quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A rebelião dos bichos de Dodge City.


Lendas escoteiras.
A rebelião dos bichos de Dodge City.

O Delegado Wild Bill Hickok estava assustado. Ele não gostava do seu nome, mas o prefeito Benjamim Franklin baixou um decreto que os grandões da cidade escolhessem um nome famoso dos States. – Delegado! – Pare de reclamar você agora é famoso e todos nem lembram que o chamavam de Praxedes dos Anzóis Pereira. Já pensou me chamarem de prefeito Tião das Botinas seria uma desmoralização não acha?  - Pelo sim pelo não ele não disse nada. Fazia parte dos comensais, ou melhor, da divisão financeira que eles recebiam do Governo Federal. Mas voltemos ao delegado, ele notou que desde que o sol apareceu no Grand Canyon National Park (O nome antes era Morro do Urubu) a bicharada que morava lá começou a invadir a cidade. A principio vieram às cobras, depois os lagartos e mais tarde as onças, quatis, bicho preguiça, papagaios, corujas, cisnes de todas as cores, gavião-carijó, águias, sem contar as duas onças, uma pintada e a outra parda. Diabos! Ele pensou. Que seria aquilo? O Promotor de Justiça George Washington veio correndo e quando viu uma Jiboia deu meia volta e escondeu-se no banheiro do Capitólio e de lá não saiu mais.

                         A bicharada invadiu a cidade. Não se via uma alma Rua Bleecker Street (antes chamada de Rua dos Caloteiros) e suas adjacências.  No Central Park (antes chamado de Mato dos Namorados) não havia ninguém. O que estava Havendo? Ninguem sabia. Os equipamentos telefônicos da American Telephone and Telegraph, não suportou tantas ligações. Ligaram para o Semanário Washington Post (antes chamado de Jornal do Buraco Quente) e eles não sabiam de nada. De olho no beiral da janela viram que a bicharada se dirigiu para a sede do Grupo Escoteiro Águia do Deserto. – “Eureka!” o que iam fazer lá? – Maria Eugenia uma Lobinha segunda estrela não se fez de rogada. Vestiu seu uniforme azul que amava colocou seu lenço verde amarelo bem dobrado seu boné com suas estrelas e partiu para a sede. Ela precisava saber o que estava havendo no pátio da Escola que servia de sede. Subiu em uma Aroeira, pois era treinada em subir e descer de árvores e viu milhares deles em grupo a conversar e pareciam revoltados. A sede escoteira se tornou uma selva de tantos bichos aves e peixes. Como eles respiravam não sei. Quem sabe os desenhos da Disney explicam.

                    Ouviu que cada fauna escolheu o mais douto, o mais sábio e o mais educado. Eles pretendiam mostrar aos escoteiros de todo país que mesmo sendo animais eram civilizados. Ela resolveu entrar, mas uma Arara Azul não deixou. Educadamente disse: - Aqui humanos não entram. Ela voltou para a árvore e viu que tinham uma bela organização.  Chamados pela Coruja Buraqueira que parecia ser a Chefe foram para o Salão nobre, mas não coube. Melhor formar em ferradura onde fazem o Cerimonial da bandeira disse. Notou que os presentes representavam todos os bichos insetos, aves e peixes da fauna brasileira. A Coruja Buraqueira falou alto: - Meus amigos. - Ainda ontem o Quatipuru veio reclamar para mim que nunca o escolheram como nome de Patrulha. O mesmo aconteceu com o Tucunaré, O Sagui de tufo branco e outras centenas deles. Resolvi fazer uma pesquisa. Deu para ver que a escoteirada só querem nomes pomposos, se possíveis retirados da fauna americana ou europeia.

                          Não vou citar aqui os nomes esquisitos em inglês que eles colocam. Até nomes de astronautas eu já vi. Um absurdo. E olhem meus amigos, tenho conhecidos nestes países e me disseram que lá ninguém liga para nossa fauna. Eles são autênticos. Uma palma estrondosa repicou entre os presentes. - Continuou a Coruja Buraqueira: - Temos que tomar uma providencia. Afinal se os escoteiros e seniores não nos escolhem, é melhor que façamos uma revolução e quando eles forem acampar, iremos gritar e infernizar a vida deles. As tais patrulhas de nomes esquisitos não terão mais nosso apoio. – Uma cobra venenosa, a Surucucu riu baixinho – Deixa comigo dona Coruja. Eu e a Cascavel do chocalho negro, damos umas mordidas e resolvemos logo este problema. Todos riram. – Não! Não é assim que vamos resolver. Precisamos estudar uma fórmula de mostrar o que somos, mas sem violência. Estão convidados para um desfile aqui no palco os animais, aves ou peixes que nunca foram lembrados pelos escoteiros. Que façam uma fila e vão passando dizendo bem alto seu nome:

               - Começou o desfile. Ali estavam o Veado Catingueiro, o Quatipuru, a Cotia, O Touro Guzerá, A raposa cinzenta, a Jaguatirica, a Doninha amazônica, O Zorrilho, a Baleia Azul, O Golfinho do Pantanal, o Boto cor de Rosa, o Ouriço Preto, o Puma do Pantanal, o Macaco Prego, o Macuco, a Codorna Amarela, o Aracuã do Pantanal, o Mergulhão Caçador, o Maçarico, o peixe Tucunaré, a Traíra, O Piau, A Corvina de água doce, a Jacupemba, o Sagui de Tufo Branco, o Príncipe Negro, o Bugio, A Ema, a Iguana, a Garça Branca, o Boto Vermelho, o Tracajá, o Canário da Terra, o Tatu Peba, o Gaivotão, o Mutum de Penacho, o Cervo do Pantanal, o Jacaré Açu, o Mocó, o Tuiuiú, o Tucano, o Quati, O Beija Flor, o Tamanduá Bandeira, o Martim Pescador, O Lobo Guará, a Ariranha, a Arara Azul... Um desfile enorme. Todos tristes. Atrás deles tinham mais de cem animais e aves para desfilar. Uma tristeza enorme no salão.

                 Foi o Beija Flor Dourado quem tomou da palavra – Amigos e Amigas pretendo nunca mais beber do caldo açucarado que eles põem para mim nos campos de patrulhas. A Coruja Buraqueira concordou e disse: Eles não me verão mais nos galhos próximos aos Fogos de Conselho. O Canário Belga falou lá no fundo da ferradura: - Eles nunca mais me verão cantar nas madrugadas. Era uma choradeira só. – Vamos tomar uma posição rosnou alto a Onça Pintada. Vamos dar uma surra neles quando forem acampar! – Nada disto, replicou a Coruja Buraqueira. Vamos fazer um abaixo assinado. Quando o próximo sábado chegar, entregaremos uma cópia a cada Patrulha que for a reunião. Cada um de nós que tem asas fica responsável. E assim foi feito. Levaram para as patrulhas, o abaixo assinado por mais de 5.000 membros da fauna Brasileira. Lá escreveram suas insatisfações com a escolha de nomes estrangeiros para as patrulhas e porque não se lembraram deles.


                   A reunião terminou. Maria Eugenia tentou entender a reclamação deles. Ela sabia que por ordem do prefeito tudo agora era americanizado. Dizem que o prefeito quando comprou um computador quebrou as “fuças” para saber o que era Game Over, deletar, internet, Google e ficou abismado com o tal de Facebook. Quem sabe a escoteirada também achava bonito chamar as patrulha de Lobo da Montanha, Green Monkey, Urso Pardo, Bisão das pradarias, Tigre de Bengala, Leão do Deserto, Lince Branco, Leopardo Amarelo e tantos outros. Maria Eugenia conversando com as amigas perguntou: Porque as patrulhas não pesquisam mais a flora brasileira? E olhe disse Mirtes que os seniores nem pensaram nos nossos heróis, nossos poetas homens que um dia fizeram muito pela nação. As lobinhas se entreolharam e não disseram nada. Será que os bichos tinham razão?

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Era uma vez... Em uma montanha bem perto do céu...

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