“Velho Lobo”
Impeesa – O lobo que nunca dorme.
Venha amigo, velho lobo,
interino desalento, tanto quero, tanto busco, adentrei meu pesadelo, vá, me
demonstre o caminho, vá Quero me despir de ilusões, que criamos pra viver e sóbrio
lúcido enxergar. Esse peso é recente, privilégios que me prendem me dê forças
pra encarar-me, sem o manto e véu dourado. Vá, descontrua o espelho pra mostrar
só o que devo ser sem julgar-me, eu filtro e mudo... (Scalene).
- Um tédio esta minha
tarde, escondido na flor de laranjeira, queria nela “trepar”! Impossível impôs
meu oculto inconsciente. Mereço despencar no ar? Qual a causa? Que alvoroço
sorveu meu pensamento para falar na palavra sagrada de “Um Velho Lobo” mortal?
Não somos mais ouvidos, ninguém nos dá atenção me diz lá no fundo da mente uma
jiboia verde que por muitos anos me ofereceu sua amizade. Mesmo Tomix aquele
lobo Guará de outras eras, que já deve estar tão velho como eu! – Velho? Logo
eu? Afinal os velhos não carregam consigo o peso dos anos e da vida que
viveram? Quem melhor que eles nos pode ensinar qualquer coisa? Chefe Vado já
falei até para Jovelino da Patrulha Caititu que veio aqui comigo reclamar...
Pensei nas suas palavras, já me disseram que os velhos seguramente tem mais
experiência que os mais jovens e para os que querem aprender eles com sua
sabedoria sempre foram um importante recurso. Mas do outro lado da burrice, me
vem jorrando as palavras de Maildo, um Velho Chefe Escoteiro hoje quem sabe
envelhecido de saber... Contando no fogo de conselho nas estrelas como foi seu
alegre viver.
- Foi ele que tentou me
convencer que não sou velho. Chefe Velho é a pessoa que perdeu a jovialidade. O
Senhor e um idoso, a pessoa que tem muita idade. O idoso Chefe tem a felicidade
de viver uma longa vida, de ter adquirido uma grande experiência; ele é uma
ponte entre o passado e o presente, como o jovem é uma ponte entre o presente e
o futuro é no presente que eles se encontram! O Senhor Chefe nunca foi velho,
nunca carregou o peso dos anos; Olhe para dentro do seu coração, ele nunca
transmitiu pessimismo e uma desilusão. O senhor Chefe não tem a ponte entre o
passado e o presente, um fosso que separa o presente apego para o passado. Esqueça
o velho, seja um idoso como é de vida ativa, cheio de projetos e esperança,
lembre-se veja como o tempo passa rápido e sente que a velhice nunca chega!
Pensei com meus botões o que Maildo me disse. Há tempos que me chamam Velho
Lobo, e eu mesmo insisto em me chamar um Velho Chefe Escoteiro. Tento a minha
maneira obstinada como um Escoteiro Caapora, mostrar aos novos pretendentes do
escotismo o caminho da esperança, o caminho do sucesso. Será que sou entendido?
Nem resposta me dão nos meus escritos e quanto já falei narrando o Escotismo do
Brasil?
- Na minha imaginação
Maildo parou de falar... Para mim muito que disse são verdades e parece que eu
não quis escutar. Nasci com rugas nas mãos, ganhei calos nos pés e depois de
viver três quarto de um século, será que não trago alguma luz nos meus olhos?
Que adianta dizer para mim que os velhos gostam de dar bons conselhos não para
se consolarem na explicação que ele mesmo não quer acreditar. – Chefe! E vem lá
o Maildo de novo – “A sabedoria dos velhos é um grande engano. Eles não se
tornam mais sábios, mas sim mais prudentes”! Escoteiramente durmo e acordo com
o nascer do sol. Um cacoete que mantenho desde que pensei que a velhice iria
chegar. Passo os dias fazendo o que mesmo? Às vezes acho que esqueci. – Célia!
Onde deixei minha bengala? – Aí marido, atrás da cadeira da sala! Ela sabe, ela
sabe que envelhecer é a obra-prima da sabedoria e um dos capítulos mais
difíceis na grande arte de viver!
Chuto meu pensamento
para debaixo do violão, quem sabe é melhor cantar uma canção, e mesmo sem voz
lá vou pensando que ainda sou menino, de bastão e bandeirola subindo a serra
trigueira, no lusco fusco do entardecer... Gosto disso, quando falo escoteiro,
me sinto altaneiro, e magnificamente marcho ao som do tambor cantando Rataplã
do Arrebol! E me contraindo em continência a Bandeira, ao Monitor e ao meu
Chefe, olho no espelho, velho companheiro de armas sem munição e sorrindo para
ele digo sem tirar o olho de mim mesmo às palavras do poeta Velho Lobo: - “Hoje não vi a lua, a noite será escura, Olhei o céu e
nem estrelas há. Em trevas assim, fantasmas cavalgam ao léu. Mistérios noturnos
são mais avistados, A morfologia recusa noites assim. São os seres do além que
aparecem por aí. Sem o lume e sem a magia de Jaci, Não existe poeta feliz, sua
pena perde a alma. Não existe inspiração sem a noite prateada. Como cantar e
saudar o amor, sem a magia De uma noite enluarada? sem as silhuetas,
Entrecortadas nas árvores da noite magica”? Eita gente! Ainda sou escoteiro, um
Velho Lobo do Brasil!
“Oi
você! Que nunca escreve e nunca diz, que jamais pediu um bis, acha que sou um
Velho Chefe Escoteiro ou um Velho Lobo”?
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