Lendas
Escoteiras.
Uma cidade
chamada Esperança.
... -
Muitas histórias são tiradas da imaginação, outras pura realidade. Não sei se
Monteiro Lobato é uma história real ou imaginaria. No mundo em que vivemos pode
parecer fantasia, mas na mente dos escoteiros que entendem da ajuda ao próximo,
à história de Monteiro Lobato pode ter existido. Sempre Alerta!
Contam que ela surgiu na passagem
da Bandeira de Borba Gato, um bandeirante paulista que aprendeu com o sogro
Fernão Dias Pais. Faleceu em 1718, portanto a Cidade de Esperança é bem antiga.
No Museu Histórico situado na Praça Santo Antonio, na porta tem uma placa que
diz: - Não há nada impossível, pois os sonhos de ontem são as esperanças de
hoje e podem se converter em realidade amanhã! Esperança não tinha nada
especial. Era uma cidade grande como muitas existentes neste enorme Brasil.
Trens, ônibus, carros cruzavam suas ruas todas as horas do dia e da noite. Se
algum dia for visitar Esperança, tente o ônibus “Vale da Alegria” e no final
você vai estar na mais bela favela que existe em todo o mundo. Bem bela favela
é um modo de dizer. Ela está cercada por bairros nobres, O governador tem uma
residência de verão próximo a Vila do Amor. O Prefeito mora em uma mansão no
Bairro Jardim de Versalhes.
Do alto da favela ainda se
avista a Vila Paris, o Parque dos Príncipes e o Lago dos Sonhos. Passando por lá,
tente encontrar uma entrada na favela onde tem uma placa escrita: “Onde
estiver, seja lá como for, tenha fé porque até no lixão nasce uma flor”. Siga
em frente por cem metros e em uma viela onde cabem apenas duas pessoas, siga
até o final. Vais encontrar um barraco pequeno, folhas de taipa, sem pintura e
uma porta pequena onde um homem alto tem de abaixar para passar. Ali é a morada
de Monteiro Lobato. Jardel e Neném seus pais queriam um nome pomposo. Queria
mostrar a todos na favela que seu filho seria alguém. Nada de extraordinário.
Todos os pais sonham pelo futuro dos filhos. Aos dois anos Monteiro Lobato
tentou andar e não conseguia. O Doutor Paulo do pequeno ambulatório da favela
diagnosticou uma “Sinovite Vilonodular” – Seu
filho precisa amputar a perna direita! – disse. Dona Neném não aceitou. Ela
tinha fé, era devota de Santo Agostinho. - Ele iria curar seu filho. Falou para
Jardel que não era assim tão crente como ela.
Nunca mais voltaram ao
postinho de saúde. Um ano, quatro, oito doze e Monteiro Lobato se arrastava
pelas vielas até a escola Dom Pastor onde estudava. Uma dor incrível na perna e
ele calado não contava para ninguém. Sua mãe calada sabia do seu sofrimento.
Ele dizia para si mesmo que a esperança não era sua cidade somente, a esperança
era o sonho de se manter acordado e acreditar. Naquele sábado foi até sua
escola, um campeonato de diversas modalidades de esportes e ele gostava de ver.
Era a hora que sua dor diminuía. Sentou na arquibancada pequena de pedra, e notou
ao seu lado um menino Escoteiro todo sorridente em seu uniforme. Ele já os
conhecia quando andavam pela rua e sabia que seu habitat era no Colégio Francisco
Delgado. Um colégio só para ricos. Ser Escoteiro lá só sendo matriculado na
escola. Ele sabia que nunca teria vez. Não era rico, nunca seria e seus sonhos
de Escoteiro menino nunca ia se realizar. Muitas vezes Monteiro Lobato pensou
em ser um, mas dos três grupos próximos nenhum o aceitaria. Afinal era pobre e
nunca poderia pagar nada. Nem fazer seu uniforme – Disto ele sabia.
Dizem que o pessimista se
queixa do vento, o otimista espera que ele mude e o realista ajusta as velas.
Assim era Monteiro Lobato, sempre com suas velas ajustadas. O menino Escoteiro
sentado ao seu lado gritava e vibrava com seu amigo que devia ser Escoteiro e
estava participando de uma corrida de revezamento. Monteiro Lobato olhava para
ele e sorria também. Sorrisos são assim, contagiantes e ele sabia que poucos
sorriam perto ou para ele. Acabou a corrida e o Menino Escoteiro desceu
correndo as escadas para abraçar seu companheiro. Escorregou em um degrau e bateu
com sua cabeça em uma saliência. Muito sangue, muita correria, ambulância
chegando e partindo. Os ânimos acalmados e um menino apontou para ele: - Eu vi,
disse – O favelado deu nele uma rasteira, por isto caiu! Monteiro Lobato se
assustou. Um homem alto o pegou pela camisa e o jogou longe. Caiu em cima de
sua perna. Que dor Deus meu! Gritou e implorou para que o ajudassem. Ninguém se
aproximou.
Todos partiram e deixaram
Monteiro Lobato desmaiado sem nenhum socorro. Já escurecendo seus pais chegaram
e de novo o levaram ao Postinho de Saúde. – Desta vez não tem jeito dona Neném.
Vou levá-lo a um hospital e ver se alguém pode amputar sua perna. Os olhos de
Monteiro lobato se encheram de lágrimas. Ele pensou que a esperança dos seus
dias de solidão, a angústia dos seus instantes de dúvida, a certeza nos
momentos de fé, era melhor deixara a tristeza e trazer a esperança em seu
lugar. Quando a ambulância estava saído, o menino Escoteiro Chegou. Sei pai não
queria, mas ele tanto insistiu que foram procurá-lo. Dizem que a esperança tem
duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não
aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las. O levaram para o melhor
hospital da cidade. Foi operado e não perdeu a perna. Três meses depois voltou
ao seu barraco. Lá o esperava o menino Escoteiro e seus amigos de patrulha.
Monteiro Lobato nunca deixou
a favela. Os jovens meninos Escoteiros o ajudaram por toda sua vida. Nunca
sonhou em ser Escoteiro e foi. Nunca sonhou em formar e se formou. A vida passa
e nós acompanhamos seus passos. Não seria melhor dizem que o tempo passa tão
depressa, e quando nos assustamos vemos que o tempo já passou? Diga o que você
pensa com esperança. Pense no que você faz com fé. Faça o que você deve fazer
com amor e tudo vai dar certo! – Ele nunca esqueceu as palavras de seu pai um
simples faxineiro que disse para ele – “Quando tudo nos parece dar errado acontecem
coisas boas que não teriam acontecido se tudo tivesse dado certo”. Monteiro
Lobato nunca se achou diferente, até hoje manca ao andar. Não é empecilho.
Voltou para o Postinho de Saúde e ali ajuda a todo mundo com seus conhecimentos
médicos. Já não é mais um Escoteiro andante, mas se considera um Escoteiro de
coração. Escotismo é assim, acreditar no que faz esquecer as dificuldades,
estar sempre alerta o tempo todo, ajudar e sentir a alegria de ter o amor
Escoteiro no coração!
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