro fato incrivelmente belo era o
carinho que tinham pela Lei Escoteira. Ali reinava a fraternidade, a palavra e
a lealdade. Espírito Escoteiro? Se assim entendermos ele existia entre os
escoteiros da Condor. Leo Mateus, Tonho Neto, Ladislau Peçanha, Nilo Coelho e
Bartolomeu Dias junto com Zé do Monte e Teobaldo Souza eram um só espirito e
serviu de exemplo para outras patrulhas de sua tropa.
São histórias
inverossímeis, inacreditáveis o que aquela Patrulha passou nos seus tempos de
escoteiros. Quão belo foi à passagem na Rota Sênior e ali permaneceram até a Trilha
Pioneira. Faziam questão de ensinar uns aos outros tudo que aprendiam.
Perguntem ao Leo Mateus quantos nós, perguntem a Ladislau Peçanha como dar o nó
górdio, perguntem a Nilo Coelho o que era fazer com uma só mão uma costura de
arremate. Todos eram experientes, peritos e conhecedores como se dizia entre os
Patrulheiros da Condor. Aqui Chefe temos o mesmo espírito o mesmo conhecimento.
Com 22 anos de
idade cada um seguiu seu destino. Zé do Monte montou uma loja de ferragem,
Teobaldo Souza virou contador das Lojas Abil, Leo Mateus se formou Técnico
Mecânico, Tonho Neto foi para a faculdade ser doutor. Ladislau Peçanha disse
que iria ser um minerador de Ouro na Serra da Bocaina, Nilo Coelho casou com
Mirtes filha do Comendador Thiago Leite e Bartolomeu Dias se alistou nas forças
armadas vindo a ser mais tarde um General de Exército. Nenhum deles foi Chefe
escoteiro. Sempre mantiveram o espirito de Patrulheiro da Condor.
Ninguém nunca
esqueceu aquele 23 de maio, no alto do Pico das Agulhas Negras o juramento de
sangue que fizeram, e o mantiveram até o dia em que partiram para outro plano. Iriam
se encontrar anualmente no Canto de Patrulha, no pateo da sede Escoteira,
impreterivelmente às 15 horas no dia do Escoteiro todos os anos enquanto fossem
vivos. Seria a reunião de Patrulha anual. Nunca deixaram de manter o ritual de
abertura, com o desfraldamento da Bandeira Nacional e a lembrança da promessa
da Patrulha. De pé com as mãos entrelaçadas diziam com orgulho:
“Que
todos saibam, hoje e sempre, que prometo por tudo que é sagrado, amar, aceitar
e respeitar os meus amigos da patrulha, honrar sua historia, morrer se preciso
para que seu nome seja conhecido pela coragem e abnegação. Farei prevalecer à
verdade, hoje e sempre! Podem saber que seremos fortes como os condores que
habitam os altos picos. Somos de uma Patrulha de Condores uma ave que desde o
seu nascimento está destinado a alcançar as maiores altitudes, mas jamais
conseguirá isso enquanto ainda jovem e frágil não tiver a coragem para
lançar-se ao espaço e alçar o primeiro vôo. Que os ventos do Norte, que os
ventos do Sul, que os Ventos do Leste e que os ventos do Oeste tragam a chama
da liberdade, da honra e da palavra ao nosso coração.”.
Soube pelo
Monitor Zé do Monte que hoje só resta ele e Teobaldo Santos. Os demais já
partiram para o céu não antes de prometer se encontrar lá onde estiverem para
fazerem suas reuniões em uma estrela qualquer do espaço infinito. Quantas
aventuras, quantas noites de acampamento, quantas atividades aventureiras os
patrulheiros da Condor fizeram. Ah! Zé do Monte, aquele que até hoje com seus
cabelos brancos ainda mantem aquela chama jovem de um escoteiro que teve a
felicidade de desenvolver uma Patrulha até na eternidade!
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