sábado, 16 de janeiro de 2016

A cruz de ferro da Montanha do Condor.


Lendas Escoteiras.
A cruz de ferro da Montanha do Condor.

               - Não foi fácil. Oito horas parando de duas em duas. Uma subida que derrubaria qualquer um, mas éramos escoteiros e escoteiros não desistem. – Juca olhava com olhos arregalados para Pedrito um Sênior com muitas estrelas de metal no uniforme. Todos conheciam seu valor. Juca no alto dos seus onze anos, um tiquitito de nada, não perdia uma palavra do que Pedrito dizia. – Olhe, o Chefe Arariboia veio desafiar a escoteirada. – Só disse que não iriamos aguentar a subida. Quando ele falou rolei no chão de tanto rir. – Chefe! Parece que não conhece os Lobos Cinzentos. Dê autorização, um mapa e um croqui e chegamos lá num pulo – O Chefe Arariboia riu para nós. Quer saber? Eu fiquei pensativo. Sabia que os pioneiros estiveram lá. Muitos juraram nunca mais voltar. Andaluz foi quem me disse: Se quer aprender a subir no topo da montanha sorria, mas saiba que a felicidade ocorre quando você a está escalando! – Juca sorvia com alegria as palavras de Pedrito. Admirava suas aventuras, cada uma maior que a outra. – E ele terminou assim: Oito horas de subida, muitas vezes usando as mãos para não cair. Mas valeu ver a Cruz de Ferro no alto da montanha pagou todos os pecados da subida.

                Juca foi para casa. Sua mente voltava atrás e corria para frente em velocidade incrível da história de Pedrito. Aquela era demais. E quando ele disse que no alto da montanha ele quase alcançou o sol? Quase queimou a mão? E a noite? Pegou estrelas, muitas ele guardou na mochila outras ele mudou de lugar. Ficou mais impressionado quando ele disse que um sino tocou a meia noite junto a Cruz de Ferro. Um sino? Nossa Senhora! Demais! Pegar estrelas? Juca sonhava acordado. Embebido na história de Pedrito ele sonhava em escalar a montanha do Condor e ver de perto a Cruz de Ferro. Rosaldo o monitor disse para ele um dia: - Olhe Juca as pessoas viajam longos percursos para admirar a altura das montanhas, as imensas ondas dos mares, o longo percurso dos rios, o vasto domínio do oceano e o movimento circular das estrelas. Mas a maioria passa por tudo sem olhar para si mesmo tentando ver e entender o caminho que se perde no tempo e as belezas do universo. Juca tinha eterna admiração por Rosaldo. O achava um sábio. Ao lado dele não tinha medo de nada. Mas a montanha? Seria demais um dia escalar.

                 Ele ia para a sede naquele dia sorrindo. Ainda com a montanha na mente, pois se tornou uma vontade, uma certeza que não poderia nunca deixar de escalar e conhecer a Cruz de Ferro da Montanha do Condor. Até pensava que iria ver Jesus o Salvador sorrindo para a escoteirada em um cometa que passasse soltando faíscas e deixasse seu ribombar no ar. Cantava baixinho, como estivesse voando – No perfume das flores de ameixa, o sol de súbito surge – Ah, ele o leva ao caminho da montanha! A reunião foi demais. Os jogos marcaram, pois o Chefe Arariboia era único. Juca já tinha seis meses de Tropa e promessado. Na reunião de patrulha teve uma surpresa. Quase caiu do banquinho que construiu com muita dificuldade. – Patrulheiros eu consegui! O Chefe nos autorizou a escalar a Montanha do Condor! – Impossível e possivel ao mesmo tempo, Juca quase chorou de alegria. Contou para todo mundo, agora sim seu sonho seria real. Ele iria contar tudo, queria ver os sinos tocarem na Cruz de Ferro, queria trazer duas estrelas cadentes no bornal, queria ver Jesus passar no Cometa espacial.  

                   Chefe Arariboia levou a patrulha até do outro lado do rio no seu Jeep amarelo. Era demais, cantantes a escoteirada da Patrulha Corvo só sabia gritar: - Montanha chega de montanha russa, nos aguarde, daqui a pouco estaremos subindo outra vez! – Outra vez? Não era a primeira? Juca ria e nem se importava. Quando chegarem à trilha da Escarpa do Corvo, o Chefe Arariboia disse: - Quando estiverem escalando a montanha, coloquem em seu rumo uma estrela, assim esquecerão o cansaço e os problemas. Ela será sempre sua estrela guia! Uma hora, o sol escaldante, a patrulha caminhante precisava descansar. Um minuto e mais nove e vamos lá, a montanha está a nos esperar falou Rosaldo. Quatro horas. – Está longe? Onde? Na curva da subida do norte e do leste que não vejo? – Outra parada apenas para esticar as canelas. Os cantis quase vazios. – Bebam menos! Dizia Rosaldo, a nascente está na volta do Condor, e de lá já vamos ver o pico da Montanha do Condor.

                  Seis horas de jornada, sete e nada. Juca nem aguentava mais. Pensava o que disse sua mãe: Amar é o esforço de escalar a montanha. Só podemos apreciar a subida se ver que as pequenas grandes coisas não são assim tão difícil de conquistar. Seu corpo queria desistir, mas sua mente não deixava. Seus sentidos estavam alertas – A visão ajudava a ver a trilha da subida, a audição deixou ouvir o som da cascata, o paladar pedia ajuda para comer e o olfato trazia o doce perfume das flores no ar. – É ali! Gritou Rosaldo, chegamos – Os olhos de Juca fizeram da chegada um sonho que ele não acreditou que iria realizar. Parou em frente a Cruz de Ferro, era bonita demais, grandona enorme quase chegava nas nuvens do céu. Ajoelho e rezou: Senhor meu Deus, tens a gloria e o poder no céu e na terra. Eu contei cada minuto, cada segundo por este dia. Aqui também é o teu reino para todo o sempre. Obrigado Senhor por este dia e esta noite. Obrigado Senhor por proteger aos meus amigos e fazer realizar este sonho que julgava impossível. Amém!

                    Ah! Os tempos de alegria, de ver de sonhar de tocar nas estrelas na noite de lua cheia. De levar em pensamento duas estrelas vermelhas brilhantes em noite de luar.  Juca sorria e cantava: - A vida é um processo... Ela é como subir na montanha! Mesmo que não esteja forte fisicamente, a paisagem compensa a visão do que Deus fez nunca mais vou esquecer! Os anos passaram. Juca cresceu, mas a lembrança da Cruz de Ferro morava agora no fundo do seu coração. Ela era brilhante como um farol para iluminar a escuridão. No alto da montanha do Condor ele fincou uma morada bem no meio do seu coração. Muitos e muitos anos depois, Gentil olhava para seu pai com os olhos arregalados, e sonhando com sua escalada na Montanha do Condor. Juca sorria ao contar. Tantas coisas para lembrar. – Sabes meu filho, eu me rio do que já vi, do que me assustou, mas venci! E daquilo onde sofrendo, eu aprendi!


- A vida pode ser comparada à conquista de uma montanha. Como a vida ela possui altos e baixos. Para ser conquista, deve merecer detalhada observação a fim de que a chegada ao topo se dê com sucesso. À medida que subimos, o panorama que se descortina é maravilhoso. As paisagens desdobram a vista, o verde intenso das árvores, as rochas pontiagudas desafiando o céu. E lá do alto percebemos que os nossos problemas, aqueles difíceis, mas superados são do tamanho das casinhas que avistamos. É aí que precisamos de um amigo para nos auxiliar. Podemos estar tão cansados que nem conseguimos sair do lugar. Quem de nós não quer chegar ao alto de sua própria montanha? 

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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